Mário Moreno/ novembro 14, 2017/ Artigos

O Dia do Senhor

Entre as diversas questões que temos hoje há uma que nos parece ser mais polêmica na restauração: a guarda do shabat ou do domingo. Qual é na verdade o dia de descanso determinado pelo Eterno em sua Palavra? Será possível encontrarmos as bases que nos permitam afirmar ser um ou outro? A única forma de descobrirmos a verdade sobre os fatos é recorrendo às Escrituras e quando necessário à história para fundamentarmos nossa argumentação.

O que a Bíblia diz sobre isso

Primeiro vamos abordar a Criação, pois nela há uma definição clara do que deve ser feito em relação a este dia em especial. A Torah nos diz assim: “E havendo Elohim acabado no dia sétimo a sua obra, que tinha feito, descansou no sétimo dia de toda a sua obra, que tinha feito. E abençoou Elohim o dia sétimo, e o santificou; porque nele descansou de toda a sua obra, que Elohim criara e fizera” Gn 2.2-3.

É notável que este dia que foi santificado se chama “shabat” – descanso. Este é então o dia em que o homem deve se separar para descansar imitando seu Criador e também para “recobrar” suas forças dos dias trabalhados. Então temos aqui um princípio que emana da Criação, estabelecido pelo Criador em sua soberania, e que não pode ser traspassado pelo homem, pois caso isso ocorra tal pessoa está tentando se colocar no LUGAR do Criador, mostrando que tem mais conhecimento do que Ele ao estabelecer algo que aparentemente estava errado.

Em segundo lugar temos que analisar as ocorrências das palavras nas Escrituras. Vamos começar com a palavra “sábado”. Esta palavra aparece em 104 versos nas Escrituras; a palavra “sábados” aparece em mais 49 versículos e a frase “sétimo dia” aparece 47 vezes.

Somente com estas estatísticas poderíamos então dizer muito acerca do shabat, mas há um dado que ainda precisamos analisar. Este dado refere-se ao domingo, ou ao primeiro dia da semana, pois certamente você meu leitor sabe que o domingo NÃO É O SÉTIMO dia da semana, mas sim o primeiro.

Em minha pesquisa nas Escrituras a palavra “domingo” não aparece; já a frase “primeiro dia da semana” aparece somente uma vez! E o que é mais incrível é que a “doutrina” do domingo foi baseada somente num verso!

Quem estuda Hermenêutica sabe que existe uma regra que diz: “Não se pode fundamentar qualquer argumentação doutrinária em apenas um versículo”. Parece que muitos teólogos “faltaram” a esta aula e fizeram justamente isso, fundamentado o domingo como “Dia do Senhor” em apenas um versículo. E o mais impressionante é que tais pessoas vão contra o Criador e aquilo que foi estabelecido na criação, assim como também todos aqueles que seguem esta orientação.

O shabat na Brit Hadasha

Vamos “refazer” a pesquisa citada anteriormente, porém agora utilizando-nos somente da Brit Hadasha, pois é ali que os “teólogos” fundamentam suas argumentações acerca deste assunto.

A palavra “sábado” aparece em 62 versos; já o plural “sábados” aparece em 18 versos e a expressão “sétimo dia” aparece uma vez.

Novamente, a palavra domingo não aparece e a expressão “primeiro dia da semana” aparece somente uma vez!

O que dizer destes dados? Será possível contestar aquilo que está expresso de forma tão clara nas Escrituras? Porém sabemos que há uma distância muito grande entre saber e cumprir; muitos líderes sabem que a guarda do domingo está ERRADA porém não fazem nada a respeito julgando ser mais cômodo “deixar como está” do que buscar a restauração através desta e de outras mudanças.

Não desejo me deter aqui nas questões referentes ao shabat, pois fugiria ao meu propósito que é de demonstrar a inexistência de qualquer argumento bíblico para sustentar a guarda do domingo.

De onde vem o DOMINGO?

Agora vamos recorrer aos dados históricos para demonstrarmos a origem do domingo. Primeiro a definição do dia, depois a sua origem histórica.

O domingo, por fundamentação bíblica e etimológica, é considerado o primeiro dia da semana, seguindo o sábado e precedendo a segunda-feira, é um dia de descanso para a maioria das pessoas no mundo ocidental.

1° dia 2° dia 3° dia 4° dia 5° dia 6° dia sétimo dia
Domingo Segunda-feira Terça-feira Quarta-feira Quinta-feira Sexta-feira Sábado

A palavra é originária do latim dies Dominicus, que significa “dia do Senhor”. Existe, nessa mesma acepção, em castelhano (Domingo), italiano (Domenica), francês (Dimanche) e em todas as línguas de origem latina.

Povos pagãos antigos reverenciavam seus deuses dedicando este dia ao astro Sol o que originou outras denominações para este dia, em inglês diz-se Sunday, e no alemão Sonntag, com o significado de “Dia do Sol”.

Origem no Cristianismo

Em março de 321, Constantino primeiro o grande decreta que o domingo seria observado como dia repouso civil obrigatório:

“Que no venerável dia do sol os magistrados e as pessoas residentes nas cidades descansem, e que todas as oficinas, estejam fechadas, No campo ainda assim que as pessoas ocupadas na agricultura possam livremente continuar seus afazeres pois pode acontecer que qualquer outro dia não seja apto para a plantação de vinhas ou de sementes…”

O Imperador Constantino provocou uma divergência de opinião sobre a questão se deve ser o sábado ou o domingo o dia observado como dia de descanso. A divergência não se aplica aos judeus, para quem o dia de descanso Shabat é incontestavelmente no sábado, nem para os muçulmanos cujo dia sagrado (jumu’ah) é em uma sexta-feira. A divergência entre a tradicional observância religiosa judaica do Shabat e ao respeito ao primeiro dia da semana aparece com o concilio de Niceia (ano 325) pelo Imperador Constantino que impõe o domingo sobre o sábado, de modo a introduzir o povo pagão dentro dessa nova religião – o catolicismo e assim unificar todo o povo do seu império, baseando-se numa passagem bíblica que está na Bíblia em Atos 20:7 onde os discípulos se reuniram no “primeiro dia da semana e partiram o pão” juntos.

Em 325 d.C. as orientações decididas no Primeiro Concílio de Nicéia, estabelecem universalmente o primeiro dia da semana como dia sagrado, o nome do primeiro dia da semana foi modificado de Prima Feria para Dies Domenica. Decisão mantida pela maioria das denominações cristãs até a atualidade.

A designação teve repercussões geográficas quase dez séculos mais tarde: Cristóvão Colombo, ao chegar pela primeira vez ao Caribe, a 3 de novembro de 1493, mais precisamente à ilha hoje compartilhada pelo República Dominicana, chamou-a Dominica, por ser um dia de domingo, segundo o calendário juliano então em vigor (dados retirados de enciclopédia na internet).

Bem, após tais evidencias históricas podemos então afirmar que os líderes que se utilizam de tal “sistema” estão na realidade servindo ao decreto de Constantino e não ao Eterno. Inclusive a designação “dia do Senhor” usada para este dia está completamente errada, pois esta mesma frase tem uma conotação completamente diferente no judaísmo e nas Escrituras, mas no cristianismo ficou associada ao domingo em virtude do decreto e da mudança feita pelo catolicismo e que é seguida até hoje pelos líderes cristãos!

Estas parecem ser afirmações que causam um impacto muito grande ao lermos tais palavras, porém estamos apresentando FATOS que precisam ser analisados não somente por irmãos que amam ao Eterno, mas também por líderes que desejam DE FATO servirem ao Eterno, pois Ele pedirá conta de cada um de nós que somos líderes de nossos atos e certamente isso está incluído em nossa “prestação de contas” com o Eterno quando chegar a nossa hora.

Desde a época da Reforma Protestante a chamada “igreja do Senhor” tem tentado e buscado uma “volta” ao caminho original, mas isso nunca aconteceu, pois sempre novamente fala-se sobre uma “reforma da reforma” e sinceramente não precisamos disso; o que precisamos é de homens que tenham CORAGEM para romperem com o sistema ROMANO e buscarem com sinceridade e afinco a restauração para que possam fazer parte da Noiva. Novamente quero dizer que a Noiva NÃO É A IGREJA como dizem os teólogos de plantão; a Noiva é Israel e os crentes em Ieshua!

Sha´ul em Romanos 11 afirma que a “igreja” foi ENXERTADA em Israel; então os crentes são o enxerto e não a planta mãe, por isso eles somente serão parte da NOIVA se estiverem de fato ligados À Israel. Pense nisso.

CONCLUSÃO

Quero concluir dizendo que amamos aos nossos irmãos em Ieshua, mas sabemos também que a restauração de todas as coisas passa por isso, por uma ruptura com Roma e um retorno aos princípios das Escrituras, judaicos, bíblicos.

Para isso é necessário coragem, e esta postura nem todos tem, pois há o medo da segregação, da crítica e do sentimento de abandono por não estar ligado ao “sistema”. Mas chegou a hora. Sabemos que não há mais muito tempo para restaurarmos nossas vidas para a vinda do Mashiach, filho de Elohim, que estabeleceu em sua palavra as normas que devemos seguir.

Fica a palavra e o desejo de ver o povo do Eterno andando em obediência e vencendo o nosso adversário através da obediência como está escrito: “e estando prontos para vingar toda desobediência, quando for cumprida a vossa obediência” II Co 10.6.

Que o Eterno nos abençoe em nome de Ieshua.

Mário Moreno.