Mário Moreno/ outubro 16, 2017/ Parasha da semana

Noah

(Noach)

Gn 6.9–11.32 [Is 54.1 – 55.5] Hb 11.6,7; II Pe 3.10-13

        Nesta Porção da Torah desta semana falaremos sobre Noach, um homem justo e temente à D-us cujo padrão de vida permitiu que a humanidade fosse salva da morte e da completa extinção. Sua vida e conduta permitiram que o Eterno o escolhesse para que, através de uma arca, ele e sua família fossem preservados a fim de darem continuidade à raça humana.

Logo no princípio desta narrativa aprendemos algo muito importante: “Estas são as gerações de Noach. Era ele homem justo e perfeito em suas gerações, e andava com Elohim” (Gn 6:9). A Escritura doravante nos contará a história de um homem chamado Noach, Noah que em hebraico significa “descansar, estabelecer”. Entendemos que este é um momento crucial na história da humanidade e agora o Eterno escolhe um homem para estabelecer um novo tempo através de sua vida! O estabelecimento de qualquer coisa depende de ações concretas e sempre leva algum tempo. Para isso então o Eterno chama este homem: para que num tempo determinado Ele volte a estabelecer na terra a justiça e a comunhão do homem com D-us. Noach já possuía um padrão de santidade, pois nós lemos a seu respeito de ele andava com D-us! Noach já tinha um conhecimento de D-us que se manifestava em sua comunhão com Ele, e isso está expresso na declaração que lemos e isso fará uma grande diferença logo mais adiante na narrativa de Gênesis. Este conhecimento está expresso na palavra justo, tsadiq que em hebraico significa “estar em conformidade com um padrão ético e moral”. Este conceito é reforçado pela palavra “perfeito” que vem do termo hebraico tamîm, que significa “íntegro, inteiro, reto”. Este padrão é a natureza e a vontade de D-us manifestas na vida daquele homem. Aqui a palavra que define o Eterno vem do termo hebraico Elohim, que significa D-us Criador. Isso significa que Noach, além de possuir uma lei que lhe fora inscrita no coração por D-us, também conhecia os padrões do Eterno e andava de conformidade com eles. Isso significa dizer que Noach era um homem santo!

A família de Noach consistia de sua esposa e três filhos: Sem, Cão e Jafé. Estes certamente acompanhavam seu pai e sabiam de sua comunhão com o D-us eterno! Noach certamente lhes ensinava o que deveria é certamente lhes ensinava o que deveria feito para agradarem ao Senhor de toda a terra!

Mas, em oposição ao quadro de justiça e comunhão com o Eterno a Escritura nos relata a situação do mundo de então: “A terra, porém, estava corrompida diante de Elohim, e cheia de violência” (Gn 6:11). Este é o retrato de uma geração corrupta que só pode ser combatida através da santidade de D-us vista em seus servos. A corrupção e a violência de origem pecaminosa era tão grande que o Senhor já não suportava mais ver aquilo! A palavra “corrompida” vem do termo hebraico shahat que significa “cova, destruição”. Imaginemos então o que estava acontecendo: o D-us Eterno havia criado o homem à sua imagem e semelhança, e este mesmo homem já se desviara tanto de sua presença que a terra já se encontrava caminhando rumo à cova, a destruição aos olhos de D-us. O nível e a intensidade da degradação humana foram muito grandes e rápidos, pois já no princípio da humanidade ocorre este fato! A terra estava violenta. Esta palavra vem do termo hebraico hamas que significa “violência, mal, injustiça”. Esta palavra é usada sempre com sentido de violência pecaminosa.

D-us então chama a Noach para dar-lhe instruções sobre o que fazer: “Faze para ti uma arca de madeira de gôfer: farás compartimentos na arca, e a revestirás de betume por dentro e por fora” (Gn 6:14). A primeira instrução do Eterno é que Moshe construa uma tebâ (arca), que neste contexto significa um imenso barco que seria usado para livrar Noach, sua família e os animais do juízo que viria através do dilúvio. Além disso o Senhor o instrui para betumar a arca por dentro e por fora! Isso nos mostra duas coisas: primeiro, o cuidado do Eterno em dar instruções detalhadas a fim de fazer com que a arca realmente funcione conforme seus propósitos estabelecidos, e em segundo lugar mostra-nos que Noach conhecia o petróleo bruto e que ele existia à flor da terra! Lembremo-nos que naquela época não era possível extrair-se o petróleo do subsolo da terra, pois não havia uma tecnologia que permitisse a identificação do lençol de petróleo assim como a perfuração de profundos poços a fim de traze-lo para a superfície!

O próximo passo é o de dar à Noach as medidas da arca: “Desta maneira a farás: o comprimento da arca será de trezentos côvados, a sua largura de cinqüenta e a sua altura de trinta” (Gn 6:15). A palavra Côvado vem do termo hebraico ´ammâ com o mesmo significado. Esta palavra equivale a uma medida de comprimento que tem cerca de 45 centímetros! Transformando estas medidas para metros, teremos então:

Comprimento Largura Altura
160 metros 26,5 metros 16 metros

Analisando-se as medidas acima teremos então uma grande surpresa: a arca não era um “barquinho”, mas se parecia muito com um transatlântico! As suas medidas nos permitem dizer que ela foi suficiente para abrigar Noach e sua família além dos animais que foram por ele transportados! A arca não possuía janelas, mas sim compartimentos e andares! “Farás na arca uma janela e lhe darás um côvado de altura; e a porta da arca porás no seu lado; fá-la-ás com andares, baixo, segundo e terceiro” (Gn 6:16). As instruções eram claras e precisas: a arca deveria ter somente uma porta e os andares com os compartimentos para abrigar os animais. A arca aponta para dois aspectos distintos: salvação e condenação! A salvação para aqueles que crerem na palavra do homem de D-us (Noach) e a condenação para os incrédulos! É tudo muito simples! Em Hebreus, a Escritura nos informa justamente isso: “Ora, sem fé é impossível agradar a Elohim; porque é necessário que aquele que se aproxima de Elohim creia que ele existe, e que é galardoador dos que o buscam. Pela fé Noach, divinamente avisado das coisas que ainda não se viam, sendo temente a Elohim, preparou uma arca para o salvamento da sua família; e por esta fé condenou o mundo, e tornou-se herdeiro da justiça que é segundo a fé” Hb 11.6,7. O que fez a diferença entre Noach e os outros foi justamente a sua fé! A fé de Noach foi posta em algo que lhe traria resultados duradouros, enquanto que os outros habitantes do mundo estavam colocando sua confiança em coisas perecíveis e que não lhes traria nenhum retorno duradouro!

E de todo o vivo, de toda a criatura, dois de tudo, trarás à arca…”

Com esta instrução, Nôach é ordenado a preservar cada espécie que existia sobre a terra. Embora esta certamente pareça ser a coisa certa a ser feita, parece também ser uma tarefa impossível. Com as dimensões da arca limitadas a proporções relativamente modestas, parece altamente improvável que todos os animais encontrassem espaço na embarcação. Como, então, esperava-se que Nôach pudesse cumprir tal ordem?

Felizmente, Nôach não precisava se preocupar. Como o grande Ramban explica, as medidas da arca, embora de acordo com as leis da natureza, de maneira alguma poderiam abrigar todas as espécies existentes na terra, D’us neste caso suspendeu estas leis, de forma a preservar Sua criação. Com este milagre, cada animal tinha amplo espaço dentro da arca.

Entretanto, imediatamente nos deparamos com outra dificuldade: como a necessidade de um milagre parece inevitável, por que D’us deu a Nôach instruções tão precisas sobre medidas e outros detalhes da arca? Por que fazer Nôach se dar tanto trabalho? Por que não permitir a Nôach que construísse uma simples jangada feita de duas pranchas de madeira?

     Uma vez mais, o Ramban fornece a solução. Embora um milagre fosse realmente necessário para o bem de todos aqueles animais aguardando para entrar na arca, o Criador desejava “minimizar” aquele milagre do modo que fosse possível. Sendo assim, Ele instruiu Nôach a construir um navio grande e sólido que pudesse ao menos suportar muitos dos animais. Apenas após a real capacidade da arca ter sido preenchida, D’us suspenderia as leis da natureza para criar amplo espaço para os animais remanescentes.

Claramente, esta explicação fornece uma lição óbvia. Como o próprio Ramban declara, o Criador não deseja que confiemos apenas em milagres. O homem não pode simplesmente sentar-se e esperar que D’us preencha todas suas necessidades. Ao contrário, a pessoa deve trabalhar e lutar para atingir seu objetivo. Apenas depois de a pessoa poder dizer honestamente: “Fiz tudo aquilo que podia,” lhe é permitido esperar que D’us mude as regras.

Entretanto, parece haver uma mensagem mais profunda contida na explicação do Ramban. Rabeinu Bachya ensina que: “D’us criou o mundo para funcionar de acordo com as leis naturais do universo.” Quando olhamos para o mundo, nada notamos de especial à primeira vista, apenas as mesmas velhas plantas, árvores e outras entidades funcionando normalmente. Sem lhes conceder um pensamento mais demorado, o mundo parece tedioso e mundano. A ordem natural do universo não desperta uma centelha de entusiasmo dentro de nós. Apenas quando nos detemos a examinar o universo mais detalhadamente é que o mundo ganha novo significado.

O ciclo de vida do ser humano, as obras do cosmos, o relacionamento entre os animais e seu ambiente – todos mostram a beleza, as maravilhas e a magnificência da natureza. Os cientistas continuam a se maravilhar ante a precisão e a exatidão com a qual o mundo funciona.

De repente, aquelas leis que pareciam tão sem sentido há um momento, agora inspiram um senso de reverência para com as criações de D’us. Por isso, Ele deseja manter a ordem natural do mundo sempre que possível. Suspender as leis da natureza seria introduzir um elemento de caos na espetacular e sensacional harmonia do mundo existente.

Muitas pessoas se perguntam por que Ele não realiza milagres para nós hoje em dia. A resposta não se encontra em um complicado argumento filosófico, mas num simples abrir de olhos a um mundo totalmente novo, pois os milagres acontecem todos os segundos de todos os dias, bem à nossa volta.

Agora o Eterno diz a Noach: “Mas contigo estabelecerei o meu pacto; entrarás na arca, tu e contigo teus filhos, tua mulher e as mulheres de teus filhos” (Gn 6:18). A palavra para “pacto” em hebraico é berith, e significa “um pacto feito com derramamento de sangue”. Isso nos mostra que alguém deveria morrer para que esta aliança fosse consolidada! Isso deverá acontecer como resultado do livramento que será dado aos homens através de Noach! Novamente nos é ensinado que para haver redenção é necessário que haja derramamento de sangue! O pacto é feito com base na vida que é derramada! A salvação é resultado do derramamento de sangue feito no pacto! Não foi assim que aconteceu nos dias de Ieshua? Não precisou ele morrer, derramando seu sangue para que fôssemos salvos? Não foi isso feito para reafirmar o pacto feito no passado com Avraham? O que aconteceu no Velho Testamento foi somente sombra daquilo que aconteceria e se cumpriria em Ieshua!

A ordem agora é: “Depois disse o IHVH a Noach: Entra na arca, tu e toda a tua casa, porque tenho visto que és justo diante de mim nesta geração” (Gn 7:1). Temos aqui a ocorrência de uma palavra muito importante: o Eterno identifica-se com o termo hebraico IHVH que significa “Eu me torno aquilo que me torno”. E aqui, no verso 2, aparece um conceito tido como “princípio da lei de Moshe”, mas que já era conhecido por Noach. “De todos os animais limpos tomarás para ti sete e sete, o macho e sua fêmea; mas dos animais que não são limpos, dois, o macho e sua fêmea” (Gn 7:2). Este conceito fala de “animais limpos”. A palavra “limpo” em hebraico é tahor, que significa “puro, limpo” e é empregada para designar pureza ritual ou moral. No caso dos animais, a pureza é ritual, ou seja, estes animais são próprios para o consumo humano e podem ser oferecidos à D-us em sacrifício! Destes o Senhor ordena que entrem na arca sete casais; dos demais apenas dois casais! Novamente somos ensinados que na época de Noach já existiam princípios que depois seriam promulgados através da Torah dada à Moshe! Mas esta e outras leis são anteriores à Torah! Então percebemos uma intenção do Eterno em guardar o homem de pecar contra Ele! Noach, sabedor destas coisas como homem que tinha um alto grau de intimidade com o Senhor, obedece-o e parte para o início de uma nova etapa na vida da humanidade.

Entendemos que somente através da obediência de Noach foi possível a realização dos desejos do coração do Eterno e foi através dessa obediência que o Senhor consumou a salvação da raça! Certamente Noach não se tornou obediente da noite para o dia, mas ele com certeza aprendeu a ser obediente obedecendo! Esse é o ponto chave da questão: obedecer sem questionar ao Senhor. D-us não necessita de homens que lhe questionem o porque das coisas. Ele realmente precisa de homens que lhe obedeçam incondicionalmente e em qualquer ocasião!

Após estes acontecimentos e também a conclusão da preparação de todas as coisas, então é hora de ter início o dilúvio! “No ano seiscentos da vida de Noach, no mês segundo, aos dezessete dias do mês, naquele mesmo dia se romperam todas as fontes do grande abismo, e as janelas dos céus se abriram” (Gn 7:11). Agora não é mais possível voltar-se atrás, pois tem início o juízo do Eterno sobre toda a carne. É também nos dito que o período total do juízo foi “E houve chuva sobre a terra quarenta dias e quarenta noites” (Gn 7:12). Este versículo nos informa que a chuva duraria quarenta dias! O número quarenta na Escritura está associado à provação e foi justamente isso o que aconteceu! A humanidade está sendo provada em suas convicções, pois não creram na palavra anunciada por Noach, e por isso agora recebem o juízo! Há também o outro lado, em que Noach e sua família são levados a aguardar o resultado do juízo externo contra a humanidade! Eles estão, de certa forma, sem nenhuma defesa, pois dependem agora da resistência da arca e do tempo em que a água demoraria para baixar. Isso tudo deve ter gerado em Noach e sua família uma ansiedade muito grande pelo resultado final daquele acontecimento. E o mais importante: eles estavam sendo preservados pelas mãos do D-us Eterno, que cuidou deles a fim de não permitir que nada saísse errado!

Um detalhe muito importante precisa ser colocado aqui: não havia possibilidade de Noach ou sua família ajudarem alguém que chegasse após eles haverem entrado na arca. Durante cento e vinte anos Noach anunciara o juízo e convidara as pessoas a serem salvas. Porém após sua entrada na arca já não haveria mais possibilidades de salvação. Porque? Veja o que diz a Escritura: “E os que entraram eram macho e fêmea de toda a carne, como Elohim lhe tinha ordenado; e o IHVH o fechou por fora” (Gn 7:16). A arca foi fechada pelo Eterno e por fora! Ou seja, não haveria possibilidade de que quem estava dentro dela sequer tentar algo para ajudar os que estavam de fora! Primeiro é dito que Noach obedeceu às ordens de D-us. Aqui a palavra que define o Eterno vem do termo hebraico Elohim que significa D-us Criador! Então, temos a seguir o conceito do “IHVH”. Sabemos pelas Escrituras que o Senhor é quem abre qualquer porta, mas também é Ele que fecha qualquer porta, inclusive a da salvação! Foi justamente por causa disso que temos aqui a ocorrência do termo IHVH para designar o Eterno! Para Noach e sua família o Eterno tornou-se a sua salvação; em contrapartida, para aqueles que não creram nas palavras de Noach o Eterno tornou-se o Juízo e a morte! Quando pensamos nisso lembramo-nos de que algo semelhante acontecerá por ocasião da volta do Senhor Ieshua. E após o Noivo ter voltado para buscar sua Noiva, aqueles que ficarem de fora nada poderão fazer para entrar e também aqueles que estiverem do outro lado com o Noivo nada poderão fazer pelos de fora! Isso nos é contado numa parábola contada por Ieshua que diz assim: “Então o reino dos céus será semelhante a dez virgens que, tomando as suas lâmpadas, saíram ao encontro do esposo. E cinco delas eram prudentes, e cinco loucas. As loucas, tomando as suas lâmpadas, não levaram azeite consigo. Mas as prudentes levaram azeite em suas vasilhas, com as suas lâmpadas. E, tardando o esposo, tosquenejaram todas, e adormeceram. Mas à meia-noite ouviu-se um clamor: Aí vem o esposo, saí-lhe ao encontro. Então todas aquelas virgens se levantaram, e prepararam as suas lâmpadas. E as loucas disseram às prudentes: Dai-nos do vosso azeite, porque as nossas lâmpadas se apagam. Mas as prudentes responderam, dizendo: não seja caso que nos falte a nós e a vós, ide antes aos que o vendem, e comprai-o para vós. E, tendo elas ido comprá-lo, chegou o esposo, e as que estavam preparadas entraram com ele para as bodas, e fechou-se a porta. E depois chegaram também as outras virgens, dizendo: Senhor, Senhor, abre-nos. E ele, respondendo, disse: Em verdade vos digo que vos não conheço. Vigiai, pois, porque não sabeis o dia nem a hora em que o Filho do homem há de vir” (Mt 25:1-13). Aqui temos duas categorias de pessoas: prudentes e loucas. Vamos analisar isso em hebraico e também no grego: a palavra prudente vem aqui do termo grego sophron (swfrwn) que significa “sensatez, prudência, controle próprio”. Esta palavra vem de duas raízes: sos+phron que significam respectivamente sos, “salvo, seguro” e phren, o coração. Esta palavra vem de um termo hebraico que é tebûnâ que significa “entendimento”. Em sua raiz temos a palavra bîn que significa “entender, considerar, perceber, ser prudente, discernir”. Esta palavra nos fala sobre o objeto do entendimento que é algo superior à mera reunião de alguns dados.

Já a palavra “louca” vem do termo grego moria (mwria) que significa estultícia, tolice. Esta pessoa ocupa-se tanto com a falta de conhecimento como de discernimento. Ela vem de um conceito hebraico que significa que a tolice não é ignorância, mas sim rebelião contra D-us; não é fatalidade, mas sim culpa. O homem comprova que é tolo quando rejeita a oferta de D-us e então cai no julgamento. A obediência é a prudência dos crentes! Esta palavra vem de um termo hebraico que é kasal e significa “ser tolo”. Esta palavra refere-se a um estilo de vida atraente para pessoas imaturas mas que pode levar à ruína e a destruição.

Mas porque isso acontecerá assim? É porque as pessoas novamente não crerão nas palavras ditas pelos servos de D-us avisando que o tempo é chegado e que o Noivo se aproxima!

O juízo vem sobre a terra e sobre a humanidade e destrói tudo o que existe sobre a face da terra! A Escritura nos informa agora que o Eterno dá atenção a Noach e aos animais na arca, a fim de recolocar as coisas em seus devidos lugares! Agora tem início o período em que a água escoaria a fim de permitir novamente que o homem habite sobre a terra! E a arca agora irá se acomodar na região em que o Eterno escolheu para dali reiniciar o processo de colonização da terra. E assim foi. “E a arca repousou no sétimo mês, no dia dezessete do mês, sobre os montes de Ararate” (Gn 8:4).

       Quando tudo cessa, então Noach envia uma pomba a fim de saber se já há vegetação na terra. A pomba voaria e se achasse alguma vegetação ela certamente a traria para ele. Quando ele faz isso a primeira vez a pomba volta sem trazer nada consigo. Mas na segunda vez acontece algo de diferente. Veja que relato interessante nos é dado em Gn 8.11: “E a pomba voltou a ele à tarde; e eis, arrancada, uma folha de oliveira no seu bico; e conheceu Noach que as águas tinham minguado de sobre a terra”. A árvore citada aqui é a oliveira. A palavra “oliveira” vem do termo hebraico zayit que significa “oliveira, azeitona”. A oliveira ra famosa por três coisas: seu fruto, seu óleo e sua madeira. O interessante é que a primeira árvore que se recuperou (ou que não pereceu) foi a oliveira! Isso nos fala muito fortemente, pois a oliveira na Escritura é figura da nação de Israel! A palavra nos fala então que quando vier a tribulação o Eterno preservará a Israel! Isso nos fala também da igreja gentílica, que segundo Sha´ul nos informa em Romanos 11, foi enxertada em Israel (a oliveira brava enxertada na boa). Esta folha de oliveira que retorna com a pomba nos diz novamente que Israel e a Igreja serão sempre preservados em meio às maiores lutas e provações que a humanidade vier a enfrentar! Quando tudo o mais havia perecido, a forte oliveira ainda vivia! Aleluia!

O período total no qual eles ficaram na arca foi: “No ano seiscentos da vida de Noach, no mês segundo, aos dezessete dias do mês, naquele mesmo dia se romperam todas as fontes do grande abismo, e as janelas dos céus se abriram” (Gn 7:11). Aqui tem início o dilúvio e o período em que Noach, sua família e os animais ficam na arca. O seu fim foi “E aconteceu que no ano seiscentos e um, no mês primeiro, no primeiro dia do mês, as águas se secaram de sobre a terra. Então Noach tirou a cobertura da arca, e olhou, e eis que a face da terra estava enxuta” (Gn 8:13). Ou seja, eles ficaram praticamente um ano dentro da arca! Nós devemos dizer que isso realmente foi um milagre, em todos os sentidos, pois sabemos que várias coisas são necessárias para a subsistência humana (quanto mais junto com animais), e esse tempo todo eles passaram fechados dentro da arca! A Escritura não nos informa que qualquer animal revoltou-se, ou morreu, ou sequer que houve um “briga” dentro da arca por mais espaço! Ali estavam as mãos do Eterno a fim de preservar a ordem em meio a uma situação desconfortável!

Quando eles saem da arca, a primeira coisa que Noach faz com sua família é oferecer um sacrifício ao Senhor! Há entre eles um profundo sentimento de gratidão a D-us por terem sido preservados vivos em meio à catástrofe que atingira o mundo. Há um sentimento de “alívio”, por estarem vivos, por terem saído da arca, por poderem voltar à normalidade, enfim, por verem novamente o mundo como estavam habituados até então!

Aqui acontecem algumas coisas: Noach primeiro edifica um altar ao Senhor. O altar na antigüidade era reconhecidamente “local de sacrifício”, local onde alguém (ou algo) morre por outrem. Há também o fato de animais limpos serem escolhidos para esse sacrifício. Novamente um conceito da Torah aqui nos é mostrado (revelado), e isso nos fala que Noach realmente tinha uma profunda comunhão com o Eterno e ele certamente aprendeu isso com Ele! O que aconteceu quando Noach fez o que aprendeu com o Senhor? “E edificou Noach um altar ao IHVH; e tomou de todo o animal limpo e de toda a ave limpa, e ofereceu holocausto sobre o altar. E o IHVH sentiu o suave cheiro, e o IHVH disse em seu coração: Não tornarei mais a amaldiçoar a terra por causa do homem; porque a imaginação do coração do homem é má desde a sua meninice, nem tornarei mais a ferir todo o vivente, como fiz. Enquanto a terra durar, sementeira e sega, e frio e calor, e verão e inverno, e dia e noite, não cessarão” (Gn 8:20-22). Aqui a palavra que define o Eterno vem do termo hebraico IHVH que significa “Eu me torno aquilo que me torno”. Isso significa que agora o Eterno se tornaria aquilo que Noach e seus familiares necessitavam! O Eterno recebe o sacrifício como algo maravilhoso, pois Noach está justamente fazendo aquilo que o Senhor esperava dele. Novamente sua obediência se reflete em suas ações! Por isso o Eterno dará continuidade aos seus planos através da vida desse homem! Noach em sua pessoa nos fala de um modelo, ele nos mostra como servirmos ao Eterno de forma a superarmos os obstáculos e ao fim deles ainda podermos ter em nosso coração a convicção de que poderemos continuar a ouvir e obedecer ao Senhor! O Eterno afirma que “não mais amaldiçoaria a terra por causa do homem”. A palavra “amaldiçoar” vem do termo hebraico qalal que significa “ser sem importância, ser insignificante”. Em sua raiz temos a palavra qelalâ que significa “maldição”. Esta palavra indica a inversão de um estado abençoado ou justo e o rebaixamento a um estado inferior. Nós percebemos que o mal foi trazido sobre a terra e que o homem também sofreu com isso. A palavra “terra” vem do termo hebraico adamâ que significa “solo, terra” de onde provém também a palavra adam, que significa homem, espécie humana; feito de terra. O Eterno disse que não mais destruiria a terra apesar de “a imaginação do coração do homem é má desde a sua meninice”. Aqui a palavra “imaginação” vem do termo hebraico yetser que significa “forma”. Neste contexto significa aquilo que é formado na mente humana! Ou seja, o Senhor nos diz que o homem ministra padrões negativos aos seus filhos e isso acabou desencadeando todo um processo de destruição à humanidade nos dias de Noach!

Após o término do sacrifício, acontece o seguinte: “Abençoou D-us a Noach e a seus filhos, e disse-lhes: Frutificai e multiplicai-vos, e enchei a terra” (Gn 9:1). A palavra usada aqui para “abençoar” é barak, que significa “dar poder à alguém para ser próspero, bem sucedido e fecundo”. Quando o Eterno abençoa (com barak), Ele ainda diz estas palavras a Noach e seus filhos: “Frutificai e multiplicai-vos, e enchei a terra”. A palavra liberada pelo Eterno tinha um caráter duplo: Ele ministrara a frutificação (parã) e a multiplicação (raba) de seus filhos, com a finalidade de encherem a terra! Aqui a palavra “frutificai” vem do termo hebraico parâ que significa “frutificar, ser frutífero, ser fecundo, ramificar”. Já a palavra “multiplicar” vem do termo hebraico rabâ que significa “ser grande, tornar-se grande, ser numeroso, tornar-se numeroso”. Por isso o judeu se cumprimenta com “Toda rabâ”, muita multiplicação! Isso nos parece um tanto óbvio, mas fica novamente explícita a aprovação do eterno quanto à Noach e sua família por terem obedecido ao Senhor em tudo.

O Senhor dá ainda à eles (que representam a humanidade redimida) o poder sobre os seres viventes (reafirmando dessa forma a promessa feita à Adam no Éden) e sobre a erva verde também como seu mantimento. Está dito assim: “E o temor de vós e o pavor de vós virão sobre todo o animal da terra, e sobre toda a ave dos céus; tudo o que se move sobre a terra, e todos os peixes do mar, nas vossas mãos são entregues” (Gn 9:2). Aqui a palavra “temor” vem do termo hebraico môra´que significa “medo, terror”. Esta palavra está ligada à emoção do medo (um sentimento advindo da alma) e está ligada à reverência e ao respeito. Já a palavra “pavor” vem do termo hebraico hat que significa “pavor, medo”. Esta palavra indica um estado de aniquilação, pavor absoluto, desmoralização.

Porém, já aqui o Eterno faz uma restrição ao homem: o sangue! “A carne, porém, com sua vida, isto é, com seu sangue, não comereis” (Gn 9:4). Já antes da Torah há um mandamento para que o homem não coma sangue! Hoje é sabido que no sangue estão contidas todas as informações genéticas do homem assim como também ali está a sua saúde (ou doença), pois o sangue é o único fluido que circula por todo o corpo humano fazendo o transporte de proteínas, vitaminas, mas também de bactérias, vírus, etc… que são os fatores transmissores de doenças! Porque não comer sangue? É óbvio que nele estão contidas a vida e a morte e que este elemento não seria necessário para suprir o homem de qualquer elemento necessário à sua saúde.

O interessante é que quem estabelece este princípio é o próprio Criador do homem! Isso nos mostra que, Aquele que nos criou (e que conhece todos os detalhes de nossa constituição física) determinou aquilo que seria bom (ou não) para comermos e bebermos. Estas “leis” tem a finalidade de preservarem nossa saúde e de prolongarem nossa vida sobre a terra. Alguns encaram isso como um conjunto de limitações que lhes tira a liberdade de fazerem o que quiserem, mas não é bem isso. Imagine você que seu filho após nascer (e no decorrer de seu desenvolvimento) passa a ingerir substâncias que lhe farão mal. Qual seria a atitude normal de um bom pai? Seria ensinar ao filho o que ele pode ou não comer! E foi isso justamente o que o Eterno fez conosco! Ele nos “aconselha” a seguirmos seus padrões (inclusive alimentares) para termos uma melhor saúde e sermos então mais felizes na terra.

Vejamos que agora o Eterno dá a Noach e seus filhos a forma e os objetivos de seu concerto com eles: “Eis que eu estabeleço o meu pacto convosco e com a vossa descendência depois de vós, e com todo ser vivente que convosco está: com as aves, com o gado e com todo animal da terra; com todos os que saíram da arca, sim, com todo animal da terra. Sim, estabeleço o meu pacto convosco; não será mais destruída toda a carne pelas águas do dilúvio; e não haverá mais dilúvio, para destruir a terra. E disse Elohim: Este é o sinal do pacto que firmo entre mim e vós e todo ser vivente que está convosco, por gerações perpétuas: O meu arco tenho posto nas nuvens, e ele será por sinal de haver um pacto entre mim e a terra” (Gn  9.9-13). A palavra aqui é novamente berith, ou seja, um pacto (ou aliança) mediante o derramamento de sangue. Mas esta aliança é diferente da outra que seria feita posteriormente com Avraham. Esta aliança diz respeito aos homens, animais e à terra! Aqui fala-se da não destruição da humanidade através das águas do dilúvio novamente! Mas para que isso pudesse ser percebido por todos os homens na terra (e também “lembrado” pode D-us nos céus), o Eterno poria um arco, que é o sinal visível deste pacto firmado com Noach.

Ao fim desta etapa nos é dito: “Estes três foram os filhos de Noach; e destes foi povoada toda a terra” (Gn 9:19).

A seguir temos o reinicio da vida na terra. Aquilo que Noach e seus filhos faziam antes do dilúvio, como as atividades agro-pastoris, voltam novamente a ser o seu cotidiano. Mas, logo após o reinicio da vida na terra, acontece um fato no mínimo bizarro: Noach após embebedar-se, é visto nu por seu filho Cão, que lhe falta com o respeito devido a seu pai e por isso recebe uma dura palavra de Noach. Leiamos então a narrativa que diz: “E começou Noach a ser lavrador da terra, e plantou uma vinha. E bebeu do vinho, e embebedou-se; e descobriu-se no meio de sua tenda. E viu Cão, o pai de Canaã, a nudez do seu pai, e fê-lo saber a ambos seus irmãos no lado de fora. Então tomaram Sem e Jafé uma capa, e puseram-na sobre ambos os seus ombros, e indo virados para trás, cobriram a nudez do seu pai, e os seus rostos estavam virados, de maneira que não viram a nudez do seu pai” (Gn 9:19-23). Mas o que causou tantos problemas aqui? Foi o fat ode Cão ter visto a nudez de seu pai e a “divulgado” a seus irmãos. A palavra “nudez” vem do termo hebraico ´erwâ que significa “nudez, vergonha”. Já a palavra “conhecido” vem do termo hebraico nagad que significa “contar, tornar conhecido”. O sentido básico da raiz é “colocar algo em evidencia de forma ostensiva diante de alguém”. A forma como Cão apresentou a nudez de seu pai é que foi condenável aos olhos de Noach! Temos então uma reação muito forte da parte de Noach quanto ao ocorrido.

Versículo 9:22-23:

Cham presenciou a nudez do pai… Shem e Jafet… cobriram a nudez de seu pai; suas faces viradas para trás, para não verem a vergonha de seu pai“.

Nada acontece por acaso; cada acontecimento na vida da pessoa está predeterminado e tem um objetivo. Por isso, se ocorre de alguém enxergar algo negativo em seu próximo, deve reconhecer que ele, também, sofre da mesma carência de uma forma ou de outra. Pois, para que a Divina Providência o faria ver a degradação de seu próximo se não fosse para abrir seus olhos e não fazer o mesmo?

Alguém poderia se perguntar: talvez a iniqüidade do outro lhe esteja sendo mostrada, não como uma mensagem sobre seu próprio estado pessoal, mas para que possa auxiliar o outro em sua correção? Mesmo assim, se este for o caso, não seria necessário para ele perceber a culpa de seu próximo, apenas o fato que requer a correção. Se lhe fossem mostradas as deficiências do próximo com o único propósito de fazer algo a respeito, então isto é tudo que iria perceber – o fato do problema e o que poderia fazer para resolvê-lo. Se, além do mais, também vê e sente a vergonha e decadência de seu próximo, então obviamente este aspecto de sua experiência também serve para um propósito. A Divina Providência o equipou com um espelho com o qual pode discernir seus próprios erros.

Isto é o que o versículo está nos dizendo com as palavras: “e a vergonha de seu pai eles não viram.” Não apenas Shem e Jafet não viram fisicamente a degradação do pai – isto já sabemos pelo fato (duas vezes repetido) de que eles viraram “as faces para trás” – mas eles não perceberam sua culpa ou desgraça.

Ao contrário de Cham, cuja própria degradação estava refletida em sua visão do pecado de seu pai. Toda a reação de Shem e Jafet a seu conhecimento do que havia transparecido está naquilo que eles devem fazer agora para corrigi-lo. A vergonha de seu pai, entretanto, eles simplesmente não vêem.

(Rabi Menachem M. Schneerson, Rebe de Lubavitch)

Vejamos o que foi dito por Noach à seus filhos: “Despertado que foi Noach do seu vinho, soube o que seu filho mais moço lhe fizera; e disse: Maldito seja Canaã; servo dos servos será de seus irmãos. Disse mais: Bendito seja o IHVH, o Elohim de Sem; e seja-lhe Canaã por servo. Alargue Elohim a Jafé, e habite Jafé nas tendas de Sem; e seja-lhe Canaã por servo” (Gn 9.24-27). Mas o que de fato aconteceu aqui? Noach amaldiçoa seu filho Cão. A palavra “amaldiçoar” (aqui lit. maldito) em hebraico é arar. Esta palavra tem suas raízes em palavras que significam “capturar”, “prender”, “armadilha”, “funda”. Significa também “prender” (por encantamento), “cercar com obstáculos” e “deixar sem forças para resistir”. O que Noach fez então a Cão? Ele simplesmente liberou palavras que determinaram o futuro do moço assim como também o de seus descendentes!

Consideremos alguns pontos a seguir:

  • Noach era pai de Cão, portanto autoridade imediata e máxima sobre ele, podendo através de sua palavra determinar o bem ou mal à ele;
  • Noach era um servo do Eterno (Criador), e isso lhe dava autoridade para poder profetizar a palavra do Senhor;
  • Noach faz isso por causa de uma atitude errada de Cão. Esse é, portanto, o juízo de D-us sobre esse moço que desonra seu pai!

Uma das coisas ditas por Noach à Cão está que ele seria “servo dos servos de seus irmãos”.  Esta palavra demonstra-nos o quão baixa seria a condição de Cão e de seus descendentes!

Já em relação aos irmãos de Cão as coisas foram diferentes: a Sem ele diz: “Bendito seja o IHVH, o Elohim de Sem; e seja-lhe Canaã por servo”. Cão aqui seria servo dos semitas (descendentes de Sem). Já com Jafé ocorre assim: “Alargue Elohim a Jafé, e habite Jafé nas tendas de Sem; e seja-lhe Canaã por servo”. Novamente Cão seria servo também de Jafé, mas Jafé habitaria nas tendas de Sem! Sem e seus descendentes receberam a melhor porção da benção de Noach! A eles coube o estar no topo, pois estes três geraram a população do mundo que conhecemos hoje!

Mas como seria hoje esta divisão:

Semitas (descendentes de Sem) – Ásia

Camitas (descendentes de Cão) – África

Jafetitas (descendentes de Jafé) – Europa.

        Para nós atualmente é notória diferença entre estas três grandes divisões no mundo! Os semitas de forma geral estão espalhados por todo o mundo, cumprindo o que fora dito por Noach, pois “habitam nas tendas de Jafé”. Já os descendentes de Jafé são também muitos e detentores do conhecimento secular e do poder econômico. Porém aos camitas ficou reservado a condição de “seres inferiores”, ou povo que é continuamente explorado pelos demais! E tudo isso graças à uma palavra dita por um homem na antigüidade!

Poderíamos destacar vários fatos interessantes acerca dos descendentes de Noach, porém cremos que um merece nossa atenção agora. Queremos atentar para um dos descendentes e Cão: “Cuche também gerou a Ninrode, o qual foi o primeiro a ser poderoso na terra. Ele era poderoso caçador diante do IHVH; pelo que se diz: Como Ninrode, poderoso caçador diante do Senhor. O princípio do seu reino foi Babel, Ereque, Acade e Calné, na terra de Sinar. Desta mesma terra saiu ele para a Assíria e edificou Nínive, Reobote-Ir, Calá” (Gn 10.8-11). Este texto nos informa que um dos descendentes de Cão foi Ninrode. Seu nome significa “rebelião” ou “o valente”. É dito em nossa tradução: “Cuche também gerou a Ninrode, o qual foi o primeiro a ser poderoso na terra”. A palavra primeiro está mal colocada. Ela quer dizer que Ninrode tornou-se alguém que em função de uma conduta veio a ser forte e poderoso. Esta palavra então que faltou em português vem do termo hebraico halal que significa “profanar, contaminar, poluir”. Vem de uma raiz árabe, hll, que significa “desobrigar de deveres religiosos”.

Este homem foi o fundador de Babel (que depois é conhecida nas Escrituras como Babilônia). Sua influência no mundo antigo foi devastadora, pois é através da fundação desta cidade que vem a confusão das línguas e a posterior separação e dispersão da humanidade.

Na atualidade sabemos que o nome Ninrode é dado a um dos príncipes de Satanás, e ele tem por finalidade comandar toda a violência no mundo!

Outra coisa interessante é que Babilônia tem algumas coisas tidas por suas “especialidades”. Entre elas estão o comércio: “Javã, Tubál e Meseque eram teus mercadores; pelas tuas mercadorias trocavam as almas de homens e vasos de bronze” (Ez 27:13 – ver tbém. Ap 18.13). A especialidade de Babilônia é comercializar a alma humana! Eles trabalham com os sentimentos e anseios do coração humano, fazendo deles assim suas presas fáceis. Suas emoções estão totalmente escravizadas por Babilônia, pois é ela quem dita as regras de conduta dos seus servos. Entendamos que Babilônia hoje é um sistema de coisas que faz com que as pessoas sejam postas sob seu domínio em toda a terra. Inclusive alguns servos do Senhor ainda estão sob seu domínio, pois tem deixado que o sistema mundano “dite” as normas, diretrizes e regras com as quais ele se guia! Parece que alguns não atentam para a palavra que diz: “Rogo-vos pois, irmãos, pela compaixão de Elohim, que apresenteis os vossos corpos como um sacrifício vivo, santo e agradável a Elohim, que é o vosso culto racional. E não vos conformeis a este mundo, mas transformai-vos pela renovação da vossa mente, para que experimenteis qual seja a boa, agradável, e perfeita vontade de Elohim” (Rm 12.1,2).

Por fim, nos é apresentado o maior símbolo do orgulho e da arrogância do ser humano: a torre de Babel! Nela estão expressos os desejos de independência do homem para com D-us, além de apreendermos também que sua intenção original era de que, no alto daquela torre, haveria um lugar onde eles iriam para “receberem revelações” dos deuses que ali viriam para encontrá-los!

Isso nos mostra um outro fato: crê-se que foi ali em Babel que surgiu a astrologia (consulta aos astros para conhecer-se o futuro). É sabido que o homem tem um anseio muito grande de conhecer o seu futuro, e para isso recorre aos mais variados meios (ainda que não lhe sejam conhecidos ou lícitos), e então tenta sem D-us conhecer aquilo que lhe sobrevirá no futuro.

Outra coisa que Babel nos revela: o homem prefere seguir seus próprios “instintos” a esperar em D-us por uma direção segura para sua vida! Babel tem por finalidade ministrar ao homem a sua independência do Criador. Porém não lhes é dito que isso cria uma profunda dependência dos deuses de Babel e uma automática condenação, tanto de Babel quanto daqueles que adotam seus princípios e sistemas!

No livro de Apocalipse, no capítulo 17 nos é informado que um dia, no futuro, a grande Babilônia, a grande prostituta, será finalmente vencida e seu sistema aniquilado para sempre!

Agora devemos nos posicionar: de que lado queremos realmente ficar? Ficaremos atrelados ao mundo e seus esquemas e estratagemas diabólicos (que são uma herança de Babilônia), ou então permitiremos que o Eterno mude nossas mentes para podermos experimentar qual seja a boa, perfeita e agradável vontade de D-us? Faça sua escolha!

Mário Moreno.