Mário Moreno/ novembro 28, 2017/ Artigos

Transformando circunstâncias

Nabucodonosor, rei de Babilônia, a maior potência mundial nos idos de 607 A.C. é impelido em sua saga de conquistas a Jerusalém. Neste tempo a cidade é sitiada, conquistada e muito dela é levado à Babilônia, inclusive homens da alta sociedade judaica; somente os melhores foram escolhidos para transformarem-se em servos do rei Nabucodonosor: “Jovens em quem não houvesse defeito algum, de boa aparência, e instruídos em toda a sabedoria, e doutos em ciência, e entendidos no conhecimento, e que tivessem habilidade para assistirem no palácio do rei, e que lhes ensinassem as letras e a língua dos caldeus” Dn 1.4.

Estes foram os que escaparam da morte, mas transformaram-se em escravos, seriam levados a um país estranho, com uma língua e costumes estranhos, com deuses desconhecidos e ali seriam simplesmente servos do rei. Um choque tremendo, pois em Israel estes homens faziam parte da alta sociedade judaica, tinham uma posição, prestígio, dinheiro, e o que é melhor, partilhavam com seu povo das bênçãos de D-us que agora os havia entregado nas mãos de um rei ímpio e idólatra. Agora eles não teriam mais vontade própria, não poderiam ir e vir com liberdade, nem mesmo a sua comida poderiam escolher!

A determinação do rei foi que eles fossem devidamente alimentados e ao final de três anos deveriam ser colocados diante dele para serví-lo. O rei poderia dar-lhes belos e desejáveis manjares, coisas que certamente impressionariam os olhos daqueles que as vissem. Mas Daniel e seus amigos dispõem seus corações a não serem impressionados por esta beleza exterior e sugerem ao chefe dos eunucos que experimente um menu alternativo com eles durante alguns dias, e o resultado foi que Daniel e seus companheiros estavam visivelmente melhores do que os outros que estavam sendo alimentados com os manjares do rei, pelo que toda a alimentação dos que estavam sendo preparados para estarem diante do rei foi mudada! Daniel, através de uma palavra de sabedoria emitida no momento exato muda não só o cardápio dos cativos mas também inicia a demonstrar que possuía algo diferente que deveria ser notado! O moço mostra-se equilibrado, maduro em suas ponderações e colocações, pois em sua relacionamento com o D-us de Israel havia recebido conhecimento e inteligência em todas as letras: “Quanto a estes quatro jovens, Deus lhes deu o conhecimento e a inteligência em todas as letras, e sabedoria; mas a Daniel deu entendimento em toda a visão e sonhos” Dn 1.17, mas deu também a Daniel o entendimento em toda a visão e sonhos. Isso não parece ter alguma importância, pois o ambiente secular de Babilônia não requer tais habilidades. Terá D-us errado quando dá a Daniel e seus companheiros tais habilidades? Não, pois D-us faz todas as coisas com um determinado propósito e também neste caso Ele aparelha seus homens com as habilidades que lhes seriam úteis para transformar um período de prisão em oportunidades para demonstrar a glória de um D-us desconhecido para os babilônicos.

E isso se confirma quando todos são colocados diante do rei para uma conversa! Todos são examinados, mas Daniel e seus companheiros são avaliados pelo rei como mais inteligentes do que seu grupo de sábios e magos, homens experientes e que já tinham sua posição “assegurada” diante do rei. O rei percebe que estes jovens possuem algo que ele ainda não conhece, mas que supera toda e qualquer expectativa tida por ele até então. D-us coloca seus servos nas mãos do rei Nabucodonosor, mas também lhes confere as ferramentas necessárias para realizarem os desejos de seu coração e tornarem reais suas expectativas em terra estranha. Notemos que não há murmuração, nem qualquer tido de reação contrária à vontade revelada de D-us em estarem no cativeiro; pelo contrário eles parecem entender o que D-us requer que façam, e como que ficam aguardando que as oportunidades surjam para que, sob a direção de D-us, possam tornar realidade o propósito de D-us em suas vidas.

Nós temos muito a aprender com estes jovens, que mesmo em meio a circunstâncias difíceis, até mesmo desagradáveis, não olharam para as mesmas, mas ficaram firmes no propósito para o qual tinham sido chamados: o de servir à D-us em qualquer circunstância, pois o livramento haveria de vir! Quando estamos passando por momentos de grande tribulação, não nos esqueçamos:

  • toda tribulação é proveitosa;
  • toda tribulação tem um fim: a glória de D-us
  • toda tribulação visa envergonhar o inferno e glorificar ao Senhor
  • toda tribulação produz maturidade em nossas vidas
  • toda tribulação nos leva a alcançar as vitórias que D-us tem reservado para nós.

Não nos esqueçamos: os propósitos de D-us jamais podem ser frustrados, pois está escrito: “agindo Eu quem impedirá?”

Mário Moreno.