Túnica de sangue
Túnica de sangue
O que há de “anormal” em uma túnica? Aparentemente nada. Porém quando uma túnica está manchada de sangue algo aparentemente sério pode ter acontecido e isso precisa ser verificado.
Aparecem dois exemplos de túnicas com sangue nas Escrituras: Iosef e Ieshua. Haveria alguma semelhança entre os fatos que sucederam a eles e suas túnicas? Isso é o que veremos a seguir.
A Túnica
A Túnica – ketonet. Esta palavra aparece pela primeira vez no livro de Bereshit: “E fez o IHVH Elohim a Adam e a sua mulher túnicas de peles, e os vestiu” Gn 3.21.
É interessante que esta mesma palavra é usada para descrever a túnica que seria feita aos sacerdotes para que eles pudessem administrarem o ofício sacerdotal. O verso que nos informa isso diz assim: “Estes pois são os vestidos que farão: um peitoral, e um éfode, e um manto, e uma túnica bordada, uma mitra, e um cinto: farão pois vestidos santos a Aharon teu irmão, e a seus filhos, para me administrarem o ofício sacerdotal” Ex 28.4.
Vamos traçar alguns “paralelos” entre estas duas túnicas, a de Adam e Chava e a dos sacerdotes.
– Ambas túnicas tem o objetivo de “cobrirem” a vida destas pessoas;
– No caso de Adam e Chava, alguém morreu (um animal) para que eles pudessem ser “cobertos” com aquela túnica. Segundo a tradição judaica foi um cordeiro… então o cordeiro morre no Gan Éden para que o homem pudesse ser perdoado e tivesse sua cobertura efetivada!
– O sacerdote, antes de ser quem ele era, tinha de fazer um sacrifício por si mesmo e somente depois, perdoado pelo sangue do cordeiro que morreu em seu lugar, estaria apto a colocar as vestes sacerdotais e então oficiar no santuário!
– Adam perdeu o Gan Éden mas não o sacerdócio! Esta condição de sacerdote lhe fora dada e confirmada com a túnica que ele recebe do Eterno.
– Esta cobertura lhes foi dada – em ambos os casos – pelo Eterno! A cobertura do homem vem dos céus e não de outro lugar qualquer.
– A túnica do sacerdote era de linho, representando a sua justiça. Em Adam o homem deixa de ser justo por causa do pecado; através do sacerdócio o Eterno devolve a justiça aos homens com sua “túnica de linho” que aponta justamente para essa nova condição do homem!
Iosef e a túnica
Iosef recebe de presente de seu pai uma túnica rara, pois era única e muito cara. “E Israel amava a Iosef mais do que a todos os seus filhos, porque era filho da sua velhice; e fez-lhe uma túnica de várias cores” Gn 37.3. Esta túnica demonstrava que Israel amava mais a Iosef do que aos outros e a “túnica de várias cores” irá aparecer novamente, só que como a vestimenta do Sumo-Sacerdote!
Uma das características da Túnica Sacerdotal era a cor vermelha, que representava o sangue que havia sido derramado para que a remissão do pecado tivesse sido possível.
Voltando a túnica de Iosef, aquilo que o destacava agora fará com que ele esteja numa situação muito difícil diante de seus irmãos, pois num determinado momento de sua vida seus irmãos se apoderam dele e o vendem a mercadores estrangeiros que o levam para o Egito.
O processo de “despojamento” de Iosef é muito interessante, pois quando lhe tiram a túnica estão lhe dizendo: “Nós não reconhecemos aquilo que nosso pai pensa a teu respeito”! O verso nos diz: “E aconteceu que, chegando Iosef a seus irmãos, tiraram a Iosef a sua túnica, a túnica de várias cores, que trazia” Gn 37.23. Os irmãos de Iosef, por serem ais velhos do que ele certamente não reconheciam e nem entendiam a preferência do pai por ele. Certamente haviam se esquecido que seu pai era também profeta e o que ele fizera acerca de Iosef se concretizaria, assim como os sonhos de Iosef. O fat ode tirarem a túnica não implica somente em não reconhecer a autoridade que havia sido dada a Iosef profeticamente; implica na não aceitação daquilo que Israel fizera e estava fazendo acerca de sua família! Os irmãos não entenderam quem era Iosef!
A simulação
Os irmãos precisavam agora “simular” a morte de Iosef, já que o haviam vendido aos mercadores estrangeiros. A simulação aconteceu com sangue e isso precisava parecer real para seu pai! “Então tomaram a túnica de Iosef, e mataram um cabrito, e tingiram a túnica no sangue. E enviaram a túnica de várias cores, e fizeram levá-la a seu pai, e disseram: Temos achado esta túnica; conhece agora se esta será ou não a túnica de teu filho” Gn 37.31-32.
Agora a túnica é enviada para Ia´aqov – Israel – para que ele a reconheça. Detalhe: a túnica é enviada por um mensageiro – os filhos não são os portadores da mesma – e ela vai com uma pergunta: “conhece agora se esta será ou não a túnica de teu filho”. Eles não disseram: “conhece agora se esta será ou não a túnica de nosso irmão Iosef”, mas usam uma frase que demonstra seu total desprezo pelo irmão; agora que a “túnica de sangue” fale por si só!
Ia´aqov ao receber a túnica reage assim: “E conheceu-a, e disse: É a túnica de meu filho; uma besta-fera o comeu, certamente foi despedaçado Iosef” Gn 37.33. É notável como a túnica ensanguentada induz o pai a julgar que seu filho fora despedaçado por um animal feroz! Ele agora dá seu filho como morto e se entristece muito com aquilo que vê; na verdade ele fica inconsolável com a situação de seu filho que mesmo estando vivo é considerado como morto!
A Túnica de Ieshua
Há um texto que nos diz: “Tendo, pois, os soldados crucificado a Ieshua, tomaram as suas vestes e fizeram quatro partes, para cada soldado uma parte, e também a túnica. A túnica, porém, tecida toda de alto a baixo, não tinha costura” Jo 19:23. O texto em si não diz muito, mas o que ocorreu antes e depois, os fatos falam por si.
Vamos estabelecer algumas conexões entre Iosef e Ieshua:
– Assim como Iosef era odiado por seus irmãos por causa de seus sonhos, Ieshua foi odiado por seus “irmãos” judeus por causa de seus objetivos;
– Iosef foi vendido por seus irmãos; Ieshua também;
– Iosef foi maltratado por estrangeiros por causa de seus sonhos; Ieshua foi maltratado por causa de seus objetivos;
– Iosef sofre e é até mesmo preso por mentirem a respeito dele; o m esmo acontece com Ieshua, que, acusado falsamente é preso e condenado sem que houvesse sequer uma prova contra ele;
– Após o sofrimento, Iosef é colocado como o segundo na hierarquia; Ieshua após a sua ascensão é colocado no trono à direita do Eterno;
– A nova posição de Iosef trouxe salvação e benção para toda a nação de Israel e o mesmo aconteceu com Ieshua que após sua ascensão trouxe salvação, cura e libertação a todo Israel e posteriormente ao mundo!
Creio que estes paralelos sejam suficientes para demonstrar a conexão entre estes dois homens e também como uma “túnica”, que como vimos acima, a palavra refere-se também a túnica sacerdotal, pode aproximar duas pessoas em tempos tão distantes e demonstrar que nosso sumo-sacerdote – Ieshua – apesar de tudo aquilo que passou pagando um alto preço para a redenção da humanidade teve como recompensa não somente a reconexão dos céus com a terra como também a experiência de ver homens e mulheres que o amam buscando com todas as suas forças a continuidade seu Ministério, a restauração de Israel e do mundo!
A Túnica de sangue de Iosef e Ieshua tem sua história contada e sua repercussão que ainda fala em todo o mundo e que nos mostra que realmente vale a pena ser obediente à Palavra do Eterno, pois a recompensa que às vezes aparentemente não vem, acaba se manifestando e beneficiando a muito mais pessoas do que sequer imaginamos!
Túnica de sangue, túnica sacerdotal que trouxe salvação. A Túnica da distinção que fez destes homens pessoas que no tempo em que viveram, vivenciaram experiências com o Eterno que extrapolaram a compreensão dos demais, que certamente não entenderam que estes foram os homens de quem o mundo não era digno! Hebreus nos fala acerca disso: “E que mais direi? Faltar-me-ia o tempo, se quiser contar de Gideão, e de Baraque, e de Sansão, e de Jefté, e de David, e de Samuel, e dos profetas, os quais por fé venceram reinos, obraram a justiça, alcançaram as promessas, taparam as bocas aos leões, apagaram a força do fogo, escaparam do fio da espada, da fraqueza tiraram forças, e em batalha se esforçaram, puseram em fugida aos exércitos dos estranhos. As mulheres receberam da ressurreição seus mortos; outros foram torturados, menosprezando a libração oferecida por alcançarem uma melhor ressurreição; e outros experimentaram vitupérios e açoites: e ainda também cadeias e prisões. Foram apedrejados, com ferra despedaçados, tentados, mortos ao fio da espada; andaram vestidos de peles de ovelhas e de cabras, desamparados, afligidos e maltratados (dos quais o mundo não era digno), perdidos pelos desertos, e montes, e pelas covas e cavernas da terra. E todos estes havendo alcançado testemunho pela fé, não receberam a promessa, provendo Elohim alguma coisa de melhor para nós, para que eles, sem nós, não fossem aperfeiçoados” Hb 11.32-40.
Homens dignos num mundo indigno! Exemplos tão grandiosos que nos faltam palavras para descrever quem foram estes homens e aquilo que deixaram como um legado para a humanidade. Não deixaram somente o seu exemplo – que fala mais alto do que qualquer discurso – mas nos deixaram a certeza de que servimos ao Eterno e que assim como ocorreu com eles ocorrerá conosco! E isso no sentido das lutas que travaremos como também no sentido das vitórias que teremos!
Por isso estes dois homens ainda nos ensinam mesmo depois de tanto tempo! E quanto a Ieshua? Ele teve “flashs” de sua vida e ministério mostrado a diversos judeus que o precederam, mas Ele viveu tudo na plenitude e da forma mais intensa que se possa imaginar! Por isso Ele é o Mashiach – Ungido – que veio dos céus para nos salvar!
Ieshua, nós te amamos e reconhecemos que a tua túnica que foi manchada de sangue nos deixa uma mensagem: nunca desistam de caminhar comigo, pois certamente receberão as mesmas vitórias que recebi e viverão os milagres do Pai assim como eu vivi na terra!
Que assim seja conosco em nome de Ieshua!
Baruch há Shem!
Mário Moreno.