E=mc2
E=MC²
Uma visão chassídica da fórmula de Einstein
Por Rav. Alter Ben Tzion Metzger
Albert Einstein, o célebre físico judeu, é bastante conhecido por sua criativa genialidade. A fórmula mais famosa associada a seu nome é E=MC², a base para a desintegração do núcleo atômico e energia atômica. Uma descoberta extraordinária desencadeou forças inacreditáveis na Natureza que possuem incomensurável potencial para criatividade e benefício, bem como para destruição devastadora.
De fato, o Rebe, elaborando sobre o famoso conceito de Rabi Yisrael Báal Shem Tov de que tudo que se vê pode-se derivar conhecimento de como servir a D-us, também aplicou este princípio à energia atômica. Afirmou que no passado a idéia de força e poder era geralmente associada à massa e quantidade. Liberando as forças ocultas da Natureza por meio de reação atômica, subitamente projetou a consciência do grande poder passível de ser desencadeado mesmo de pequenas partículas de substâncias específicas como o rádio e o plutônio.
Visto sob o prisma do pensamento chassídico, isso possui profundas implicações para o conceito de “eu” de cada judeu. Reduzido em número e tragado por grandes populações mundiais, neutras ou frontalmente opostas ao povo judeu, como é possível prevalecer com a ideologia de Torah? A Torah nos informa que apesar de sermos minoria, D-us nos dotou com qualidades espirituais singulares que nos permitem divulgar Sua palavra e concretizar a vitória espiritual suprema da Era Messiânica.
Podemos semelhantemente tentar derivar implicações espirituais da fórmula E=MC², a qual abriu os portões do conhecimento para uma nova era conceitual de descobertas e introspecção no Universo. “E” pode ser visto como representando Elokut – Divindade. Judaísmo deposita grande ênfase na consciência do relacionamento judeu/D-us. De fato, um judeu recita o Shemá várias vezes ao dia; não somente o versículo que proclama a unidade de D-us, mas em seguida repete o comando de amar a D-us com “todo teu coração, toda tua alma e todas tuas posses.”
Chassidut expande esse conceito e ressalta a constante consciência Divina no estudo de Torah e cumprimento das mitsvot. Assim, “m” pode ser explicado como símbolo de mitsvá, e “c²”, como cavaná (intenção sincera e dedicada) ao quadrado no cumprimento das mitsvot. Como pode um judeu relacionar-se a “E” – Elokut? Por meio da “mc²”.
Existem aqueles que certamente se satisfazem com a consciência de devoção no desempenho de um bom ato, no aprendizado de Torah ou no cumprimento dos mandamentos. Chassidut enfatiza que D-us se reveste na Torah. “D-us e a Torah São um.” Quando um judeu cumpre uma mitsvá deve realizá-la com cavaná “ao quadrado” – c²: uma consciência de sua ação e um desejo sincero de manter um relacionamento direto com D-us. Pois as “roupagens” externas de D-us são 613 mitsvot e, ao cumprir a mitsvá, o judeu, está de fato, abraçando o próprio Rei. Isso obviamente possui um efeito evocativo e profundamente inspirador sobre o judeu que cumpre a mitsvá.
Também podemos sugerir outra explicação de E=MC². Sabemos que a Chassidut é altamente voltada a estimular o povo judeu para trazer Mashiach, atitude especialmente enfatizada pelo Rebe.
Baseando-se no versículo bíblico que aclama a Redenção – “Na hora certa, Eu a apressarei” (Ieshayahu 50:22) – o Talmud explica que isso descreve duas eras messiânicas possíveis. Se o povo judeu não merecer, ocorrerá “na hora certa”, depois de um prolongado período de expectativa. Entretanto, se realmente merecer a Revelação, D-us “a apressará” para que ocorra rapidamente (Sanhedrin 98a).
O famoso sábio místico sefaradi, Rabi Chayim ibn Atar, em seu comentário da Torah, Or Hachayim, aplica esta explicação talmúdica à profecia de Bil’am onde lemos: “Partirá uma estrela de Ia´aqov e um cetro se levantará em Israel” (Bamidmar XXIV:17). Afirma que trata-se da descrição das duas maneiras possíveis da Redenção Messiânica ocorrer. Se o povo judeu for realmente merecedor, será uma Revelação magnífica: “Uma estrela partirá de Ia´aqov.” Entretanto, se não merecer, ocorrerá de maneira mais contida: “Um cetro se levantará em Israel.”
A seguir, o Oi Hachayim menciona seu difundido princípio de que “Ia´aqov” representa um nível espiritual inferior, e “Israel” um mais elevado. Pois Israel foi o nome adquirido depois desta intensa batalha de Ia´aqov com o anjo de Essav. Assim sendo, certamente seria mais adequado o versículo afirmar: “Partirá uma estrela de Israel ” e “Um cetro se levantará em Ia´aqov” – indicando respectivamente níveis mais elevados e inferiores de revelação espiritual.
O Or Hachayim explica que a Era Messiânica pode ocorrer de duas maneiras. A primeira, por meio de empenho total de todo o povo judeu, o que resultará no mais elevado nível de revelação miraculosa. Entretanto, se o povo judeu não aperfeiçoar seus feitos, a Era Messiânica será alcançada pelo mérito dos puros e ímpares tsadikim, sem o auxílio de toda nação judaica.
Agora a nuance de significado imbuído neste versículo “Partirá uma estrela de Ia´aqov” torna-se claro. O nome Ia´aqov é empregado num sentido abrangente, referindo-se não somente aos tsadikim superiores, mas a todo o povo judeu, mesmo àqueles que se encontram em nível inferior. Todos, em conjunto, se superarão para trazer Mashiach, o que resultará em sua vinda de maneira superior. Entretanto, se esta tarefa for conferida à personalidades da elite espiritual, então “um cetro se levantará em Israel “- a Era Messiânica ocorrerá de maneira modificada, pois somente Israel, o indivíduo superior exclusivo, estava envolvido no empenho espiritual de concretizar a vinda de Mashiach, enquanto que o restante do povo judeu não respondeu apropriadamente.
Assim, temos outra interpretação de E=MC². A essência da Era Messiânica é a Revelação de Divindade. “E” é igual a Elokut e “m” representa Mashiach. o “c²” forma o acróstico de duas palavras: “compromisso conjunto”. Todo o povo judeu, cada indivíduo, dedicará sua energia máxima para apressar a vinda de Mashaich. O conceito não será elevado e distante, nem tampouco a nação judia depositará sua confiança apenas em ” Israel “, os célebres líderes judeus.
Dessa maneira a energia espiritual profunda implícita em E=MC² será liberada e revelada especialmente por meio de Ia´aqov, o povo judeu na totalidade, e nós mereceremos a Redenção Messiânica – que assim seja rapidamente em nossos dias.
Se os judeus chassidicos já tem esta visão há tanto tempo, o que se dirá de nós, que não somente aguardamos, mas discernimos os sinais que apontam para a Redenção Messiânica!
Que estejamos prontos para receber o Rei Ungido do Eterno, Ieshua e que esta Redenção ocorra em nossos dias!
Amém!