Mário Moreno/ agosto 4, 2017/ Artigos

50° dia

Quinquagésimo dia

O que há de especial neste dia? Ou melhor, o que há de especial neste “número” (Cinquenta) para que as Escrituras o tratem de uma forma tão especial? Vejamos a seguir quais são as relações contidas nesta combinação de fatos que levam este dia – o quinquagésimo a ser tão especial.

O número 50 na tradição judaica está ligado à grande Sabedoria Divina e aos portões do entendimento que se abrem para aqueles que a buscam. Um outro detalhe é que este número está ligado a letra “nun” que significa “peixe”.

O primeiro fato que ocorreu após cinquenta dias foi Shavuot, conhecida também como a “Dádiva da Torah”, ou seja, o Eterno deu aos seus filhos os Dez Mandamentos. E é aqui que podemos dizer que literalmente se manifesta a sabedoria do Eterno, pois quando Ele dá ao povo de Israel a Torah está também dando a eles parte desta sabedoria que neste exato momento é trazida dos céus para a terra em forma de palavras. O Eterno dá a Israel neste instante “dez mandamentos” e este número – 10 – está ligado a “Keter” – Coroa. Então um dos propósitos do Eterno era dar aos seus filhos uma coroa de sabedoria e conhecimento, o que os levaria a alcançarem também a coroa da vitória – tanto espiritual quanto material.

Isso aconteceu no deserto, para que a Torah não fosse uma “propriedade particular de ninguém”, mas ele seria daquele que a desejassem. Um outro detalhe é que ali no deserto todos estavam disponíveis para ouvirem e receberem a Torah, por isso ela é dada a Israel neste contexto. Nos desertos todos são iguais e ninguém receberia mais do que o outro. Tudo é distribuído de maneira a que todos recebam!

Este período de Pessach até Shavuot é também o período em que nascem o morrem grandes personagens. O maior exemplo disso está em David, que nasceu em Shavuot e também morreu nesta data. Quando retomamos o que Foi dito acima percebemos algo extraordinário: tanto no nascimento quanto na morte de qualquer ser humano vemos a manifestação da sabedoria do Eterno, pois a vida e a morte estão sob Seu controle. E quando nos referimos à morte temos um diferencial: é neste momento que o homem poderá de fato receber a sua coroa da vida – ou não – pois este momento é o ápice da vida humana e quando estamos preparados para enfrentar a morte carregando conosco a Ieshua então este momento é o tempo de recebermos a coroa da vida eterna!

Falando de David, temos uma foto curioso, pois Shavuot é também o tempo em que os “gentios” entram para a “linhagem” de Ieshua. Isso aconteceu com Ruth, que era moabita – descendente de uma das filhas de Lot – e os moabitas eram inimigos de Israel. Mas é em Shavuot que começa a surgir o interesse de um judeu por esta mulher e isso termina com o casamento entre Ruth e Boaz. Eles pertencem a linhagem real e seriam os antecessores do grande rei David. Então este é também um tempo em que o Eterno permite que mais e mais gentios possam ser colocados dentro do povo de Israel. É o tempo da Restauração. É o tempo da recuperação da identidade perdida e também é o tempo em que o Eterno traz os “gentios” para serem de fato parte de Seu povo. Durante a colheita vem a revelação de quem somos e dos propósitos do Eterno mais elevados, que estão agora sendo mostrados por Ele para seu povo.

Ainda relacionado com o número cinquenta temos também o evento que ocorreu em Atos capítulo 2, onde o Eterno cumpre a promessa feita por intermédio de Io´el quando a unção do Eterno é derramada sobre os seguidores de Ieshua em Jerusalém no primeiro dia de uma festa de Shavuot! Então este número está também ligado à unção do Eterno que é derramada do alto sobre aqueles discípulos de Ieshua que obedientemente esperaram pelo cumprimento da promessa feita por Ieshua! Duas coisas são importantes aqui: o derramar desta unção fez com que os discípulos tivessem uma credibilidade maior pelo fato de que este evento já havia sido profetizado 800 anos antes e também por que após este derramar de unção muitos milagres começaram a acontecer através dos discípulos de Ieshua por onde quer que eles fossem.

O princípio é o mesmo: obediência! Enquanto aqueles homens e mulheres permaneceram obedientes ao Eterno então as coisas aconteciam naturalmente. Ninguém precisava “esforçar-se” para que os milagres acontecessem… Isso está demonstrado também nas vestimentas dos sacerdotes que eram de linho, pois o linho era usado para que eles não transpirassem. Mas por que eles não deveriam transpirar? Eles eram somente canais do Eterno e deveriam ser usados por Ele. Por isso não se esforçariam para fazer a obra. Caso contrário o mérito seria deles – do esforço pessoal na obra – e não do Eterno! Por isso quando a unção veio dos céus todos foram cheios na mesma medida e alguns desenvolveram esta unção usando-a a cada dia mais e buscando continuar num padrão de obediência para que esta unção não se perdesse ao longo do tempo. O reflexo do uso desta unção foi que não somente Jerusalém e a nação de Israel foi grandemente “abalada” por aquilo que estava ocorrendo, mas todo o império romano foi atingido por este mover que era levado pelos seguidores de Ieshua para onde quer que fossem!

Que diremos nós ainda hoje? A unção ainda está disponível e o Eterno ainda pretende usar homens para impactar não somente a nação de Israel como também o restante do mundo. Quem se apresenta para este tão grande desafio? Os “desconhecidos” seguidores de Ieshua tornam-se referenciais mundiais quando se apresentam para tornarem-se os responsáveis pela grande revolução causada pelo derramar da unção do Eterno. Uma promessa seguida de obediência traz consigo a glória dos céus? Estamos prontos? A pergunta é: “Depois disto ouvi a voz do IHVH, que dizia: A quem enviarei, e quem há de ir por nós? Então disse eu: Eis-me aqui, envia-me a mim” Is 6:8.

Esperamos que este seja um tempo do derramar da unção do Eterno sobre a nossa nação para que muitos sejam “contaminados” por ela e tornem-se também grandes instrumentos para a glória do nome de Ieshua!

Mário Moreno