Mário Moreno/ novembro 30, 2017/ Artigos

Pérolas do Rebe

Trechos extraídos do livro “Trazendo o Céu para a Terra – 365 Meditações dos Ensinamentos do Rebe, Por Tzvi Freeman Pela Editora Colel, 2000

A finalidade de toda a Criação é declarada quase que imediatamente na hora do Gênesis: E D’us disse: “Que haja Luz!” O propósito da Criação é que todo o mundo – até a escuridão – se transforme em luz. Lutar contra o mal é uma atividade muito nobre quando necessária. Porém não é nossa missão na vida. Nosso trabalho é trazer mais luz.

O Baal Shem Tov ensinava que em tudo que uma pessoa vê ou ouve neste mundo, deve encontrar um ensinamento sobre como o Homem deve servir a D’us. Na verdade, este é todo o significado do serviço a D’us.

Em 1976, em meio a múltiplos litígios, o recluso e excêntrico multimilionário Howard Hughes faleceu. O Rebe falou sobre ele: Ele sentia não poder confiar em ninguém, pois estavam todos atrás do seu dinheiro. Durante os últimos vinte anos de sua vida, tudo que ele fazia era se esconder do mundo, sem um amigo, e sem qualquer tipo de divertimento na vida. Era um homem que tinha tudo, e tudo que ele possuía serviu somente para deixá-lo trancado. Ele era igual a qualquer um de nós. Temos as chaves da nossa liberdade, mas as usamos para nos trancar.

Quando as coisas não dão certo, confie em D’us e fique calmo. Mesmo que tenha sido tudo por sua culpa e você mereça o que está recebendo, confie em D’us que tudo é para o bem, e permaneça calmo. Quando Ele sabe o quanto você confia Nele, encaminha tudo para o bem.

Confiar no Único Acima não significa esperar por milagres. Significa ter confiança naquilo que você está fazendo agora mesmo – porque você sabe que Ele o colocou no caminho certo e tudo que você fizer estará repleto com energia Divina e bênçãos do Alto.

Muitas pessoas que escreveram ao Rebe falando sobre seu desespero receberam uma resposta semelhante a esta:

O desespero é totalmente oposto a tudo aquilo em que acreditamos – em outras palavras, uma negação da realidade. É negar que existe um D’us que dirige toda a Sua criação e observa cada indivíduo, e assiste cada um naquilo que deve realizar.

Você pergunta: “Como posso ser feliz?” Certo, você não pode controlar a maneira como se sente, mas tem controle sobre o seu pensamento, fala e ação conscientes. Faça algo simples: Cultive bons pensamentos, fale coisas boas, e comporte-se como uma pessoa alegre – mesmo que por dentro não se sinta totalmente assim. Com o tempo, o júbilo interior da alma vai se manifestar.

Você deve ter sempre coisas boas para pensar. Uma mente vazia é um vácuo esperando pensamentos destrutivos.

Onde seus pensamentos estão – é onde você está, você por inteiro. Tente estar sempre em locais bons.

O estado natural do Homem, a maneira em que D’us o criou, é ser feliz. Observe uma criança e você verá.

O intelecto e o entusiasmo são dois mundos: o intelecto, um mundo frio e sereno, e o entusiasmo, um mundo efervescente e impetuoso (impulsivo). Esta é a avodá do homem: integrá-los para que sejam um. Nesse momento a impetuosidade se converte em aspiração, e o intelecto torna-se um guia para uma vida de avodá (serviço a D’us) e ação prática.

Apenas com suspiros não seremos salvos. O suspiro é apenas a chave para abrir o coração e os olhos para não ficarmos de braços cruzados, mas para planejar um trabalho e atividade sistemáticos. Cada pessoa deve atuar e fazer campanha para fortalecer e divulgar a Torah e o cumprimento das mitsvot. Há quem consiga fazer isso através da sua escrita; outros, através de sua oratória, e outros com o seu dinheiro.

O Rebe Rashab proclamou em um farbrenguen: Assim como colocar tefilin todo dia é uma mitsvá, uma obrigação que nos foi ordenada pela Torah e aplica-se a todos os judeus, independentemente de seu nível de Torah – seja ele um grande erudito ou um homem simples – da mesma forma é uma obrigação e dever absoluto de cada pessoa pensar meia hora por dia, todos os dias, sobre a educação de Torah dos filhos e fazer tudo o que estiver ao seu alcance – e também além de suas possibilidades – para inspirar e fazer com que as crianças sigam no caminho em que estão sendo guiadas.

O Alter Rebe disse: As coisas físicas e materiais de um judeu são espirituais. D’us nos dá o material para que façamos dele algo espiritual. Às vezes não é bem assim, mas devemos dar a D’us aquilo que nos for possível, mesmo que seja somente uma “oferenda de pobre”, e então Ele nos restitui com abundância.

A ordem do dia começa com Modé Aní (“Agradeço perante Ti, Rei vivo e existente, que devolveste em mim minha alma com piedade; grande é nossa fé em Ti”). Isto é pronunciado antes da lavagem (ritual) das mãos, mesmo que as mãos ainda estejam impuras, pois todas as impurezas do mundo não conseguem impurificar o Modé Aní de um judeu. Ele pode estar incompleto nisso ou naquilo, mas o Modé Aní [ou seja, gratidão e reconhecimento a D’us] permanece intacto.

Consta: “Conheça o D’us de teu pai, e sirva-O com coração íntegro [= de todo coração]”. Tudo o que se conhece [em termos de Torah, inclusive] nos conceitos mais profundos deve expressar-se na avodá, ou seja, deve causar um refinamento e melhoria nos traços de caráter e produzir uma conexão interior [com D’us] – e isto é o que se chama de “avodá”, em termos de Chassidut.

Resposta do Tsemach Tsedec ao seu filho caçula, o futuro Rebe Maharash, quando este tinha sete anos: “A bondade Divina e a vantagem que D’us conferiu ao homem ao fazê- lo ereto, de forma que possa andar erguido [e não ‘de quatro’], está justamente no fato de que, apesar de estar andando sobre a terra, mesmo assim ele vê os Céus [a Divindade]. O mesmo não ocorre com o quadrúpede, que não enxerga nada além da terra [a materialidade]”.

Existem dois tipos de decretos: a) decretos que criam a vida, e b) decretos que são criados pela vida. As leis humanas são criadas pela vida, e por isso diferem de um país para outro, de acordo com circunstâncias particulares. A Torah do Todo-Poderoso é a lei Divina que cria a vida. A Torah de D’us é a Torah da verdade, por isso a Torah é a mesma em todos os lugares e em todas as épocas. A Torah é eterna.

Em relação às cavanot (intenções místicas e cabalísticas) que devemos ter em mente durante a recitação da tefilá (oração), há um princípio: Quem não está intelectualmente capacitado a fazer as cavanot – seja por falta de conhecimento ou por não conseguir recordar as cavanot específicas de cada oração – basta ter em mente uma cavaná global: que sua oração seja ouvida por D’us com todas as intenções descritas nos livros de Cabalá. Está escrito: “O presente do homem faz lugar para ele e o conduz diante dos grandes”. Existem pessoas célebres por sua sabedoria ou por sua riqueza, porém “o presente do homem”, quando alguém entrega o seu “homem”, quando se dedica integralmente a algum empreendimento para fortalecer a religião, não somente “faz lugar para ele” [isto libera-o de suas restrições e limites], como também “o conduz diante dos grandes” [sua posição será superior aos grandes].

A bênção precisa se apegar em algo, necessita de um recipiente, assim como a chuva, que só traz benefício quando cai sobre o campo arado e semeado, e beneficia as colheitas do campo ou do vinhedo. Porém, um campo árido, não arado e não semeado, não terá benefício nenhum, nem das chuvas brandas, nem das chuvas fortes.

O Rebe Rashab disse: “É muito fina a divisória que separa a frieza da heresia. Está escrito: ’Pois o Eterno, teu D’us, é um fogo que consome…’. A Divindade é uma labareda de fogo. O estudo da Torah e a tefilá (oração) precisam ser feitos com todo o fervor do coração, de modo que ‘todos meus ossos dirão’ as palavras de D’us em Torah e na oração.”

Todo judeu precisa saber que ele é um emissário de D’us, que é o “Senhor de tudo”, e que – onde quer que ele se encontre – ele foi encarregado de realizar a vontade e propósito para o qual D’us criou o mundo, isto é, sua missão é iluminar o mundo com a luz da Torah e da avodá. Isto se faz através da prática das mitsvot e implantando dentro de si mesmo boas virtudes.

Quando Mashiach chegar é que nós perceberemos a grandeza da hodaá (reconhecimento ou fé) e da temimut (sinceridade), que todos acreditam com uma fé pura em D’us, em Sua Torah e mitsvot. A compreensão humana, mesmo a de nível mais elevado, é limitada. Porém, hodaá, fé, é um sentimento sem limites. O Rei Mashiach irá explicar a grandeza de temimut – a avodá (serviço) sincera que flui do coração.

O “Shpoler Zeide” [“avô de Shpole”] era um homem de muito fervor, muito mais que os demais alunos do Maguid. Quando visitou o Alter Rebe em Liadi, no ano de 5569 ou 5570 [1809 ou 1810], contou que, quando tinha três anos de idade, viu o Baal Shem Tov: “Ele colocou sua santa mão sobre meu coração, e desde então eu sinto este calor”. Um gesto de um tsadic, e mais ainda vê-lo e ouvir sua voz, deve repercutir de tal modo que jamais seja esquecido.

O Tsemach Tsedec (3° Rebe) disse ao Reb Hendel, numa audiência particular: O Zohar eleva a alma, o Midrash desperta o coração, e Tehilim com lágrimas “lava o recipiente”.

O Rebe Rashab (5° Rebe) proclamou em um farbrenguen: Assim como colocar tefilin todo dia é uma mitsvá, uma obrigação que nos foi ordenada pela Torah e aplica-se a todos os judeus, independentemente de seu nível de Torah – seja ele um grande erudito ou um ho- mem simples – da mesma forma é uma obrigação e dever absoluto de cada pessoa pensar meia hora por dia, todos os dias, sobre a educação de Torah dos filhos e fazer tudo o que estiver ao seu alcance – e também além de suas possibilidades – para inspirar e fazer com que as crianças sigam no caminho em que estão sendo guiadas.

Todo judeu precisa saber que ele é um emissário de D’us, que é o “Senhor de tudo”, e que – onde quer que ele se encontre – ele foi encarregado de realizar a vontade e propósito para o qual D’us criou o mundo, isto é, sua missão é iluminar o mundo com a luz da Torah e da avodá. Isto se faz através da prática das mitsvot e implantando dentro de si mesmo boas virtudes.

Fonte: http://www.pt.chabad.org/library/article_cdo/aid/2252658/jewish/Prolas-do-Rebe.htm.