Mário Moreno/ março 9, 2018/ Pessach

Celebrem a Páscoa a Hashem teu D-us

Observem o mês de Aviv (primavera) e celebrem a Páscoa a Adonay teu D-us, pois no mês de Aviv (primavera) Adonay teu D-us tirou vocês do Egito (Dt 16:1).

O Nome do primeiro mês bíblico (o mês do início da primavera) ficou conhecido Nissan após o exílio da babilônia.

Conforme a tradição judaica, é conhecida à importância do mês de Nissan, pois neste mês se iniciou o principal evento da história do povo de Israel, a saída do povo do Egito não somente os trouxe a liberdade, mas marcou o início de sua história como um povo. A astronomia e astrologia da época ligam o mês de Nissan ao cordeiro (talêh), o que associa diretamente ao cordeiro do sacrifício da Páscoa (). Entre os meses do calendário judaico, este mês é sempre um mês completo (30 dias).

De acordo com a tradição, no mês nasceram os patriarcas. Neste mês foram redimidos os patriarcas no Egito, e neste mês está o futuro do Povo de Israel.

A origem do nome Nissan vem da palavra Nitzan, o nome da flor antes de abrir, como está escrito no Cântico dos Cânticos 2:11. Eis que o outono passou, a chuva cessou e as flores se vêm sobre a terra.

Em todas as gerações, cada pessoa deve sentir-se como se ela própria tivesse saído do Egito”.

Está frase é lida em todos os ‘Seders’ (ceias, jantares) de Páscoa, em todos os lares onde esta festa do S-nhor é comemorada, e ela afirma que devemos considerar a Pessach como uma época de libertação pessoal, que cada pessoa possa ver nesta comemoração a ocasião de sua própria redenção.  Mais ainda, a Páscoa não é um acontecimento que ocorreu e ficou no passado, milênios atrás… Mas sim uma força redentora em nossos dias.

Quando a Páscoa (bíblica) começa?

Pode parecer um pouco confuso para entender quando exatamente a Páscoa (פֶּסַח) (bíblica) começa, pelo menos com o ponto de vista dos dias de hoje.  Ela começa no dia 14 do mês (bíblico) Nissan ou no dia 15 de Nissan?

Para encontrarmos uma resposta para esta questão, nós deveremos primeiro fazer uma distinção entre o ‘z’man shechitat korban pesach’ – o tempo do sacrifício do cordeiro de páscoa e os sete dias dos pães sem fermento, e então considerar a comemoração da festa que bem depois foi instituída como ‘Seder de Páscoa’.

A Páscoa no Egito     

O sacrifício original de páscoa, no Egito, foi um cordeiro sem defeitos que foi selecionado no dia 10 de Nissan e foi mantido até à tarde do dia 14 de Nissan, então ele foi sacrificado e seu sangue foi colocado nas portas das casas dos filhos de Israel (Ex 12:2-7, 22).

As portas então foram cerradas e ninguém poderia sair até ao amanhecer (Ex 12:8). O sangue era o sinal para que D-us passasse sobre as casas dos israelitas. E dentro das casas dos israelitas eles comiam o cordeiro assado durante aquela noite (Ex 12:8).

Esta ‘ceia sagrada’ era para ser comemorada como festa ao S-nhor e recontada durante a ceia de páscoa de geração em geração perpetuamente (Ex 12:14, 25-27).

Ainda mais por causa da pressa da saída do Egito ela deveria ser comemorada durante sete dias comendo pães sem fermento – Matzádo por do sol do dia 14 de Nissan até ao por do sol do dia 21 de Nissan, durante este período de sete dias nenhuma coisa fermentada poderia permanecer na casa dos filhos de Israel onde vivessem (Ex 12:17-20).

A Páscoa no período do Templo.

Durante o Período do Beit HaMikadesh – Templo o ‘z’man shechitat korban pesach’ – o tempo do sacrifício do cordeiro de páscoa era feito durante as horas da tarde do dia 14 do mês de Nissan, na observância do mandamentono primeiro mêsaos catorze do mês, – bein haArbayim – entre turnos, é a Páscoa do IHVH. Lv 23:5.

Note que: o tempo em que o cordeiro era sacrificado é chamado de ‘bein haArbayim’ usualmente traduzido como crepúsculo. Para os sábios da época o ‘primeiro turno’ do sol ocorria quando passava do meio dia, por assim dizer, e o ‘segundo turno’ ocorria ao pôr do sol ou no crepúsculo. Assim ‘Bein haArbayim’ simplesmente poderia ser em qualquer hora da tarde até o crepúsculo.

O sacrifício do cordeiro pascal na tarde do dia 14 de Nissan vai de acordo com a lei oral judaica e também com a tradição judaica. Como o Rabino Maimônides escreveu ‘É um mandamento positivo sacrificar o korban pesach no dia 14 de Nissan após o meio dia’ (hilchot korban Pessach), mas havia discussão entre os sábios judeus sobre isto.

Mas de qualquer forma o sacrifício ocorria antes ou depois do conjunto de oferendas ‘tamid’ – diárias feitas no Templo (Ex 29:38-42, Nm 28:1-8) em outras palavras o sacrifício pascal sempre ocorria em alguma hora a tarde no dia 14 de Nissan.

E isto faria com que o Seder (ceia) de Páscoa ocorra logo após o crepúsculo sendo assim as primeiras horas do dia 15 de Nissan (os dias bíblicos começam ao pôr do sol) que também iniciaria os sete dias da festa dos pães sem fermento.

 e o  dia da festa são considerados dias de Santa convocação nenhum trabalho deve ser feito, ou seja, é um Shabat (dia de descanso).

A festa também é chamada de:

*Hag HaAviv – Festa da primavera (Dt 16:1).

*Hag HaMatzot – Festa dos pães sem fermento (Ex 12:17-20).

*Hag HaPesach – Festa da páscoa (Nm 9:2).

A páscoa era (é) tão importante que; para aqueles que perdessem a celebração por algum motivo; deveriam celebrar Pesach Sheni – uma segunda páscoa, uma segunda chance para celebrá-la devido a sua suma importância (Nm 9:9-12). Que é aproximadamente um mês depois.

O Seder de Ieshua

A uma controvérsia de quando Ieshua e seus discípulos prepararam o Seder de páscoa considere João 18:28.  Era cedo de manhã. Eles não entraram no pretório para não se contaminarem, mas poderem comer a Páscoa.

Nesta passagem, indica que Ieshua e seus discípulos fizeram o Seder de páscoa aproximadamente na noite anterior, ou seja, nas primeiras horas do dia 14 de Nissan. (o dia começa ao anoitecer) (Mc 14:12, Lc 22:10-13).

A questão é que se eles estivessem fazendo algo errado ou em discordância da tradição da época, muitos dos Saduceus teriam algo para com que acusá-lo no julgamento que às pressas arrumaram.

Poderia ser uma pratica de muitos judeus da época de Ieshua fazer o Seder no início do dia 14 do mês de Nissan e não no final.

A própria tradição judaica nos informa que os Fariseus e os Saduceus tinham divergências quanto a isto (Jewish encyclopedia).

Outra “controvérsia” No primeiro dia da Festa dos Pães sem fermento, vieram os discípulos a Ieshua e lhe perguntaram: Onde queres que te façamos os preparativos para comeres a Páscoa? Mt 26:17-19.

Segundo a tradição judaica, chama-se também “primeiro dia dos pães sem fermento” ao dia anterior ao 1º dia da festaporque é nesse dia que todo judeus, segundo o mandamento, deve retirar de suas casas todo o fermento e queimá-lo.

Na realidade a Torá refere-se a este dia como “o dia da preparação” para a festa que se seguiria. Por isto nesta passagem de João aparece como “o primeiro dia dos pães sem fermento”. Êx 12:15 ‘…Logo ao primeiro dia, tirareis o fermento das vossas casas…’

Teria que ser um dia antes, pois logo depois afirma que durante os 7 dias não poderia haver nenhum fermento nas casas: ‘Por sete dias, não se ache nenhum fermento nas vossas casas’ Ex 12:19.

Bom, são somente algumas tentativas de entender as informações dadas na besorá de João, mas há muitas outras explicações a respeito destas informações.

Entendendo que o Messias o cordeiro de D-us foi morto em 14 de Nissan (mês bíblico) e Ele ressuscitou após 3 dias e 3 noites, em uma tentativa de entender os fatos ocorridos temos:

 14° do mês Nissan

  • Início do dia 14 caiu em uma Quarta-feira à noite ao anoitecer – 
  • A noite: Ieshua faz o Seder (Ceia) de Páscoa com os emissários (que poderia ser um costume dos judeus da época iniciar a páscoa no começo do dia 14 de Nissan e não no final dele, independente da programação do Templo dirigido pelos Saduceus). Mais tarde O Messias é preso (Jo 13).
  • 14 de Nissan em uma Quinta feira durante o Dia até o pôr do sol: Ieshua é julgado. No Templo o cordeiro pascal é sacrificado: O Messias é crucificado e morto, sendo colocado no tumulo antes do pôr do sol.

15° do mês Nissan

  • Início do dia 15 – iniciando ao pôr do sol; em uma Quinta Feira é dia de santa convocação, não podendo trabalhar – Shabat (sábado) de Páscoa. Dia dos Pães sem fermento. (quando fazemos o Seder nos dias de hoje)
  • 15 de Nissan – durante o dia em uma Sexta Feira continua o dia de santa convocação não podendo trabalhar – Shabat (sábado) de Páscoa.

16° do mês Nissan

  • Início do dia 16 – iniciando ao pôr do sol; da Sexta Feira, inicia o Shabat (sábado) do sétimo dia da semana.
  • 16 de Nissan – durante o dia do Sábado (secular); continua o Shabat (sábado) do sétimo dia; o ritual de ‘balançar os maços de cevada’ perante Adonai é realizado durante o dia.

17° do mês Nissan

  • Início do dia 16 – iniciando ao pôr do sol do Sábado (secular); cerimônia da Havdalá (sábado à noite enceramento do Shabat – 7° dia da semana) inicia-se o 1° da Semana. O Messias ressuscita.
  • 17 de Nissan – Durante a manhã do primeiro dia – Domingo; as mulheres vão à tumba. Os discípulos veem o Messias ressurreto.  

½ dia + 1 dia + 1 dia + ½ dia = 3 dias e 3 noites.

(Mt 12:40, Lc 24:45-6)

A ceia do Senhor nos dias de hoje.

Sobre quando o ‘fazer’ a ‘Ceia do Senhor’ – ‘Seudat HaMashiach’. Em geral, se pratica o ritual da ceia do Senhor dentro do ritual do Seder de páscoa, pois foi quando Ieshua a instituiu e é quando ela tem um sentido.

Ele poderia ter feito isto em qualquer outra das festas bíblicas, pois todas têm o elemento pão e vinho, mas foi na páscoa durante a cerimônia do Seder que ele trouxe o memorial através dos elementos como o Matzá – pão sem fermento, sendo o seu corpo o cordeiro pascal de D-us e do vinho significando o seu sangue, o sangue do sacrifício pascal. Então a ceia do Senhor é sempre feita na páscoa durante o Seder. E não no primeiro dia de cada mês ou no domingo e etc.

Entendemos também que a ceia do Senhor deve ser sempre com pães sem fermento, pois está escrito: Não sacrificarás o sangue do Meu sacrifício com pão levedado… – Êx 34:25  Seguindo este princípio sendo o vinho do ritual uma simbologia ao sangue do cordeiro de D-us não usamos pão comum, fermentado.

 O cálice de Elias.

Dentro do Seder de páscoa a maioria usa o terceiro cálice para aludir ao cálice no qual Ieshua fez menção como sendo o seu sangue que é derramado por nós.

Embora o texto em Lucas, nos informa que a ceia (Seder) havia terminado quando Ele usou esta simbologia com o cálice de vinho. ‘Semelhantemente, depois de cear, tomou o cálice, dizendo: Este é o cálice da nova aliança no meu sangue derramado em favor de vós’ Lc 22:20.

Então alguns  usam o cálice chamado cálice de Elias, que não é bebido no Seder, pois segundo a Tradição o próprio Messias revelaria o significado deste cálice. Como nós já sabemos que o Messias veio e nos revelou o cálice da ‘restauração da aliança’ (no fim do Seder). Então alguns usam o cálice de Elias aludindo ao cálice da ‘restauração da aliança’.

Sobre o pão sem fermento usado para simbolizar o seu corpo – o cordeiro de D-us, a maioria usa o pedaço do Afikomen, um pedaço de Matzá que foi escondido no início do Seder. Afikomen é uma palavra grega que significa “aquele que virá depois” ou “virá depois”.

Liberdade

Z’man Cheruteinu – a época da nossa liberdade.

Muitas pessoas acham que ‘liberdade’ é a habilidade de fazer o que se quer fazer, em outras palavras ‘fazer tudo que lhe vier à cabeça’. ‘faça tudo que você quiser o importante é ser feliz’ é a frase que vêem ecoando neste mundo moderno sem recorrer a nenhuma fonte de valores morais ou espirituais. Na verdade, a liberdade é mais algo moral é espiritual do que físico. (Jo 8:34-36) A liberdade tem a ver com a habilidade o desejo de escolher de acordo a luz da moral e a verdade espiritual.

Em hebraico a palavra Liberdade tem duas maneiras de ser expressa. A palavra Chofesh (liberdade) que conota liberdade com restrições externas, ou seja, ‘faça tudo o que der na cabeça o que importa é ser feliz’. Enquanto a palavra Cherut (liberdade) sugere liberdade para fazer o que você deveria fazer ou agir com responsabilidade. Então Cherut foi o tipo de liberdade para qual o Messias nos libertou. E não para uma liberdade onde não há lei.

Baruch ha Shem!

Pessach Sameach!

Tradução: Mário Moreno.