Mário Moreno/ junho 18, 2018/ Parasha da semana

Chukat

Estatuto

Nm 19:1–22:1 / Jz 11:1-33 / Jo 3:10-21

        Na Parasha desta semana estaremos falando sobre as chamadas “águas da separação” e também da morte de Mirian e Aharon. Veremos como os inimigos de Israel foram subjugados através de um pedido que lhes foi negado.

Nosso texto tem início com as palavras: “Falou mais o IHVH a Moshe e a Aharon dizendo: este é o estatuto da lei, que o IHVH ordenou, dizendo: Dize aos filhos de Israel que te tragam uma novilha ruiva, que não tenha defeito, e sobre a qual não tenha sido posto jugo” (Nm 19:1-2). Estas palavras mais uma vez trazem consigo a força daquele que se apresenta como IHVH: “Eu me torno aquilo que me torno”. Essa é a tradução da palavra que define o Eterno. Tal forma de apresentação tornou-se comum do Eterno para com os filhos de Israel que quando isso assim ocorria eles prontamente sabiam que algo estaria para ocorrer!

No verso dois o Eterno ordena que os israelitas tragam-lhe uma novilha vermelha! Esta determinação é apresentada como “estatuto da lei”, ou em hebraico huqqâ torah! A palavra huqqâ significa “estabelecimento” (de uma lei). Vem da raiz haqaq que significa “inscrever” ou “entalhar”. Já a palavra torah significa “ensino, lei”. Vem da raiz yarâ que significa “lançar, atirar, jogar, ensinar”. Também há a raiz yôreh, que significa “primeiras chuvas”. Isso nos mostra que esta determinação visa lançar um fundamento que se tornaria tão profundo que seria “entalhado” na vida dos israelitas. Tal fundamento seria posto através do ensino; nada seria imposto sobre os israelitas, eles não seriam constrangidos a obedecerem, mas o ensino lhes traria a vida necessária para que pudessem obedecer ao Eterno! E a obediência funcionaria na vida deles como as primeiras chuvas após uma seca: faria reverdecer tudo à sua volta e traria novamente a vida àquele lugar! Esta determinação – ensino – foi dada pelo Senhor. A palavra Senhor aqui é o tetragrama (IHVH)! Isso nos fala sobre a obediência do povo, pois caso obedecessem o Eterno se tornaria para eles na solução de seus problemas e no preenchimento de suas necessidades. Caso contrário – havendo a desobediência – o Eterno se tornaria para eles em juízo e permitiria que a dor e o sofrimento viessem sobre eles!

Três categorias de mitsvot

As mitsvot da Torah, geralmente, pertencem a uma de três categorias:

  • Mishpatim – Leis Civis: “Mishpatim” são leis Divinas que promulgam a segurança e sobrevivência da sociedade humana. Incluem, por exemplo, a proibição de roubar e matar.
  • Edut – Testemunhos: Se uma mitsvá testemunha um evento histórico ou algum aspecto de nossa fé, é chamada de “Edut”, testemunho. São exemplos a mitsvá de observar o Shabat, que atesta nossa crença de que o Todo Poderoso criou o mundo em seis dias; observar as Festas (Yom Tov), pois comemoram o Êxodo do Egito; as mitsvot de tsitsit e tefilin que demonstram nossa crença na soberania de D’us.
  • Chukim – Decretos Divinos: Na categoria de chok (plural: chukim) classifica-se todas as mitsvot cujo propósito ou significado não são compreendidos pela inteligência humana.

Esta categoria de mandamentos é a mais difícil de respeitar. O Talmud nos diz que essas são as leis que “a má inclinação (yêtser hará) e as nações do mundo tentam contestar.” Se não compreendemos o motivo de alguma coisa é tentador achar pretextos para não faze-la. Quando tentamos explicar nossa religião aos não-judeus, as leis que não tem um motivo óbvio são as mais difíceis de compreensão. O fato de um mandamento não ter um motivo óbvio torna seu cumprimento um ato de fé, muito mais ainda. Ele indica que estamos prontos e desejosos de obedecer às ordens de D’us, até mesmo quando não podemos justificá-las racionalmente.

Todas as leis de pureza e impureza ritual pertencem à essa categoria de mandamentos conhecidos como chukim, decretos. Portanto, disseram nossos sábios, “O corpo morto não impurifica, e a água não purifica. Mas sim, disse D’us, Eu dei uma ordem, e emiti um decreto – e você não tem permissão para questioná-lo.”

Demonstramos assim, que estamos colocando D’us acima de nosso próprio intelecto. Apesar de talvez não sermos capazes de justificar esses mandamentos perante o mundo, expressamos nossa segurança interior como judeus ao continuar cumprindo-os.

Há numerosos exemplos de chukim, mas o Midrash enumera quatro sobre os quais a Torah afirma explicitamente: “Este é um chok.” Uma vez que contém elementos aparentemente contraditórios, são passíveis de serem ridicularizados pelos que se pautam pelo pensamento racional. Por isso, a Torah aconselha o judeu a dizer a si mesmo: “É um chok, não tenho direito de questioná-lo.”

Os quatro chukim são: 

  1. Yibum: Um judeu que se casa com a esposa de seu irmão enquanto este ainda está vivo, ou mesmo após sua morte, incorre em pena de caret (morte espiritual), contanto que seu irmão tenha tido filhos. Porém, se a esposa do irmão não tem filhos, é mitsvá casar-se com ela (levirato, yibum).

Sendo que a lógica acha muito difícil aceitar este paradoxo, o versículo enfatiza: “E vocês guardarão Meus chukim.” (Vayicrá 18:26). 

  1. Shaatnez: A Torah proíbe vestir-se com roupas que contenham mistura de lã com linho. Não obstante, é permitido vestir um traje de linho em cujos cantos haja tsitsit de lã atados. Por mais que questionemos esta exceção, a Torah declara, no que concerne à mitsvá de shaatnez: “E vocês guardarão Meus chukim.” (Vayicrá 19:19).
  1. O bode para Azazel: Um bode era enviado à morte como parte do Serviço de Yom Kipur, purificando o povo judeu de seus pecados. Ao mesmo tempo, impurificava o agente que o enviava. Por conseguinte, esta lei é chamada de “um chok eterno” (Vayicrá 16:29).
  1. A vaca vermelha: As cinzas da vaca vermelha purificavam um judeu que encontra-se impuro, enquanto tornavam impuro qualquer um que estivesse envolvido em sua preparação. Uma vez que isto também desafia a lógica, a Torah introduz o assunto com as palavras: “Este é o chok da Torah” (19:2); devemos aceitar a mitsvá como uma ordem Divina.

Os chukim, contudo, não são “leis sem razão”; sua lógica, porém, é Divina. Os maiores dentre nosso povo foram capazes de compreender algumas delas.

Assim, o fundamento racional por trás das leis da vaca vermelha foram reveladas de maneira Divina a Moshe.

O rei Salomão, por outro lado, que pesquisava as razões por trás das mitsvot e encontrou explicações para todas as outras, professou que esta mitsvá era incompreensível.

Salomão descobriu porque o shochet (magarefe) deve seccionar tanto o esôfago quanto a traquéia dos mamíferos, enquanto que para aves é suficiente cortar apenas um desses órgãos, e que peixes sequer necessitam de abate ritual.

Todavia, confessou: “Pensei que teria sabedoria, porém isto (a compreensão da mitsvá da vaca vermelha) está muito distante de mim” (Cohêlet 7:23).

A fim de apreciar plenamente suas palavras, exploraremos a profundidade e âmbito da sabedoria de Salomão: “E D’us deu a Salomão bastante sabedoria e compreensão, e extensão de conhecimentos como a areia da beira do mar.” (Melachim I, 5:9).

É justamente por isso que o Eterno ordena que isso seja feito! A palavra vem do termo hebraico tsawâ e significa “ordenar, incumbir”. A raiz designa a instrução de um pai para seu filho, de um fazendeiro a seus lavradores ou de um rei a seus servos. Isso demonstra que não há qualquer intenção da parte do Eterno em que eles se submetam cegamente àquilo que está sendo dito! Eles poderiam escolher entre obedecer ou não! Os empregados são pessoas dotadas de livre arbítrio e podem – ou não – concordar e obedecer à seus patrões ou então desobedecem e certamente serão dispensados daquele trabalho! O Eterno busca em Israel – e também em nós – uma sujeição voluntária a seus preceitos! Não há necessidade de gritos ou de ameaças que possam trazer esta tão desejada sujeição, mas somente uma palavra que ensina e através deste ensino vivo viria uma disposição no coração dos israelitas para a obediência! Os israelitas deveriam levar ao Eterno uma novilha ruiva. A palavra “novilha” vem do termo parâ com o mesmo significado; já a palavra “ruiva” vem do termo adom e significa “vermelha, ou avermelhada”! Em sua raiz temos ainda a palavra adam que significa “sangue vermelho”. Esta novilha vermelha era um animal muito raro e portanto muito valioso! Ele deveria os pelos avermelhados para que se enquadrasse nas exigências do Eterno. Se houvessem dois pelos pretos, o animal seria considerado inapto para o sacrifício! Este animal, juntamente com outros objetos seria totalmente queimado e suas cinzas serviriam então para serem utilizadas na purificação ritual de uma pessoa que se tornasse impuro pelo contato com algum morto!

O texto a seguir nos mostra o que era queimado juntamente com a novilha vermelha: “Então queimará a novilha perante os seus olhos; o seu couro, e a sua carne, e o seu sangue, com o seu esterco, se queimará. E o sacerdote tomará pau de cedro, e hissopo, e carmesim, e os lançará no meio do fogo que queima a novilha” (Nm 19:5-6). A palavra “cedro” vem do termo hebraico erez com o mesmo significado. O cedro é uma árvore da família dos pinheiros e que cresce melhor em regiões altas e secas. O tamanho médio vai de 28 a 33 metros de altura. Ele espalha suas raízes sobre e entre as rochas conseguindo assim uma base segura. Um óleo especial do cedro impede-lhe a destruição pelo apodrecimento ou por insetos. O cedro simboliza a força, o esplendor e a longevidade. Já a palavra “hissopo” vem do termo hebraico ezôb com o mesmo significado. É uma planta pequena que cresce em muros, da família da hortelã. A palavra “carmesim” vem do termo hebraico tôla e significa “verme, escarlata, carmesim”. Elas denotam a fragilidade e a insignificância do homem! Esta novilha vermelha quando era queimada juntamente com estes objetos tinha o propósito de morrer para após sua morte ser usada na purificação dos homens! E isso também fica claro pelos objetos que representam aspectos do próprio homem, como o cedro que fala-nos sobre a estatura do homem, o seu posicionamento – lançando raízes sobre e entre as rochas – e também sobre a unção que deve estar sobre ele, impedindo-lhe a destruição pelos seus adversários! Em contrapartida vemos que o homem é muito frágil – como o hissopo – e somos até mesmo insignificantes diante de determinadas situações. A isso tudo temos ainda o aspecto da vida, que está no sangue, que é vermelho, e por isso é comparado com a escarlata, que mesmo com toda a sua vida, neste caso precisa morrer – ser queimada junto com a novilha – para trazer mais vida e pureza à outros homens!

O processo de purificação era bem elaborado e havia a necessidade de fazer-se a restituição da pureza ao tabernáculo do Eterno – o corpo onde D-us habita! O processo está descrito nos versos a seguir: “Aquele que tocar em algum morto, cadáver de algum homem, imundo será sete dias. Ao terceiro dia se purificará com aquela água, e ao sétimo dia será limpo; mas, se ao terceiro dia se não purificar, não será limpo ao sétimo dia. Todo aquele que tocar em algum morto, cadáver de algum homem, e não se purificar, contamina o tabernáculo do IHVH; e aquela pessoa será extirpada de Israel; porque a água da separação não foi espargida sobre ele, imundo será; está nele ainda a sua imundícia” (Nm 19:11-13). Pela descrição percebemos que a impureza do homem dura sete dias, ou seja, um ciclo que tem início e depois fim; quando esta pessoa cumprir o tempo determinado, então ele estará limpo! Novamente temos aqui algo profético: a água que purifica – composta da novilha e dos elementos acima citados – deveria ser aspergida sobre o impuro no terceiro dia para que ele pudesse então, ao sétimo dia ser considerado puro! O três nos fala sobre as três dimensões da vida humana – corpo, alma e espírito – e esta aspersão neste dia nos indica que a purificação daquela pessoa seria plena, atingindo todas as áreas da vida humana! O seu espírito receberia perdão, a sua alma seria curada de seus traumas e medos e seu corpo seria então restaurado com saúde plena!

O verso 13 nos dá uma dimensão ainda mais profunda desta condição humana, pois nos fala sobre o homem que tocar num morto, este será considerado então impuro! A palavra “algum” em hebraico é nepesh e significa “vida, alma, criatura, pessoa, mente”. O contato com os “mortos” não fazia bem para o povo de D-us! E este contato se estende também às “almas” mortas que transitam pelo nosso mundo! Isso nos fala sobre o nosso contato com pessoas que não temem ao Eterno e que de alguma forma podem nos influenciar e nos “contaminar” com a sua “falta de vida”. É interessante que o texto afirma que quem está nesta condição contamina o tabernáculo do Senhor! A palavra “contamina” vem do termo hebraico tame´ e significa “ser (ficar) impuro, imundo”. Já a palavra “tabernáculo” vem do termo hebraico mishkan com o mesmo significado. O tabernáculo era a tenda móvel que circulou pelo deserto com o povo durante sua peregrinação à caminho para terra que o Eterno prometeu aos seus filhos (Canaã)! O termo que define o Eterno é o tetragrama – IHVH – e novamente temos aqui a perspectiva de alguém que se torna aquilo que eles precisariam! O tabernáculo representa a nossa vida – é um santuário portátil que conduz a presença do Eterno enquanto caminhamos pelo deserto (o mundo) rumo à nossa terra prometida!

As leis da vaca vermelha

A primeiro de Nissan de 2449, último dia da Inauguração do Tabernáculo, D’us revelou a Moshe as leis referentes a pessoas impuras que são enviadas para fora do Acampamento, e também as leis de pureza dos cohanim.

D’us ensinou-o como atingir a purificação dos diversos tipos de impurezas (quer através de imersão no micvê ou numa fonte de água corrente, e assim por diante), bem como os sacrifícios que finalizam o processo de purificação.

Quando D’us ensinou a Moshe que um judeu se torna impuro (tamê) se tocar num corpo sem vida, Moshe questionou: “Como se purifica a si mesmo da impureza?”

O Todo Poderoso não respondeu imediatamente. Na verdade, D’us adiou a resposta como um ato de bondade para Aharon. Da primeira vez que D’us dirigiu-se a Moshe, Aharon não estava presente. Por isso, Ele esperou até que Aharon também estivesse presente, então proferiu as leis da vaca vermelha a ambos (Bamidbar 19:1). Isto tornava público o fato de que Ele perdoara Aharon por ter participado do pecado do bezerro de ouro.

D’us retomou o assunto mais tarde naquele dia, explicando a Moshe e Aharon: “Se alguém se tornar impuro através do contato com um corpo, deve-se aspergir sobre esse uma mistura especial de água com as cinzas da vaca vermelha.”

De acordo com uma visão dos sábios (Guitin 60a), as leis da vaca vermelha foram transmitidas a Moshe no dia primeiro de Nissan. Então porque a Torah coloca este assunto somente nesta parashá?

Uma vez que Côrach ridicularizou o processo de purificação dos leviyim (ver parashá passada), depois de terminar o relato da rebelião de Côrach e suas consequências, a Torah explica o fundamento da mitsvá, de que a purificação é alcançada através das cinzas da vaca vermelha.

O Todo Poderoso instruiu-os nos detalhes da lei da vaca vermelha:

  • A vaca vermelha é adquirida com recursos do tesouro do Templo Sagrado, de um fundo que contém as doações anuais de meio-shekel dos indivíduos judeus.
  • Para uma vaca vermelha ser qualificada como tal, deve ter pelo menos três anos de idade (idade suficiente para dar cria).
  • Sua cor deve ser completamente vermelha; até mesmo dois pelos de cor diferente desclassificam-na.
  • O animal também é desqualificado se alguma vez foi atado a um jugo, mesmo se não realizou trabalho algum.
  • O cohen abate a vaca “fora do Acampamento”. Durante os anos no deserto, era abatida fora dos três Acampamentos; e na época do Templo Sagrado, no Monte das Oliveiras, uma vez que esta montanha era considerada “fora de Jerusalém.”
  • O cohen colhe um pouco de sangue da vaca em sua mão esquerda, mergulha nesse seu indicador direito, e asperge o sangue em direção à entrada do interior do Templo (Hechal), o qual consegue enxergar da montanha.
  • Acende-se um fogo, e o cohen supervisa a queima da vaca.
  • Com um cordão de lã vermelha, o cohen amarra um galhinho de cedro unindo-o a um pouco de hissopo (ezov) e pergunta a todos os presentes:

“Isto é um galho de cedro?”

“Sim,” respondem.

“Isto é um galho de cedro?” – pergunta pela segunda e terceira vez.

Recebe respostas afirmativas às três perguntas. Também pergunta três vezes: “Isto é uma lã vermelha?” – ao que lhe respondem afirmativamente três vezes.

Por que esta cerimônia?

Nem todos os tipos de hissopo, cedro e tinta vermelha são casher para este ritual. A não ser que todas as espécies utilizadas preencham os requisitos haláchicos (das leis), a mitsvá inteira é inválida. Desta forma, o cohen enfatiza que estão todas de acordo com os mandamentos da Torah.

  • Enquanto a vaca está queimando, o feixe de cedro e hissopo é atirado à carcaça.

Por que se coloca madeira de cedro e a grama ezov sobre o fogo? O cedro é a mais alta das árvores, e a grama ezov, o mais baixo dos arbustos. Isso lembra a quem se purifica que a pessoa precisa de humildade para fazer teshuvá. É preferível sentir-se humilde como a grama ezov que orgulhoso como o cedro.

  • As cinzas da vaca são divididas em três partes: uma é colocada numa determinada seção do pátio do Templo Sagrado, onde é preservada a fim de cumprir a mitsvá de que as cinzas da vaca vermelha devem ser guardadas para todas as gerações. A segunda parte é dividida entre os grupos de cohanim que servem no Santuário, para ficar à disposição para purificar um cohen que tornou-se impuro. A terceira parte é colocada num local no Monte das Oliveiras, para a purificação do povo judeu antes de sua entrada no Templo.
  • Quem quer que esteja envolvido na preparação das cinzas – por exemplo, a pessoa que queima a vaca, quem atira o feixe ao fogo, quem recolhe lenha, quem toca ou transporta as cinzas – torna-se impuro.
  • As cinzas da vaca são misturadas à água fresca de uma fonte num recipiente.
  • As águas com cinzas da vaca vermelha são aspergidas sobre o judeu (que está se purificando) por alguém que está puro de impureza advinda da morte. Ele asperge quem está se purificando no terceiro e sétimo dias da purificação individual. Além disso, durante o sétimo dia, a pessoa que está sendo purificada deve imergir numa micvê, a fim de consumar a purificação.

Até hoje nove Vacas Vermelhas foram queimadas. A primeira foi preparada por Elazar filho de Aharon sob a supervisão de Moshe, no segundo dia de Nissan, de 2449. (Moshe dirigiu os pensamentos apropriados à mitsvá, pois Elazar não compreendia suas razões). Uma bênção pairava sobre a porção das cinzas que Moshe separou para purificação: elas duraram até a época de Ezra. Sob a supervisão de Ezra, uma Segunda Vaca Vermelha foi queimada; uma terceira e quarta sob orientação de Shimon Hatsadic; e mais duas na época de Yochanan, o Sumo-sacerdote. Desde então até a destruição do Segundo Templo Sagrado mais três vacas foram queimadas. A décima será preparada por Mashiach, possa ele vir em breve.

O Eterno não suporta o pecado, não podendo haver coexistência entre o pecado e o Senhor no mesmo lugar. É justamente por isso que existe a necessidade de purificação, pois quando isso ocorrer o Eterno poderá então habitar ali; caso isso não ocorra, o Eterno ordena então que essa pessoa seja extirpada do meio do povo! A palavra usada aqui é “alma”, e esta vem do termo hebraico nepesh que significa “vida, alma, criatura, pessoa, mente”. Ora, percebemos que essa pessoa peca com a sua vontade, de forma consciente, e é justamente isso que desagrada ao Eterno! Por isso o Senhor ordena extirpar tal homem de entre o povo! A palavra “extirpar” vem do termo hebraico karat e significa “cortar fora, eliminar, matar”. Este termo nos faz lembrar quando Ieshua falou-nos que Ele é a videira e nós os ramos! O texto nos afirma:

Eu sou a videira, vós as varas; quem está em mim, e eu nele, esse dá muito fruto; porque sem mim nada podeis fazer” (Jo 15:5). Enquanto o homem está firme n´Ele nada poderá sobrevir-lhe, mas quando este mesmo homem não está com seu coração firmado em Ieshua, então virá o corte, a eliminação desta pessoa de entre o povo, assim como ocorria com o impuro no meio do povo de Israel!

A lei (torah) sobre a purificação continua dizendo: “Esta é a lei, quando morrer algum homem em alguma tenda, todo aquele que entrar naquela tenda, e todo aquele que nela estiver, será imundo sete dias. Também todo o vaso aberto, sobre o qual não houver pano atado, será imundo. E todo aquele que sobre a face do campo tocar em alguém que for morto pela espada, ou em outro morto ou nos ossos de algum homem, ou numa sepultura, será imundo sete dias” (Nm 19:14-16). A primeira coisa que percebemos aqui é que novamente o Eterno nos diz que isso é o ensino, algo que primeiramente deve ser aprendido para depois ser incorporado à nossa vida e então haverão as mudanças necessárias! A palavra torah aparece aqui – traduzida por “lei” – e nós já sabemos que ela significa “ensino, lei”. Há também a palavra “homem” que vem do termo hebraico adam e que significa “homem, espécie humana, humano”. Também a palavra “morrer” vem do termo hebraico mût e significa “morrer, matar, mandar executar”. Quando um homem, um ser humano morre em qualquer lugar, aquele lugar e as pessoas que ali estão tornam-se imundos! A morte traz sobre as pessoas um peso tão grande que é necessário um afastamento do convívio com os demais para que eles também não sejam “contaminados” pela própria morte! Isso parece um zelo extremo, mas não é. Quem já conviveu com o mundo sabe que ali reside de forma muito palpável, clara e inequívoca a morte! E isso não é apenas uma figura de linguagem, é um fato inegável em nosso dia a dia! É justamente por isso que é necessário que haja um ciclo de sete dias para a purificação! Novamente percebemos que o sete não significa “perfeição”, mas sim a totalidade, algo que entra em plenitude. É justamente por isso que o Eterno escolheu o número sete para que o homem, após passar por um período em que ele mesmo poderá ter refletido sobre o que lhe aconteceu, poderá então, após a totalidade desses dias, após atingir a plenitude, sair do estado de “imundície” para um estado de normalidade, para o convívio com o restante do povo de D-us!

Um outro aspecto nos fala agora sobre objetos, em particular sobre um vaso! “Também todo o vaso aberto, sobre o qual não houver pano atado, será imundo”. Aqui a palavra “vaso” é muito interessante e complexo, pois esta palavra vem do termo hebraico kelî e significa “armadura, armas, saco, bagagem, instrumento, jóias, material, coisa, ferramentas, vaso, utensílio”. Já a palavra “aberto” vem do termo petal que significa “abrir”. No tempo piel significa “soltar, desatar, desfazer”. E a palavra “imundo” vem do termo hebraico tame´e significa “ser (ficar) impuro, imundo”. Quando juntamos todos estes termos percebemos que há uma grande complexidade naquilo que está sendo dito, pois em nossa tradução há uma alusão a um vaso que não está fechado e por isso torna-se impuro, imundo! Nós bem sabemos que os vasos na antiguidade eram usados para guardar os cereais e também os líquidos! Isso poderia então ter algum sentido. Porém o contexto não fala sobre objetos e sim sobre pessoas e isso poderá então nos dar uma oura dimensão daquilo que está escrito! Se pensarmos que essa palavra poderá então nos falar sobre a nossa “armadura” que está solta ou desfeita, isso sim poderia acrescentar uma outra ótica à este texto, pois percebemos o quanto a morte – contato com um morto – poderia então nos influenciar a tal ponto que nossa “armadura” (proteção) sofreria danos! Esta palavra nos lembra o relato de Sha´ul em Efésios capítulo 6, que diz: “Portanto, tomai toda a armadura de Elohim, para que possais resistir no dia mau e, havendo feito tudo, ficar firmes. Estai, pois, firmes, tendo cingidos os vossos lombos com a verdade, e vestida a couraça da justiça; e calçados os pés na preparação do evangelho da paz; tomando sobretudo o escudo da fé, com o qual podereis apagar todos os dardos inflamados do maligno. Tomai também o capacete da salvação, e a espada do Espírito, que é a palavra de Elohim” (Ef 6:13-17).

A purificação deste estado viria somente quando o impuro fosse aspergido com hissopo e com água viva! “Para um imundo, pois, tomarão da cinza da queima da expiação, e sobre ela colocarão água corrente num vaso” (Nm 19:17). O homem precisa ser aspergido com a planta mais insignificante e com água corrente (viva) juntamente com as cinzas da novilha vermelha para que possa alcançar a purificação! A água representa a Palavra do Eterno que tem a capacidade de “lavar” o homem purificando-o! Em Efésios Sha´ul aplica esta terminologia à Igreja dizendo: “Para a santificar, purificando-a com a lavagem da água, pela palavra” (Ef 5:26).

Agora teremos um novo estágio na vida dos israelitas: a morte de Mirian! Está descrito assim o fato: “Chegando os filhos de Israel, toda a congregação, ao deserto de Zim, no mês primeiro, o povo ficou em Cades; e Mirian morreu ali, e ali foi sepultada” (Nm 20:1). O relato da morte de Mirian é sumário, são apenas algumas palavras que nos dizem que a irmã do líder do povo de Israel – Moshe – morrera e fora ali mesmo sepultada! A palavra “morreu” em hebraico vem do termo mût e significa “morrer, matar, mandar executar”. Já a palavra “sepultada” vem do termo hebraico qabar com o mesmo significado. Este verbo é empregado sempre com referência à seres humanos. O interessante é que Mirian morreu no deserto e muito antes do povo entrar em Canaã! O deserto cobrou seu tributo e o Eterno permitiu que Mirian morresse e fosse sepultada ainda no deserto! A Torah nos mostra que quem entrou na terra foi a geração que nasceu no deserto! Os filhos do deserto foram os grandes herdeiros de Canaã, apesar de não terem vivenciado a libertação do Egito e também de não verem parte dos milagres que ocorreram no deserto! A morte de Mirian não foi amplamente comentada e nem mereceu destaque, pois após este brevíssimo relato, não se fala mais sobre ela.

A continuidade dos fatos demonstra que a morte de Mirian parece ter sido indiferente para os israelitas: “E não havia água para a congregação; então se reuniram contra Moshe e contra Aharon. E o povo contendeu com Moshe, dizendo: Quem dera tivéssemos perecido quando pereceram nossos irmãos perante o IHVH! E por que trouxestes a congregação do Senhor a este deserto, para que morramos aqui, nós e os nossos animais? E por que nos fizestes subir do Egito, para nos trazer a este lugar mau? lugar onde não há semente, nem de figos, nem de vides, nem de romãs, nem tem água para beber. Então Moshe e Aharon se foram de diante do povo à porta da tenda da congregação, e se lançaram sobre os seus rostos; e a glória do IHVH lhes apareceu” (Nm 20:2-6). O relato demonstra como o povo reagiu à falta de água no deserto – que é um dos lugares onde é sabido não haver abundância de água – mas esta reação demonstra o baixo nível de relacionamento do povo com o Eterno. A palavra “congregação” em hebraico é edâ e significa “assembleia, multidão, congregação, povo”. Este termo nos fala do povo de forma genérica. Já a palavra “reuniram” vem do termo hebraico qahal que significa “assembleia, grupo, congregação”. Esta palavra já é específica para um grupo dentro do povo e portanto demonstra que algumas pessoas – que se diziam os “representantes do povo” – vieram a reclamar com Moshe por causa das condições extremamente difíceis do deserto! Eles contenderam com Moshe! A palavra “contender” em hebraico é rib e significa “contenda, controvérsia, disputa”. Esta palavra nos fala sobre uma “luta” pela afirmação entre as partes, mas uma luta que é travada através das palavras. As duas partes querem afirmar – ou reafirmar – a sua razão em meio à discussão! Os argumentos dos “representantes do povo” são altamente contraditórios, pois dizem: “Quem dera tivéssemos perecido quando pereceram nossos irmãos perante o Senhor!” Eles argumentam que lhes teria sido melhor haver morrido do que passar por aquela situação! Esta atitude demonstra que há feridas profundas na alma destas pessoas, pois elas prefeririam a morte ao invés de fazerem parte das promessas do Eterno! Eles prefeririam já terem abandonado a História ao invés de serem os protagonistas desta mesma História! A palavra “perecer” em hebraico vem do termo gawa´ e significa “estar morto, morrer, render o espírito, perecer, preparar-se para morrer”. Esta palavra nos fala sobre a disposição para a morte que estava em seus corações! Eles parecem não querer a vida; preferem morrer, rendendo-se ao deserto ao invés de lutarem para alcançar a vitória que lhes fora prometida pelo Eterno! Com esta afirmação eles estão dizendo literalmente: “Nós estamos prontos para morrer!” E eles afirmam que isso deveria ter acontecido “perante o Senhor”. Estas palavras são literalmente em hebraico “panim IHVH”. A palavra panim significa “rosto, face” e está no plural indicando que há uma pluralidade de elementos que compõe o rosto e naturalmente demonstram qual é a disposição de coração da face daquele a quem se contempla! Quando eles disseram isso queriam dizer que gostariam de serem parte do juízo que caiu sobre seus irmãos quando pecaram o morreram deserto! Então o Eterno se tornou para aquelas pessoas aquilo que elas precisavam naquele momento: o juízo!

Eles comparam o deserto com o Egito, onde eles tinham semente, figueiras, videiras, romãs e água para beber! A comparação é esdrúxula e incabível, porém os líderes do povo insistem que Moshe foi o culpado por aquela situação pois os fizera subir do Egito até aquele lugar! Na continuidade temos então a reação de Moshe e Aharon, que é de não abrirem suas bocas, mas de colocarem seus joelhos em terra e clamarem ao Senhor! Diante da tenda da congregação eles então vêem o resultado de sua atitude: a glória do Eterno aparece à eles! A palavra “glória” em hebraico vem do termo kabod e significa “grande, pesaroso, duro, pesado”. E o termo que define o Eterno é IHVH (tetragrama). Já a palavra “apareceu” vem do termo hebraico ra´a que significa “ver, olhar, inspecionar”! Isso indica que Aquele que se torna aquilo que o homem precisa veio inspecionar aquilo que estava acontecendo no acampamento dos israelitas e essa aparição foi tão estrondosa que não pôde ser suportada pelos israelitas e é justamente por isso que é usada a palavra kabod que indica que é tão indescritível a presença do Eterno que de tão glorioso e grandioso é “duro, pesado”.

A palavra do Senhor para Moshe foi a seguinte: “E o IHVH falou a Moshe dizendo: toma a vara, e ajunta a congregação, tu e Aharon, teu irmão, e falai à rocha, perante os seus olhos, e dará a sua água; assim lhes tirarás água da rocha, e darás a beber à congregação e aos seus animais. Então Moshe tomou a vara de diante do IHVH, como lhe tinha ordenado. E Moshe e Aharon reuniram a congregação diante da rocha, e Moshe disse-lhes: Ouvi agora, rebeldes, porventura tiraremos água desta rocha para vós? Então Moshe levantou a sua mão, e feriu a rocha duas vezes com a sua vara, e saiu muita água; e bebeu a congregação e os seus animais” (Nm 20:7-11). Novamente o Eterno se apresenta como IHVH! As instruções do Eterno são claras e precisas para que a rocha possa dar água e satisfazer os israelitas. A primeira coisa é que Moshe deve tomar a sua vara. A palavra “vara” vem do termo hebraico matteh e significa “vara, bordão, bastão, haste, tribo”. Era um símbolo da tribo e da autoridade conferida ao seu portador. Moshe novamente usaria o mesmo instrumento que usara para abrir o Mar dos Juncos a fim de dar água para o povo beber. A palavra “congregação” vem do termo qahal que significa “assembléia, grupo, congregação”. Esta palavra já é específica para um grupo dentro do povo. Agora, os queixosos haveriam de contemplar mais um milagre feito pelo Senhor! A instrução é para que Moshe fale à rocha! A palavra “falar” vem do termo hebraico dabar que significa “falar, declarar, conversar, ordenar”. É como se Moshe tivesse um diálogo com a rocha e ela lhe desse água para os 2.400.000 (aproximadamente) israelitas saciarem sua sede!

Então Moshe reúne o povo diante da rocha. A palavra “rocha” em hebraico é sela´ e significa “rocha, penhasco”. Refere-se a uma fenda na rocha; designa então uma grande pedra ou um penhasco. Um maciço rochoso no deserto não é incomum na região de Cades e foi num destes pontos que Moshe reúne o povo para fazer com que a rocha dê-lhes água. Devemos lembrar que ali não havia sequer sinal da presença de água ou qualquer vestígio de um rio ou riacho ou nascente d´água! Aqui eles são chamados de “rebeldes” e esta palavra vem do termo hebraico marâ que significa “ser rebelde, ser desobediente”; o sentido é provocar com desafio ou afronta. A atitude daquelas pessoas foi justamente a mesma que levou Há Satan a ser expulso da presença do Eterno. Com esta atitude eles queriam dizer que estavam insatisfeitos com o Eterno e o estavam desafiando a dar-lhes água no deserto!

Agora temos duas circunstâncias: a primeira – e a mais importante – é que Moshe e o povo estão diante da rocha (maciço rochoso) que aqui representa Ieshua o qual poderá dar ao povo água para satisfazer-lhe a sede mediante uma palavra! Ieshua se compara à rocha quando dialoga com Kefa, dizendo: “Pois também eu te digo que tu és Kefa, e sobre esta pedra edificarei a minha congregação, e as portas do inferno não prevalecerão contra ela” (Mt 16:18). A segunda circunstância é a desobediência de Moshe: ele toma a sua matteh – o símbolo de sua autoridade e novamente fere a rocha! A palavra “ferir” vem do termo hebraico nakâ e significa “ferir, golpear, bater, atingir, abater, matar”. A rocha – Ieshua – não poderia ser ferida (morta) duas vezes! Nós bem sabemos que a morte de Ieshua foi suficiente para que o homem recebesse a redenção – preço pago em resgate da vida de alguém – e também o perdão de seus pecados através da morte na cruz de Ieshua! O ato de Moshe fazer isso fez com que ele fosse então contado com aqueles mesmo desobedientes e rebeldes e isso custou-lhe a sua entrada em Canaã! O Eterno é claro quando diz a Moshe e Aharon que eles não creram n´Êle e por isso na entrariam na terra! A palavra “crer” em hebraico vem do termo ´amam e significa “confirmar, sustentar, estabelecer, ser fiel, estar certo, crer em”. E a palavra “santificar” vem do termo qadash e significa “ser consagrado, ser santo, ser santificado, consagrar, santificar, preparar, dedicar”. O fato de Moshe não ter falado mas ferido a rocha demonstrou para o Eterno que ele – Moshe – não conseguiu confirmar aquilo que Ele havia-lhe dito; Moshe não pudera sustentar, estabelecer, ser fiel no cumprimento da palavra que lhe fora entregue. Isso parece ter-lhe acontecido por causa de seu estado nervoso; Moshe parecia não suportar mais a atitude do povo e naquele momento ele parece extravasar todo este peso e transferi-lo para a rocha com as duas batidas que resultaram na água para o povo e para os animais! Moshe com isso não santifica – separa, consagra – o Eterno aos olhos do povo, que certamente notou que o Eterno lhe ordenara falar e ele batera na rocha!

Moshe e Aharon pecam em Águas de Discórdia

D’us disse a Moshe: “O povo testemunhará agora um milagre que santificará Meu Nome. Congregue os tsadikim e pessoas grandes ao lado da rocha da qual jorrava água enquanto Miriam estava viva. Ordene-lhe que forneça novamente água aos judeus.

“Estando de pé com a santa congregação na frente da rocha, ensine-os uma lei ou passagem da Torah. Então ordene à rocha que continue dando água. O mérito do estudo comunitário da Torah fará com que essa produza água, como o fazia em mérito de Miriam.

“Além disso, todos os que testemunharem o milagre aprenderão a grande lição: ‘Se mesmo uma sólida rocha, ao comando de D’us, obedientemente torna-se um poço, nós, judeus, certamente somos obrigados a obedecer D’us com alegria e boa vontade (e não porque sentimo-nos compelidos a servi-Lo)!'”

D’us advertiu Moshe para que trouxesse somente os tsadikim, mas Moshe (que desejava que todos vissem o milagre) reuniu a congregação inteira, dos pequenos aos grandes, incluindo até mesmo o êrev rav (convertidos egípcios).

Um milagre possibilitou ao povo inteiro ficar na frente da rocha, apesar da área ser pequena demais para conter a todos.

Ouviu-se algumas pessoas do êrev rav zombarem: “Quem disse que o filho de Amram (Moshe) realizará um milagre verdadeiro? Deve haver uma razão para ele estar determinado a dirigir-se a uma rocha em especial. Talvez saiba que a rocha contém umidade e pode, portanto, produzir água. Moshe costumava ser um pastor e conhece bem diferentes tipos de rochas. Vejamos se pode realizar esta proeza com uma rocha de nossa escolha!”

O escárnio dos zombeteiros repercutiu sobre o povo, dispersando-os em todas as direções. O líder de cada Tribo ergueu uma pedra e exigiu: “Moshe, queremos água desta rocha!”

O êrev rav proclamou: “A não ser que nos dê água da rocha que escolhermos, não queremos nenhuma!”

Moshe ficou extremamente angustiado. Esperava estudar Torah junto com uma solene assembléia de judeus em frente a rocha. Experimentariam então, através do formidável milagre que seu estudo da Torah tinha o poder de mudar as próprias leis da natureza. Em vez disso, enfrentou uma multidão de motejadores que questionavam se um milagre verdadeiro estava para acontecer.

Mais que isso, Moshe percebeu que a Shechiná estava ausente. A atitude do povo causou a partida da Shechiná. Moshe não tinha certeza de como deveria proceder. A atmosfera não era propícia ao estudo da Torah. Como poderia ensinar a um povo que se rebelava contra seu mestre? E qual rocha deveria escolher? Deveria ignorar a exigência do povo e fazer brotar água do verdadeiro Poço de Miriam? Se sim, o êrev rav reivindicaria que ele não realizou um milagre genuíno. Ou deveria aquiescer e realizar um milagre através de uma rocha diferente? Se sim, poderia ser culpado de transgredir o comando de D’us. Além disso, D’us poderia julgar o povo como não merecedor de receber água de uma rocha diferente. Moshe decidiu que precisava censurar severamente o povo, por terem arrogantemente desafiado seu mestre. Dirigiu-se-lhes de maneira rígida: “Agora ouçam, seus rebeldes e tolos! Por que acham que sua compreensão é maior que a de seu mestre?” Moshe continuou a repreender o povo: “Devemos fazer brotar água de uma rocha acerca da qual o todo Poderoso não ordenou?” “Juro, ouvirei D’us e trarei água da própria rocha que Ele ordenou.” Moshe ordenou à rocha que produza água. Contudo, esta não obedeceu, o milagre não ocorreu. Por conseguinte, Moshe golpeou a rocha. Os zombeteiros exclamaram: “Filho de Amram, aparentemente você tem água suficiente apenas para nossos bebês.” Moshe então golpeou a rocha pela segunda vez. A isso, a água irrompeu e jorrou, formando uma profunda corrente que inundou o povo e afogou os zombeteiros. O golpe de Moshe fez com que, simultaneamente, cada rocha da região produzisse água.

Na sequência dos fatos, Moshe e o povo pedem passagem à Edom, pois eles atravessariam o território deles em sua caminhada para Canaã: “Depois Moshe, de Cades, mandou mensageiros ao rei de Edom, dizendo: Assim diz teu irmão Israel: Sabes todo o trabalho que nos sobreveio, como nossos pais desceram ao Egito, e nós no Egito habitamos muitos dias; e como os egípcios nos maltrataram, a nós e a nossos pais; e clamamos ao IHVH, e ele ouviu a nossa voz, e mandou um anjo, e nos tirou do Egito; e eis que estamos em Cades, cidade na extremidade dos teus termos. Deixa-nos, pois, passar pela tua terra; não passaremos pelo campo, nem pelas vinhas, nem beberemos a água dos poços; iremos pela estrada real; não nos desviaremos para a direita nem para a esquerda, até que passemos pelos teus termos. Porém Edom lhe disse: Não passarás por mim, para que eu não saia com a espada ao teu encontro. Então os filhos de Israel lhe disseram: Subiremos pelo caminho aplanado, e se eu e o meu gado bebermos das tuas águas, darei o preço delas; não desejo alguma outra coisa, senão passar a pé. Porém ele disse: Não passarás. E saiu-lhe Edom ao encontro com muita gente, e com mão forte. Assim recusou Edom deixar passar a Israel pelo seu termo; por isso Israel se desviou dele” (Nm 20:14-21). Moshe usa de toda a sua diplomacia com Edom, pois os edomitas são descendentes de Esaú e portanto são meio-irmãos daquele povo que agora peregrina pelo deserto! Com a recusa deles em ceder passagem aos israelitas eles então desviam-se por outro caminho a fim de não travarem um combate com aqueles que consideram também como seus familiares!

Agora o Eterno anuncia a morte de Aharon! Após a morte de Mirian, vem agora a morte do sumo-sacerdote de Israel! “Então partiram de Cades; e os filhos de Israel, toda a congregação, chegaram ao monte Hor. E falou o IHVH a Moshe e a Aharon no monte Hor, nos termos da terra de Edom, dizendo: Aharon será recolhido a seu povo, porque não entrará na terra que tenho dado aos filhos de Israel, porquanto rebeldes fostes à minha ordem, nas águas de Meribá. Toma a Aharon e a Eleazar, seu filho, e faze-os subir ao monte Hor. E despe a Aharon as suas vestes, e veste-as em Eleazar, seu filho, porque Aharon será recolhido, e morrerá ali. Fez, pois, Moshe como o IHVH lhe ordenara; e subiram ao monte Hor perante os olhos de toda a congregação. E Moshe despiu a Aharon de suas vestes, e as vestiu em Eleazar, seu filho; e morreu Aharon ali sobre o cume do monte; e desceram Moshe e Eleazar do monte. Vendo, pois, toda a congregação que Aharon era morto, choraram a Aharon trinta dias, toda a casa de Israel” (Nm 20:22-29). Agora temos aqui o aviso da morte de Aharon e a forma de sucessão sacerdotal. O Eterno avisa que Aharon seria “recolhido a seu povo”, onde a palavra “recolhido” vem do termo hebraico asap que significa “reunir, remover, recolher”; já a palavra “povo” vem do termo am que significa “povo”, mas é uma palavra que designa o povo de Israel! O Senhor trata com Aharon de uma forma muito carinhosa, pois Ele avisa que vai reunir, recolher Aharon para junto dos israelitas justos que já morreram! O motivo disso é a rebeldia mostrada por ele e Moshe junto às águas de Meribá. A palavra “rebelde” vem do termo hebraico marad que significa “ser rebelde, rebelar-se, revoltar-se”. A palavra tem a conotação de uma tentativa do vassalo de anular ou revogar um contrato ou aliança. Denota também a deslealdade e a desunião entre uma das partes para com a outra. Isto nos dá a entender que a atitude de Moshe contou coma conivência de Aharon e isso fez com que ocorresse agora este fato!

Essa medida se daria sobre o monte Hor, longe da vista do povo, onde Aharon seria substituído por Eleazar. O nome de Eleazar é a fusão de dois termos El, que é um dos nomes de D-us e azar que significa “ajudar, apoiar”. Essa substituição aconteceria com Aharon tirando de sobre si a roupa de sumo sacerdote e a mesma seria posta sobre Eleazar, havendo assim uma transferência de cargo (responsabilidade) e também da unção que estava sobre Aharon para seu filho Eleazar! É como se um guerreiro transferisse para outro a armadura de guerra antes de morrer!

Aharon então transfere para seu filho a sua vestimenta sacerdotal e ali no cume do monte Hor morre e junta-se aos seus nas moradas celestiais! Quando Moshe e Eleazar descem do monte e o povo percebe que Aharon morrera, eles então choram e lamentam pela morte dele! A lamentação e o posar pela morte de Aharon duraram trinta dias! Isso demonstra o contraste entre duas mortes: a de Mirian e a de Aharon!

Aharon falece em Hor Hahar

A Nuvem de Glória permaneceu durante diversos meses em Cadesh, na fronteira da terra de Edom. Então, essa levantou-se e dirigiu os judeus por um desvio contornando a terra de Edom. Ela descansou na frente da montanha Hor Hahar.

O nome Hor Hahar significa “montanha da montanha.” Era na verdade um monte sobre o topo de outro, parecendo uma pequena maçã no topo de uma grande.

Geralmente, a Nuvem de Glória aplainava todas as colinas e montanhas no deserto, de modo que o povo judeu pudesse viajar num caminho suave e sem obstáculos. No entanto, D’us deixou três montanhas de pé:

  • O Monte Sinai, para a outorga da Torah.
  • O monte Nevô, para ser o local do túmulo de Moshe.
  • Hor Hahar, para se tornar o local do enterro de Aharon.

D’us preservou essas montanhas também como um lembrete de que haviam muitas montanhas parecidas no deserto. Os judeus então apreciariam a bondade que o Todo Poderoso fez em prol deles ao nivelar as montanhas.

Ao chegarem a Hor Hahar, D’us anunciou a Moshe: “Aharon se unirá a seu povo. Sua alma se juntará a de outros tsadikim no Mundo Vindouro.

“Informe gentilmente a Aharon que está prestes a partir deste mundo, pois pecou nas Águas de Discórdia. Seu filho Elazar o sucederá como Sumo-sacerdote. Alguém que deixa um filho que toma seu lugar é considerado como se não tivesse falecido.”

Ao receber as ordens de D’us, Moshe suplicou: “Mestre do Universo! Aharon não pode ficar vivo no lado leste do Jordão?”

“Impossível,” replicou o Todo Poderoso. “O fato dele ficar vivo impede os judeus de entrarem na Terra. Você deseja que ele viva a este custo?”

Moshe ainda continuou a rezar: “Mestre do Universo,” implorou ao Todo Poderoso, “Como posso dizer a meu irmão: ‘Sua hora chegou?'”

D’us replicou: “É uma honra para ele ser informado por ninguém mais a não ser você. Diga-lhe: ‘Quão afortunado você é, pois eu e seus filhos lhe assistimos em seus últimos momentos. (Quem cuidará de mim [Moshe] quando estiver prestes a morrer?) Além disso, seu filho tomará seu lugar (e o meu não).”

“Mais que isso, Aharon não morrerá através do Anjo da morte. Quando Aharon arriscou sua vida queimando incenso no meio do povo a fim de deter a praga, Eu decretei que o Anjo da Morte não terá poder sobre ele. Eu Mesmo recolherei sua alma.”

Ao perceber que o decreto de D’us era irrevogável, Moshe obedeceu sem demora.

Na manhã seguinte, ele rendeu honras públicas a Aharon. Em vez de andar até o Tabernáculo na formação usual – Aharon à direita, Elazar à esquerda, os líderes flanqueando-os pelos dois lados, e o povo entre eles – Moshe disse a Aharon que andasse no centro, onde em geral Moshe anda.

O povo estranhou o porquê de Aharon receber honra especial. Supuseram que Aharon recebera profecia em vez de Moshe.

Quando o cortejo chegou ao Tabernáculo. Aharon quis entrar para realizar o Serviço matinal diário.

“Espere,” disse Moshe. “D’us ordenou que você não realize o Serviço hoje.”

“O que Ele ordenou?” – perguntou Aharon.

“Subamos ao Hor Hahar, e eu lhe direi,” retrucou Moshe.

Ao sopé da montanha, Moshe ordenou aos nessiim (líderes das tribos) que esperassem. Apenas ele, Aharon e Elazar subiram.

Aharon indagou novamente: “O que D’us ordenou?”

“Meu irmão,” introduziu Moshe o assunto cuidadosamente, “você está consciente de guardar um depósito que o Todo Poderoso pode querer de volta?”

“Meu irmão Moshe,” replicou Aharon, “O Tabernáculo inteiro e seus utensílios sagrados estão sob minha responsabilidade. Será que falhei no Serviço?”

Moshe tentou uma aproximação mais direta: “O Todo Poderoso confiou-lhe uma luz?” – perguntou a Aharon.

“Não apenas uma,” replicou Aharon, “Todas as sete luzes da Menorá são de minha responsabilidade.”

“Isto não é o que quero dizer,” disse Moshe. “Talvez Ele confiou-lhe algo que se parece com luz?”

“A alma do homem é a vela de D’us.” (Mishlê 20:7), replicou Aharon. “Você está insinuando que a hora de meu passamento chegou?”

“Sim,” disse Moshe, colocando a mão no coração e gritando: “Meu coração dói e sofre dentro de mim, e o temor da morte caiu sobre mim.” (Tehilim 55:5).

No topo da montanha uma caverna estava preparada, e nela uma cama e uma vela acesa.

D’us instruiu Moshe: “Transfira os trajes sacerdotais de Aharon a seu filho Elazar, que o sucederá como Sumo-sacerdote.” Quando Moshe ouviu a ordem, não sabia como agir. É proibido vestir o Sumo-sacerdote em qualquer outra seqüência a não ser a prescrita: primeiro, as roupas de baixo; e depois as outras. A fim de vestir Elazar na ordem correta, deveria despir Aharon de todas as suas roupas, inclusive as de baixo.

“Não tema,” disse D’us a Moshe, “Faça, e Eu farei minha parte.”

Os milagres que D’us realizou para Aharon quando este estava prestes a falecer foram maiores que os da vida inteira de Aharon. Toda vez que Moshe removia uma das túnicas sacerdotais de Aharon, encontrava-o vestido por baixo com um traje Celestial correspondente, de maneira que o corpo de Aharon nunca ficou nu. Depois que Moshe despiu todos os oito trajes sacerdotais, Aharon vestia oito trajes Celestiais correspondentes.

Então Moshe disse a Aharon: “Deite-se no divã!” Aharon assim o fez.

“Feche os olhos,” ordenou Moshe. Aharon fechou-os.

“Estique as pernas!” – mandou Moshe. Aharon obedeceu.

A Shechiná desceu, e a alma de Aharon foi atraída em sua direção com alegria e júbilo, retornando lentamente a sua origem.

Sendo que a partida da alma através de “um beijo Divino” é um espetáculo sagrado e solene, a alma de Aharon partiu isolada numa caverna. Ninguém, exceto Moshe e Elazar podiam observar a grande cena.

Moshe exclamou: “Quão afortunada é a pessoa que falece desta maneira!”

Mais tarde, D’us concedeu o desejo de Moshe, de experimentar esta morte.

O Anjo da Morte não teve poder sobre seis tsadikim, cujo passamento deu-se através de “um beijo Divino”:

  • Avraham
  • Itschac
  • Ia´acov
  • Moshe
  • Aharon
  • Miriam

O Todo Poderoso ordenou então a Moshe e Elazar: “Agora deixem a caverna.” Assim que saíram, a entrada se fechou.

Quando Moshe e Elazar retornaram, o povo não conseguia compreender o que acontecera. Viram três pessoas ascenderem à montanha, e agora só duas estão descendo.

Todos os tipos de rumores e desconfianças acerca do destino de Aharon foram levantadas.

“Onde está Aharon?” – inquiriram Moshe.

“Ele faleceu,” respondeu Moshe.

Esta afirmação encontrou descrença total. O povo disse ameaçadoramente a Moshe: “Não nos diga que o Anjo da morte tinha poder sobre Aharon, que o controlou e impediu-o de matar os judeus! Traga Aharon de volta imediatamente, ou o apedrejaremos!”

“Conhecemos seu caráter irascível. Aharon deve ter dito ou feito algo que você considera pecaminoso, e você decretou-lhe pena de morte!”

A falsa suspeita lançada sobre Moshe invocou o castigo do Céu. Imediatamente depois, os judeus foram atacados por Amalec.

Moshe orou a D’us para ficar livre de suspeitas.

O Todo Poderoso ordenou aos anjos que trouxessem o caixão de Aharon e mostrassem-no ao povo. Tiveram uma visão do caixão de Aharon flutuando no ar. Por conseguinte, aceitaram sua morte.

O luto por Aharon foi pesado. Durou trinta dias e incluiu todos os membros da nação; homens, mulheres e crianças.

Os céus também se enlutaram. D’us e Suas Hostes Celestiais fizeram sua elegia, proclamando: “A Torah da Verdade estava em sua boca, e a iniqüidade não se encontrava em seus lábios; ele andou Comigo em paz e retidão. Pois os lábios do cohen [Aharon] guardavam conhecimento e eles buscavam Torah de sua boca, pois era como um anjo do Eterno das Hostes.” (Malachi 2:6-7).

Por que Aharon foi tão vastamente pranteado? Aharon gozava de enorme popularidade, pois amava a paz e perseguia a paz. Enquanto andava através do Acampamento, cumprimentava qualquer judeu que via com um amplo sorriso e palavras calorosas, mesmo se a pessoa fosse um perverso. Imediatamente, qualquer pessoa que cometera, ou estava prestes a cometer um pecado, pensava: “Por que Aharon (o Sumo-sacerdote, o maior dignitário dos judeus) cumprimentou-me? Obviamente, pensa que sou um tsadic.” Envergonhado por seu verdadeiro caráter não encaixar-se na imagem percebida por Aharon, a pessoa resolvia melhorar seus caminhos. Sempre que Aharon ouvia que dois judeus discutiram, visitava um deles e dizia: “Sabe o quanto seu antigo amigo está arrependido de não se dar mais bem com você? Está sentado em casa, batendo no peito com o punho e rasgando as roupas de arrependimento, por causa da discórdia entre vocês dois, mas está envergonhado demais para lhe dizer!” Aharon então visitava o outro amigo, dizendo-lhe as mesmas coisas. Da próxima vez que se encontravam, abraçavam-se, beijavam-se e uniam-se novamente, reatando a amizade. Se Aharon ouvisse acerca de uma rixa entre marido e mulher, não descansava enquanto não os tivesse reconciliado. Como Aharon resolvia desavenças entre marido e mulher? Caso ficasse sabendo que alguém brigara com a esposa e a expulsava de sua tenda, ia até ele e dizia: “Soube que você quer divorciar-se. Pense bem, talvez você não encontre uma melhor! Talvez sua futura esposa o fará lembrar constantemente que você foi o culpado, que você está sempre provocando brigas, como fazia com a primeira esposa. É melhor fazer as pazes e contentar-se com a situação.” As palavras sinceras de Aharon tocavam profundamente o homem zangado e acalmavam seus sentimentos de irritação. Cada vez que Aharon fazia as pazes entre marido e mulher, o casal dava o nome de Aharon ao filho nascido após sua reconciliação. Foram esses meninos que renderam as maiores honras ao irmão de Moshe, que só nasceram porque Aharon conseguiu reunir seus pais. Oitenta mil crianças chamadas Aharon acompanharam o esquife de Aharon, que eles viram se movendo no céu. Aharon faleceu com a idade de 123 anos, a primeiro de Av de 2488 (1312 AEC). Até o dia de hoje, ninguém conhece o local exato dos túmulos de Moshe e Aharon. O Próprio D’us juntou-os a Si.

Temos agora o confronto dos israelitas com os cananeus. “Ouvindo o cananeu, rei de Arade, que habitava para o lado sul, que Israel vinha pelo caminho dos espias, pelejou contra Israel, e dele levou alguns prisioneiros. Então Israel fez um voto ao IHVH, dizendo: Se de fato entregares este povo na minha mão, destruirei totalmente as suas cidades. O IHVH, pois, ouviu a voz de Israel, e lhe entregou os cananeus; e os israelitas destruíram totalmente, a eles e às suas cidades; e o nome daquele lugar chamou Hormá” (Nm 21:1-3). Os cananeus atacaram aos israelitas e deles fizeram alguns prisioneiros. Quando isso aconteceu então os israelitas tiveram uma atitude ousada para com o Eterno e fizeram-lhe um voto: eles destruiriam os cananeus caso os mesmos lhes fossem por eles vencidos no próximo confronto. A palavra votar (aqui em português temos o termo “fez”) em hebraico é nadar e significa “fazer um voto”. Já a palavra “voto” vem do termo neder que significa “oferta votiva, voto”. Tem a conotação de verbalmente consagrar ou dedicar algo à D-us! Eles fariam esta dedicação Aquele que se tornaria a sua vitória (IHVH)! O que aconteceu é que o Senhor (IHVH) ouviu a voz dos israelitas e eles destruíram aos cananeus! A palavra “destruir” vem do termo hebraico haram e significa “proscrever, consagrar, destruir totalmente”. A vitória dos israelitas foi tão grande que a destruição do inimigo foi total! Não houve como os cananeus escaparem das mãos dos israelitas quando o Eterno assim o determinou!

Temos finalmente, o caso da serpente de metal feita por Moshe. O relato bíblico diz assim: “Então partiram do monte Hor, pelo caminho do Mar Vermelho, a rodear a terra de Edom; porém a alma do povo angustiou-se naquele caminho. E o povo falou contra Elohim e contra Moshe: Por que nos fizestes subir do Egito para que morrêssemos neste deserto? Pois aqui nem pão nem água há; e a nossa alma tem fastio deste pão tão vil. Então o IHVH mandou entre o povo serpentes ardentes, que picaram o povo; e morreu muita gente em Israel. Por isso o povo veio a Moshe, e disse: Havemos pecado porquanto temos falado contra o IHVH e contra ti; ora ao IHVH que tire de nós estas serpentes. Então Moshe orou pelo povo. E disse o IHVH a Moshe: Faze-te uma serpente ardente, e põe-na sobre uma haste; e será que viverá todo o que, tendo sido picado, olhar para ela. E Moshe fez uma serpente de metal, e pô-la sobre uma haste; e sucedia que, picando alguma serpente a alguém, quando esse olhava para a serpente de metal, vivia” (Nm 21:4-9). O primeiro detalhe aqui é que a nossa tradução fala “Mar Vermelho”, quando o correto é Mar dos Juncos! A palavra “vermelho” vem do termo sûp que significa “junco, planta aquática”. Agora vemos o próprio povo falando contra D-us e também contra Moshe. A palavra “falou” vem do termo hebraico dabar que significa “falar, declarar, conversar, ordenar”. O povo fala contra Elohim (D-us), contra o seu Criador, como se ele (o povo) conhecesse os caminhos e propósitos do Eterno em cada ato seu! Eles reclamam novamente do deserto. A palavra “deserto” vem do termo hebraico midbar com o mesmo significado. Esta palavra é suada para descrever três tipos de terreno em geral:

  • Pastagens,
  • Terra não habitada ou
  • Áreas extensas em que oásis e cidades existem aqui e ali.

Eles reclamam que sua alam sente-se cansada do maná! A palavra “alma” vem do termo hebraico nepesh e significa “vida, alma, criatura, pessoa, mente”. Parece que a simples lembrança do maná lhes traz asco, nojo. A reação do Eterno é imediata e vem serpentes entre o povo que os picam causando-lhes a morte. Este tipo de reação do Eterno faz com que o povo reconheça seu pecado e venha Moshe. A palavra “pecado” vem do termo hebraico hatâ e significa “errar, sair do caminho, pecar, tornar-se culpado”. Ou seja, o povo reconheceu que aquilo que eles haviam feito fora extremamente grave e atraíra sobre si o mal que agora viam! A solução é que o Eterno ordena que uma cópia da serpente seja feita em metal e pendurada sobe uma haste a fim de que, todo aquele que para ela olhasse seria curado e viveria! Este objeto aponta para Ieshua que mataria a grande serpente (Há Satan) com seu próprio veneno – o pecado – vencendo-o e fazendo assim com que todo o homem quem olhe para Ele seja salvo (e viva)!Assim termina esta praga no meio do acampamento dos israelenses e a vida novamente retorna ao seu rumo cotidiano!

Que o Eterno nos ajude a sermos sensíveis e bastante para que, quando errarmos possamos então reconhecer nossas falhas e sermos salvos e termos nossos corpos curados pelo Senhor!

Baruch há Shem!

Mário Moreno.