Mário Moreno/ janeiro 8, 2018/ Artigos

SHOFAR

Nas Escrituras a palavra “shofar” (originalmente, “chifre de carneiro”) foi traduzida por “trombeta”.

Na Brit Hadashá seu uso é semelhante aquele que é feito na Tanach. Por isso devemos estar atentos às suas aplicações, pois seu uso entre os judeus e pelos apóstolos (que eram judeus) está sempre apontando para realidades judaicas que ocorreriam em Israel e no mundo!

Para que tocar shofar?

Ieshua quando está falando à multidão na Galiléia traz uma séria advertência contra todo e qualquer tipo de “ostentação” pública que tem uma aplicação muito interessante: “Quando, pois, deres esmola, não faças tocar trombeta diante de ti, como fazem os hipócritas nas sinagogas e nas ruas, para serem glorificados pelos homens. Em verdade vos digo que já receberam o seu galardão” (Mt 6:2). Nós nos recordamos que o toque do shofar anunciava ocasiões que tinham uma grande importância para o povo de Israel. Elas eram as seguintes:

  • A coroação de um rei
  • O início de uma festividade
  • Uma convocação para a batalha
  • Uma advertência contra a invasão inimiga.

Quando Ieshua fala sobre “tocar trombeta (shofar) diante de si” ele nos está alertando para o fato de que muitos de nós temos nos colocado em uma posição de tamanha importância que queremos atrair para nós mesmos as atenções quando fazemos algo “para o Eterno”. No caso das esmolas isso é ainda mais sério, pois é notório que nós, quando ajudamos a alguém o fazemos porque sentimos misericórdia da pessoa a quem estamos ajudando e também estamos cumprindo um mandamento que nos ensina a agirmos desta forma! Está escrito em Provérbios: “O que escarnece do pobre insulta ao seu Criador, o que se alegra da calamidade não ficará impune” (Pv17:5) e “O que oprime o pobre insulta àquele que o criou, mas o que se compadece do necessitado o honra” (Pv 14:31). Isso nada mais é do que nossa obrigação, pois se queremos realmente servir ao Eterno devemos obedecê-lo em todos os aspectos de sua Palavra! O que Ieshua fez foi somente corrigir uma postura arrogante e ao mesmo tempo ensinou-nos que essa atitude de ajudar ao nosso próximo não precisa nem deve ser “anunciada” aos que estão ao nosso redor! Seria algo imoral (como acontecia na época de Ieshua) usar o infortúnio de um irmão para o proveito e glória próprios! E isso está muito claro quando Ieshua declara que “Mas, quando tu deres esmola, não saiba a tua mão esquerda o que faz a tua direita; para que a tua esmola seja dada em secreto; e teu Pai, que vê em secreto, ele mesmo te recompensará publicamente” (Mt 6:3-4).

Está claro que o que é feito com um coração puro e com uma postura de humildade terá certamente uma recompensa dada pelo Eterno. Mas também sabemos que o que era e é feito de forma arrogante e com um coração que procura para si mesmo a glória humana já recebeu o que lhe era devido e não receberá paga alguma do Eterno! Mas terá sim sua “recompensa” com os elogios e o reconhecimento humano!

Sabemos o que estamos fazendo?

É interessante notarmos que a Escritura nos exorta a termos habilidades no uso da Palavra, principalmente quando estamos sendo usados pelo Eterno no Corpo, nossa responsabilidade aumenta. No exercício dos dons, nós necessitamos saber como e o porque o Eterno está nos usando! A palavra de Paulo nos diz: “Porque, se a trombeta der sonido incerto, quem se preparará para a batalha?” (I Co 14:8). Quando ele fala sobre a trombeta – shofar – dar um sonido incerto presumem-se algumas coisas:

Quem tocava o shofar sabia executar os diferentes toques com suas diferentes aplicações;

Quem estava ouvindo sabia distinguir os diferentes toques do shofar;

Havia um preparo anterior, tanto para o que tocava quanto para o que ouvia o toque;

O toque somente era dado em ocasiões especiais;

Quando o povo ouvia o toque do shofar eles certamente paravam toda e qualquer atividade a fim de ouvirem e discernirem o toque do shofar!

Isso nos mostra que quando nos utilizamos de qualquer dom espiritual precisamos saber o que estamos fazendo! Não é possível apenas termos um dom sem que nós o utilizemos de forma a trazer proveito e glória ao reino do Eterno aqui na terra! Não devemos – e não podemos – apenas ter um dom espiritual porque os outros o tem! É necessária a consciência e o treinamento correto a fim de que possuamos os melhores dons (I Co 14.1) e nos utilizemos deles de forma lícita – para a edificação do Corpo do Ungido e também para a glória do D-us eterno – e isso com a consciência de que somos somente instrumentos que trazem à terra uma realidade eterna! Toda a honra, glória, louvor, ações de graças e adoração devem ser dirigidas à quem de direito: Ieshua o Ungido!

O shofar e o fim dos tempos

Num dos usos da trombeta (shofar) – o anúncio do início de uma festividade – está nossa grande esperança! Num dia num futuro não muito distante, ouviremos o toque do shofar que nos anunciará o maior evento da era moderna: a volta de Ieshua para buscar sua Noiva! Tudo começará assim: “Porque o Senhor mesmo descerá do céu com grande brado, à voz do arcanjo, ao som da trombeta de D-us, e os que morreram no Messias ressuscitarão primeiro” (I Ts 4:16). Este será o início deste grande evento. Quando os salvos ouvirem o som do shofar, ocorrerá algo de grandioso na terra: os mortos em Ieshua ouvirão este som e ressuscitarão para receberem o galardão que lhes será dado por este mesmo Ieshua que os chama à consumação da vida eterna! Após isso acontecer vem o próximo passo: “Num momento, num abrir e fechar de olhos, ante a última trombeta; porque a trombeta soará, e os mortos ressuscitarão incorruptíveis, e nós seremos transformados” (I Co 15:52).

Percebemos que estes serão dois eventos simultâneos: enquanto os mortos em Ieshua são ressuscitados, nós os vivos teremos nossos corpos mortais totalmente transformados, para que se cumpra o que disse Paulo: “Porque convém que isto que é corruptível se revista da incorruptibilidade, e que isto que é mortal se revista da imortalidade. E, quando isto que é corruptível se revestir da incorruptibilidade, e isto que é mortal se revestir da imortalidade, então cumprir-se-á a palavra que está escrita: Tragada foi a morte na vitória. Onde está, ó morte, o teu aguilhão? Onde está, ó inferno, a tua vitória?” (I Co 15:53-55). Neste exato momento, além de cumprir-se plenamente esta escritura estaremos também sendo “coletados” pelos anjos que nos levarão para o encontro com Ieshua nos ares: “E ele enviará os seus anjos com grande clangor de trombeta, os quais lhe ajuntarão os escolhidos desde os quatro ventos, de uma à outra extremidade dos céus” (Mt 24:31). Este grande evento é por nós conhecido como “arrebatamento”. Neste momento estaremos sendo levados para participarmos da maior festa que já foi vista em toda a história da humanidade: as bodas do Cordeiro!

Este será um evento que durará sete anos! Logo que acontecer o arrebatamento, estaremos nos encontrando com Ieshua nos ares. Creio que neste momento ouviremos as seguintes palavras: “Sejam bem-vindos, meus filhos! Nós os aguardávamos com muita ansiedade este grande momento de nos reunirmos novamente!” Então nós o veremos face a face como Ele é! Nada mais estará se interpondo entre nós e Ieshua e finalmente nossa comunhão será plena!

Oh! Como esperamos ansiosos por este dia! Ali na eternidade seremos levados à uma grande sala onde poderemos então participar do grande banquete juntamente com o Senhor D-us e Ieshua! Certamente ouviremos doces e maravilhosas palavras que provavelmente serão ditas assim: “Pai, nenhum deles se perdeu! Todos aqueles que tu me deste aqui estão para compartilharem conosco da nossa grande vitória!” Creio que então Ieshua tomará o cálice de vinho que estará à sua frente e proporá um brinde dizendo: “Amados, brindemos então neste momento dizendo: Le chaim! (À Vida!). E todos nós certamente repetiremos: Le chaim! (À Vida!). Então Ieshua provavelmente nos dirá: “Esperei muito por este momento! Em todo o tempo em que vocês estiveram na terra aguardei e confiei à vocês a tarefa de concluírem aquilo que eu iniciei! Sei que não foi fácil, mas vocês finalmente conseguiram! Graças ao auxílio de Ruach Há Qodesh (Espírito O Santo) vocês levaram adiante a obra que vos preparei e agora tudo finalmente terminou! Agora, brindemos e nos alegremos, pois muito em breve o inimigo de nossas almas será finalmente julgado e receberá a sua merecida punição!”

Eu tenho certeza de que nenhum de nós deixará de olhar para Ele e alegrar-se! Muitos chorarão de profunda alegria em sua presença!

Enquanto isso, já no Apocalipse…

O livro de Apocalipse é tido como o mais complexo e de difícil interpretação de toda a Escritura. Notemos que o Apocalipse nos fala de coisas que ainda virão! A própria palavra Apocalipse significa “tirar o véu”. Este fato nos diz que é necessário que o véu seja retirado de nossos olhos a fim de interpretarmos este livro.

O apocalipse começa com João sendo “arrebatado” até o céu, onde lhe são mostradas as coisas que aconteceriam! Está escrito assim:

Eu fui arrebatado no Espírito no dia do Senhor, e ouvi detrás de mim uma grande voz, como de trombeta” (Ap 1:10). Após ter-lhe sido dado o privilégio de ouvir a voz do Eterno como um som de shofar, então João teve um arrebatamento de sentidos num shabat (o dia do Senhor) e neste arrebatamento lhe é dito que escreva as mensagens às sete igrejas da Ásia. Ele então vira-se para ver quem fala com ele e tem uma surpresa: ele vê Aquele homem com quem ele e os outros discípulos andaram durante três anos, só que agora, não num corpo mortal e frágil, mas sim num corpo glorificado e cercado da glória do Altíssimo! Sua descrição é assim nos dada por João: “E virei-me para ver quem falava comigo. E, virando-me, vi sete castiçais de ouro; e no meio dos sete castiçais um semelhante ao Filho do homem, vestido até aos pés de uma roupa comprida, e cingido pelos peitos com um cinto de ouro. E a sua cabeça e cabelos eram brancos como lã branca, como a neve, e os seus olhos como chama de fogo; e os seus pés, semelhantes a latão reluzente, como se tivessem sido refinados numa fornalha, e a sua voz como a voz de muitas águas. E ele tinha na sua destra sete estrelas; e da sua boca saía uma aguda espada de dois fios; e o seu rosto era como o sol, quando na sua força resplandece” (Ap 1:12-16).

Após João ter recebido as instruções quanto às sete igrejas da Ásia, então ele é levado ao céu para continuar a receber a revelação dos últimos dias do Senhor: “Depois destas coisas, olhei, e eis que estava uma porta aberta no céu, e a primeira voz que ouvira, voz como de trombeta, falando comigo, disse: Sobe aqui, e mostrar-te-ei as coisas que depois destas devem acontecer” (Ap 4:1). João ouve uma voz como de shofar eu falava com ele e dizia-lhe para subir até onde este personagem estava. Certamente quando ouviu esta voz “como de shofar” ele deve ter logo pensado que algo estava para acontecer, pois sempre que o shofar é tocado algo acontece!

Certamente na mente de João haviam muitas perguntas, pois ele sabia que aquilo que lhe estava sendo mostrado faria muita diferença num futuro distante! Os seus irmãos precisavam receber esta palavra que lhes apontaria os juízos do Eterno sobre aqueles que não quiseram receber ao Senhor Ieshua em suas vidas.

Após muitas coisas acontecerem no Apocalipse, João vê algo impressionante: “E vi os sete anjos, que estavam diante de D-us, e foram-lhes dadas sete trombetas” (Ap 8:2). Ele contempla estes sete anjos com sete “shofarim” prontos para anunciarem coisas que acontecerão trazendo juízo sobre a terra! A cada toque do shofar algo terrível acontecerá na terra! Vejamos o resultado do toque de cada trombeta:

1ª – “E o primeiro anjo tocou a sua trombeta, e houve saraiva e fogo misturado com sangue, e foram lançados na terra, que foi queimada na sua terça parte; queimou-se a terça parte das árvores, e toda a erva verde foi queimada” (Ap 8:7). Aqui o toque do shofar traz sobre a terra uma saraiva de fogo misturado com sangue (que chove do céu), queimando árvores e toda a erva verde da terra! Este toque foi contra a vegetação da terra!

2ª – “E o segundo anjo tocou a trombeta; e foi lançada no mar uma coisa como um grande monte ardendo em fogo, e tornou-se em sangue a terça parte do mar; e morreu a terça parte das criaturas que tinham vida no mar; e perdeu-se a terça parte das naus” (Ap 8:8-9). Aqui o toque do shofar traz algo como um meteoro que destrói e mata a terça parte dos habitantes do mar assim como os navios que nele transitam! Este toque é contra o mar e aqueles que dele se utilizam!

3ª – “E o terceiro anjo tocou a sua trombeta, e caiu do céu uma grande estrela ardendo como uma tocha, e caiu sobre a terça parte dos rios, e sobre as fontes das águas. E o nome da estrela era Absinto, e a terça parte das águas tornou-se em absinto, e muitos homens morreram das águas, porque se tornaram amargas” (Ap 8:10-11). Aqui o toque do shofar é contra as fontes de águas da terra! A água, que é essencial para a manutenção da vida na terra agora se torna amarga em sua terça parte! Ou seja, pelo menos 33% da água doce potável da terra – que hoje já não é suficiente para todos – será atingida e danificada por este meteorito!

4ª – “E o quarto anjo tocou a sua trombeta, e foi ferida a terça parte do sol, e a terça parte da lua, e a terça parte das estrelas; para que a terça parte deles se escurecesse, e a terça parte do dia não brilhasse, e semelhantemente a noite” (Ap 8:12). Agora o toque do shofar é contra os astros do céu! Sol, lua e estrelas são atingidos de tal forma que a terça parte deles – pelo menos 33% – não terão mais o mesmo brilho para iluminarem a Terra e também a nossa Via-Láctea! Isso nos informa que teremos um dia pelo menos 33% mais curto e uma noite pelo menos 33% mais longa!

Agora, abre-se um parêntese naquilo que está sendo feito e é dito: “E olhei, e ouvi um anjo que, voando pelo meio do céu, dizia com grande voz: Ai, ai, ai dos que habitam sobre a terra! por causa dos outros toques de trombeta dos três anjos que ainda vão tocar” (Ap 8:13). Este tipo de citação é muito forte, pois o ai somente é dito a fim de prenunciar grandes tragédias na história da humanidade! E o anjo diz a palavra ai por três vezes! Isso significa que o que virá será terrível!

5ª – “E o quinto anjo tocou a sua trombeta, e vi uma estrela que do céu caiu na terra; e foi-lhe dada a chave do poço do abismo” (Ap 9:1). Aqui o toque do shofar libera uma “estrela” que cai e abre o abismo a fim de libertar demônios terríveis que irão trazer um sofrimento muito grande aos moradores da terra! Agora o toque do shofar é contra os moradores da Terra!

6ª – “E tocou o sexto anjo a sua trombeta, e ouvi uma voz que vinha das quatro pontas do altar de ouro, que estava diante de D-us, a qual dizia ao sexto anjo, que tinha a trombeta: Solta os quatro anjos que se acham presos junto do grande rio Eufrates” (Ap 9:13-14). Este toque do shofar traz ainda outro terrível juízo sobre a humanidade: ele liberará demônios que estão presos desde os tempos imemoriais aguardando o momento de se manifestarem a atacarem a humanidade com suas maldades!

7ª – “E o sétimo anjo tocou a sua trombeta, e houve no céu grandes vozes, que diziam: Os reinos do mundo vieram a ser de nosso Senhor e do seu Messias, e ele reinará para todo o sempre. E os vinte e quatro anciãos, que estão assentados em seus tronos diante de D-us, prostraram-se sobre seus rostos e adoraram a D-us, dizendo: Graças te damos, Senhor D-us Todo-Poderoso, que és, e que eras, e que hás de vir, que tomaste o teu grande poder, e reinaste. E iraram-se as nações, e veio a tua ira, e o tempo dos mortos, para que sejam julgados, e o tempo de dares o galardão aos profetas, teus servos, e aos santos, e aos que temem o teu nome, a pequenos e a grandes, e o tempo de destruíres os que destroem a terra. E abriu-se no céu o templo de D-us, e a arca da sua aliança foi vista no seu templo; e houve relâmpagos, e vozes, e trovões, e terremotos e grande saraiva” (Ap 11:15-19). O sétimo toque do shofar é um prenúncio da queda de Babilônia! Este toque nos fala sobre o anúncio da vitória de Ieshua sobre as forças do mal e das trevas! Aqui os vinte e quatro anciãos – doze representando as tribos de Israel e os outros doze representando os doze apóstolos – dão à Ieshua suas coroas, que simbolizam a autoridade que receberam para reinar! Aqui tudo volta para Ieshua! Isso é o prenúncio daquilo que ainda virá: a vitória final de Ieshua contra as Satanás e seus demônios!

Este último toque do shofar é a preparação para que o “Rei dos reis e Senhor dos Senhores” assuma definitivamente seu lugar de direito! Este dia virá, quando nós veremos as Babilônia – o sistema mundano com seus governantes – serem subjugados pelo Eterno e no dia do grande Trono Branco, todas as nações da terra se ajoelhando diante daquele que venceu e que reinará para sempre: Ieshua há Mashiach! Então se cumprirá a palavra que foi dita: “Por isso, também D-us o exaltou soberanamente, e lhe deu um nome que é sobre todo o nome; para que ao nome de Ieshua se dobre todo o joelho dos que estão nos céus, e na terra, e debaixo da terra, e toda a língua confesse que Ieshua o Messias é o Senhor, para glória de D-us Pai. De sorte que, meus amados, assim como sempre obedecestes, não só na minha presença, mas muito mais agora na minha ausência, assim também operai a vossa salvação com temor e tremor” (Fp 2:9-12).

Para isso aguardamos o cumprimento dessa bendita Palavra em nossas vidas e também esperamos o momento em que o shofar tocará e nos levará para estarmos para sempre com Ele! Que assim seja e se cumpra!

Mário Moreno.