Mário Moreno/ outubro 6, 2017/ Artigos

O dedo de D-us

O que é o “dedo de D-us”? Será que podemos afirmar que se trata de um membro do corpo do Eterno que é usado ocasionalmente quando há uma grande necessidade? O Dedo de D-us é literalmente “um dedo” como nós humanos o conhecemos?

Nas Escrituras existem diversas expressões que chamamos e “expressões idiomáticas” e estas nem sempre são bem entendidas. O judaísmo acredita que o Eterno é assim:

Encontramos explícito na Torah e nos Profetas que D-us é incorpóreo e imaterial, como está escrito: “Pois Adonai, vosso D-us, é o [único] D-us nos céus e na Terra…” – V. Dt 4:39; Js 2:11 – e corpo não pode estar em dois lugares [ao mesmo tempo]. E, está escrito: “Pois não vistes qualquer imagem…” – Dt 4:15. E, está escrito: “A quem comparar-me eis, que possa Eu ser equiparado?!” – Is 40:25. Caso fosse corporal, poderia ser [de algum modo qualquer] comparado aos demais corpos.

…Sendo assim, que significa o escrito na Torah “…sob Seus pés…” (Ex 24:10), “escritos pelo dedo de D-us…” (Ex 31:18; Dt 9:10),”…a mão de D-us…” (Ex 24:1; Nm 11:23; Dt 2:15), “…olhos de D-us...” (Dt 11:12), “...ouvidos de D-us…” (Nm 11:1; Nm 11:18) e outros como estes, outros? – Tudo segundo a forma humana de pensar e falar, por não conhecerem a não ser [a existência] de corpos, e a Torah fala segundo a linguagem humana. Todos são termos metafóricos, como está escrito: “Se Eu desembainhar, minha espada, o raio…” (Dt 32:41) – E, acaso D-us tem espada, e por espada mata? – Senão, [trata-se tudo de] metáforas, simplesmente metáforas.

…Prova disto: um profeta diz que as vestes de D-us são como a branca neve (Dn 7:9), e outro o vira com roupas rubras de Bosra (Is 63:1), enquanto que Mochê Rabênu mesmo já Lhe havia visto sobre o mar como um valente guerreiro, e no Sinai como um chaliaĥ tzibur coberto com seu manto. Significa: D-us não possui nem forma nem imagem, sendo tudo de acordo com a visão profética. Quanto à veracidade deste fato, não há capacidade intelectual no ser humano para alcançá-la ou disquirir acerca dela, sendo o dito no versículo: “A disquisição de D-us, acaso encontrarás? Ou, a finalidade do Todo-Poderoso acharás?!” – Jb 11:7”.

Então podemos afirmar que tudo o que lemos nas Escrituras acerca das características físicas do Eterno são somente “metáforas”? as Escrituras nos esclarecerão sobre isso…

A primeira passagem que aparece com a expressão “dedo de D-us” é: “Então disseram os magos a Faraó: Isto é o dedo de Elohim. Porém o coração de Faraó se endureceu, e não os ouvia, como o IHVH tinha dito” Ex 8.19. Nesta passagem temos algo intrigante, pois o Eterno estava julgando o Egito com as dez pragas e os magos de Faraó “imitavam” as pragas; porém quando chega na praga dos piolhos, eles já não podem mais imitá-la e então admitem que aquilo que está sendo feito é de origem sobrenatural e eles não detinham esta “unção”!

O fato é que algo de sobrenatural estava operando e usando a vida de Moshe e trazendo assim juízo sobre a terra do Egito! E estas manifestações estavam além do controle “natural” e humano e também estavam fora do controle dos magos e sábios do Egito que tinham “poderes” sobrenaturais, mas que não alcançavam e nem compreendiam aquilo que estava ocorrendo através de Moshe e, portanto, rotularam aqueles feitos de algo que estava sendo operado pelo “Dedo de D-us”.

A Torah Viva na nota sobre este verso diz: “dedo: em hebraico, etsba. Em egípcio antigo, a palavra etsba também denota ‘um dedo’, mas também significa ‘punição’. Os ocultistas egípcios podem estar dizendo: ‘é a punição de D-us’”.

Um outro exemplo disso está em: “E deu a Moshe (quando acabou de falar com ele no monte Sinai) as duas tábuas do testemunho, tábuas de pedra, escritas pelo dedo de Elohim” Ex 31:18. Há uma passagem complementar em Deuteronômio que completa essa dizendo: “E o IHVH me deu as duas tábuas de pedra, escritas com o dedo de D-us; e nelas estava escrito conforme a todas aquelas palavras que o IHVH tinha falado convosco no monte, do meio do fogo, no dia da assembleia” Dt 9:10.

Neste caso estamos falando sobre a entrega das “Dez Palavras” ou “Dez mandamentos” que são a base de toda a legislação das Escrituras e que se tornaram também base para muitos povos do mundo! E a Torah nos diz que estas palavras foram escritas pelo “dedo de D-us” nas tábuas. De acordo com a tradição judaica as tabas eram quadradas medindo 6x6x3 punhos; eram quadradas de 6 punhos de lado com uma espessura de 3 punhos. Elas eram feitas de safira.

Vemos que a “safira” tem relações surpreendentes na tradição judaica: “A palavra “sefirá” é relacionada com várias palavras hebraicas: Saper, que significa “revelar ou se comunicar”; Sapir, safira, “brilho ou luminárias”; Safar, “contagem, número”, e também com Sefar, que significa “limite, fronteira“.

Finalmente, temos o último verso em que aparece esta expressão e ele se encontra em: “Mas, se eu expulso os demônios pelo dedo de Elohim, certamente a vós é chegado o reino de Elohim. Então descobrimos o motivo pelo qual a Torah usa esta expressão e o que ela significa! Ieshua nos esclarece isso dizendo que o “dedo de Elohim” é o Espírito de Elohim que operou estes sinais na história de Israel, tanto aqueles que dizem respeito às pragas – que são manifestações de juízo contra o Egito como também a dádiva da Torah, que foi entregue em duas tábuas de safira escritas pelo Espírito de Elohim.

Isso demonstra que o Espírito de Elohim é usado para julgar pessoas, reinos e nações inteiras através de pragas – ou desastres naturais – que tem a finalidade de fazer com que estas pessoas, reinos e nações inteiras cheguem ao arrependimento e possam então reconhecer que o Eterno é o único Soberano nos céus e na terra! Podemos afirmar através deste verso que o Espírito de Elohim julga, pune, e traz o juízo do Eterno para aqueles que são desobedientes! Isso fica claro quando lemos acerca das dez pragas, pois em todas elas houveram “oportunidades” para que o governante máximo do Egito pudesse libertar os judeus, mas a cada pedido havia uma resposta negativa!

Há um detalhe interessante aqui: é o que chamamos de “tempo da misericórdia”. Este “tempo” é um período em que o Espírito de Elohim fala ao homem de várias maneiras conduzindo-o a uma compreensão de que é necessária uma mudança de vida e isso vem através do conhecimento do pecado, o arrependimento e o retorno ao Eterno. Estes passos são fundamentais para que possamos alcançar o perdão!

Dado este “tempo” e não havendo uma mudança de postura então chega a hora do juízo; nesta ocasião a misericórdia cessa e dá lugar ao julgamento do Eterno. Isso aconteceu com o Egito e com todos os egípcios que então experimentaram o que era realmente estar sendo julgados e punidos pelo Eterno! Isso aconteceu de uma forma brutal, pois foi necessária a morte de todos os primogênitos egípcios para que eles pudessem então entender que os judeus eram um povo “especial” e que deviam tratá-los de forma diferenciada. Pena que descobriram isso tarde demais e de uma forma trágica! O Eterno estão usa o Espírito d´Ele para trazer punição aos habitantes do Egito.

Uma outra atribuição do Espírito de Elohim foi “escrever com fogo” nas tábuas de safira as dez palavras. Creio que entendemos que a funções primárias destas tábuas eram “revelar os desejos do Eterno para com o homem” trazendo assim sobre ele o “brilho ou a luz do Eterno” para que estes homens que obedecessem á estas palavras pudessem “ser contados ou numerados” como “filhos de Elohim” e finalmente estas palavras estabelecem “limites, uma fronteira” nas atitudes do homem em relação ao Eterno e também em relação a seus semelhantes!

Segundo a tradição judaica as tábuas eram “vazadas” e poderiam ser lidas tanto de um lado quanto de outro, o que significa que ninguém poderia argumentar “eu não consigo ler estas palavras” para tentar alegar “inocência”!

Ieshua nos mostra que o Espírito de Elohim (o conhecemos também como “Ruach ha Codesh – Espírito o Santo”) é o responsável pelo “trato” com o mundo espiritual e que inclusive os demônios são expulsos através d´Ele em nome de Ieshua! O “dedo de Elohim” é utilizado para expulsar os demônios que não conseguem resistir ao Seu poder e finalmente sucumbem deixando livres aquelas pessoas que estavam enfermas, atormentadas ou possessas!

Podemos dizer então que tudo foi e é feito através do Ruach ha Codesh; o juízo do Eterno, a dádiva da Torah e a unção para a libertação dos homens, tudo vem através d´Ele que é a “ferramenta” do Eterno para operacionalizar estas coisas além de levar o homem ao arrependimento e conduzi-lo a Ieshua! Yes! O Espírito o Santo foi dado a humanidade não de uma forma parcial ou restrita, mas foi na realidade dado aos homens para que em nosso mundo possamos ter liberdade e para que possamos usar esta liberdade para a glória do Eterno em nome de Ieshua!

O “Dedo de Elohim” hoje está a nossa disposição; podemos tê-lo e também podemos nos relacionar com Ele de uma forma muito amigável e direta; podemos também ignorá-lo e dizer que “estas coisas não são para os nossos dias…”; a escolha é nossa!

Em nossos poderão aparecer novos “Moshe” ou aqueles que operarão milagres em nome de Ieshua assim como Ele fez? Esta é uma resposta que cabe a cada um de nós… A resposta depende de nossa aceitação da Palavra e de nossa “entrega” ao Eterno, pois somente assim poderemos nos transformar em poderosos instrumentos para novamente fazermos a diferença em nosso mundo atual!

Que o Eterno nos ajude a nos transformarmos em “perturbadores do mundo” para que o poder soberano de Elohim possa ser visto de forma real em cada atitude nossa e que os céus sejam trazidos para a terra através de nós em nome de Ieshua!

Mário Moreno