Mário Moreno/ dezembro 25, 2017/ Parasha da semana

Vayiggash

(Ele avança)

Gn 44.18–47.27 / Ez 37.15-28 / Lc 6:12-16

Conta a história que Aristóteles foi certa vez apanhado em flagrante por alguns de seus alunos, cometendo um ato degradante que não condizia com sua posição. Os discípulos ficaram atônitos. Afinal, pensaram eles, estamos tratando com um dos maiores pensadores de todos os tempos, e conseqüentemente, ele deveria personificar alguém extremamente elevado. Como poderia cair a tal nível?

Sentindo a necessidade de reparar o dano, Aristóteles declarou: “Qual é o problema? Aristóteles não mudou. A palestra de amanhã ainda terá lugar às 9 horas. Mas agora estou me comportando como um ser humano comum, como qualquer um de vocês o faria!”

A reação à história acima é previsível. Que hipocrisia! Como pode uma pessoa com tal profundidade de pensamento chegar a este nível de degradação? A história não registra a reação dos alunos de Aristóteles à essa declaração; entretanto, bem pode-se imaginar que aqueles estudantes que testemunharam este comportamento foram provavelmente incapazes de assistir a palestra do dia seguinte.

A separação entre a teoria e a prática é muito comum. Todos estudamos e temos conhecimento de várias e virtuosas formas de comportamento, mesmo assim quando se trata de implementar estas maravilhosas filosofias, parece haver certa dificuldade. O que está faltando? Como podemos infundir em nossas ações os valores que tão facilmente entendemos?

A habilidade de conectar as conclusões lógicas da mente com sua execução em ação é uma faculdade conhecida em hebraico como “da’at”. A palavra da’at literalmente significa conhecimento. Entretanto, a Torá também usa esta palavra referindo-se ao vínculo entre marido e mulher, indicando que da’at implica um grau de conhecimento que conecta e aproxima. Isto significa que não é o bastante simplesmente chegar a conclusões elevadas; a pessoa deve também comprometer-se com aquela conclusão, unificando a mente e o coração, órgão que controla as ações, dessa maneira obrigando-se a cumprir aquilo que foi tão claramente entendido.

Isto explica uma expressão inusitada que a Torá utiliza na Porção desta semana. Após a dramática descrição da revelação de Yossef aos irmãos, a Torá relata que Yossef “caiu sobre o pescoço de Binyamin e chorou, e Binyamin chorou em seu pescoço”. Nossos Sábios explicam que Binyamin chorou porque percebeu a destruição definitiva do Mishcan, o Tabernáculo que ao final estaria localizado no quinhão de Yossef em Israel, e Yossef chorou porque percebeu a destruição do Bet Hamicdash, o Templo Sagrado, que estaria na porção de terra de Binyamin.

Deixando de lado a questão de que estavam chorando pela futura destruição nesta época, ainda precisa ser esclarecido por que estavam chorando especificamente no pescoço um do outro. Não faria mais sentido que o encontro acontecesse sobre a cabeça, ou perto dela, a parte mais elevada do corpo?

Na verdade, a função do pescoço é única, pois numa situação saudável ele age como um condutor entre a cabeça e o coração (e portanto o restante do corpo). Como o intelecto está situado fisicamente na cabeça, diz-se que nossos pensamentos podem também ser canalizados através do pescoço. Um bloqueio no pescoço, obstruindo a livre passagem do fluxo de pensamentos, é obviamente uma condição doentia. A função do pescoço é por isso, análoga à função do da’at. Ambos existem para forjar a conexão entre os pensamentos da mente que se traduzem em ações controladas pelo coração. Eis por que os irmãos choraram no pescoço um do outro.

Os Templos foram destruídos em consequência dos pecados do povo judeu. Em outras palavras, o povo judeu não pôs em ação aquilo que sabiam em suas mentes. Existia um bloqueio. Ao prantear a destruição, portanto, os irmãos choraram especificamente sobre o pescoço, ensinando-nos que apenas o entendimento intelectual não é suficiente. Os atos são o supremo e mais importante objetivo.

Nesta Porção da Torah estaremos abordando o encontro de Iosef com seus irmãos e o momento em que ele revela-se aos mesmos. Veremos também a reação de Ia´aqov ao receber a notícia de que seu filho Iosef ainda vive!

        Neste ponto da narrativa temos um impasse: Iosef (até agora “desconhecido” para seus irmãos), usou de astúcia para reter seu irmão Benjamim ao seu lado. Porém, o que acontece a seguir é maravilhoso: “Então Iehuda se chegou a ele, e disse: Ai! senhor meu, deixa, peço-te, o teu servo dizer uma palavra aos ouvidos de meu senhor, e não se acenda a tua ira contra o teu servo; porque tu és como Faraó” (Gn 44.18). Iehuda se aproxima de Iosef e suplica-lhe humildemente a sua compreensão e seu favor! O nome Iehuda é proveniente do verbo yadâ e tem o sentido de “dar graças, elogiar, louvar”. Iehuda é mais velho do que Iosef, porém ele o chama de “senhor”. Esta palavra em hebraico é adon e significa “senhor, mestre, Senhor”. O termo ugarítico ´adn significa “senhor e pai” e o acadiano adannu tem o sentido de “poderoso” e esta palavra refere-se normalmente à homens. Ela vem da raiz ´dn de onde provém ´eden que significa “pedestal”. Agora, Iehuda, aquele que é ouvido, obedecido, elogiado por seus irmãos chama a um egípcio de adon! Desta palavra provém um dos títulos do Eterno: Adonai! Naquele instante é como se Iosef fosse para Iehuda como o próprio D-us, retendo em suas mãos o poder da vida e da morte! Iehuda diz-lhe ainda: “…deixa teu servo dizer uma palavra…” A palavra usada aqui por Iehuda para designar-se “servo” em hebraico é ebed e significa “escravo, servo”. Este termo indica também o trabalho no sentido de adoração ao Criador, pois de sua raiz vem a palavra ´abad que significa “trabalhar, servir”. A posição de Iehuda aqui é de muita humilhação diante da situação em que ele e seus irmãos se encontram!

Em seu diálogo com Iosef ele relembra-lhe: “Meu senhor perguntou a seus servos, dizendo: Tendes vós pai, ou irmão? E dissemos a meu senhor: Temos um velho pai, e um filho da sua velhice, o mais novo, cujo irmão é morto; e só ele ficou de sua mãe, e seu pai o ama. Então tu disseste a teus servos: Trazei-mo a mim, e porei os meus olhos sobre ele. E nós dissemos a meu senhor: Aquele moço não poderá deixar a seu pai; se deixar a seu pai, este morrerá. Então tu disseste a teus servos: Se vosso irmão mais novo não descer convosco, nunca mais vereis a minha face. E aconteceu que, subindo nós a teu servo meu pai, e contando-lhe as palavras de meu senhor, disse nosso pai: Voltai, comprai-nos um pouco de mantimento. E nós dissemos: Não poderemos descer; mas, se nosso irmão menor for conosco, desceremos; pois não poderemos ver a face do homem se este nosso irmão menor não estiver conosco. Então disse-nos teu servo, meu pai: Vós sabeis que minha mulher me deu dois filhos; e um ausentou-se de mim, e eu disse: Certamente foi despedaçado, e não o tenho visto até agora” (Gn 44.19-28).

Após esta explanação de Iehuda à Iosef ele ainda informa ao mesmo que o que acontecerá com seu pai (Ia´aqov) se eles retornarem sem Benjamim: “Se agora também tirardes a este da minha face, e lhe acontecer algum desastre, fareis descer as minhas cãs com aflição à sepultura” (Gn 44.29). Iehuda diz a Iosef que seu pai haveria de morrer em sua velhice muito desgostoso! A palavra “cãs” em hebraico é seba e significa “velhice”. Esta palavra vem da raiz sib que significa “ser grisalho” – fato este que dá início à idade avançada e posteriormente à velhice – e ele ainda diz que isso aconteceria de forma à leva-lo à sepultura, que em hebraico é sheol. Este termo significa “inferno, sepultura, cova”. Ele é tido como o mundo subterrâneo dos mortos.

É claramente compreensível que a ausência – ou até mesmo a separação seja por morte ou outro motivo qualquer – causa sempre uma grande dor nos pais e nos filhos. Mas aqui acontece algo muito diferente, pois Iehuda tenta explicar a Iosef que Benjamim ficou como “substituto” dele (Iosef) na família! Ele diz ainda: “Agora, pois, indo eu a teu servo, meu pai, e o moço não indo conosco, como a sua alma está ligada com a alma dele” (Gn 44.30). Iehuda usa de uma terminologia muito forte para explicar a intensidade da relação entre Benjamim e Ia´aqov. O que ele afirma é que os dois estão ligados alma à alma. No hebraico a palavra “ligado” é qashar e significa “amarrar”, pois vem da raiz qsht de onde provém a palavra qishshurim (cinto). Para designar “alma” ele usa a palavra nepesh que significa “vida, alma, criatura, pessoa, mente”. Ou seja, o que Iehuda quer dizer é que há uma relação afetiva tão forte entre pai e filho que todo o ser emocional de Ia´aqov está envolvido nesta relação! Iehuda sabe que uma forte alteração neste estado de alma de seu pai seria refletido imediatamente em seu corpo, podendo até mesmo causar-lhe a morte!

Versículo 44:30

Sua alma está ligada à sua alma

ALMAS INSEPARÁVEIS

Em 5559, Rabi Schneur Zalman de Liadi foi encarcerado pelo governo czarista, sob acusações fabricadas contra ele e o movimento chassídico.

Quando foi levado perante os interrogadores, a primeira pergunta que lhe fizeram foi: “Você faz parte dos seguidores de Rabi Israel Báal Shem Tov?”

Rabi Schneur Zalman mais tarde relatou que sabia que se respondesse “não” seria imediatamente libertado; apesar disso, não concordou em dissociar-se do Báal Shem Tov.

Seus 52 dias de prisão na fortaleza de Pedro e Paulo em S. Petersburgo foram os dias mais agonizantes de sua vida. Foi forçado a explicar os fundamentos básicos do judaísmo e chassidismo às rudes mentes dos cossacos, seus interrogadores. Chorou quando lhe perguntaram: “O que é D’us?, “Qual é o relacionamento entre um judeu e D’us? Ou entre D’us e um judeu?” Ouvir estas perguntas saindo daquelas bocas vulgares fez seu coração em pedaços.

Uma questão em particular causou-lhe grande sofrimento. Era costume de Rabi Schneur Zalman intercalar a expressão “af” em suas preces, como fazia o Báal Shem Tov. Seus inimigos entenderam erradamente que estava suplicando ao Todo Poderoso que derramasse sua ira (af em hebraico) sobre o czar e seu governo.

Explicar aos oficiais russos os costumes do Báal Shem Tov e suas reflexões elevadas durante as preces foi uma tortura para a alma de Rabi Schneur Zalman.

Também nessa ocasião, Rabi Schneur Zalman podia ter satisfeito suas dúvidas com todo tipo de respostas. Mas sua conexão com o Báal Shem Tov, a quem chamava seu “avô de espírito”, lhe era tão cara, que recusou-se a desprezá-la, mesmo nos mínimos detalhes, mesmo que fosse apenas para manter as aparências.

Iehuda chega mesmo a afirmar isso de forma bem categórica quando diz: “Acontecerá que, vendo ele que o moço ali não está, morrerá; e teus servos farão descer as cãs de teu servo, nosso pai, com tristeza à sepultura” (Gn 44.31). A palavra “morrer” em hebraico é mut e significa “morrer, matar, mandar executar”. Iehuda tem a plena convicção que a ausência de Benjamim e o posterior relato sobre o que aconteceu trará sobre a família uma tragédia muito grande, ocasionando a morte de seu pai! Ele termina dizendo: “Porque teu servo se deu por fiador por este moço para com meu pai, dizendo: Se eu o não tornar para ti, serei culpado para com meu pai por todos os dias. Agora, pois, fique teu servo em lugar deste moço por escravo de meu senhor, e que suba o moço com os seus irmãos. Porque, como subirei eu a meu pai, se o moço não for comigo? para que não veja eu o mal que sobrevirá a meu pai (Gn 44.32-34).

A situação com Iosef torna-se tão carregada de emoção que ele mesmo não resiste a este momento! “Então Iosef não se podia conter diante de todos os que estavam com ele; e clamou: Fazei sair daqui a todo o homem; e ninguém ficou com ele, quando Iosef se deu a conhecer a seus irmãos” (Gn 45.1). Lembremo-nos de algumas coisas. Primeiro, Iosef era o vice-rei do Egito. Certamente ele teria uma equipe de seguranças e pessoas que estariam com ele durante todo o tempo a fim de ajuda-lo e protege-lo. Uma outra coisa é que Iosef falava através de um intérprete. Iosef falava com os seus servos em todo o tempo se utilizando da língua egípcia. Sua aparência também havia mudado muito, pois os egípcios não usam barba; suas vestes também diferem muito da dos israelitas e seus costumes no uso dos cosméticos – inclusive os homens – colaborou para que Iosef não fosse reconhecido por seus irmãos. Então acontece algo inusitado: Iosef ordena que todos os homens que ali estão saiam do recinto! Ele certamente deu esta ordem na língua egípcia, pois os demais – seus irmãos – não deveriam entender aquilo que ele dizia. A escritura nos diz que Iosef dá-se a conhecer à seus irmãos. A palavra “conhecer” em hebraico é yada, que significa “conhecer, saber”. Já a palavra “irmão” é ´ah e significa “irmão, parente, companheiro do mesmo local, amigo”.

O que acontece então é que há um suspense – e também um sentimento de confusão por parte dos filhos de Ia´aqov quanto ao que está acontecendo. Então finalmente Iosef revela-se aos seus irmãos: “E levantou a sua voz com choro, de maneira que os egípcios o ouviam, e a casa de Faraó o ouviu. E disse Iosef a seus irmãos: Eu sou Iosef; vive ainda meu pai? E seus irmãos não lhe puderam responder, porque estavam pasmados diante da sua face. E disse Iosef a seus irmãos: Peço-vos, chegai-vos a mim. E chegaram-se; então disse ele: Eu sou Iosef vosso irmão, a quem vendestes para o Egito. Agora, pois, não vos entristeçais, nem vos pese aos vossos olhos por me haverdes vendido para cá; porque para conservação da vida, D-us me enviou adiante de vós” (Gn 45:2-5).

Imaginemos a cena: os filhos de Ia´aqov sozinhos na sala com Iosef e de repente este homem desaba em prantos! Certamente ninguém estava entendendo o que estava acontecendo ali. Mais surpreendente ainda é quando aquele egípcio fala com eles em hebraico e lhes diz: “…eu sou Iosef; vive ainda meu pai?…” Realmente o pasmo apoderou-se daqueles homens e certamente eles ficaram petrificados ante a revelação que ouviam… A declaração seguinte de Iosef é ainda mais impressionante: ele diz “Agora, pois, não vos entristeçais, nem vos pese aos vossos olhos por me haverdes vendido para cá; porque para conservação da vida, D-us me enviou adiante de vós”. Iosef demonstra aqui que sua alma certamente já estava totalmente restaurada quanto ao perdão que ele devia à seus irmãos! Não havia mágoa alguma da parte daquele homem quanto ao passado. Ele certamente entendeu que quando fora vendido por seus irmãos aos mercadores ismaelitas o Eterno já estava preparando Faraó para recebe-lo! Ele também compreendeu o propósito do Eterno em envia-lo ao Egito. Ele declara que D-us, aqui no original Elohim – o D-us Criador – o havia enviado para ali. A palavra “enviar” em hebraico é shalah e significa “enviar, mandar embora, deixar”. Iosef declarara com seus lábios que foi justamente por causa do que seus irmãos fizeram é que ele teve a oportunidade de, através da manutenção de sua fé no Eterno e de sua obediência à Ele, chegar ao posto de vice-rei do Egito para, inclusive, manter seus familiares com vida naquele momento de fome sobre toda a terra!

Então Iosef completa seu raciocínio dizendo: “Pelo que Elohim me enviou adiante de vós, para conservar vossa sucessão na terra, e para guardar-vos em vida por um grande livramento” (Gn 45.7). Ele novamente se utiliza das palavras Elohim e shalah para afirmar que o Criador de todas as coisas o mandara para aquele lugar a fim de conservar a sucessão da família na terra. A palavra “sucessão” em hebraico é sheerit e significa “restante, remanescente”. A palavra transmite a idéia básica daquele que sobreviveram a um processo de eliminação em uma catástrofe! E a palavra “terra” em hebraico é erets que significa “a terra” (uma alusão à terra de Israel, prometida pelo Eterno como uma possessão eterna aos israelitas). O Eterno envia Iosef para o Egito para preservar o que havia sobrado da família de Iosef de uma catástrofe que certamente poderia ceifar a vida de muitos caso não houvesse comida suficiente para eles na terra que lhes havia sido prometida pelo eterno! O Eterno queria preservar-lhes a vida; e a palavra “vida” em hebraico é hayâ e significa “viver, ter vida, permanecer vivo, sustentar a vida; viver prosperamente”. E isso ocorreria, segundo nossas traduções, através de um grande livramento. A palavra “livramento” em hebraico é peleta e significa “fuga, sobrevivência”. O quadro se forma quando entendemos que foi através dessa “fuga para a sobrevivência” que os filhos de Ia´aqov – e depois o próprio Ia´aqov – mantém-se vivos para assistirem ao cumprimento das promessas do Eterno em suas vidas!

Agora Iosef, o filho perdido e quase esquecido transmite aos irmãos uma nova perspectiva de vida: “Apressai-vos, e subi a meu pai, e dizei-lhe: Assim tem dito o teu filho Iosef: D-us me tem posto por senhor em toda a terra do Egito; desce a mim, e não te demores; e habitarás na terra de Gósen, e estarás perto de mim, tu e os teus filhos, e os filhos dos teus filhos, e as tuas ovelhas, e as tuas vacas, e tudo o que tens. E ali te sustentarei, porque ainda haverá cinco anos de fome, para que não pereças de pobreza, tu e tua casa, e tudo o que tens” (Gn 45:9-11). Iosef lhes informa que eles teriam a partir de agora como lar Gósen, uma terra boa e fértil e nesta terra eles seriam sustentados por Iosef! Devemos entender que mesmo estando temporariamente no Egito, ali sempre haverá uma Gósen – terra boa – onde o Eterno nos sustentará até que chegue o momento em que sejamos levados à Canaã!

Os irmãos de Iosef ficam deveras impressionados com todos estes fatos e o próprio Faraó quando é comunicado sobre a existência dos irmãos de Iosef dá ao mesmo liberdade para dar-lhes tudo o que for necessário para sua sobrevivência. “E disse Faraó a Iosef: Dize a teus irmãos: Fazei isto: carregai os vossos animais e parti, tornai à terra de Canaã. E tornai a vosso pai, e às vossas famílias, e vinde a mim; e eu vos darei o melhor da terra do Egito, e comereis da fartura da terra. A ti, pois, é ordenado: Fazei isto: tomai vós da terra do Egito carros para vossos meninos, para vossas mulheres, e para vosso pai, e vinde. E não vos pese coisa alguma dos vossos utensílios; porque o melhor de toda a terra do Egito será vosso. E os filhos de Israel fizeram assim. E Iosef deu-lhes carros, conforme o mandado de Faraó; também lhes deu comida para o caminho” (Gn 45:17-21).

Então, os irmãos de Iosef partem para darem as boas novas ao seu pai Ia´aqov. A reação de Ia´aqov certamente já era esperada por seus filhos: “E subiram do Egito, e vieram à terra de Canaã, a Ia´aqov seu pai. Então lhe anunciaram, dizendo: Iosef ainda vive, e ele também é regente em toda a terra do Egito. E o seu coração desmaiou, porque não os acreditava. Porém, havendo-lhe eles contado todas as palavras de Iosef, que ele lhes falara, e vendo ele os carros que Iosef enviara para levá-lo, reviveu o espírito de Ia´aqov seu pai. E disse Israel: Basta; ainda vive meu filho Iosef; eu irei e o verei antes que morra” (Gn 45:25-28). Ia´aqov quando recebe seus filhos de volta da viagem ao Egito recebe também a notícia acerca de Iosef! A Escritura declara que seu coração desmaiou ante aquilo que ouvira! A palavra “coração” em hebraico é leb e significa “coração, entendimento, mente”. Já a palavra “desmaiar” em hebraico é pag e significa “estar exausto, desfalecer”. O que significa isso? Significa que quando Ia´aqov recebeu a notícia seu entendimento, sua mente ficou totalmente confusa e perplexa ante os fatos apresentados! É como se seus pensamentos retornassem e repassassem os fatos passados exaustivamente até se cansar e perceber então que não poderia ser verdade tudo isso! Somente quando Ia´aqov ouve atentamente ao relato das palavras de Iosef e vê os carros, mantimentos, homens e tudo o que lhe fora enviado com o consentimento de Faraó ele então acredita! Isso lhe traz algo completamente novo e seu espírito revive! A palavra “reviver” em hebraico é hayâ e significa “viver, ter vida, permanecer vivo, sustentar a vida; viver prosperamente”. Já a palavra “espírito” é ruah e significa “vento, espírito”. Convém lembrar que esta é a mesma palavra usada para relatar o Espírito Santo. A notícia e os fatos sobre Iosef fizeram com que a vida fosse novamente inflada – ou soprada – sopre Ia´aqov, que sentiu como se ele estivesse recuperando algo perdido à muito e que agora ele teria oportunidade de ver e tocar e isso já estava lhe fazendo muito bem! Sua postura de levantar-se para ir imediatamente e ver seu filho demonstra o quanto Iosef era especial para Ia´aqov e o quanto ele ansiava por um milagre, que agora finalmente acontece!

Agora temos a viagem de Ia´aqov e toa sua família para o Egito. É neste instante que o Eterno novamente irá comunicar-se com Ia´aqov a fim de dizer-lhe o propósito de tudo isso acontecer. “E falou Elohim a Israel em visões de noite, e disse: Ia´aqov, Ia´aqov! E ele disse: Eis-me aqui. E disse: Eu sou El, o Elohim de teu pai; não temas descer ao Egito, porque eu te farei ali uma grande nação. E descerei contigo ao Egito, e certamente te farei tornar a subir, e Iosef porá a sua mão sobre os teus olhos. Então levantou-se Ia´aqov de Berseba; e os filhos de Israel levaram a seu pai Ia´aqov, e seus meninos, e as suas mulheres, nos carros que Faraó enviara para o levar” (Gn 46:2-5).

Quando o Eterno falou com Ia´aqov ele o fez desta vez em visões de noite. A palavra “falou” em hebraico é amar e significa “ordenar, dizer, falar”. Já a palavra que define o Eterno aqui é Elohim, o D-us Criador. A palavra “visões” em hebraico é mar´â e significa “visão”. Um dos significados desta palavra em sua raiz (dependendo do contexto) é de “visão profética”. Mas o que temos então aqui? O D-us Criador aparece a Ia´aqov e lhe ordena algo através e uma visão profética! Uma visão profética é algo que ainda não aconteceu, mas que mesmo assim é mostrado (ou dito) pelo Eterno aos seus servos a fim de mantê-los com sua fé e esperança firmes n´Ele!

O Eterno diz a Ia´aqov: “E disse: Eu sou Elohim, o Elohim de teu pai; não temas descer ao Egito, porque eu te farei ali uma grande nação”. Literalmente este verso diz: “…Me tornei El (D-us), o Elohim (D-us Criador) de teu pai…” O Eterno ainda lhe promete que ele se tornaria uma grande nação no Egito. A palavra “grande” em hebraico é gadol com o mesmo significado. Já a palavra “nação” é goy e significa “gentio, pagão, povo, nação”.  Isso nos mostra que o Eterno já apontava para o futuro ao mencionar este fato para Ia´aqov, assim como havia feito com Abraão e dizendo-lhe que sua descendência se transformaria numa grande nação – ou multidão de povos – como fora dito a Abraão! Mas, na história, quando isso aconteceu? Nunca! Se não entendermos o que o Eterno está dizendo aqui, jamais perceberemos o alcance esta palavra! Ele já nos fala aqui que seu povo Israel seria disperso por todo o mundo – não uma vez, mas duas vezes – e esse fato resultaria na “mescla” do povo de Israel, na perda de sua identidade e no seu maravilhoso crescimento. Isso tudo contribuiria para que Israel hoje se tornasse a maior nação do mundo, pois existem milhões de judeus – descendentes – que não conhecem sua própria identidade! E isso fez com que esta promessa fosse cumprida plenamente pelo Eterno, pois eles deveriam ir para o Egito para dali serem chamados a fim de se tornarem um povo único na terra para servirem ao Eterno!

Ia´aqov e sua família desceram ao Egito com tudo o que possuíam para ali se acomodarem e depois multiplicarem-se como um grande povo. Tudo começou com poucas pessoas que deram origem ao grande povo de D-us! “E os filhos de Iosef, que lhe nasceram no Egito, eram duas almas. Todas as almas da casa de Ia´aqov, que vieram ao Egito, eram setenta” (Gn 46:27).

Agora acontece o memorável encontro entre Ia´aqov e Iosef! “E Ia´aqov enviou Iehuda adiante de si a Iosef, para o encaminhar a Gósen; e chegaram à terra de Gósen. Então Iosef aprontou o seu carro, e subiu ao encontro de Israel, seu pai, a Gósen. E, apresentando-se-lhe, lançou-se ao seu pescoço, e chorou sobre o seu pescoço longo tempo. E Israel disse a Iosef: Morra eu agora, pois já tenho visto o teu rosto, que ainda vives. Depois disse Iosef a seus irmãos, e à casa de seu pai: Eu subirei e anunciarei a Faraó, e lhe direi: Meus irmãos e a casa de meu pai, que estavam na terra de Canaã, vieram a mim! E os homens são pastores de ovelhas, porque são homens de gado, e trouxeram consigo as suas ovelhas, e as suas vacas, e tudo o que têm. Quando, pois, acontecer que Faraó vos chamar, e disser: Qual é o vosso negócio? Então direis: Teus servos foram homens de gado desde a nossa mocidade até agora, tanto nós como os nossos pais; para que habiteis na terra de Gósen, porque todo o pastor de ovelhas é abominação aos egípcios” (Gn 46:28-34). Quando pai e filho encontram-se, após anos a fio de separação eles abraçam-se demoradamente e choram; choram a ausência dos anos separados, choram o sentimento de perda que tiveram quando se separaram, choram a dor da solidão e a sensação de vazio que agora é plenamente preenchida pela companhia um do outro. Após o demorado abraço de reencontro, Iosef explica a seu pai e a seus irmãos como devem apresentar-se e falarem com Faraó. Ele explica que aquilo que os israelitas faziam – pastorear ovelhas – é uma abominação aos olhos dos egípcios.

Versículo 46:29

“E aprontou Yossef seu carro, e subiu ao encontro de Israel, seu pai, em Goshen; e tendo-se-lhe apresentado, atirou-se sobre seu pescoço, e chorou…

Mas Yaacov não abraçou Yossef e não o beijou; nossos sábios contam que ele estava lendo o Shemá. (Comentário de Rashi)

Yaccov sabia que jamais em sua vida seu amor seria despertado como neste momento, o momento da reunião com seu filho mais amado após 22 anos de angústia e perda. Por isso, preferiu utilizar este tremendo manancial de emoção para servir a seu Criador, canalizando-a para alimentar seu amor por D’us. (Dito chassídico)

UM BEIJO CHASSÍDICO

Em 5652 (1892), Rabi Sholom Dovber de Lubavitch presenteou seu filho de doze anos, Yossef Yitschoc, com o manuscrito de um ma’amar (discurso de ensinamentos chassídicos) intitulado Ma Rabú Ma’asecha, dizendo: “Este é um beijo chassídico. Quando chegar a hora, explicarei.”

Quatro anos depois, ele contou ao filho o seguinte incidente. O ano era 5644 (1884). Certa noite, Rabi Sholom Dovber estava estudando com Rabi Yaacov Mordechai Bezfolov. A família de Rabi Sholom vivia em dois aposentos: um servia de dormitório, o outro como estúdio de Rabi Sholom Dovber. Neste aposento ficava também o berço de seu único filho, Yossef Yitschoc, de quatro anos.

O pequeno Yossef Yitschoc era uma criança extremamente bela, com traços delicados e um rostinho radiante. Rabi Yaacov Mordechai, embevecido pela beleza da criança adormecida, comentou que a radiosidade do semblante do bebê deveria refletir uma pureza de mente interior.

Rabi Sholom Dovber sentiu um estranho impulso de beijar o filho. Mas naquele mesmo instante pensou sobre o ouro e a prata que eram usados para embelezar o Templo Sagrado em Jerusalém, transformando substâncias materiais em algo sagrado e espiritual. Decidiu dirigir seus avassaladores sentimentos amorosos a um presente mais espiritual: daria a seu filho um ma’amar em vez de um beijo. Sentou-se e escreveu: ‘Ma Rabú Ma’asecha’.

Iosef vai então à presença de Faraó para anunciar-lhe a chegada de sua família. Interessante é que primeiro os irmãos de Iosef falam com Faraó, somente depois Ia´aqov se aproxima dele e conversa com o rei do Egito.

        Devemos entender que Iosef usou de estratégia quando instruiu seus irmãos para falarem com Faraó da forma como falaram, pois a cidade de Gósen ficava às margens do Nilo (no delta do rio) e numa região muito boa e fértil. A conversa entre eles foi assim: “Então veio Iosef e anunciou a Faraó, e disse: Meu pai e os meus irmãos e as suas ovelhas, e as suas vacas, com tudo o que têm, são vindos da terra de Canaã, e eis que estão na terra de Gósen. E tomou uma parte de seus irmãos, a saber, cinco homens, e os pôs diante de Faraó. Então disse Faraó a seus irmãos: Qual é o vosso negócio? E eles disseram a Faraó: Teus servos são pastores de ovelhas, tanto nós como nossos pais. Disseram mais a Faraó: Viemos para peregrinar nesta terra; porque não há pasto para as ovelhas de teus servos, porquanto a fome é grave na terra de Canaã; agora, pois, rogamos-te que teus servos habitem na terra de Gósen” (Gn 47.1-4). A palavra dos irmãos de Iosef a Faraó é muito simples, porém muito forte para dizerem o que estavam passando em Canaã, quando dizem não haver pasto na terra, pois a fome ali é grande. A palavra “pasto” em hebraico é mir´eh e significa “pastagem, pasto”. Já a palavra “fome” em hebraico é ra´ab e significa “fome”. O interessante é que estas duas palavras provém da mesma raiz! Isto significa que quando não há pasto, sobrevém a fome! É preciso sempre levar as ovelhas para os lugares onde há pasto e conseqüentemente comida em abundância para que elas não sintam fome e então procurem algo para comer e saciar sua fome – ainda que aquilo que achem não seja bom para elas, certamente o comerão, pois estão procurando sem o pastor! A palavra “ovelhas” em hebraico é tso´n e significa “rebanho de gado miúdo, ovelhas”. Certamente que no rebanho dos israelitas não havia somente ovelhas, mas também bodes e cabras, o que demonstra que eles possuíam somente animais pequenos e de fácil transporte, pois não estavam estabelecidos na terra definitivamente e precisavam mover-se constantemente, por isso ainda não criavam animais de porte maior como o boi e a vaca.

Agora temos o encontro de Ia´aqov com Faraó. Este encontro nos traz uma particularidade excepcional! “E trouxe Iosef a Ia´aqov, seu pai, e o apresentou a Faraó; e Ia´aqov abençoou a Faraó. E Faraó disse a Ia´aqov: Quantos são os dias dos anos da tua vida? E Ia´aqov disse a Faraó: Os dias dos anos das minhas peregrinações são cento e trinta anos, poucos e maus foram os dias dos anos da minha vida, e não chegaram aos dias dos anos da vida de meus pais nos dias das suas peregrinações. E Ia´aqov abençoou a Faraó, e saiu da sua presença” (Gn 47:7-10). Ia´aqov em seu encontro com Faraó, além de conversar com ele, Ia´aqov por duas vezes abençoa a Faraó! A palavra “abençoar” usada aqui em hebraico é barak que significa “dar poder a alguém para ser próspero, bem sucedido e fecundo”! Mas, precisaria Faraó ser abençoado por Ia´aqov? Quem era o maior entre eles naquela ocasião? Faraó era o senhor absoluto de todo o Egito e de grande parte do mundo conhecido de então, e isso nos pareceria um grande sinal de prosperidade, sucesso e fecundidade! Ledo engano! Isso era somente a visão exterior das conquistas de Faraó através de Iosef! Naquele instante certamente Ia´aqov ao abençoar a Faraó ministrava-lhe a prosperidade, o sucesso e a fecundidade espirituais, coisas que tem início no espírito, dando-nos um novo nível de relacionamento com o Eterno, e isso causará um impacto imenso na alma humana que será restaurada pela palavra viva do Senhor o que finalmente resultará na cura física das enfermidades! Isso sim é ser abençoado! Ali o maior era Ia´aqov que, por duas vezes, ministra sobre Faraó a bênção do Eterno, confirmando aquilo que está escrito: “Ora, sem contradição alguma, o menor é abençoado pelo maior” (Hb 7:7). Faraó não conhecia ao D-us Eterno e não poderia sequer transmitir qualquer tipo de palavra que causasse impacto positivo na vida de Ia´aqov. Já o contrário não era verdade, pois quando Ia´aqov liberou estas palavras abençoando a Faraó, no mundo espiritual certamente algo aconteceu!

Ia´aqov e seus filhos habitaram em Gosém, onde receberam um local para viverem. “E Iosef fez habitar a seu pai e seus irmãos e deu-lhes possessão na terra do Egito, no melhor da terra, na terra de Ramessés, como Faraó ordenara” (Gn 47:11). Aqui há algo interessante. Quando está dito que Iosef deu-lhes possessão na terá do Egito, a palavra “possessão” em hebraico é ahuzzâ e significa “possessão, propriedade”. Esta palavra vem da raiz ´ahaz que significa agarrar, pegar, apoderar-se. Isso nos mostra que quando somos obedientes ao Eterno, Ele mesmo se encarrega de dar-nos o melhor do Egito como possessão! Aquilo que pertencia ao incrédulo é transferido para seu povo como sua propriedade, da qual ele se apossa, pega, agarra, mas não com sua própria força ou por seu próprio esforço, mas sim como um presente do Eterno para seus filhos obedientes!

O melhor disso é o que vem a seguir: “E Iosef sustentou de pão a seu pai, seus irmãos e toda a casa de seu pai, segundo as suas famílias” (Gn 47:12). Iosef – que é um tipo de Ieshua – sustenta toda a sua família com pão diariamente, nada deixando-lhes faltar! Certamente, ainda que estejamos no Egito, nosso querido Ieshua jamais deixará faltar-nos o pão década dia e nos alimentará com aquilo que há de melhor na terra!

Agora vejamos imediatamente o resultado da bênção de Ia´aqov sobre Faraó e os seus. “E não havia pão em toda a terra, porque a fome era muito grave; de modo que a terra do Egito e a terra de Canaã desfaleciam por causa da fome. Então Iosef recolheu todo o dinheiro que se achou na terra do Egito, e na terra de Canaã, pelo trigo que compravam; e Iosef trouxe o dinheiro à casa de Faraó. Acabando-se, pois, o dinheiro da terra do Egito, e da terra de Canaã, vieram todos os egípcios a Iosef, dizendo: Dá-nos pão; por que morreremos em tua presença? porquanto o dinheiro nos falta. E Iosef disse: Dai o vosso gado, e eu vo-lo darei por vosso gado, se falta o dinheiro. Então trouxeram o seu gado a Iosef; e Iosef deu-lhes pão em troca de cavalos, e das ovelhas, e das vacas e dos jumentos; e os sustentou de pão aquele ano por todo o seu gado. E acabado aquele ano, vieram a ele no segundo ano e disseram-lhe: Não ocultaremos ao meu senhor que o dinheiro acabou; e meu senhor possui os animais, e nenhuma outra coisa nos ficou diante de meu senhor, senão o nosso corpo e a nossa terra; por que morreremos diante dos teus olhos, tanto nós como a nossa terra? Compra-nos a nós e a nossa terra por pão, e nós e a nossa terra seremos servos de Faraó; e dá-nos semente, para que vivamos, e não morramos, e a terra não se desole. Assim Iosef comprou toda a terra do Egito para Faraó, porque os egípcios venderam cada um o seu campo, porquanto a fome prevaleceu sobre eles; e a terra ficou sendo de Faraó. E, quanto ao povo, fê-lo passar às cidades, desde uma extremidade da terra do Egito até a outra extremidade. Somente a terra dos sacerdotes não a comprou, porquanto os sacerdotes tinham porção de Faraó, e eles comiam a sua porção que Faraó lhes tinha dado; por isso não venderam a sua terra. Então disse Iosef ao povo: Eis que hoje tenho comprado a vós e a vossa terra para Faraó; eis aí tendes semente para vós, para que semeeis a terra. Há de ser, porém, que das colheitas dareis o quinto a Faraó, e as quatro partes serão vossas, para semente do campo, e para o vosso mantimento, e dos que estão nas vossas casas, e para que comam vossos filhos. E disseram: A vida nos tens dado; achemos graça aos olhos de meu senhor, e seremos servos de Faraó. Iosef, pois, estabeleceu isto por estatuto, até ao dia de hoje, sobre a terra do Egito, que Faraó tirasse o quinto; só a terra dos sacerdotes não ficou sendo de Faraó” (Gn 47:13-26).

Neste relato percebemos que através de Iosef, Faraó torna-se dono de todo o Egito e de muitas posses em outros lugares, pois as pessoas trocavam suas posses por comida e chegaram até mesmo a trocarem sua liberdade por sua vida! Já os filhos de Ia´aqov tinham o melhor do Egito à sua disposição! Certamente eles deveriam contemplar esta situação e lembrar-se do bem que o Eterno lhes fizera através de Iosef!

Alguns pensam que o Egito para nada serviu na vida dos israelenses! Engano! A aventura deles termina com o seguinte relato: “Assim habitou Israel na terra do Egito, na terra de Gósen, e nela tomaram possessão, e frutificaram, e multiplicaram-se muito” (Gn 47:27). Duas coisas devem ser observadas aqui: o Eterno se utilizou do Egito para fazer com que os filhos de Israel pudessem frutificar e multiplicar. A palavra “frutificar” em hebraico é parâ e significa “frutificar, ser fecundo, ser frutífero, ramificar”. Este conceito é muito interessante pois é no Egito que o Eterno manifestou nos israelitas o fato de serem pessoas fecundas, frutíferas e que lançassem seus ramos por todos os lados, como uma árvore que cresce livremente entre outras! Também foi dito que eles se multiplicaram e esta palavra em hebraico é rabâ e significa “ser numeroso, tornar-se numeroso”. Nós sabemos pela história que os israelitas desceram para o Egito com setenta pessoas e saíram de lá com aproximadamente dois milhões e meio de pessoas! Isso certamente demonstra que a palavra do Eterno cumpriu-se na vida daquelas pessoas de tal forma que transformaram-se numa multidão. A palavra dita pelo eterno aos seus servos agora começa a cumprir-se e o povo de Israel – tão pequenino e desprezado – começa a tornar-se uma potência e a ser respeitado e temido por todos!

Que o Eterno faça cumprir em nossas vidas sua Palavra!

Mário Moreno.