Mário Moreno/ outubro 2, 2017/ Sucot

HAG SUCOT – FESTA DOS TABERNÁCULOS

Introdução:

Alguns nos perguntam: por que devemos celebrar as festas da Tanach? Não seriam elas exclusivas para o povo de Israel e para os judeus dispersos pelo mundo? As festas não fazem parte da Torah (Lei)? Porque devemos comemorá-las se estamos na “graça”?

Precisamos esclarecer alguns pontos importantes:

A Igreja é parte integrante do povo de Israel, pois fomos enxertados neles (conferir Romanos 11.1-32);

A Igreja é participante das bênçãos prometidas à Israel e consequentemente deve estar ao lado de Israel em todas as ocasiões;

Não existe nenhum relato bíblico indicando que a Igreja não comemorava as festas relatadas nas Escrituras;

A primeira Igreja foi essencialmente judaica (em todos os sentidos) e a Bíblia que temos hoje foi escrita por judeus, além de amarmos e adorarmos a um judeu – Ieshua.

Existe um grande erro teológico que ainda hoje está enraizado em nossas mentes: o de que D-us rejeitou a Israel definitivamente e de que a Igreja está em lugar de Israel! Isso se chama “teologia da substituição” e nos foi dito através de teólogos com orientação anti-semita e que, infelizmente, desconhecem o maior teólogo do mundo: Rav. Sha´ul (Paulo). Pois se o conhecessem saberiam que essa afirmação é impossível, pois em Romanos 11.1 está escrito: “Porventura rejeitou D-us o seu povo. De modo nenhum!” Aqui ele refere-se à Israel e mostra-nos que, o que aconteceu de fato, foi que D-us abriu uma “lacuna” histórica para que nós gentios tivéssemos a oportunidade de sermos aceitos em Cristo, pois está dito que D-us endureceu a Israel em parte, até que haja entrado a plenitude dos gentios. E assim todo o Israel será salvo! (Rm 11. 25,26). Por isso a Igreja “herdou” uma teologia que lhe afastou da verdade, herdando também “festas” pagãs que são comemoradas normalmente por ela, e ainda afirma-se nos púlpitos que são festas “dadas por D-us”!

Por isso queremos resgatar aquilo que nos foi dado por D-us em Israel e começaremos com Sucot, a “Festa dos Tabernáculos”, esta sim, dada por D-us e ordenada como estatuto perpétuo ao povo de D-us (Lv 23.1,2, 41). Ao longo deste estudo estaremos mostrando os vários aspectos da festa, tanto históricos, quanto bíblicos, quanto proféticos e cremos que D-us nos dará o entendimento e a fé necessários para que possamos entender quais são seus propósitos através de Sucot.

SUCOT – FESTA DOS TABERNÁCULOS – Lv 23.42

Existem dois tipos de festas “principais” no calendário judaico.

Yamim Noraim: é constituído de Rosh Hashaná e Iom Kipur, incluindo os 10 dias entre elas.

Shalosh Regalim: as três festas de peregrinação a Ierushalaim – Pessach, Shavuot e Sucot. Quando era costume a peregrinação a Ierushalaim, para que fossem feitas oferendas e orações no Templo (Êxodo 23:14-17).

Inicialmente, Sucot era celebrada como a festa do outono, correspondente à festa de Pessach na primavera (Levítico 23-29). Historicamente, nós lembramos o modo como nossos ancestrais viviam no deserto, e religiosamente somos instruídos a dar oferendas em homenagem à generosidade de D-us que nos sustenta durante os meses de inverno. O mandamento que nos ordena o acolhimento a estrangeiros e a especial hospitalidade nesta época está também associado aos valores religiosos de Sucot.

O nome “Sucá” significa, literalmente, “cabana”, dando-nos a idéia de pequenas cabanas nas quais nossos ancestrais acolhiam-se em dias de colheita durante o inverno. Desta forma, as pessoas permaneciam no campo e os frutos da estação podiam assim ser colhidos de forma mais eficiente.

No Shabat que cair durante a chol hamoed, uma das cinco meguilot (plural de meguilá, que significa rolo) é lida.

Na festa de Pessach é lido Cântico dos Cânticos;

Shavuót – Ruth;

Tisha B’Av – Lamentações;

Sucot – Eclesiastes. Esta leitura parece ter sido escolhida devido às suas características alegres e simples. Segundo a tradição, Eclesiastes foi escrito pelo rei Salomão, quando este encontrava-se em idade avançada, e isto refletiria as características da época de Sucot: a aproximação do inverno e a morte da vegetação e das folhagens.

A festa de Sucot é tudo, menos melancolia e tristeza. É uma época de celebração, onde temos a oportunidade de apreciar a natureza, o alimento natural da terra e a tradição de continuadamente e darmos graças a D-us pelos muitos caminhos pelos quais fomos abençoados.

Até a destruição do segundo Templo no ano 70 a C., todas as festas judaicas eram observadas primeiramente em Ierushalaim, onde as oferendas eram feitas diariamente. Em festas tais como Sucot, eram realizadas oferendas especiais e considerava-se uma grande honra e privilégio a participação nestas atividades (Dt 16:16).

Mas, depois da destruição do Templo, Sucot, como todas as outras festas judaicas, passou por uma mudança radical: não havia mais um santuário central e um lugar para as oferendas. E devido a essa situação de desolação e desesperança, as festas judaicas passaram a centralizar-se na sinagoga e no lar, tal como ocorre atualmente. Foi somente devido a incrível adaptação e flexibilidade do povo de Israel, que a religião pode sobreviver, reinterpretando e reavaliando seus valores.

A volta à natureza

A sucá tem por finalidade nos aproximar mais dos valores naturais.

A sucá, pela simplicidade de sua construção e sua cobertura obrigatória de folhagem, procura nos aproximar e nos devolver à natureza. A terra e o céu, que obrigatoriamente transparecem através das folhagens, trazem como conseqüência estarmos na sucá em contato com os dois elementos principais da criação.

Vivemos na atualidade uma situação que cada vez mais contribui para nos afastar na natureza; tudo nos separa dela.

Vivermos com a natureza é a lição que a sucá quer nos ensinar.

A construção da sucá

Assim, a sucá tornou-se uma das mais envolventes das mitzvot (mandamentos) relacionadas à observância das festas. A sucá necessita de, no mínimo, três paredes (construídas com qualquer material, coberta por galhos soltos, chamados sechah, permitindo que exista sombra durante o dia, e a possibilidade de se ver as estrelas à noite). A mitzvá não associada aos serviços do Templo e as oferendas que definiam Sucot para os nossos ancestrais, servem como lembrança de que os israelitas eram originalmente nômades e andarilhos no deserto.

Servem também para lembrar-nos a época agrícola da nossa história, quando a sucá tinha um papel mais funcional na vida das pessoas. Ela simboliza a proteção de D-us sobre o povo de Israel. Alguns acham que o valor temporal da sucá tem uma outra interpretação, falando-nos sobre a contínua incerteza da vida judaica e sobre nosso constante vaguear pela história, através de países e dos tempos.

É um costume tradicional comer na sucá por, pelo menos, duas noites da festa. Desta forma, a sucá tornou-se quase como uma segunda casa, pelo período de uma semana.

As quatro espécies

“No primeiro dia pegareis os frutos das árvoes de Hadar, e folhas de palmeira, e ramos de árvore frondosa, e salgueiros do ribeirão e alegrar-vos-ei diante do Senhor teu D-us por sete dias” (Levítico 23:40).

Reunir as quatro espécies (arba minim) durante Sucot é uma mitzvá e uma linda experiência. A mitzvá inclui o abanar do lulav depois da recitação da bênção. O lulav é o elemento central – possui uma sólida coluna, dois galhos do lado esquerdo e três do lado direito. Tradicionalmente, os judeus voltam-se para o Oriente segurando o lulav na mão direita e o etrog na esquerda Isto é feito a cada manhã, durante os sete dias de Sucot (menos no Shabat).

Há muitas interpretações para o significado das quatro espécies:

Representam diferentes partes do corpo, todos reunidos junto no amor à D-us:

Lulav – coluna (tamareira)

Etrog – coração (cidra)

Mirto – olho

Salgueiro – boca

Representam os três patriarcas e José, todos reconhecidos por suas virtudes e amor à D-us.

Representam quatro tipos de judeus:

CIDRA – tem gosto e aroma – representa um judeu com conhecimento da Torah e bons atos.

TÂMARA – tem gosto, ma não tem aroma – representa um judeu com conhecimento somente.

MIRTO – não tem gosto mas tem aroma – representa um judeu sem conhecimento da Torah, mas com boas ações.

SALGUEIRO – não tem aroma e nem gosto – representa um judeu sem conhecimento e sem boas ações.

A alegria da Torah

As bandeiras que acompanham a procissão, chamadas de hakafot, servem como lembrança das 12 tribos de Israel. Essa festa comemora nossa contínua devoção à Torah e ao estudo do judaísmo.

Em Simchat Torah, todos recebem uma aliah (a oportunidade de subir à Torah dizer uma bênção), uma honra especial. Nessa época, também as crianças que ainda não atingiram a idade de Bar-mitzvá são chamadas à Torah, Durante a aliah das crianças, os adultos do púlpito cobrem suas cabeças com o Talit pois muitos deles aproximam-se da Torah pela primeira vez. As crianças então recitam uma bênção especial e observam a leitura da Tora e a continuação do ritual.

Em seguida a isso, as tradicionais palavras são recitadas: Chazak Chazak Venitchazek, significando, “seja forte, seja forte e que nos fortaleçamos uns aos outros”.

É uma festa de outono, inicia-se no 15o. dia do mês de Tishrei. Lembram como os judeus viviam no deserto, instrui a dar oferendas homenageando a generosidade de D-us durante o inverno. Associa-se a esta festa o mandamento de acolhimento a estrangeiros e hospitalidades especiais, porque incentivava os judeus de todo Israel e Babilônia a irem para Ierushalaim participar dos serviços e oferendas no Templo. Esta festa iniciava no final da colheita de frutas marcando o encerramento do ano agrícola.

Constituía em construir, dormir e comer na Sucá, também se faz todas as manhãs, exceto no Shabat os rituais do lulav e etrog.

Sucá é uma cabana pequena com no mínimo 3 paredes com teto de palha ou folhagens, como as cabanas habitadas pelos judeus em épocas de colheitas e também como as cabanas habitadas pelos israelitas durante 40 anos no deserto após o Êxodo.

Rituais de Lulav e Etrog: são as “4 espécies”.

Uma cidra, um ramo de tamareira, 3 ramos de mirto e 2 ramos de salgueiro. Todos os dias, exceto no Shabat, pega-se na mão direita as 3 espécies de ramos, na mão esquerda o etrog (cidra), recita-se uma bênção, em seguida junta-se as mãos e agita o molho para todos os lados, para cima e para baixo. Para manifestar a alegria e indicar que a presença de D-us está em toda parte.

A Sucot é marcada pelo Chol Hamoed (dias intermediários) que separam os dias iniciais dos últimos dias da festa. Na chol hamoed fazem-se as atividades normais do dia a dia, exceto no 1o. dia e as vezes no último.

Sucot por ser a mais alegre das festas era chamada de He Chag (A Festa).

“Os cananitas para celebrarem a festa de outono, colhiam as uvas e se reuniam no templo de Baal para agradecer e adorar os seus deuses”. Quando os israelitas se fixaram na Palestina, fizeram uma festa de outono dedicada ao D-us hebreu único. A partir do exílio babilônico, Rosh Hashaná, Iom Kipur e Sucot, tornaram-se festas distintas com costumes distintos e práticas individuais. Isto porque o mestre religioso da época queria separar as celebrações alegres das celebrações mais sérias, e para isso colocaram a festa de Sucot no 15o. dia do primeiro mês de outono.

O 7o. e último dia de Sucot é chamado de Hoshaná Raba (a grande súplica pela salvação) é baseado em Salmo 118:25 quando se pede a D-us “Salva-nos”. Para os judeus tradicionais é uma semi-festa, consiste em dar 7 voltas na sinagoga carregando galhos. É parecido com a Simcha Torah, mas menos alegre. Quando havia o Templo, era considerado como um adicional para pedido de perdão pelos pecados esquecidos nos dias de penitência, depois foi crescendo em importância e desenvolveu características associadas e Iom Kipur.

O 8o. dia de Sucot é chamado de Shemini Atzeret (convocação do oitavo dia). Conforme a tradição, D-us determina a quantidade de chuvas que cairão no ano seguinte então ora-se uma prece especial pela chuva chamada Tefilat Gueshem (oração da chuva) em súplica pelas chuvas. O 8o. dia de Sucot marca o início da estação das chuvas em Israel.

RESTAURADO A FESTA DOS TABERNÁCULOS

O Senhor tem nos mostrado que a Festa dos Tabernáculo, para nós crentes no Messias, que vivemos a expectativa dos últimos dias, se reveste de um significado especialíssimo.

Durante séculos a igreja cristã institucional tem observado apenas a festa da Páscoa – dentre as três grandes festas de Israel – Páscoa, Shavuot, Tabernáculos (Dt 16 e Lv 23).

Para nós, a Festa dos Tabernáculos significa a habitação do Senhor em nosso meio (II Co 6:16b-18), e também o fato de que estamos entrando na nossa Herança (de que Canaã era uma figura).

Na verdade, D-us habitou em nosso meio na pessoa de Ieshua. Em João 1:14, que diz: “E o verbo se fez carne, e habitou entre nós”, a palavra no original não é habitou, mas “tabernaculou” entre nós. Isto demonstra que Ieshua era “D-us conosco”, ou seja, D-us tabernaculando conosco. Por este motivo, temos visto os estudiosos afirmarem que Ieshua não nasceu no dia 25 de dezembro, mas durante a Festa dos Tabernáculos. Isto é óbvio, se pensarmos que no dia em que Ieshua nasceu, “pastores… guardavam o seu rebanho durante as vigílias da noite” (Lc 2:8). Se fosse na noite de 24 ou 25 de dezembro, isto não seria possível, devido ao frio que faz naquela região nessa época. Neste caso, os rebanhos estariam bem guardados em seus apriscos fechados, e não ao ar livre, como Lucas relata. Pode-se provar que Ieshua nasceu em setembro ou outubro, estudando-se em profundidade a dada do nascimento de João Batista, 6 meses antes do nascimento de Ieshua (Lc 1:36), se considerarmos que Zacarias, pai de João, era do turno de Abias (Lc 1:5).

Verificando-se a época em que esse turno funcionava no tabernáculo, conclui-se que (I Cr 24:10), somando-se o tempo necessário para o nascimento de Ieshua cairá durante a Festa dos Tabernáculos.

Significado profético

Além disto, a Festa dos Tabernáculos é uma Festa Profética. A sua mensagem nos fala da nossa herança, isto é, “da medida da plenitude da estatura do Messias”, a que a Palavra de D-us nos promete que chegaremos em breve (Ef 4:11-16). Fala da glória de D-us a ser manifestada nesta “ultima casa” (Ag 2:8). Fala não apenas do milagre da provisão de D-us no meio do deserto, mas de uma provisão superabundante na terra que é nossa herança, onde teremos não apenas as “primícias”, “o penhor da nossa herança” (Rm 8:23; Ef 1:13,14), que é Espírito o Santo, mas teremos a plenitude da herança, a posse de tudo o que o Senhor tem reservado para os seus filhos.

Significado prático

A Festa dos Tabernáculos não é apenas algo que comemoramos uma vez por ano, em setembro-outubro, relembrando o passado, mas significa, para nós, uma EXPERIÊNCIA. Assim como a Páscoa é para os alvos uma experiência (libertação do pecado e da escravidão), e também Shavuot é uma experiência (imersão com Espírito o Santo), Tabernáculos é uma experiência a ser atingida pela Igreja Cristã.

É certo que neste mês nos reuniremos para estudar a Palavra, e adorar ao Senhor. Mas a Festa não termina depois desta Santa Convocação. Ela continua em nossos corações, que anseiam pelo seu cumprimento, pela manifestação dos seus frutos, dia após dia. E, pouco a pouco podemos sentir que o Corpo do Messias, a igreja, está chegando à experiência da Festa dos Tabernáculos. Aleluia.

Tabernáculos será uma experiência em que todo o Corpo entrará ao mesmo tempo.

Qual deve ser o nosso interesse? Ajudar todos os membros do Corpo do Messias a entrar em todas as experiências que D-us está revelando aos Seus nestes últimos dias, para que em breve tudo se cumpra e cheguemos a “restauração de todas as coisas” (At 3:21), e possa cum­prir-se cabalmente no Corpo do Messias a experiência da Festa dos Tabernáculos.

Como observar a festa dos Tabernáculos

Ide, comei carnes gordas, tomai bebidas doces” (Ne 8:10). Há muitas maneiras pelas quais as ações de graça pela Colheita, podem ilustrar a Ceifa Mundial que cremos que D-us nos dará, e que a Festa tipifica.

Enviai porções aos que não têm nada preparado para si” (Ne 8:10). Rejei­temos a troca de presentes comum na época de Natal (falsa data do nascimento de Ieshua), em favor do “enviar porções”. Não é uma troca interesseira, mas “presentes aos que nada têm preparado para si”. Nisto consiste o amor. Esta é uma boa saída para o comercialismo do Natal, e um digno substituto cristão para o ambiente pa­gão da época natalina.

Dia após dia leu Esdras no livro da lei de D-us desde o primeiro dia até o último; e celebraram a Festa por sete dias” (Ne 8:18). O estudo e meditação na Palavra de D-us é uma característica do “espírito” da Festa dos Tabernáculos. Procure ler a Palavra com a família e mais outras pessoas, se pos­sível, nestes dias.

Saí ao monte, e trazei ramos… para fazer cabanas” (Ne 8:15,16). Faça uma pequena cabana para lembrar o significado da Festa, tipificando a estrebaria em que D-us veio tabernacular conosco, na pessoa de Ieshua. Essa cabana pode ser uma bela ilustração da verdade, especialmente para as crianças.

Apesar de tudo, estamos esperando que o Senhor, nestes últimos dias, revelará algo completamente novo a respeito da Festa dos Tabernáculos. Procure começar seguindo os princípios da Palavra de D-us, que as demais coisas o Espírito revelará a seu tempo. Amém!

A REPRESENTAÇÃO PROFÉTICA DA FESTA DE SUCOT

A festa de Sucot é rica em significados e simbolismos, que como nos diz a Bíblia, está sempre apontando para algo que haveria de vir – eram sombra das coisas futuras – e assim é com Sucot.

O primeiro fator relembrado nesta festa é o fato de que os judeus estavam sempre viajando – as cabanas eram simples para poderem ser montadas e desmontadas a qualquer momento – e isso é uma representação do “peregrinar” do homem sobre a terra. Sabemos que o mundo não é nosso lugar. Ieshua quando falou disso, disse o seguinte: “Não são do mundo, como eu do mundo não sou” (Jo 17.16), demonstrando que nossa verdadeira cidadania não é terrena, pois apenas “estamos” no mundo, porém não “somos” do mundo!

Outro fator importante é que as cabanas eram frágeis, mas independente disso o povo viveu por quarenta anos no deserto sob a proteção de D-us. Isso nos faz lembrar o cuidado de D-us para conosco e que mesmo em meio às provações há a provisão, o livramento, a proteção que, apesar da fragilidade de nossa vida, manifestam-se desta forma dando-nos a certeza de que Ele está com todas as coisas sob controle! Durante os quarenta anos de peregrinação do povo de Israel não lhes faltou coisa alguma, quer no sentido material, quer no sentido espiritual. A provisão material abrangia duas áreas principais: a provisão da alimentação em meio a um deserto e a manutenção daquilo que eles já tinham quando saíram do Egito. Isso só foi possível graças a uma época de intensos milagres – a primeira grande era dos milagres bíblicos -, pois quando da peregrinação D-us proveu comida e água suficientes para alimentar todos os integrantes do povo. Levando-se em consideração que os que saíram do Egito foram 600.000 (seiscentos mil homens) e fazendo-se uma média de quatro (4) pessoas por família – o que é pouco para os orientais, que costumam ter famílias numerosas -, teremos um total aproximado de 2.400.000 (dois milhões e quatrocentos mil pessoas) no deserto pedindo água e comida e sendo supridos plenamente por D-us; não seria isso um grande milagre? Quando se fez necessário D-us abriu rochas e fez que delas brotassem fontes de água e até mesmo fez “chover” carne do céu, enviando ao povo codornizes para que eles pudessem ter seu suprimento de proteínas adequado para a viagem. Mas o mais impressionante disso é o maná. Está escrito que D-us deu ao povo “pão dos anjos” (Sl 78.25) para comer! Imagino o que deve ter acontecido. O Senhor dá uma ordem e os próprios anjos levavam este “pão” para alimentar ao povo, e mesmo assim eles ainda reclamaram, pois sentiram-se enjoados por comerem o maná! Não somos nós assim? Vivemos de uma forma que, às vezes, D-us envia seus anjos para nos alimentar, e mesmo assim reclamamos! Há também a questão das roupas e calçados: não haviam condições de terem-se fábricas de calçados e tecelagens no deserto, porém os calçados e as roupas não envelheceram nem desgastaram-se durante a época da peregrinação. Temos aqui duas hipóteses: a primeira é a de que D-us “conservou” as roupas e calçados do povo de Israel de forma a não se desgastarem. A segunda é de que, além disso, as roupas e calçados “cresceram” com o povo, pois na época da saída do Egito muitas crianças e jovens saíram no meio do povo, e eles cresceram e se desenvolveram durante aqueles quarenta anos de caminhada!

Em nossas vidas também acontecem tais milagres – provisão para o corpo e no corpo – nossas roupas e alimentos – o que nos mantém durante nossa peregrinação firmes e convictos de que tudo não passa de um contínuo milagre, pois somos continuamente livrados por D-us em nosso dia-a-dia e não o percebemos! Nossa saúde é mantida por D-us – e consequentemente a vida – apesar de nossa fragilidade!

Outro fator muito importante e também esquecido por nós é que D-us andava em meio à seu povo no deserto e isso foi visto claramente por eles, pois durante o dia havia uma nuvem que cobria todo o povo, evitando assim que o calor do sol os fizesse perecer no deserto. Esta cobertura simboliza o cuidado de D-us para conosco e faz-nos lembrar que, do alto vem nosso livramento e que também nós temos uma “cobertura” muito competente, pois o Criador dos céus e da terra é aquele que é autoridade (cobertura) sobre nós e assim gerencia nossos passos, para que não sejamos consumidos pelo calor do sol no deserto. Isso durante o dia, pois á noite a coisa é ainda pior! A noite temos a ausência de luz, e no deserto sopra um vento muito frio, além de haverem os animais que saem de seus esconderijos para poderem se alimentar e ali está o povo, totalmente entregue às condições do tempo e aos perigos daquele lugar. Mas até para isso o Senhor providenciou solução. No deserto havia uma “coluna de fogo” que guarnecia o povo (em hebraico, literalmente “algo que se punha em pé”), lembrando-nos de que quando chegam os momentos “obscuros e tenebrosos” da vida (ou como diz Davi: “Ainda que eu andasse pelo vale da sobra da morte não temeria mal algum, porque Tu estás comigo” Sl 23.4) D-us se faz presente em nossa vida como um “fogo consumidor” que além de nos esquentar durante o rigoroso frio do deserto também espanta os animais perigosos que poderiam nos atacar, além de providenciar a direção correta em meio à escuridão! O motivo da Festa de Sucot é basicamente um: relembrarmos dos atos de D-us na história do povo de Israel e também sabermos que isso acontece hoje conosco, e por isso celebramos a Ele por tudo!

Mário Moreno