Mário Moreno/ maio 30, 2019/ Artigos

Propriedade e oração

Estejam pois atentos os teus ouvidos, e os teus olhos abertos, para ouvires a oração do teu servo, que eu hoje faço perante ti, de dia e de noite, pelos filhos de Israel, teus servos: e faço confissão pelos pecados dos filhos de Israel, que pecamos contra ti; também eu e a casa de meu pai pecamos” Ne 1.6.

Pedidos de compreensão, arrependimento, perdão, redenção, saúde e prosperidade compõem os pedidos pessoais de Shemoneh Esrei (esta é a oração que todo judeu faz diariamente composta de 18 bênçãos). Embora reconheçamos em um nível intelectual que cada um desses pedidos é crítico para o nosso bem-estar em qualquer momento, ainda temos dificuldade em parar nossas mentes de vagar durante a oração. No mundo acelerado de hoje, quando temos muito em mente, como podemos nos concentrar nesses pedidos dia após dia?

Quem quiser orar com concentração deve trabalhar no tratamento da propriedade de seu amigo com tanto cuidado quanto a sua” (Kaf HaChaim 98, 3 citando Sefer HaMiddos 2,10). À primeira vista, esse conselho pode parecer um pouco irrelevante. Qual é a conexão entre minha oração e os pertences de outra pessoa?

Na verdade, este comentário revela uma profunda percepção da natureza da oração e da condição humana. Como mencionado na seção anterior, um dos maiores desafios de estar diante de Hashem na oração é desviar nossa atenção de nós mesmos e de nossos cuidados mundanos e nos concentrar unicamente em nossa conversa com Hashem. Assim que abrimos nossas bocas, pensamentos estranhos começam a surgir em nossas mentes e devemos fazer uma batalha constante para mantê-los afastados. Por isso precisamos ter um cuidado especial para manter o “foco” da oração em um lugar e um tempo dedicados a isso.

A característica essencial de alguém que é extremamente cuidadoso com a propriedade de outra pessoa é que ele sabe como colocar alguém diferente de si mesmo primeiro. Ele dominou o autocontrole para pôr seus próprios pensamentos e desejos de lado por um período. Quando tal indivíduo chega a dizer Shemoneh Esrei, ele está pronto para se humilhar mais uma vez e concentrar-se puramente em sua conversa com Hashem. Sha´ul chama a isso de “domínio próprio – temperança”: “Mas o fruto do espírito é: amor, gozo, paz, longanimidade, benignidade, bondade, fé, mansidão, temperança” Gl 5.22. Esta característica nos faz buscar a Ieshua em oração de uma forma diferenciada, mantendo em mente aquilo que precisamos pedir-lhe durante a oração.

Nós nos voltamos para Hashem com nossas necessidades pessoais, a fim de forjar um relacionamento com ele. Uma vez que a conexão é feita, podemos ter certeza de que Ele cuidará das nossas necessidades.

A nossa oração desencadeou um relacionamento de duas vias, ou seja, falaremos com o Senhor e também estaremos prontos para ouví-lo. A questão é que em meio à pressão social em que vivemos estamos sempre com muita “pressa” e por vezes não temos “tempo” para ouvirmos aquilo que o Espírito o Santo tem a nos dizer enquanto oramos.

Por isso o foco é muito importante e também a paciência para nos dedicarmos a buscar ao Senhor num local apropriado e com tempo suficiente para falarmos e ouvirmos as respostas dos céus.

Lembre-se: oração é relacionamento essencial entre o homem e o Criador. Nós precisamos nos comunicar com os céus a fim de podermos ter nossa mente capacitada para entender as Escrituras e vivermos a “vontade de D-us”.

Que assim seja e que possamos dedicar mais tempo a conversar com o Senhor a cada dia de nossas vidas…

Baruch ha Shem!

Tradução e adaptação: Mário Moreno