Livro da Vida
Livro da Vida
O que é o “Livro da Vida”?
A definição não é clara, mas torna-se pertinente para nossas vidas enquanto pessoas que creem na vida após a morte, de acordo com sua definição baseada nas Escrituras. O Livro da Vida é o livro que está nos céus e que registra os nomes das pessoas que viveram uma vida de acordo com os preceitos das Escrituras e que portanto terão direito à vida eterna juntamente com o Criador e toda a corte celestial.
O Judaísmo nos fala algumas coisas sobre o “Livro a Vida”
“Em Rosh Hashaná, após a prece da noite, cumprimentamos todos falando: Leshaná Tová Ticatêv Vetechatêm (que sejas inscrito e selado para um ano bom). Ao proferir isto, é como se pudéssemos ver os três grandes Livros Divinos abertos perante D’us: o Livro dos Justos; o Livro dos Perversos e o Livro dos Medianos – onde é provável que nos encontremos, com nossas boas e más ações quase se equiparando. Apenas uma mitsvá a mais e a balança penderá a nosso favor.”
Os judeus oram de uma forma a reconhecerem seus pecados e a pedirem para o Eterno que eles sejam inscritos no livro da vida a cada ano! Isso se dá por que o homem precisa renovar com o Eterno o seu “pacto de salvação” buscando melhorar a cada dia e também lembrando-se com frequência de que o Soberano do Universo deseja que a cada dia façamos nossa teshuvá para Ele. A oração é feita da seguinte forma:
“Lembra-Te de nós para a vida, ó Rei que desejas a vida, e inscreve-nos no Livro da Vida, pelo Teu bem, ó D’us vivo” (Amidá, Dez Dias de Arrependimento).
Qual o significado de “para Teu bem”? De que maneira pode a extensão da vida de uma pessoa ser pelo bem de D’us?
Deveríamos ler o versículo de maneira um pouco diferente.. “Inscreve-nos no livro de uma vida que é vivida para Teu bem.” Em outras palavras, rezamos não apenas por vida, mas por uma qualidade de vida que seja plena de significado e propósito, uma que será vivida para a maior glória de D’us.
Algumas pessoas consideram a vida entediante, e não é de se admirar que estas pessoas procurem escapar deste tédio. Alguns voltam-se para drogas ou álcool, outros a uma busca por excitação e hobbies divertidos, os quais, embora não destrutivos, não têm utilidade alguma, a não ser a de escapar.
Mas por que deveria haver uma válvula de escape? Por que a vida precisa ser entediante? A pessoa cujo objetivo é ajuntar uma grande riqueza jamais se cansa de adicionar mais a esta já vasta fortuna. Se temos o tipo de propósito na vida que nos permita acrescentar a ela continuamente, jamais nos sentiremos entediados.
É claro, queremos ser inscritos no Livro da Vida, mas deveria ser uma vida que desejamos viver, e não uma da qual procuramos escapar.
“…Todos desejamos levar uma vida significativa. Mas por que estamos vivendo? O que estamos fazendo neste mundo?
Para encontrar a resposta a essa questão fundamental, devemos procurar no próprio livro da vida – a Torah, que é chamada Torah Chaim (Torah Viva). A palavra “Torah” significa “instruções” ou “orientação”, pois a Torah é nosso guia na vida. Ela nos faz constantemente cônscios de nossos deveres nos fornecendo uma verdadeira definição de nosso propósito, nos mostrando os caminhos e meios de atingirmos esta meta”.
As Escrituras e o “Sefer Há Chaim”
A primeira referência que aparece acerca do “Sefer Há Chaim” está no livro de Salmos onde está escrito: “Sejam riscados do livro da vida, e não sejam inscritos com os justos” Sl 69:28. No contexto vemos os inimigos de David que nutriam ódio profundo por ele e portanto faziam com que ele soubesse disso em sua dia-a-dia. No contexto David fala de diversas posturas que o incomodam no tratamento que recebe destas pessoas e finalmente ele profere as palavras do verso 28 como uma oração e pede ao Eterno que estas pessoas que agem desta forma sejam riscados do livro da vida e não sejam inscritos com os justos.
Duas coisas devemos observar aqui: a primeira é que estas pessoas podem sim ter seu nome riscado do livro da vida e para que isso aconteça elas devem agir de forma contrária às Escrituras perdendo assim o direito a terem seus nomes neste livro. A segunda observação é que ele pede para que estas pessoas não sejam inscritas com os justos no livro da vida! É notável que a palavra usada aqui que foi traduzida por “inscrever” vem do termo hebraico “katab” que significa “escrever, registrar, alistar”; na raiz temos o termo “ketuba” que é o contrato de casamento feito entre o Noivo e a noiva. O que David pede aqui na verdade é que estas pessoas não sejam registradas como parte da “noiva” pois sua conduta demonstra a impossibilidade disso acontecer.
A Tanach já nos mostra que uma pessoa que tinha seu nome inscrito no “Sefer Há Chaim” poderá eventualmente perder este privilégio e portanto não será “salva”. Isso é impressionante, pois este conceito é claro na Brit Hadasha, mas nunca houve qualquer apontamento claro acerca disso na Tanach. Agora descobrimos que já havia um plano do Eterno para que o homem pudesse salvar-se, mas é necessário que esta pessoa também mantenha a sua salvação, não dando lugar a pecado e nem mesmo ao maligno que já atuava fortemente buscando desviar o homem do caminho que conduz à vida eterna. Este caminho passa pela obediência às Escrituras e a confiança de que o Ungido deverá vir para salvar – resgatar – todo aquele que n´Ele espera.
O “Sefer há Chaim” na Brit Hadasha
Quando lemos a Brit Hadasha notamos logo de início que havia um claro discernimento entre seus escritores acerca do “Sefer há Chaim”. Vejamos o que nos diz Sha´ul a esse respeito: “E peço-te também a ti, meu verdadeiro companheiro, que ajudes essas mulheres que trabalharam comigo nas boas novas, e com Clemente, e com os outros cooperadores, cujos nomes estão no livro da vida” Fp 4.3. Sha´ul afirma que diversas pessoas têm seus nomes registrados no “Sefer há Chaim”. Mas, como seria possível a ele ter essa certeza? Bem vamos analisar aqui alguns fatos importantes:
Para reconhecer se uma pessoa tem seu nome escrito no Sefer há Chaim é preciso ter se constatado uma grande mudança em sua maneira de viver e um testemunho que respalde essa conduta diariamente.
É necessário que se tenha o testemunho e a revelação do Espírito o Santo para que se possa saber que estas pessoas têm seu nome no Sefer há Chaim. Para isso é necessário que se tenha uma grande intimidade com o Espírito.
O fato de se ter o nome registrado neste livro indica que muitas coisas aconteceram na vida da pessoa em questão e indica também que está havendo uma continuidade em seu relacionamento com o Eterno. A isso chamamos de “desenvolver a salvação”, que nada mais é do que o aprimoramento da santificação do homem através de sua obediência aos mandamentos do Eterno.
Há também uma outra testificação que advém das trevas. Isso ocorre quando há confronto e oposição do nosso adversário contra aquilo que fazemos ou falamos. Este é um sinal claro de que nós estamos com nossas vidas diante do Eterno, pois não haveria oposição da parte do nosso adversário se estivéssemos trabalhando “para ele”. Quem trabalha como parceiro do Eterno sofrerá oposição e retaliações do maligno, que não suporta a presença dos santos na terra. Somente a presença de pessoas salvas e de conduta santificada já causa um grande incomodo nas trevas. Estas pessoas tornam-se alvos do maligno não somente pela oposição em si, mas também pelo fato de que o maligno deseja muito que aqueles que estão caminhando com Ieshua tornem-se seus parceiros – do maligno – e consequentemente inimigos do Eterno e seus opositores. Esta é uma das maiores vitórias que o maligno pode obter, quando faz com que um santo torne-se profano e mude de lado!
Quando isso acontece, qual é a consequência para esta pessoa que agiu desta forma?
Tendo o nome apagado do “Sefer há Chaim”
É possível “perder-se” a salvação? As Escrituras nos afirmam que sim e isso está expresso no livro de Apocalipse, onde está escrito: “O que vencer será vestido de vestes brancas, e de maneira nenhuma apagarei o seu nome do livro da vida; antes confessarei o seu nome diante de meu pai e diante dos seus mensageiros” Ap 3.5.
Estas são palavras ditas por Ieshua, e certamente falam profundamente com todos aqueles que guardam pelo menos uma fagulha de temor ao Eterno em seus corações, pois podemos começar nossa caminhada com Ele e ir bem até certo ponto, mas é necessário continuar-se sempre adiante rumo à conquista final da salvação. Sha´ul nos fala sobre isso dizendo: “Também vos notifico, irmãos, as boas novas que já vos tenho anunciado, as quais também recebestes e nas quais também permaneceis; pelo qual também sois salvos, se as retiverdes naquela maneira, tal como vo-las tenho anunciado, se não é que crestes em vão” I Co 15.1,2.
A salvação é um processo; enganam-se aqueles que dizem que “uma vez salvo, salvo para sempre”. Na teologia, tem-se dito que isso acontece por que o Eterno “escolheu” alguns para a salvação e outros para a perdição. Isso seria contrário às Escrituras, pois está escrito: “Porque isto é bom e agradável diante de Elohim, nosso Salvador, que quer que todos os homens se salvem e venham ao conhecimento da verdade” I Tm 2.3,4. Quem não vencer – perseverar até o fim – não poderá “herdar” a vida eterna e consequentemente não terá seu nome escrito no “Sefer há Chaim”, ou mesmo poderá ter seu nome apagado deste livro!
O Eterno então não predestina ninguém para a morte; Ele de fato conhece quem vencerá e alcançará a vida eterna pois já viu o final da história da humanidade. Este conhecimento de todas as coisas permitiu ao Eterno nos mostrar que Ele mesmo tem o desejo de que todos se salvem; porém nem todos desejam se salvar, alguns preferem a inferno e o escolhem enquanto estão caminhando no mundo. A escolha é pessoal, mas pode ser mudada até o último momento da vida da pessoa. A isso chamamos de “livre arbítrio”.
O livro de Apocalipse diz ainda que a escolha errada leva o homem a ser cegado e a adorar a criatura no lugar do Criador. Isso ocorrerá de uma forma ainda mais explícita no período conhecido como “Grande tribulação” e uma personagem se destacará nisso: a besta. Sobre esta personagem está escrito: “E adoraram-na todos os que habitam sobre a terra, esses cujos nomes não estão escritos no livro da vida do Cordeiro, que foi morto desde a fundação do mundo” Ap 13:8. O texto é claro demonstrando que a besta é adorada por aqueles que não tem seus nomes escritos no livro da vida! A conclusão é fácil: quem não ama ao Eterno e o obedece está do lado do maligno e sofrerá as consequências por isso!
Mas devemos estar alertas para um fato: o maligno engana as pessoas fazendo-as julgar que seus atos e estratégias são maravilhosos e que darão a estas pessoas algo de qualidade na vida. Há um “show” por trás do maligno, que apresenta-se como grandioso e como poderoso. Na “grande tribulação” as pessoas ficarão fascinadas com a besta. “A besta que viste, foi, e já não é, e há de subir do abismo, e ir-se à perdição. E os moradores da terra (cujos nomes não estão escritos no livro da vida, desde a fundação do mundo) se maravilharão, vendo a besta que era, e já não é, ainda que é” Ap 17:8. O fascínio exercido pelo maligno já é antigo, pois desde sempre o maligno tem enganado as pessoas com uma forma exuberante e com “shows pirotécnicos” a fim de impressionar os incautos e os desavisados. A aparência suntuosa não engana os santos e aqueles que estão conectados com os céus; estes sabem discernir o que é excelente e o que é lixo!
A consequência final do engano é: “E vi aos mortos, grandes e pequenos, que estavam diante de IHVH, e foram abertos os livros: e foi aberto outro livro, que é o da vida. E os mortos foram julgados pelas coisas que estavam escritas nos livros, conforme as suas obras” Ap 20:12. No dia do grande julgamento serão abertos os livros que estão diante do Eterno e nestes livros estão registradas as atitudes dos homens e suas reações às abordagens que foram feitas pelos céus em suas vidas a fim de que fizessem teshuvá e permanecessem ao lado do Criador. Este será um dia de muito choro, sofrimento e angústia, pois muitos daqueles que se achavam “salvos e seguros” verificarão de fato qual será seu destino final! Neste dia ficará claro que o engano e tudo aquilo que se relacionava com o maligno não valerá a pena, pois o preço a ser pago com a morte eterna não é nem de perto conhecido por aqueles que ainda estão vivos! Oxalá a humanidade tenha temor da morte eterna e possa voltar-se para o Eterno!
O ínferno – e depois o lago de fogo – são os destinos daquelas pessoas que amaram mais ao maligno do que ao Eterno e sua palavra. Apocalipse registra que: “E quem não foi achado escrito no livro da vida, foi lançado no lago de fogo” Ap 20:15. Então a chave para não ser lançado no lago de fogo é ter o nome escrito no livro da vida! A nós hoje é necessário que tenhamos uma vida que esteja de acordo com os padrões do Eterno para que possamos então ter nossos nomes escritos no “Sefer há Chaim” e portanto estejamos livres da condenação no inferno e do lago de fogo! Muitos dizem que o inferno é aqui na terra, mas estão enganados. Eu nunca estive no inferno, mas posso afirmar que não desejo que nem o pior ser humano que habita na terra vá para lá; oro para que todos possam ser libertos das garras do maligno e possam finalmente alcançar a vida eterna.
A “Jerusalém Restaurada”
Esta cidade que está nos céus e que espera seus moradores é a cidade que conhecemos como “cidade santa” e que tem uma outra cidade na terra que carrega o mesmo nome: Ierushalaim – Jerusalém. Esa cidade é tão santa que nela não entrarão: “E não entrará nela coisa alguma que suja, ou que faz abominação e mentiras, porém somente os que estão inscritos no livro da vida do Cordeiro” Ap 21:27. Assim como ter o nome escrito no “Sefer há Chaim” livra do inferno e do lago de fogo este mesmo registro dá direito para que entremos na Jerusalém Restaurada que é a cidade onde habitarão os vencedores e aqueles que amaram mais ao Eterno e sua palavra do que o mundo!
A advertência final é: não mudem o conteúdo das Escrituras, pois perderão aqueles que assim o fizerem. O Eterno nos deixou um registro sagrado para que possamos, através dele, encontrar o caminho para a vida eterna sem qualquer dificuldade. Aos que violarem esta proibição resta o prejuízo! “… e, se alguém diminuir das palavras do livro desta profecia, Elohim tirará a sua parte do livro (da árvore) da vida e da cidade santa, e das coisas que estão escritas neste livro” Ap 22:19.
Que tenhamos tempos de teshuvá e de uma caminhada firme e segura na presença do Rei Ieshua, para que nossos nomes sejam confirmados no Sefer há Chaim até a volta do Ungido, em nome de Ieshua!
Mário Moreno.