Ieshua e o Talmud

Mário Moreno/ outubro 19, 2017/ Artigos

Ieshua e o Talmud

Autoridade do Talmud.

O Tamud é um referencial máximo de fé no judaísmo rabínico. A tal ponto que alguns judeus quando dizem que vão estudar a Torah, fazem referência ao estudo do Talmud. As escolas de rabinos (Ieshivá) dedicam- se em ensinar acima de tudo o Talmud. Porém, nós messiânicos temos uma visão um tanto distinta que o judaísmo rabínico.

Regra de fé e prática para o judeu-messiânico é o Tanach (Antigo Testamento) e os livros do chamado “Novo Testamento” (Brit Hadasha). Nos fundamentamos nestes escritos, porém temos que concordar que parte da tradição talmúdica é necessária para o judeu, para que ele viva sua identidade de forma a se identificar com toda a comunidade judaica. Neste ponto, podemos afirmar que o Talmud tem certa autoridade histórica, étnica, cultural, intelectual, porém não tem autoridade canônica, como um livro de regra de fé e prática, diretamente inspirado por D’us como o Tanach e a Brit Hadasha. Sem contar, que alguns trechos da tradição rabínica, principalmente após o II século, possuem algum conteúdo anti- Ieshua, o que dificulta o crédito deste material para a fé messiânica.
Não negamos que exista alguma sabedoria nestes escritos e que o próprio Ieshua reconheceu o valor deles quando disse, ainda no período em que a Mishná era ainda oral: “Na cadeira de Moisés, se assentaram os escribas e os fariseus. Fazei e guardai, pois, tudo quanto eles vos disserem, porém não os imiteis nas suas obras; porque dizem e não fazem” (Mateus 23.2 e 3). Mesmo, Ieshua deixa claro a estagnação destas tradições, pois carregam a Torah Escrita de regras que acabam impedindo a prática essencial da Torah. Quando Ieshua veio, ele objetivava através de seu ministério trazer à tona a profundidade dos mandamentos da Torah. Ao invés de alargar as cercas em volta dos mandamentos já existentes. Por isto ele completa: “Atam fardos pesados [e difíceis de carregar] e os põem sobre os ombros dos homens; entretanto, eles mesmos nem com o dedo querem movê-los” (v.4).

Ieshua no Talmud e Ieshua e o Talmud

Na verdade, quando dizemos Ieshua no Talmud, não estamos sendo muito honestos. Porque na verdade as referências a Ieshua na tradição talmúdica são poucas, e são feitas referências diversas sobre Ele, porém muitas são citações indiretas, quando não quase codificadas. Mas, ele é tratado como personagem histórico. Com críticas ou não, Ieshua não é negado como personagem histórico em Israel, pelo menos baseado na tradição Talmúdica. Porém, existem muitos personagens que foram confundidos com Ieshua no Talmud. “Aumenta o problema a confusão acerca da possibilidade de passagens que originalmente não aludiam a Jesus não terem sido mais tarde entendidas como referentes a ele. Textos rabínicos que tratam de outras figuras (por exemplo, ben Stada, Peloni Ben Netzer) mais tarde foram aplicados erroneamente a Jesus” (Michael J. Cook – Jesus Segundo o Judaísmo – Ed. Paulus – pg. 28).

Objetiva-se através deste estudo, restaurar um entendimento mais profundo sobre Ieshua, baseado em tradições e expectativas religiosas de sua época, em que muito foi preservado no Talmud Babilônico e outros materiais rabínicos. Por isto, trabalha-se com o título apropriado “IESHUA E O TALMUD”.

Analisando textos Talmúdicos aplicados a Ieshua

Drasha – Cinco discípulos de Ieshua?
(Sanhedrim 43a).

“Nossos rabinos ensinaram: Yeshu tinha cinco discípulos: Matai, Nakai, Netser, Buni e Toda”

Forma original do texto: “chamisha talmudim haiu lo le Yeshu ha Nozri”

Continuação do tratado: “Quando Matai foi trazido [perante a corte] ele lhes disse [os juízes]: Matai deverá ser executado? Pois está escrito: Quando [hb. Matai] eu virei e aparecerei perante D’us? (Sl 43.3). Imediatamente ele replicou: Sim, Matai será executado, pois está escrito, Quando [Matai] morrerá e seu nome perecerá (Sl 41:6).

Quando Nakai foi trazido por ele foi dito aos juízes: Será Nakai executado? Não está escrito: O inocente [Naki] e o justo não matarás? (Ex 23:7). Sim, foi a resposta, Nakai será executado, pois está escrito: Nos lugares ocultos matarás o inocente [Nakai] (Sl10:8). Quando Netser foi trazido, ele disse: Será Netser executado? Não está escrito: De suas raízes crescerá um renovo [Netser] (Isaías 11:1).

Quando Buni foi trazido ele disse: Será Buni executado? Não está escrito: Meu filho [Beni], um filho primogênito? (Ex 4:22). Sim, eles disseram: Buni será executado, pois está escrito: Eu matarei teu filho [beneichá], teu primogênito.

Quando Toda foi trazido, ele disse para eles: Todá será executado? Não está escrito: Um salmo de gratidão [Todá]?

(Salmo 100:1 – Mizmor lê Toda). Sim, eles responderam, Todá será executado, pois está escrito: Aquele que me ofertar sacrifícios de gratidão [Toda] me honrará” (Sl 50:23).

Cinco Talmudim (ensinos) e não Talmidim (discípulos). Matai – Quando? Reflete a expectativa da vinda. Naki – Inocente, reflete sua impecabilidade. Netser – Broto – sua linhagem davídica; Broto de Jessé – Buni – Meu filho, sua filiação divina. Toda – Gratidão; sacrifício de ações de graças

Drash b – O Julgamento de Ieshua

Sanhedrim 43a (início).

Mishná: “Então eles o encontraram inocente, eles o dispensaram, mas se ele não fosse, ele então será apedrejado e um mensageiro o precederia [gritando]: o tal e tal, o filho de tal e tal, será apedrejado porque ele cometeu tal e tal ofensa, e tal e tal são suas testemunhas. Se alguém souber de alguma coisa em seu favor, deixe ele ir”.

Guemará:

“Na véspera da Páscoa Yeshu [Ieshua] foi enforcado”.

Quarenta dias antes da execução acontecer, um mensageiro foi enviado à sua frente e gritou: ‘Ele será apedrejado porque ele praticou feitiçaria e instigou Israel à apostasia (…) Mas, ninguém foi trazido em seu favor, ele então foi enforcado na véspera de Páscoa – [Um manuscrito Florentino acrescente ‘véspera de Shabat’] – (…) Ele era conectado com a realeza”.

Este tratado concorda com a Brit Hadasha (Novo Testamento):

1) Ieshua condenado na véspera de páscoa. Ou até mesmo na ‘véspera do Shabat’ (Lucas 22).
2) Confirma as acusações de alguns judeus de que Ieshua praticava feitiçaria (Mt 12:22-24).
3.1) Admite-se indiretamente os sinais e milagres de Ieshua (ver Toldot Yeshu).

Sobre a narrativa de Toldot Yeshu diz o rabino Shulam: “Agora em tal estória é interessante notar que explica duas coisas. Que Jesus fez milagres, eles não podiam negar. A segunda coisa, é que eles não podiam explicar sempre o fato que ele fazia isto por outro poder, por outra fonte, porque ele fez coisas boas. Ele curou pessoas, ele os ressuscitou dentre os mortos, ele lhes abriu os olhos, ele purificou os leprosos de sua lepra, etc. Ninguém podia dizer que isto é alguma coisa má. Então, se isto é alguma coisa boa, tinha que ser feito pelo nome de D’us, e isto é explicado quando se diz que ele ‘pegou’ o nome de D’us. O fato que eles não podiam negar estas coisas, e como na história eles tiveram que explicá-los sempre nesta estória fantástica, nos soa bem encorajador, saber que mesmo hoje nós não podemos negar o poder de D’us em Ieshua o Ungido” (Ieshua in the Talmud – Lesson # 2)

3) Que ele era conectado a realeza (mekurav lê malchut)
Tinha ligações com Herodes? Da casa de Davi?

Drash g – O Ciclo de Vida Judaico

“Aos cinco anos, a leitura do Tanach (AT); aos dez anos, aprende-se da Mishná; aos treze anos lhe é confiado os mandamentos (Bar Mitsvá); aos 18 anos matrimônio; aos vinte um uma profissão, aos trinta anos completo vigor” (Pirke Avot 5:25).
Bar Mitsvá (Filho do Mandamento)

“… ao treze anos lhe é confiado os mandamentos…”
“Quando ele atingiu os doze anos, subiram a Jerusalém, segundo o costume da festa…o acharam no templo no meio dos doutores, ouvindo-os e interrogando-os. E todos os que o ouviam muito se admiravam da sua inteligência e das suas respostas” (Lc 2:42, 46 e 47).

Carpinteiro

“… aos vinte um uma profissão…”
Inicia seu ministério aos 30 anos
“… aos trinta completo vigor…”
“… Ora tinha Ieshua cerca de trinta anos ao começar o seu ministério…” (Lucas 3:23).

Drash d – A Preexistência do Messias

“… sete coisas foram criadas antes do mundo, a Torah, arrependimento, o Jardim do Éden, o Geena (Inferno), o Trono de Glória, o Templo, e o nome do Messias…” (Nedarim 39b).

“Em verdade, em verdade eu vos digo: antes que Abraão existisse, eu sou” (Jo 8:58; Êx 3:14).

“No princípio era a Palavra, e a Palavra estava com Elohim, e a Palavra era Elohim.

Ele estava no princípio com Elohim. [i]Todas as coisas foram feitas por intermédio d’Ele [IESHUA], e sem Ele [IESHUA], nada do que foi feito se fez” (Jo 1:1-3).

“E agora glorifica-me tu, ó Pai, junto de ti mesmo, com aquela glória que tinha contigo antes que o mundo existisse” (Jo 17:5).

“O mundo foi criado para o Messias…” (Sanhedrim 98b)..

Drash h – O Servo Sofredor

“Disse Rav: O mundo foi criado só para David. Disse Shemuel: Para Moisés. Disse o Rabi Yochanan: Para o Messias. Como se chama o Messias? (…) Se chama “o leproso da casa dos estudos”- disseram os rabinos

– porque disse o escrito: “Certamente ele levou as nossas enfermidades, e sofreu nossas dores; e nós o reputamos por ferido de Elohim e oprimido” (Is 53)” (Talmud Babilônico, Tratado San’hedrim 98a).

O Conflito do Etíope: “Peço-te que me expliques a quem se refere o profeta. Fala de si mesmo ou de algum outro?” (At 8:34).

“O Messias filho de Iosef seria assassinado, como diz o escrito: “…olharão para aquele a quem transpassaram; pranteá-lo-ão como quem pranteia por um unigênito…” Zc 12.10. (Sucá 52a).

Drash z – Fenômenos no Templo Durante o Ministério de Ieshua

“Durante os quarenta anos antes da destruição do Segundo Templo, a sorte* escrita ‘Para o Senhor’ não vinha mais não mão direita do Cohen Gadol (Sumo Sacedote), nem o fio vermelho** ficava branco, nem a lâmpada ocidental a Menorá do Templo permanecia acesa e as portas do Santuário abriam por sí só”
(Yomá 39b).

*A sorte para o Senhor é uma referência ao texto de Lv 16.6-9. Ao bode que seria para expiação do povo. Havia um sorteio e por um sinal de D’us saía ‘Goral LaHaShem’ mas, neste período isto não acontecia mais. Sinal que D’us não estava mais recebendo as ofertas pelo pecado, pois Mashiach Ieshua se ofereceu como perfeito sacrifício pelo pecado. Exatamente neste período de 40 anos antes da destruição do Templo, aproximadamente o ano 30 d.C.

** O fio vermelho era o fio de escarlate que perdia sua cor (ficando branco) como sinal de aceitação de D’us à oferta de Israel. Este fenômeno também não acontecia mais.

“Eis que o véu do santuário se rasgou em duas partes de alto a baixo…” (Mt 27.51).

“Há um interessante comentário feito por Ibn Ezra, um comentarista bíblico judeu medieval, a respeito de Levítico 16.9-10. Ibn Ezra fixa seu comentário em Levítico 16.9: “Se você deseja conhecer o mistério do bode expiatório deve conhecer primeiro quem morreu na idade de 33 (trinta e três)…”. Não foi ele quem elaborou este ponto. Um comentarista posterior, um dos mais famosos Rabinos Judeus da era de ouro, do exílio espanhol, rabino Moshê Ben-Nachman, afirma neste verso: “Eu digo que o Rabino Abraham Ibn Ezra quis dizer, “a idade de 33…”: Esaú e o Reino de Edom”. Na terminologia judaica medieval, Esaú é Ieshua, e o Reino de Edom é o Império Romano. Assim, o Rabino Moshê identifica a pessoa de quem o Rabino Ibn Ezra estava falando como sendo Ieshua. Ieshua é o bode expiatório que leva os pecados de Israel sobre si no dia da expiação. É interessante ver rabinos que identificam o bode expiatório como Ieshua e ainda não acreditam n’Ele. A razão pela qual esses rabinos são capazes disso é porque eles viviam sobre a impressão errada que cristianismo é para gentios e não para Judeus”.
“Não há Yom Kipur sem sangue” (Yomá 5a).

Drash z – A Era Messiânica e o Talmud

“Disse o Rabi Catiná: Seis mil anos existirá o mundo, e um estará como disse o escrito:… O Eterno somente será exaltado naquele dia (Isaías 7:2). Disse Abaiê: Estará em ruínas dois [mil anos], como disse o escrito: Dar-nos-á vida depois de dois dias; no terceiro dia nos ressuscitará, e viveremos diante dele (Oséias 6:2). Foi ensinado em concordância com o Rabio Catiná: Da mesma forma que de cada sete anos o sétimo é o ano de descansar a terra, assim também de cada sete mil anos, o sétimo milênio é para o mundo Shabat, conforme disse o escrito: e o Eterno somente será exaltado naquele dia. Disse também: Salmo; cântico para o dia de repouso 92:1, o dia de repouso total, e também: porque mil anos diante de Teus olhos, são como o dia de ontem, que passou (Salmo 90:4) Na escola de Eliahu se ensinou: A existência do mundo é de seis mil anos: [durante] dois mil anos não houve nada, nos dois mil anos [seguintes] se estudou a Torah; e haverá dois mil anos de Era Messiânica” (Sanhedrim 97a e b).

E vi descer dos céus um anjo, que tinha a chave do abismo, e uma grande cadeia na sua mão. Ele prendeu o dragão, a antiga serpente, que é o Diabo e Satanás, e amarrou-o por mil anos. E lançou-o no abismo, e ali o encerrou, e pôs selo sobre ele, para que não mais engane as nações, até que os mil anos se acabem. E depois importa que seja solto por um pouco de tempo. E vi tronos; e assentaram-se sobre eles, e foi-lhes dado o poder de julgar; e vi as almas daqueles que foram degolados pelo testemunho de Ieshua, e pela palavra de Elohim, e que não adoraram a besta, nem a sua imagem, e não receberam o sinal em suas testas nem em suas mãos; e viveram, e reinaram com o Ungido durante mil anos. Mas os outros mortos não reviveram, até que os mil anos se acabaram. Esta é a primeira ressurreição” (Apocalipse 20:1-5).

Drash x – Os 7 tipos de fariseus

[1] Existe o fariseu shkimi que se comporta como Siquem (se submeteu a circuncisão por motivos indignos Gn 34).

[2] O fariseu kikpi que em seu modo de caminhar exibe uma docilidade exagerada;

[3] O fariseu kizai que derrama seu sangue contra as paredes (significa que para evitar que seu rosto se volte para uma mulher, fere seu rosto contra uma parede).

[4] O fariseu ‘pilão’ que caminha com a sua cabeça inclinada como um pilão em morteiro (ver Mt 6:16);

[5] O fariseu que sempre está exclamando: ‘qual é a minha tarefa para desempenhá-la?;

[6] O fariseu do amor,

[7] fariseu do temor (…) O Rei Janeu disse para sua esposa, não tema o fariseu ou o não-fariseu mas, a hipocrisia que eles praticam” (Sota 22b).

Ler Mateus 23.1-7 e os 7 “ais” de Ieshua v.13-29.

Retirado da Internet.

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