Mário Moreno/ novembro 21, 2017/ Artigos

O caminho de D-us

O que dizer quando uma pessoa, depois de ter perdido tudo aquilo que dava “sentido” à sua vida terrena fala aceca daquilo de forma a glorificar ao Eterno por tudo? Que pessoa teria esta estrutura em sua personalidade que, após ter perdido seus bens e dez filhos, ainda diria coisas capazes de nos fazer pensar até o dia de hoje…

Este homem existiu e seu nome era Iov – Jó – e parte de suas palavras analisaremos agora.

“Eis que bem-aventurado é o homem a quem Eloah castiga; não desprezes, pois, o castigo do Todo-poderoso. Porque ele faz a chaga, e ele mesmo a liga; ele fere, e as suas mãos curam. Em seis angústias te livrará; e na sétima o mal te não tocará. Na fome te livrará da morte, e na guerra da violência da espada. Do açoite da língua estarás abrigado; e não temerás a assolação, quando vier. Da assolação e da fome te rirás, e os animais da terra não temerás. Porque até com as pedras do campo terás a tua aliança; e os animais do campo estarão contigo. E saberás que a tua tenda está em paz; e visitarás a tua habitação, e nada te faltará. Também saberás que se multiplicará a tua semente e a tua posteridade como a erva da terra. Na velhice virás à sepultura, como se recolhe o feixe de trigo a seu tempo. Eis que isto já o havemos inquirido, e assim é; ouve-o, e medita nisso para teu bem” Jo 5.17-27.

Iov, depois de ter perdido tudo o que pode ser tido como algo de valor nos padrões terrenos, agora declara que “bem-aventurado é o homem a quem o Eterno castiga”

O castigo pressupõe culpa e parece que este homem não tinha motivos plausíveis para ser “castigado”, mas o foi…

E quando isso aconteceu, num momento de lucidez e profunda comunhão com o Eterno ele afirma que “Aquele que faz a ferida ele mesmo a cura…”. Mas, como ser curado após tantas perdas em tão pouco tempo? Como continuar crendo naquilo que nos foi prometido quando nossa vida desaba completamente?

Ele ainda afirma: “Em seis angústias te livrará; e na sétima o mal te não tocará”. Mas o que quer dizer isso? O número seis nas Escrituras é o número do homem e do mal; portanto podemos afirmar que a angústia vira para o homem e isso poderá parecer ruim, mas não será! Pois quando achamos que tudo acabou – e esperamos pela “sétima angústia” – então vem o livramento do Eterno e o maligno não nos tocará!

Ele afirma algo impressionante: “Na fome te livrará da morte, e na guerra da violência da espada. Do açoite da língua estarás abrigado; e não temerás a assolação, quando vier. Da assolação e da fome te rirás, e os animais da terra não temerás”. Uau! O livramento virá então:

– da fome, livrará da morte;

– na guerra da violência da espada;

– do açoite da língua

– e da assolação da fome!

Todas estas coisas mostram que o Eterno cuida de cada um de nós como cuida de um filho que tem desejos e necessidades e que precisa ser orientado a cada passo de sua vida!

E essa postura fará com que algo ainda maior aconteça: “Porque até com as pedras do campo terás a tua aliança; e os animais do campo estarão contigo”. Imagine que a natureza estará associada com o homem que teme ao Eterno de uma tal forma que ela se encarregará de cooperar com ele. Simples, porém verdadeiro…

Haverão outras consequências desta postura: “E saberás que a tua tenda está em paz; e visitarás a tua habitação, e nada te faltará. Também saberás que se multiplicará a tua semente e a tua posteridade como a erva da terra. Na velhice virás à sepultura, como se recolhe o feixe de trigo a seu tempo. Eis que isto já o havemos inquirido, e assim é; ouve-o, e medita nisso para teu bem”.

Não sei se conseguimos perceber o que acontecerá, pois a vida do homem que caminha com o Eterno lhe traz coisas inacreditáveis! Estas coisas estão descritas como:

– paz em sua moradia;

– provisão em sua casa;

– fecundidade para sua esposa – não haverão mulheres estéreis na casa deste homem.

– este homem terá uma vida longa! A longevidade advém de dois fatores fundamentais: temer pai e mãe e cumprir os mandamentos do Eterno!

Então podemos compreender que o “castigo” nada mais é do que uma oportunidade que o Eterno dá ao homem para que este seja aperfeiçoado e para que sua vida possa ser moldada de forma a estar dentro dos padrões eternos. O que aparenta ser ruim se transforma numa fonte de grandes bênçãos e de prazer para aquele que é tratado pelas mãos do Criador.

O salmista fala sobre as “angústias” desta forma:

Clamou este pobre, e o IHVH o ouviu, e o salvou de todas as suas angústias” Sl 34.6.

Os justos clamam, e o IHVH os ouve, e os livra de todas as suas angústias” Sl 34.17.

Ou seja, quando o justo clamar o Eterno lhe trará salvação e livramento, pois as angústias poderão durar por algum tempo, mas o Eterno em todas elas trará ao justo uma forma de escape!

Ser como Iov… será possível? Viver o que ele viveu e ainda assim poder dizer isso, é quase inacreditável. Mas sabemos que ao homem o Eterno dá uma estrutura que o capacita de viver situações de grande provação e ainda assim não perder a sua esperança e a sua confiança no Altíssimo.

Que esta seja também a nossa postura quando estivermos em meio a grandes provas, pois passar por ela significa estar apto para receber do Eterno não somente a restituição, mas também ter o seu nome gravado na história da humanidade como aquele que viveu o pior, venceu e recebeu o melhor do Eterno.

Estes são os homens que se diferenciam de pessoas comuns, pois mesmo em situações incomuns eles conseguem enxergar que o Eterno está no controle da situação e que Sua Palavra se cumprirá: “O justo nunca será abalado, mas os ímpios não habitarão a terra” Pv 10.30.

Que esta palavra se cumpra em nossa vida e em nossos dias enquanto esperamos a vida de Mashiach.

Mário Moreno.