Subindo na fumaça
“Um holocausto de gado deve ser um homem imaculado, trazido para ganhar aceitação diante de Elohim na entrada da Tenda Nomeada” (Vaikrá 1:3)
Nota: Este artigo é uma tradução do inglês e tem um formato inusitado, pois é como um relato de alguém que estava presente quando os sacrifícios ainda ocorriam e suas impressões vão sendo relatadas numa conversa. Leia atentamente e entre com Elazer na história…
…Elazer estava presente na abertura de sua tenda. Ele não era um kohen ou mesmo um levi. Ele 
não podia oficiar no Mishkan, além do fato de que ele tinha todos os 10 anos de idade. Mas isso não o impediu de ficar ali, na abertura de sua tenda, maravilhado com a enorme nuvem sobre o Mishkan à distância.
Ele não era estranho a nuvens milagrosas. Seis os protegiam dos elementos do deserto. Um foi à frente deles e abriu o caminho para eles andarem. Mas aquele sobre o Mishkan era único, especial e santo, representando a Shechiná que havia cercado e desceu sobre sua criação divinamente projetada, mas construída pelo homem, o Mishkan.
A partir do primeiro Nissan, o segundo ano desde a saída do Egito, o Mishkan tornou-se totalmente operacional. Que experiência foi essa! Parece uma coisa simples, mas estava longe disso. Dois mundos opostos se uniram da maneira mais extraordinária, um milagre além da imaginação.
Dez pragas?
Difícil de entender, mas não impossível.
Divisão do mar?
Mesmo.
Mas VÊ a Presença de D-us, o Infinito DENTRO do finito … Isso é um problema mental.
“Difícil de acreditar, não é?” O pai de Elazar perguntou ao filho, vendo seu fascínio.
“Sim, Abba.”
“O que é ainda mais surpreendente é o que acontece dentro do Mishkan”, comentou o pai.
“Korbanos!” Elazar disse animadamente.
“É isso mesmo, todos os tipos deles.”
“Você sabe sobre eles?” Elazar perguntou a seu pai. Ele estava realmente curioso.
“O que você gostaria de saber?”
“Como funciona?”
“Você quer dizer todos os passos envolvidos em trazer um sacrifício?”
“Sim”, disse Elazar, entusiasticamente balançando a cabeça afirmativamente. “Vamos começar com um Korban Olah!”
“Claro”, respondeu o pai. “Eu vejo que você já sabe os nomes dos sacrifícios.”
“Nem todos eles”, respondeu Elazar, “mas esse é um que eu ouvi falar muito”.
“Bem”, seu pai começou a explicar, “um Olah, em primeiro lugar, é um que é completamente queimado no mizbayach. O Korban Tamid, que é trazido duas vezes por dia, sete dias por semana, também é um Korban Olah”.
“Nenhum dos Olah é comido pela pessoa que o trouxe, ou até pelo kohen que o ofereceu. Isto é diferente de outros korbanos dizer, por exemplo, um Korban Shlamim, que também é queimado no mizbayach, mas o restante é comido pela pessoa que o trouxe, e pelo kohen que o ofereceu. É por isso que é chamado de “Olah”, que significa “subir”, porque TODO o animal é fumado para Hashem.”
“A carne do animal é dividida, e é então colocada sobre a madeira na mizbayach, que está constantemente queimando por causa de todos os sacrifícios realizados diariamente. É deixado para queimar lentamente. Depois que a carne, incluindo os chifres ou a barba dos bodes, se tornou cinzas, geralmente na manhã seguinte, eles são removidos por um kohen e descartados em um lugar fora do Mishkan.”
“E a pele do animal? Isso é queimado também? – ele perguntou ao pai.
“Essa é uma boa pergunta”, elogiou seu pai. “Não, a pele, isto é, a pele de um Olah é compartilhada entre os kohanim de plantão naquele momento para usar como quiserem.”
“O que mais?” Ele pressionou seu pai.
“Bem, claro, como todos os korbanos, um Olah não pode ter defeito. Mas, ao contrário de um Shlamim, que pode ser um animal macho ou fêmea, um Olah só pode ser macho”.
“O quê mais?”
“Você é curioso”, disse-lhe seu pai. “Vamos ver o que mais eu sei … Ah! Um Olah pode ser trazido por um indivíduo, seja como neder ou como nedavah, isto é, como voto ou como doação. Se uma pessoa apenas diz que vai trazer um Olah, então é considerado um neder, um voto. Se, no entanto, ele escolhe um animal específico para ser seu Olah, isso é uma nedavah, uma doação.”
“Qual é a diferença entre os dois?” Elazar perguntou, confuso. “De qualquer forma, a pessoa tem que trazer o korban para o Mishkan!”
“Verdade”, respondeu seu pai. “Uma diferença importante é que, se ele perder o animal de alguma forma, ele terá a chance de trazê-lo para o Mishkan. No caso de um neder, ele tem que substituir o animal por outro a seu próprio custo. Mas, no caso de uma nedavah, desde que ele escolheu um animal específico para ser seu Olah, nada pode substituí-lo, então ele não precisa.
“Ahhhh”, disse Elazar. “Parece que é muito mais seguro prometer um nedavah …”
“Talvez”, disse seu pai. “Mas muitas vezes as pessoas querem trazer um korban para Hashem tanto que prefeririam substituir um perdido.”
“Eu adoraria trazer um!”, Disse Elazar, de olhos arregalados. “Eu ficaria feliz em vender os pertences que eu tenho para comprar um, e trazê-lo para o Mishkan!
Seu pai riu e admirou o entusiasmo do filho. Na verdade, ele foi tocado por ele, e isso o fez pensar sobre ele mesmo.
“O que era um Korban Olah?”, Ele perguntou ao pai, olhando para a enorme nuvem sobre o Mishkan.
“Eu acredito que expia por maus pensamentos.”
“Pensamentos?”
“Sim. Os pensamentos não são físicos”, explicou ele a seu filho, “como algo que você pode ver ou 
tocar”. Ele disse que enquanto pegava uma fruta, para defender sua opinião. “Mas pensamentos ruins podem levar a algo físico se, Chas v’Shalom, eles se tornam um pecado. Então, para consertar isso, nós trazemos algo FÍSICO e o queimamos completamente no mizbayach. Isso transforma algo FÍSICO em algo ESPIRITUAL, como pensamentos”.
“Eu entendo isso”, respondeu Elazar, orgulhoso de si mesmo. No entanto, acrescentou, “mas é tão difícil controlar meus pensamentos. Sem sequer pensar em algo, pode aparecer na minha cabeça e nos piores momentos também!”
Seu pai riu. “Isso acontece com todos nós, meu filho.”
“Ele faz?”
“Sim. Não é algo que a maioria das pessoas possa controlar”.
“Por que Hashem nos faria assim, se pensar em pensamentos ruins é tão ruim?”
“Pela mesma razão, Hashem deu ao homem um yetzer hará. Para nos testar. Para nos desafiar. Para nos dar a oportunidade de ESCOLHER fazer a coisa certa, para que possamos receber recompensas no Olam HaBa por fazê-lo e nos sentirmos melhor em relação a nós mesmos neste mundo”.
Seu pai continuou. “Uma pessoa pode não conseguir controlar o que aparece em sua cabeça durante o dia ou quando isso acontecer. Mas ele pode escolher o que faz a respeito, uma vez que isso acontece.”
Elazar pensou nas palavras do pai e levou-as ao coração. Havia algo muito reconfortante sobre eles, mas eles também disseram a ele o que ele tinha que fazer.
“É por isso que é tão importante”, disse seu pai, “ter cuidado com a maneira como vivemos nossas vidas. Tudo o que vemos, ouvimos, cheiramos … tudo o que experimentamos na vida é “escrito” dentro de nossos cérebros. NÓS podemos esquecer deles”, explicou seu pai, “mas nossos CÉREBROS não. E muitas vezes as coisas acontecem na vida para nos fazer lembrar delas, e nem sempre da melhor maneira ou no melhor momento. É por isso que a Torá fala sobre o que um judeu se envolve.”
Claramente seu filho estava absorvendo tudo.
“Mas … você tem que lembrar”, ele continuou, “se você pensar em algo que você sabe que não deveria, não entre em pânico! Em vez disso, esforce-se ao máximo para afastar o pensamento, como soprar fumaça pelo ar, até que ele se vá e você possa voltar ao que você quer pensar.”
Ambos ficaram em silêncio por alguns momentos, observando a Shechiná sobre o Mishkan à distância. Então ele disse ao filho: “De certo modo, é disso que se trata o korbanos”.
Elazar olhou para o pai com um rosto que dizia: “Como assim?” Então, ele se explicou mais.
“Bem, basicamente há quatro aspectos para os korbanos.”
“Quatro?”
“Sim. Há a madeira do mizbayach para queimar um korban, o sal colocado nele, o korban, que é o próprio animal e, é claro, a pessoa que traz o korban. Cada uma dessas quatro coisas faz parte do tikun”.
“Qual tikun?”, Perguntou Elazar.
Seu pai sorriu. “Para responder a isso”, continuou ele, afetuosamente acariciando a cabeça do filho, “temos que voltar no tempo”.
“De volta no tempo, Abba?”
“Sim, Elazar, todo esse caminho de volta para o primeiro chet já realizado por uma pessoa.”
“O ‘Chet Aitz HaDa’as Tov v’Ra’?”
“Muito bem, Elazar. Exatamente!”
“Quando Adam HaRishon comeu do Aitz HaDa’as, ele danificou o mundo em quatro níveis, Domaim, que é o mundo mineral, Tzomayach, que é o nível de plantas e coisas que crescem do solo, o nível de Chayah, criaturas viventes e, claro, homem, que é chamado de ‘Medabehr’.
“Quatro mundos, quatro coisas …”
“Isso mesmo”, disse seu pai. “E eu tenho certeza que você pode descobrir qual é para qual.”
O rosto de Elazar mostrou que ele estava pensando muito
“O animal é o Chayah…” ele disse, “e a Pessoa que traz o korban é obviamente o Medabehr”.
Ele pensou outro momento ou dois, e então terminou: “E o sal é o Domaim, e essa madeira é o Tzomayach …”
“Perfeito!” Seu pai disse orgulhosamente. “Então você vê”, ele explicou mais adiante, “que embora não seja simples levar a vida de um animal, é para um propósito muito SANTO, ‘Tikun Ma’aseh Bereishis.’ Mesmo um Chatat, ou um Asham, realizam a mesma coisa, mesmo que eles foram trazidos por causa de pecados que aconteceram em nosso tempo.
“Então, quando nós pecamos,” Elazar raciocinou, pensando enquanto falava, “nós estamos apenas piorando o kilkul de Adam HaRishon, e isso faz com que outro animal tenha que ser morto …”
Seu pai suspirou profundamente.
“Sim, eu estou com medo”, disse ele ao filho. “O korban pode expiar o chet, mas talvez tenhamos que responder em Yom HaDin pela perda de vida animal que causou.”
A expressão de Elazar dizia tudo. Ele levou a mensagem ao coração.
“É apenas mais um motivo”, disse ele ao pai, “para tentar ser um tsadic!”
“Sim, é”, seu pai concordou, “sim, é.”
Os dois ficaram ali paralisados no Pesada Nuvem na tenda. Eles estavam totalmente inconscientes de que a Shechinah não tinha sido apenas uma parte da sua discussão, mas “sorriu” agora por causa disso.
Tradução: Mário Moreno.