Mário Moreno/ novembro 8, 2019/ Artigos

As águas Santas de Israel

No primeiro capítulo do Gênesis encontramos as primeiras referências à água, tal como a conhecemos: E Elohim disse: “Deixe haver um firmamento no meio das águas e deixe-o dividir as águas das águas.” E Elohim fez o firmamento e separou as águas que estavam debaixo do firmamento das que estavam por cima do firmamento; e assim foi. E Elohim chamou o firmamento de céu. E houve tarde e houve manhã, segundo dia. E Elohim disse: “Deixe as águas debaixo do céu se ajuntem a um lugar e deixar a terra seca aparecer.” E assim foi. E Elohim chamou a terra seca de terra, e a reunião junto das águas chamou Mares; e Elohim viu que era bom.

Desde que a forma primal do mundo como o conhecemos, tivemos mares e oceanos aqui na terra e sempre vimos as nuvens e recebemos a chuva de cima, dos céus. Fontes judaicas tradicionais chamam a isto “águas superiores” e as “águas inferiores“. Ao longo da história, o povo de Israel orou por chuva, especificamente na terra de Israel. Em Deuteronômio 11 a Bíblia nos diz: “porque a terra, onde entrar para possuí-la, é não como a terra do Egito, de onde você saiu, onde você semeou sua semente e reguei com o pé, como um jardim de ervas; mas a terra, onde vais para possuí-la, é terra de montes e vales, e você deve beber água como desce a chuva do céu; uma terra que o IHVH teu Elohim cuida dela; os olhos do IHVH, seu Elohim estão sempre sobre ela, desde o início do ano até o fim do ano”.

A terra de Israel tem poucos recursos naturais abundantes e certamente as águas não são um deles. O pequeno mar da Galiléia é o único corpo de água doce dentro de suas fronteiras. E, parece, que Elohim quis que fosse assim. A terra de Israel tem sofrido seca. E o povo de Israel ter especiais orações pela chuva. Até hoje, quando se chega a época de inverno e passa por um determinado número de dias sem chuva, existem orações especiais que o povo judeu adiciona a suas orações diárias regulares pela chuva. Se torna-se drástica, os rabinos convocam para dias de jejum e oração pública. Quando as chuvas caem, há verdadeira alegria na terra de Israel. As pessoas contam os centímetros que caíram com satisfação. Na festa dos Tabernáculos, quando o templo sagrado estava ainda ativo, havia uma cerimônia especial que envolveu ramos de salgueiro erguidos ao alto (que crescem exclusivamente pela água) postos ao lado do altar e o despejar de água da nascente do tanque de Shiloah ao pé do altar. A água é uma maneira de conectar-se o povo de Israel a Elohim.

Água também é uma fonte de purificação espiritual. A lei judaica explica que uma pessoa que busca a purificação espiritual deve imergir nela em uma mikvah, que é um banho ritual. Mikvahs foram descobertos desde os tempos antigos por toda a terra de Israel – de Golã a Galiléia, Jerusalém e Massada. Um mikvá só é considerado um mikvá adequado se ele enche-se de água natural na primavera, o mar ou um rio e, claro, o uso da água da chuva natural. Mikvá, em essência, é um retorno a criação e o renascimento, emergindo das águas naturais, como faz um recém-nascido e como o próprio mundo. Ele representa um novo começo. Retornando à fonte.

Os rabinos nos dizem na Mishná sobre lidar com o dia da expiação: Rabi Akiva disse “afortunados são vocês, Israel, diante de quem faz você se tornar purificado, e que te purifica? Diante de seu pai no céu – como está escrito: “… E vou borrifar água pura sobre vós e vos purificarei” e ele diz que “Elohim é o mikvah de Israel” – “tal como um mikvá purifica o impuro, assim também Elohim purifica Israel.”

Todos estes aspectos nos mostram a importância das águas em Israel e também seu significado nas Escrituras. A tradição judaica associa as águas com a Torah e nós sabemos que Ieshua é a Torah viva! Vejamos essas associações entre a Torah e as águas:

  • Assim como a água é vital para a sobrevivência do universo, assim é a Torah.
  • Assim como a chuva vem do alto, também recebemos a Torah do Céu.
  • A água é um purificador muito importante. Da mesma forma, a Torah purifica e eleva aqueles que a estudam e cumprem pelo mérito do Céu.
  • Assim como a chuva não cria uma nova planta, mas apenas desenvolve e amadurece uma semente ou planta já existente, também a Torah desenvolve as sementes no coração da pessoa. (Uma pessoa deve primeiro dedicar seu coração e mente ao estudo de Torah, e então seus estudos serão frutíferos.)
  • Um judeu jamais se cansa de estudar Torah. Assim como os peixes vivem num ambiente aquático, porém continuam sedentos e procuram cada gota de chuva, assim a pessoa mergulhada em Torah deseja ouvir ainda outra explicação de Torah.

Podemos sim entender que assim como a Torah é essencial para o homem conhecer o Criador, Ieshua é essencial para que a conexão com o Eterno se torne efetiva. Ele traz a salvação ao homem e encerra sua busca por sua identidade e também pelo caminho que percorre a fim de ver-se novamente retornando à sua origem.

Finalizando entendemos por que que existem “águas santas em Israel”; não são propriamente as águas físicas, mas sim as águas espirituais representadas por Ieshua o judeu e pelas Escrituras sendo ambos a personificação das águas que saram, restauram e também dessedentam todo aquele que assim deseja. Vinde às águas… bebei da Presença de Ieshua e da riqueza de Sua palavra e ficareis satisfeitos!

Que possamos aproveitar e buscar cada vez mais contato com a fonte das Águas vivas – Ieshua – e também com a Sua Palavra que nos conduz pelo caminho que findará nos conduzindo à final salvação no olam haba – mundo vindouro.

Baruch ha Shem!

Adaptação: Mário Moreno.