Mário Moreno/ setembro 8, 2017/ Artigos

Assimilação não!

Assimilação

O que é “assimilação”? Esta palavra pode ser assim definida: Assimilação é um metaplasmo que consiste ou na aproximação ou na perfeita identidade; isso pode acontecer com indivíduos ou entre dois fonemas, como ocorreu, por exemplo, na evolução da palavra latina “persicum” (de Mela Persicum, literalmente “Maçã da Pérsia”) para o português “pêssego”.

A assimilação é o grande perigo que correm judeus e crentes em todo o mundo. Ela costuma ser lenta e gradativa, mas quando começa mostra-se implacável em seu avanço e nos males que ela provoca.

A assimilação é resultado de nossa “distância” ou “distanciamento” de nossas raízes e de nosso povo. Ela ocorreu nas épocas de cativeiros e em cada caso produziu um mal diferente.

A tradição judaica nos diz: “O perigo para a vida judaica e a existência nos países livres, especialmente nos Estados Unidos, não é da exterminação física, D’us não o permita, por um outro Hitler ou Eichman, mas sim um perigo não menos destrutivo, o risco da assimilação. Exatamente porque não há antagonismo externo e discriminação contra os judeus, especialmente nas classes média e baixa (embora na classe alta, a tendência para a assimilação seja reprimida pelo preconceito), o perigo da assimilação de massa é bastante real. Além disso, fatores como a educação compulsória e social e as pressões econômicas de conformidade, etc., associadas à grande ignorância sobre os valores judaicos, aumenta bastante o perigo da assimilação de uma geração para a seguinte. Se for permitido que continue sem contenção, quem sabe aonde isso poderá levar. Portanto, é dever de todo judeu consciente e consciencioso fazer o possível para deter a onda de assimilação, e trata-se realmente de uma questão de salvar uma vida”.

Vamos citar sobre os cinco principais cativeiros a que foi sujeito o povo de Israel.

O cativeiro egípcio foi o primeiro.

O cativerio persa foi o segundo.

O cativeiro assírio foi o terceiro.

O cativeiro babilônico foi o quarto.

O cativeiro romano foi o quinto.

Independente dos resultados de cada cativeiro hoje na diáspora ou em Israel mesmo somos “invadidos” por conceitos e por imposições governamentais – e até mesmo pela mídia não governamental – que nos pressionam o tempo todo a reconhecermos que os governos terrenos estão no controle do planeta terra. Enquanto esta onda avassaladora nos tenta esmagar, em alguns casos somos levados a fazermos “concessões” que acabam nos afastando cada vez mais do Eterno e de Sua Palavra. Hoje, sentimos a necessidade de sermos parte da “grande multidão” que habita o planeta e por isso somos levados pelas ondas que varrem o planeta a cada dia. Precisamos nos “encaixar” na sociedade, pois não suportamos ser “diferentes” daqueles que nos cercam. E isso fica cada dia mais patente na mídia onde vemos judeus e crentes que “abdicam” de sua emuná (fé) e dos princípios do Eterno para serem “aceitos” na sociedade… Deveríamos influenciar e não sermos influenciados pelos que nos cercam. Não é de hoje que o mundanismo – a total ausência da santidade – invadiu o mundo e agora invade não somente as sinagogas, congregações messiânicas e igrejas como também invade a vida dos judeus e crentes que deveriam ser os guardiões da santidade e da Palavra do Eterno na terra. Nos perdemos e somos levados por muito pouco; por um afago, por uma palavra de aceitação, por um elogio… Tudo isso somente para sermos reconhecidos!

A tradição judaica nos ensina que: “A assimilação e a imitação não só aceleram nosso declínio espiritual, como nos impedem de alcançar o desejado respeito e aceitação pela sociedade. E assim lemos na história de Purim: quando o rei viu que Mordechai permanecia fiel ao judaísmo, mesmo na corte real, teve profundo respeito e admiração por ele, pensando: “Este é um homem de princípios; nele posso confiar.” A história mostra que aqueles que tentam obter a aceitação da sociedade, negando sua identidade judaica, terminam por ser rejeitados ao final, com a seguinte teoria: “Um homem desleal a seu próprio povo e tradição, sempre nadará a favor da correnteza. Além disso, não será alguém em quem pode-se depositar confiança, pois vendeu seu legado, por dinheiro ou honras. Como se pode confiar nele e depender dele? Se alguém oferecer um real a mais, trairá sua lealdade, como traiu seus irmãos de fé.” Fidelidade inabalável a D’us e à Sua Torah é o segredo da sobrevivência de nosso povo; e é a única trilha para adquirirmos o respeito de todos”.

O mundo perdeu a “companhia” de profetas e de homens que protestavam contra o mal e a injustiça; daqueles que eram considerados como “pedras no sapato” dos reis e dos líderes das nações que eram confrontados pelo Eterno. As Escrituras nos falam na Brit Hadasha dando um grito de alerta contra a assimilação com as poderosas palavras de Rav. Sha´ul dizendo: “Porque não me envergonho do evangelho do Ungido, pois é o poder de Elohim para salvação de todo aquele que crê; primeiro do judeu, e também do grego. Porque nele se descobre a justiça de Elohim de fé em fé, como está escrito: Mas o justo viverá da fé. Porque do céu se manifesta a ira de Elohim sobre toda a impiedade e injustiça dos homens, que detêm a verdade em injustiça. Porquanto o que de Deus se pode conhecer neles se manifesta, porque Elohim lho manifestou. Porque as suas coisas invisíveis, desde a criação do mundo, tanto o seu eterno poder, como a sua divindade, se entendem, e claramente se veem pelas coisas que estão criadas, para que eles fiquem inescusáveis; porquanto, tendo conhecido a Elohim, não o glorificaram como Elohim, nem lhe deram graças, antes em seus discursos se desvaneceram, e o seu coração insensato se obscureceu. Dizendo-se sábios, tornaram-se loucos. E mudaram a glória de Elohim incorruptível em semelhança da imagem de homem corruptível, e de aves, e de quadrúpedes, e de répteis. Por isso também Elohim os entregou às concupiscências de seus corações, à imundícia, para desonrarem seus corpos entre si; pois mudaram a verdade de Elohim em mentira, e honraram e serviram mais a criatura do que o Criador, que é bendito eternamente. Amém. Por isso Deus os abandonou às paixões infames. Porque até as suas mulheres mudaram o uso natural, no contrário à natureza. E, semelhantemente, também os homens, deixando o uso natural da mulher, se inflamaram em sua sensualidade uns para com os outros, homens com homens, cometendo torpeza e recebendo em si mesmos a recompensa que convinha ao seu erro. E, como eles não se importaram de ter conhecimento de Elohim, assim Elohim os entregou a um sentimento perverso, para fazerem coisas que não convêm; estando cheios de toda a iniquidade, prostituição, malícia, avareza, maldade; cheios de inveja, homicídio, contenda, engano, malignidade; sendo murmuradores, detratores, aborrecedores de Elohim, injuriadores, soberbos, presunçosos, inventores de males, desobedientes aos pais e às mães; néscios, infiéis nos contratos, sem afeição natural, irreconciliáveis, sem misericórdia; os quais, conhecendo a justiça de Deus (que são dignos de morte os que tais coisas praticam), não somente as fazem, mas também consentem aos que as fazem (Rom 1:16-32 ACF)”.

Estas palavras são dirigidas aos crentes romanos; judeus e gentios que estão se “assimilando” e portanto estão sendo ameaçados pelo juízo do Eterno! Não vamos tentar nos enganar; todos são e serão alvo do juízo divino! Ninguém escapará de comparecer diante do grande tribunal para prestar contas de seus atos na terra. Nós deveríamos ser como grandes luzeiros em meio às trevas… Mas na realidade não é bem assim que as coisas funcionam de fato. Mas novamente a Palavra parece gritar conosco nos dizendo: “E confias que és guia dos cegos, luz dos que estão em trevas, instrutor dos néscios, mestre de crianças, que tens a forma da ciência e da verdade na lei; tu, pois, que ensinas a outro, não te ensinas a ti mesmo? Tu, que pregas que não se deve furtar, furtas? (Rm 2:19-21)”.

A pergunta que não quer calar é: “O que aconteceu?” O que nos levou a entrarmos no processo de assimilação fazendo “pequenas concessões” e depois nos perdendo definitivamente do verdadeiro caminho? Judeus e crentes na mídia sendo “engolidos” pelo mundo e parecendo-se com aqueles para quem deveriam servir de exemplo… Parei para pensar em Ieshua… Como agiria Ele num caso destes? Se deixaria seduzir pelos encantos do mundo – poder, sucesso, fama – ou agiria de forma diferente e confrontaria estas pessoas com a Verdade? A mídia dá a fama mas ela também “desbanca” os famosos do dia para a noite! É assim que o adversário age. Os profetas – pobres profetas – nunca foram “bem vistos” em lugar nenhum. Eles são os “chatos” que aparecem só para dar palpites errados quando as coisas estão indo bem. Eles nunca se cansam de criticar as atitudes dos grandes líderes espirituais da nação… Fazer o quê! Profeta é assim mesmo e mesmo sendo e agindo assim ainda são eles que “oxigenam” o sangue da Casa de Israel e da Igreja – falo isso acerca dos verdadeiros profetas, homens e mulheres que lutam com afinco contra tudo e contra todos sem receberem “elogios” ou sem terem lugar nos palcos dos grandes congressos para dizerem: “Assim diz o Eterno…” Estes não são convidados para falar na mídia ou para serem entrevistados, pois sua posição é tão forte e suas convicções tão penetrantes que não se curvariam diante de um apresentadorzinho de uma grande emissora brasileira. A assimilação fez com que trocássemos a nossa “primogenitura” por um reles “prato de lentilhas” pois estamos tão famintos pelo poder e pela fama que nos vendemos por pouco. Mas ainda há tempo para fazermos teshuva – arrependimento – e voltarmos para o Eterno de todo o nosso coração!

O conselho de Sha´ul é: “E isto digo, conhecendo o tempo, que já é hora de despertarmos do sono; porque a nossa salvação está agora mais perto de nós do que quando aceitamos a fé. A noite é passada, e o dia é chegado. Rejeitemos, pois, as obras das trevas, e vistamo-nos das armas da luz (Rm 13:11-12)”.

A tradição judaica nos ajuda a terminarmos nos ensinando uma grande lição: “O Judaísmo é a ideia mais poderosa que o mundo jamais viu. Os judeus devem sobreviver porque têm uma mensagem que o mundo precisa ouvir. O estilo de vida judaico é uma força revolucionária que pode transformar vidas comuns em vidas significativas. Uma família que guarda o Shabat é sempre lembrada daquilo que é realmente importante – que há mais na vida que acumular riquezas. As leis casher nos ensinam que não somos meros animais que devem alimentar cada anseio e desejo, e que até o ato de comer pode ser sagrado. Uma mezuzá sobre a porta diz ao mundo que este lar é construído para um propósito mais elevado. O Judaísmo ensina lições que o mundo precisa aprender urgentemente – que todo indivíduo é criado à imagem de D’us, e, portanto, é único e valioso; que a moralidade não é relativa, mas absoluta; que os seres humanos são parceiros de D’us na criação, com uma missão de criar o céu na terra. Estas ousadas ideias judaicas são mais relevantes agora do que nunca. Porém ideias judaicas ousadas precisam de judeus ousados para perpetuá-las. O mundo somente pode ser elevado se primeiro os indivíduos se elevarem. Podemos apenas transformar o mundo num lar Divino se começarmos em nosso próprio lar. Esta é a fórmula do Judaísmo para mudar o mundo para melhor. É por isso que devemos continuar judeus. A maior ameaça ao Judaísmo não é a pressão externa, mas sim a confusão interna. Quando perdemos de vista a nossa missão, perdemos a força e a energia para sobreviver. O sentimento judaico que precisamos desenvolver em nós mesmos e em nossos filhos não é o temor ao anti-semitismo, ou culpa sobre a assimilação. É um orgulho humilde pela grandeza da missão judaica e a resolução confiante de cumpri-la. Quando somos claros sobre a nossa identidade, nenhuma ameaça no mundo pode nos abalar.”

O mundo busca aqueles que farão a diferença e que mesmo na “diáspora” se manterão fiéis aos princípios da Palavra do Eterno! Quem se habilita a se tornar um destes? A escolha é pessoal e cabe a nós mudarmos o rumo de nossa geração até a vinda de Mashiach.

Baruch há Shem!

Mário Moreno.