Mário Moreno/ março 19, 2020/ Artigos

Ieshua celebrou todas as festas bíblicas?

Estamos vivendo com uma certa regularidade uma situação de “negação” das Escrituras de forma endêmica; “sábios cibernéticos” aparecem nas mídias sociais e buscam de forma feroz mas também sutil convencer pessoas de que algumas verdades das Escrituras não são tão verdadeiras assim…

Vamos nos focar nas Festas Bíblicas celebradas na época de Ieshua. Uma pergunta que sempre retorna: teria Ele participado de todas as festas bíblicas?

Primeiro, vejamos quais são estas festas (vamos nos utilizar do calendário gregoriano para agrupá-las na ordem dos meses no ocidente – janeiro a dezembro):

A primeira festa celebrada no calendário é Purim, depois temos Pessach, Shavuot, Rosh Hashana, Iom Kippur, Sucot e finalmente Chanucá.

Estas festas formam o “ciclo” anual que foi e é vivenciado em Israel ainda hoje.

Vamos nos utilizar das boas novas de Iochanan (João) para buscarmos a resposta sobre esta pergunta. Então vejamos aqui o que as Escrituras nos dizem:

E, estando ele em Jerusalém pela Páscoa, durante a festa, muitos, vendo os sinais que fazia, creram no seu nome” Jo 2.23.

E já estava próxima a festa das cabanas dos judeus” Jo 7.2.

E em Jerusalém havia a Festa de Chanucá, e era inverno” Jo 10.22.

Estas três referências são suficientes para podermos argumentar acerca da participação de Ieshua nas Festas.

Bem, através destas referências, sabemos que Ele participou de três festas: Pessach, Sucot e Chanucá. Isso está escrito e não há como negar. Mas e as demais festas? Não teria Ele também participado?

É importante vislumbrarmos aqui uma declaração do próprio Ieshua: “Não cuideis que vim ab-rogar a lei ou os profetas; não vim ab-rogar-los, mas cumprir-los. Porque em verdade vos digo que, até que os céus e a terra passem, nem um jota ou um til se omitirá da Torah sem que tudo seja cumprido. De maneira que qualquer que violar um destes menores mandamentos e assim ensinar aos homens será chamado o menor no poder soberano dos céus; aquele, porém, que os cumprir e ensinar será chamado grande no poder soberano dos céus” Mt 5.17-19.

Para Ieshua a “Torah” não se limitava aos cinco livros de Moshe, mas sim a todo o Tanach (conhecido como Velho Testamento). Então aqui as palavras d´Ele são bem abrangentes, pois os mandamentos e padrões de obediência estão por toda a parte e não somente nos primeiros cinco livros.

E as outras Festas?

Vamos agora usar a lógica como uma “ferramenta” para podermos entender os três versos acima.

Vamos começar com Chanucá, que é a última festa de nosso calendário (frequentemente celebrada em dezembro). Iochanan diz que Ieshua celebrou esta festa, e depois o relato na sequência nos levaria a Pessach (celebrada em abril). Mas entre estas duas festas temos a festa de Purim. Então fica a pergunta: Ieshua não participou de Purim? Se a resposta for positiva – NÃO participou – então isso poderia ser motivo de acusação diante de seus adversários quanto ao “cumprimento” das Escrituras. Mas se Ele participou, então cumpriu um mandamento que não está nos cinco livros de Moshe – a Torah de forma explícita, porque Ele já havia feito isso quando celebrou Chanucá, que é uma festa estabelecida pelos sábios e não pelas Escrituras!

Vejamos o que nos diz a tradição judaica sobre esta festa:

Os Sábios (Shabat 21b) perguntaram: O que é Chanucá? Os Rabinos ensinaram: A partir do vigésimo quinto dia de Kislev, são observados oito dias de Chanucá, durante os quais não são feitas eulogias e o jejum não é permitido. Pois quando os gregos entraram no Santuário, profanaram todos os azeites [usados para acender a Menorá]. E quando a Casa Hasmoneana prevaleceu e os derrotou, eles procuraram e encontraram apenas uma ânfora de azeite com o selo do Cohen Gadol – e esta jarra tinha azeite suficiente para queimar um dia. Mas ocorreu um milagre e o azeite ardeu durante oito dias.

No ano seguinte, os Sábios designaram estes oito dias como uma festa, com canções de louvor e agradecimentos”.

Fonte: https://pt.chabad.org/library/article_cdo/aid/660360/jewish/Significado.htm.

Então isso mostra que Ieshua não teria nenhuma dificuldade de celebrar Purim. Isso nos leva ao próximo passo, que é Pessach que o verso acima diz que ele Celebrou. Depois há uma lacuna e cita-se Sucot.

Novamente dentro da lacuna temos três festas: Shavuot, Rosh Hashana e Iom Kippur, que não são citadas, mas que certamente Ieshua celebrou com os demais judeus de sua época.

Então fechamos o ciclo, pois Chanucá já foi citada acima.

Agora podemos então afirmar com toda a segurança que Ieshua celebrou todas Festas Bíblicas em sua vida e ministério.

Quando chegamos a esta constatação não temos então qualquer dificuldade em ensinar isso e também em celebrar tais festas, pois cada uma delas aponta para o próprio Ieshua, demonstrando que as Festas nada mais são do que “momentos de encontro” com Ele mesmo e também tempos determinados em que situações espirituais são intensificadas e moveres espirituais ocorrem de forma pontual, obedecendo cada Festa dentro de seu contexto profético.

Eu imagino que Ieshua se faz presente em cada Festa que celebramos – através do Espírito o Santo – e que Ele mesmo deve sentir “saudades” de estar com seu povo celebrando ao Eterno.

Este ciclo de sete festas proposto aqui visa demonstrar que há uma conexão das festas com a Criação e também com as profecias que apontam para Ieshua, muitas deles envolvendo os “moedim” – tempos determinados para o encontro.

No “sete” temos a plenitude e também temos a conexão com os dias da Criação, como se pudéssemos conectá-los de forma a entendermos que a cada dia algo se criou formando o cenário final da Criação e assim o ocorre com as Festas, que tem um ciclo que ao seu final nos leva a uma elevação final diante do Eterno através das celebrações que nos aproximam também mais d´Ele e de sua Palavra.

Finalizando,

… podemos dizer que tudo o que Ieshua fez é digno de ser imitado – pois somos seus discípulos – e não temos o direito de negarmos que Ele obedeceu e assim pode então ter o direito de tornar-se nosso Redentor final.

Um detalhe importante: há uma Festa aguardando por nós na eternidade, que aguarda pelo casamento do Noivo – Ieshua – com a sua Noiva – Israel e a igreja – quando finalmente Ele terá consigo os seus filhos e discípulos de todas as eras e de todos os lugares do mundo. Será uma reunião memorável que contará com a participação daqueles que além de crerem em Ieshua como seu Senhor e Salvador também o obedecem de forma a terem seu caráter transformado, sempre caminhando em busca de algo: até que todos cheguemos à unidade da fé e ao conhecimento do filho de Elohim, a varão perfeito, à medida da estatura completa do Ungido” Ef 4.13.

Mario Moreno.