Mário Moreno/ julho 4, 2018/ Teste

O Agir do Eterno

Eliyahu HaNavi (Elias, o profeta) estava angustiado. Tudo à sua volta havia se quebrado.

O seu povo, seus próprios familiares, haviam abandonado o caminho do Eterno. E pior: Haviam perseguido até a morte aqueles que ainda se professavam como seguidores das Escrituras.

A terra onde ele nascera, e crescera, já não era mais a mesma. Ele praticamente não conseguia reconhecer mais nada, talvez nem mesmo aqueles a quem ele amava, e que o retribuíam com ódio, e buscavam ceifar sua vida.

Pode-se dizer que o mundo em volta de Eliyahu ruiu. Ele perdeu completamente o referencial, e se sentia totalmente desorientado, deprimido, sem nenhuma esperança.

Ao ponto de dizer ao Eterno:

“Agora basta, IHVH! Retira-me a vida, porque não sou melhor que meus pais.” (Melachim Alef/1 Reis 19:4)

Imagine a frustração que vivia Eliyahu. Sua angústia, sua decepção, e sua vontade de não fazer mais nada, a não ser esperar a morte chegar. Esse era o cenário em que Eliyahu se encontrava. No mais profundo dos abismos.

Mas, quando isso aconteceu? Foi justamente após uma grande vitória que ele teve contra os 850 falsos profetas que ameaçavam Israel que eram pagos por Jezabel para incitarem a nação a abandonarem ao IHVH.

Sua vitória não foi somente “física”; no reino do espírito houve uma grande derrota das hostes malignas que nada puderam fazer quando o profeta Eliyahu dá uma ordem no Espírito – na hora e no lugar certo – desafiando o maligno com um sinal ligado a juízo: fogo dos céus!

Este mesmo sinal havia ocorrido outrora quando o Tabernáculo foi inaugurado, pois o Eterno enviou fogo dos céus para acender o altar de sacrifícios, conforme nos ensina o Modrash, só que neste caso este sinal servia para determinar o início de um novo tempo para Israel no deserto. “Porque o fogo saiu de diante do IHVH, e consumiu o holocausto e a gordura sobre o altar: o que vendo todo o povo, jubilaram e caíram sobre as suas faces” Lv 9.24.

Isso nos mostra que em ambas as ocasiões havia uma presença do Eterno muito intensa entre seu povo, o que fez com que houvesse uma tentativa de interferência do maligno na vida daqueles homens que foram os protagonistas para que os céus pudessem estar em pleno contato com a terra.

Voltando a Eliyahu, nesse momento, esperava-se que IHVH enviasse as hostes celestiais, resgatasse o seu amado servo, e executasse juízo sobre seus inimigos com fogo dos céus.

Mas não. Primeiramente, Ele diz:

“Levanta-te e come, pois do contrário o caminho te será longo demais.” (Melachim Alef/1 Reis 19:7) E envia Eliyahu numa longa caminhada, de 40 dias e 40 noites.

E quando imagina-se que IHVH irá recompensar o esforço de Eliyahu, finalmente, com manifestações sobrenaturais poderosas, as Escrituras nos dizem:

“Um grande e impetuoso furacão fendia as montanhas e quebrava os rochedos diante de IHVH, mas IHVH não estava no furacão; e depois do furacão houve um terremoto, mas IHVH não estava no terremoto; e depois do terremoto um fogo, mas IHVH não estava no fogo; e depois do fogo, o ruído de uma leve brisa. Quando Eliyahu o ouviu, cobriu o rosto com o manto, saiu e pôs-se à entrada da gruta. Então, veio-lhe uma voz, que disse: ‘Que fazes aqui, Eliyahu?’” (Melachim Alef/1 Reis 19:11-13)

A grande lição sobre o agir do Eterno pode ser dividida em duas partes.

A primeira nos ensina que IHVH envia o socorro, mas mesmo assim, temos que nos esforçar em nossa caminhada. Eliyahu foi suprido pelo Eterno, mas precisou caminhar 40 dias e 40 noites, e certamente não foi fácil.

A segunda é que por muito menos do que passou Eliyahu, achamos que o Eterno precisa realizar sinais e prodígios para provar que está do nosso lado. Ficamos clamando por milagres estrondosos, e arrebatadores. Mas é nas pequenas coisas, como a brisa leve, que Ele demonstra que está ao nosso lado.

Devemos nos lembrar que o Eterno guia seus filhos para serem seus instrumentos e também os guarda das retaliações do adversário e quando necessário Ele realiza intervenções espetaculares em nossa vida para demonstrar que não somente somos d´Ele como também trabalhamos para Ele!

No caso de Eliyahu existiu a disponibilidade e também a prontidão em responder ao chamado do Eterno para o serviço. Mas sempre há um preço a ser pago…. e ninguém sabe ao certo o que isso significa, mas há também o privilégio de ser um instrumento nas mãos do Criador. As duas coisas além de se sobreporem também andam juntas e para quem ama ao Eterno e sua Palavra não há qualquer problema em abandonar tudo para somente tornar-se um instrumento dos céus. Mas isso depende do chamado… Nem todos suportam ser chamados e viver o chamado…. Eliyahu viveu momentos de grande tensão de uma forma tão intensa que desejou a morte…. e ele não foi o único. Veja o que aconteceu com Sha´ul: “Porque não queremos, irmãos, que ignoreis a tribulação que nos sobreveio na Ásia, pois que fomos sobremaneira agravados mais do que podíamos suportar, de modo tal que até da vida desesperamos” II Co 1.8.

Portanto, podemos fizer que grandes guerreiros lutam em grandes batalhas e também são confrontados de forma intensa, mas ao fim disso o que resta são grandes vitórias que permanecem não somente na vida dos servos do Eterno como também na vida de pessoas que um dia virão a conhecê-lo e serem participantes da Redenção. Seja então um instrumento do agir do Eterno em nossos dias…

Adaptação: Mário Moreno.