Mário Moreno/ maio 14, 2018/ Parasha da semana

Bekhukotai

Em minhas leis

Lv 26.1-27.34 / Jr 16.19-17.14 / Mt 22:1-14

        Na Parasha desta semana estaremos estudando os últimos aspectos e orientações que o Eterno dá aos filhos de Israel em Levítico. Moshe finaliza mostrando as duras conseqüências do conhecimento adquirido sobre o Eterno porém não obedecido pelo homem!

O primeiro versículo nos diz o seguinte: “Não fareis para vós ídolos, nem vos levantareis imagem de escultura, nem estátua, nem poreis pedra figurada na vossa terra, para inclinar-vos a ela; porque eu sou o IHVH vosso Elohim” (Lv 26:1). Aqui as determinações do Eterno são muito claras quanto a não ter outros deuses diante dele, pois o mandamento é para não fazer ídolos de maneira alguma! A palavra “ídolos” em hebraico é ‘ellim e significa “coisas de nada”; deuses de barro ou de terra-cota. Já o termo “imagem de escultura” em hebraico é pesel e significa “ídolo esculpido na pedra”. O termo “coluna” em hebraico é maççebhah e significa “alguma coisa em pé”; no caso de uma pedra memorial ou uma coluna, usada com propósitos idolátricos. O último termo refere-se a “pedra com figuras”, que em hebraico é maskith, significando “uma pedra esculpida ou pintada com uma figura ou imagem”. Percebemos aqui que este verso nos fala sobre qualquer tipo de idolatria que possa ser praticada pelo homem! Tudo aquilo que por ventura possa ter o propósito de transformar-se num D-us para alguém deve ser evitado! A proibição não para no “fazer”, mas estende-se também ao inclinar-se a elas! A palavra “inclinar-se” em hebraico é tsavva’r e significa “inclinar-se ou prestar qualquer tipo de culto, louvor ou adoração”. Isto é devido somente ao Senhor! E o fim do versículo é enfático: o Eterno identifica-se como IHVH Elohim! E isso significa que Ele irá tornar-se aquilo que precisamos que se torne pois Ele é o Criador de todas as coisas!

O Eterno também ordena que mantenhamos uma postura de reverência para com as coisas que lhe dizem respeito. “Guardareis os meus sábados, e reverenciareis o meu santuário. Eu sou o IHVH” (Lv 26:2). Novamente percebemos que a Palavra nos remete à guarda dos mandamentos já anteriormente ensinados pelo Senhor. Ele ordena que “guardemos” o shabat. A palavra “guardar” em hebraico é shamar e significa “cuidar, guardar, prestar atenção, observar”. A idéia básica da raiz é a de “exercer grande poder sobre”. Isso nos mostra pelo menos duas coisas: a primeira é que o shabat não é um mandamento opcional ou transitório; ele deve ser obedecido de forma correta em todo o tempo; segundo que a obediência à Palavra faz com que recebamos duas coisas – o poder que a palavra exerce sobre nossas vidas e também o poder advindo da obediência à palavra do Senhor! É interessante notarmos que a obediência faz com que nossas vidas sejam transformadas, pois quando estamos vivenciando o padrão correto do Eterno as promessas que estão contidas em Sua Palavra cumprem-se automaticamente! E uma delas diz respeito a recebermos poder – força motriz, dinamite – para que nosso desempenho espiritual seja otimizado e nossos conflitos com as trevas sejam sempre vencedores! O Eterno também nos ordena que reverenciemos o seu santuário. A palavra “reverenciar” em hebraico é yare e significa “reverenciar”. São cinco os sentidos gerais:

  1. A emoção do medo;
  2. A previsão intelectual do mal, sem que haja ênfase na reação emocional;
  3. Reverência ou respeito;
  4. Comportamento íntegro ou piedade;
  5. Adoração religiosa formal.

    Imaginemos que a ideia central aqui é que devemos ter reverência e respeito pelo santuário do Eterno e também devemos adotar um comportamento íntegro, baseado nos ensinamentos da Torah! Novamente somos remetidos a duas situações diferentes: a do santuário feito por mãos humanas e o santuário feito pelo próprio D-us! Quanto à questão do santuário feito pelo homem temos aqui uma clara alusão ao modo como devemos nos portar quando ali estivermos! Fica claro aqui que nosso comportamento deve ser de respeito e temor quando estivermos no “santuário” feito por mãos humanas que convencionamos chamar “Igreja”. Agora falando sobre o santuário feito pelo próprio D-us – o homem – aprendemos que reverenciar aqui é cuidar daquilo que o Eterno e conservá-lo íntegro enquanto pudermos e depender de nós! Isso nos fala sobre cuidados com o corpo, a alma e o espírito que devem ter lugar em nossa vida cumprindo-se então esta ordem do Eterno. Nós, através da obediência à Torah, devemos preservar nossos corpos de qualquer coisa que lhe cause dano – quer seja imediato quer seja futuro – para assim estarmos prestando reverência ao local preferido da habitação do Eterno: nossos corpos!

Agora o Eterno nos apresenta os benefícios de estarmos vivenciando a Torah em nosso viver diário. “Se andardes nos meus estatutos, e guardardes os meus mandamentos, e os cumprirdes” (Lv 26:3). Novamente aqui temos palavras que demonstram claramente a intenção do Eterno para conosco. A palavra “andar” em hebraico é halak e significa “movimento em geral”. A pessoa verdadeiramente piedosa segue a direção de D-us em tudo o que faz, i.é, obedece-o. Prestemos atenção que ao dizer isso o Eterno demonstra-nos que a nossa relação com Ele é algo que deve ser vivenciado passo a passo e diariamente! Temos um D-us que se apresenta para um relacionamento conosco dia após dia e não somente nos finais de semana! O eterno se importa com as coisas que nos acontecem a cada dia e também trabalha a nosso favor a cada instante a fim de que possamos conhece-lo em nossa história como homens que somos! Novamente percebemos que tal conhecimento vem através da obediência e da guarda dos mandamentos! Novamente temos a palavra “guardar” que em hebraico é shamar e significa “cuidar, guardar, prestar atenção, observar”. A idéia básica da raiz é a de “exercer grande poder sobre”. Não devemos agir com a Palavra do Eterno deforma displicente ou desatenta, mas sim deforma a estarmos atentos às determinações que estão nela contidas!

A Torah é um conjunto de ensinamentos – por isso se chama Torah (Ensino) – que visam nos dar uma melhor qualidade de vida prática e também uma vida espiritual mais definida e completa! Esta qualidade de vida que nos é dada através da nossa obediência também traz influências sobre o mundo que nos rodeia. “Então eu vos darei as chuvas a seu tempo; e a terra dará a sua colheita, e a árvore do campo dará o seu fruto; e a debulha se vos chegará à vindima, e a vindima se chegará à sementeira; e comereis o vosso pão a fartar, e habitareis seguros na vossa terra” (Lv 26:4-5). Por estes versos fica claro que a obediência traz consigo grandes bênçãos que refletem-se em nossa vida material e econômica. As chuvas no tempo certo faziam com que houvessem colheitas abundantes e essa é uma das coisas mais importantes para o homem, pois trata de seu sustento material. A colheita trazia não somente o sustento familiar mas também a possibilidade de venda do que sobrasse para angariar bens e trazer maior conforto para a família! Esta colheita – fruto da obediência – seria tão farta que as fases do plantio à colheita se encontrariam e a colheita em si seria abundante! Um outro detalhe é que a obediência aos preceitos da Torah traz segurança à terra! Novamente somos informados que quando obedecemos ao Eterno Ele mesmo se encarrega de dissipar os perigos e frustrar os planos de nossos inimigos! A violência vem sobre uma localidade justamente pela falta de obediência à Torah! O verso seguinte comprova de forma muito clara o que dizemos: “Também darei paz na terra, e dormireis seguros, e não haverá quem vos espante; e farei cessar os animais nocivos da terra, e pela vossa terra não passará espada” (Lv 26:6). Não há como ser mais claro: o Eterno nos diz que, pela obediência Ele mesmo dará paz naquela terra! Quem obedece dorme tranqüilo, sem qualquer sentimento de que será subitamente abordado por ladrões ou malfeitores. O eterno ainda faria cessar os animais nocivos naquela localidade. Estes animais nos falam sobre a própria natureza que às vezes se volta contra o homem atacando-o e causando-lhe ferimentos e até mesmo a morte! Isso não acontecerá para os servos de D-us que obedecem à Torah! Uma última coisa: não haveria violência – lutas, guerras, disputas violentas – pois o Eterno suprimiria a “espada” naquele lugar!

D’us promete nos abençoar se estudarmos e seguirmos a Torah

D’us prometeu: “Se todos os judeus estudarem Torah com energia e cumprirem Minhas mitsvot, mandarei a eles bênçãos maravilhosas.”

As bênçãos incluem todo tipo de felicidade e êxtase, “de alef a tav” (de ‘a’ a ‘z’). Elas começam, por conseguinte, com a primeira letra do alfabeto hebraico, o alef: “Im bechucotai“, e terminam com a última letra tav: “comemiyut“.

Elas são concedidas ao nosso povo por cumprir as mitsvot “de alef a tav”, do começo ao fim.

As gerações observantes da Torah, as de Moshê, Iehoshua, David, Shelomô e mais tarde o rei Chizkiyáhu beneficiaram-se de boa parte das bênçãos prometidas nesta parashá. Eram abençoados com saúde, força e vigor, chuvas na época certa, prosperidade e vitórias sobre os inimigos.

Eram a prova viva do versículo: “E todas as nações da terra verão que são chamados com o Nome de D’us, e os temerão” (Devarim 28:10).

Não obstante, a completa gama de bênçãos ainda não se realizou, o povo judeu jamais atingiu o nível de perfeição espiritual necessário para que as bênçãos Divinas sejam-lhe concedidas em sua totalidade.

O Todo-Poderoso prometeu que todas as bênçãos mencionadas nesta parashá serão cristalizadas e cumpridas, numa era futura, quando todo o povo judeu observará e estudará a Torah.

As bênçãos Divinas são introduzidas pelas palavras: “Im bechucotai telêchu” (26:3), que significam: “Se apenas andarem e labutarem em Minha Torah!”

Isto é um clamor, um rogo ao povo judeu. O Todo-Poderoso não tem desejo mais querido que inundar-nos de bênçãos. Por isso, implora-nos: “Por favor, estudem Minha Torah e cumpram as mitsvot, permitindo-Me conceder-lhes Minhas bênçãos!”

Quais foram as bênçãos prometidas por D’us?

1 – A bênção da chuva

D’us prometeu: “Mandarei chuva a Israel na época apropriada.”

Isto inclui muitas bênçãos:

  • A chuva faz com que o ar e a água potável sejam puros. Como resultado disso, as pessoas serão saudáveis e viverão até uma idade avançada. Terão filhos saudáveis. Os animais, também, vicejarão.
  • A quantidade certa de chuva cairá na estação em que é necessária para o grão crescer. Por isto, as colheitas serão fartas.
  • A chuva não cairá em épocas inconvenientes, quando as pessoas estão ao relento e terão problemas. D’us mandará a chuva durante a noite, enquanto as pessoas estão dormindo. A chuva cairá especialmente na noite de sexta-feira, enquanto cada família está reunida em casa, à mesa do Shabat.

D’us prometeu a bênção de “chuva no tempo apropriado” apenas para o povo judeu. As nações fora de Israel não receberão esta bênção. Por este motivo, não terão grãos suficientes. Procurarão, então, o povo judeu para comprar a produção.

 2 – A bênção da comida farta

D’us prometeu ainda: “Abençoarei os frutos e grãos de Israel. Até mesmo as árvores que normalmente não dão frutos, começarão a produzi-las. E as frutas amadurecerão no espaço de um dia apenas!”

“Haverá tanto cereal que demorará muitos meses para debulhá-lo. Assim que terminarem de cuidar do grão, as uvas da vinha estarão maduras e terão de ser colhidas. Devido à grande fartura, vocês não terão descanso entre uma colheita e outra.”

D’us nos recompensa com a mesma moeda. Por estarmos continuamente atarefados com Torah e mitsvot, Ele nos manterá ocupados com uma colheita após a outra, sem parar.

D’us prometeu: “Mesmo tendo muita comida, não devem comer demais. Abençoarei seus alimentos para que vocês fiquem satisfeitos mesmo após comer pouco. (Isto é uma bênção, pois comer demais ou ingerir muitos doces ou comidas gordurosas causam doenças.)

“Vocês poderão vender a produção excedente.”

De todas as bênçãos, a principal é de que a terra será produtiva.

É equivalente a um monarca fabulosamente rico, cujos cofres transbordavam de tesouros. A despeito de suas riquezas, o poderoso governante era constantemente forçado a perguntar ansiosamente até ao mais baixo de seus súditos: “A terra é produtiva?” Se não há alimentos disponíveis, sua fortuna seria inútil.

D’us assegura ao povo judeu que pelo fato de cumprirem a Torah, a terra torna-se fértil.

Contudo, a bênção Divina vai muito além disso.

D’us prometeu: “Se guardarem a Torah perfeitamente, a terra fará brotar sua produção” (26:4), sua produção original perfeita – da maneira pretendida pelo Criador antes de Adam (Adão) pecar. Esta promessa implica:

  • As plantas amadurecerão no mesmo dia em que suas sementes forem semeadas.
  • Árvores frutíferas darão frutos no período de um dia.
  • Não haverá árvores infrutíferas. Todas as árvores produzirão alguma espécie de fruto comestível.
  • Não apenas os frutos das árvores serão comestíveis, mas também seus córtex e cascas.

Originalmente, D’us pretendia que a terra produzisse rápida e plenamente. Em decorrência do pecado, foi amaldiçoada por D’us e deteriorou-se. No futuro, quando o povo judeu dedicará todo seu tempo e energia ao estudo da Torah, a maldição de “com o suor de tua fronte comerás teu pão” será novamente retirada, e a terra nos suprirá com abundância, como costumava fazer. Não será mais necessário trabalhar o solo. Todo judeu ganhará seu meio de vida com facilidade, podendo, assim, dedicar seu tempo ao Serviço Divino.

3 – A bênção da paz

Apesar da bênção anterior assegurar-nos abundância de alimentos e bebida, essa promessa, em si, equivale a bem pouco, se não for acompanhada de outra: PAZ. Não importa o quanto alguém possua, não pode usufruir de sua fortuna se vive em constante temor.

Por isso, o Todo Poderoso garante: “E outorgarei paz sobre a Terra, e deitarás, e ninguém te fará tremer” (26:6). Esta garantia é essencial para se beneficiar de todas as bênçãos anteriores.

D’us prometeu: “Geralmente, quando uma nação é rica, seus inimigos tentam invadi-la. Entretanto, embora o povo judeu seja abençoado com a riqueza, nenhuma outra nação tentará atacá-los.”

“Não apenas outros exércitos não lutarão contra vocês, como nem mesmo consentirei que passem pela sua terra quando estiverem a caminho de outras batalhas. Não quero que fiquem entristecidos pela visão preocupante de soldados com armas. Literalmente não haverá espada passando sobre Israel (26:6).

“E se precisarem lutar fora de seu país, causarei confusão entre seus inimigos. Eles se atacarão uns aos outros e cairão perante vocês. Cinco de vocês serão capazes de atacar uma centena de soldados inimigos. E apenas uma centena de vocês poderão combater um exército de dez mil inimigos!”

A paz máxima, porém, ainda é por nós desconhecida atualmente. A paz prometida para o futuro inclui o seguinte:

  • Feras selvagens serão inofensivas em Israel, exatamente como eram antes de Adam pecar. O profeta predisse: “E o leão comerá feno como o touro, e o lactente brincará na toca da serpente.” (Ieshayáhu 11:7)
  • Não apenas feras, mas todo tipo de forças prejudiciais serão subjugadas. As nações do mundo, não mais afligirão o povo judeu.

 4 – A bênção de famílias numerosas

D’us também prometeu: “Se todos os judeus cumprirem a Torah, abençoarei as famílias judias com muitos filhos. Darei às crianças saúde e vida longa.”

Os pais se preocupam sobre como alimentar suas grandes famílias. Por isso, a Torah repete que D’us dará comida mais que suficiente.

D’us disse: “Me voltarei a você e dedicarei Meu devotado amor ao seu progresso físico e espiritual. Seus filhos crescerão para se parecerem com você moral e espiritualmente.”

“Sua grandeza aumentará com toda criança que nascer, pois cada uma será portadora de Torah e mitsvot, reforçando os laços entre D’us e o povo judeu.”

 5 – A colheita melhorará com a idade

E D’us adicionou novas bênçãos:

“A produção estocada em seus silos não se estragará. Pelo contrário, toda a produção se tornará mais deliciosa e saborosa com a passagem do tempo (e não apenas trigo e vinho, que geralmente melhoram com o tempo).

“Então vocês se encontrarão num estranho dilema. Seus silos e celeiros estarão cheios de alimentos quando a nova colheita neles fluir. Vocês nem saberão o que fazer: devem trazer o cereal novo ao celeiro para secá-lo, mas os celeiros ainda estão repletos de grão velho e delicioso. Terão que tirar este grão e armazená-lo em outro local. Vocês serão abençoados, tendo mais grãos do que poderão comer.”

6 – A bênção de que a Shechiná (Presença Divina) estará entre nós

Agora vem a derradeira e mais importante bênção. D’us prometeu: “Darei a vocês um terceiro e permanente Templo Sagrado. Minha Shechiná repousará não apenas no Templo Sagrado, mas onde quer que os judeus estejam. Sentirão como se Eu estivesse caminhando entre vocês, pois darei a vocês um grande entendimento sobre Mim.”

Esta última bênção significa que todos se sentirão próximos a D’us e apreciarão Sua presença. Esta é a maior de todas as alegrias possíveis.

O rei decidiu que um de seus súditos deveria acompanhá-lo em sua caminhada diária através do jardim. Jamais um rei se dirigira àquele aldeão, a quem, nunca em sua vida andara junto com alguém de nível superior. Ao exigirem que se adiantasse, permaneceu tremendo e imóvel, emocionado demais para tomar seu lugar ao lado do rei. Este, contudo, encorajou-o dizendo: “Não tema. Hoje, somos amigos!”

Similarmente, no futuro, D’us andará junto com os justos e lhes dirá: “Não temam! Somos amigos.” (Contudo, apesar de andarem juntos, na companhia de D’us, ainda sentirão o temor de Sua grandeza.)

No mundo presente, a Shechiná é percebida apenas por grandes tsadikim (justos). No futuro, contudo: “A glória de D’us será revelada, e toda carne junta a verá.” (Ieshayáhu 40:5):

No futuro, os justos formarão um círculo em torno de D’us, e Ele estará em seu meio. Cada um apontará para Ele e dirá: “Veja, este é nosso D’us, esperamos por Ele, e Ele nos salvou.” (Ieshayáhu 25:9).

Certamente queremos que nosso país – e também nossa cidade ou bairro – seja pacífico e esteja gozando de plenitude de segurança! Para isso precisamos estar conscientes de que a Torah precisa ser obedecida integralmente para que gozemos destas bênçãos ainda aqui na terra! Então veremos cumprida a promessa do Salmo 4:8 que diz: “Em paz também me deitarei e dormirei, porque só tu, IHVH, me fazes habitar em segurança”.

Outros aspectos da obediência são relatados aqui: “E perseguireis os vossos inimigos, e cairão à espada diante de vós. Cinco de vós perseguirão a um cento deles, e cem de vós perseguirão a dez mil; e os vossos inimigos cairão à espada diante de vós. E para vós olharei, e vos farei frutificar, e vos multiplicarei, e confirmarei a minha aliança convosco” (Lv 26:7-9). A obediência faz com que os inimigos, ao invés de nos perseguirem, sejam por nós perseguidos! E isso não é só: poucos de nós (que obedecem) perseguirão verdadeiros exércitos e os vencerão, porque isso não será feito através de nossa própria capacidade, mas sim através da força e do poder de D-us que será canalizado através de nossas vidas para julgar nossos inimigos.

Outro aspecto interessante é que somente ao olhar para nós o Eterno nos fará frutificar e multiplicar! A palavra “frutificar” em hebraico é parâ e significa “frutificar, ser frutífero, ser fecundo, ramificar”. Esta raiz está no nome de uma das tribos de Israel – Efraim (Gn 41.52)! Quando falamos sobre o fruto, existem três significados básicos no hebraico para a palavra:

  1. fruto da árvore
  2. o fruto do ventre – os filhos
  3. o fruto como conseqüência de uma ação; ou seja, a recompensa! (isto está ligado à lei do plantio e da colheita: aquilo que se planta é colhido).

Quem é frutífero se multiplica e se ramifica – expande-se – para que seus frutos possam atingir e alcançar muitos que deles precisam!

Já a palavra “multiplicar” vem do termo hebraico kabar e significa “multiplicar, haver em abundância”. Imaginemos que estas bênçãos sobrevêm à nossa vida deforma automática, sem esforço humano! Está dito na Torah que o Senhor nos faria isso e não que nós, com nossas habilidades e forças humanas conseguiríamos nos tornar frutíferos e nos multiplicar!

O resultado disso está expresso na colheita: “E comereis da colheita velha, há muito tempo guardada, e tirareis fora a velha por causa da nova. E porei o meu tabernáculo no meio de vós, e a minha alma de vós não se enfadará.

E andarei no meio de vós, e eu vos serei por Elohim, e vós me sereis por povo” (Lv 26:10-12). A abundância é tanta que existe uma necessidade de tirar fora a colheita anterior (o velho) para que a nova colheita (o novo) seja consumida pelo lavrador! É interessante que o Eterno nos fala sobre “por o tabernáculo no meio de vós”. A palavra “tabernáculo” em hebraico é mishkan com o mesmo significado. O tabernáculo é o lugar onde D-us e o homem se encontram para a adoração! Tudo é construído de acordo com as ordens explícitas de D-us; nada se faz com base nas idéias particulares de arquitetos humanos e nem em concepções já conhecidas, mas tudo é literalmente “dado” pelo Eterno para seu povo a fim de que Ele possa vir para ali se manifestar!

Novamente a obediência produz uma profunda alegria no coração do Eterno de tal forma que a alma D´Ele não se enfadaria do povo! A alegria pela obediência seria tão grande que não haveria lugar para outros sentimentos que não o gozo pela unidade do povo com Seu Criador! Quando isso acontece há uma promessa do Eterno para com seu povo: Ele andaria no meio deles! A palavra “andar” em hebraico é halak e esta palavra “denota movimento em geral”. Isso demonstra que quando o povo de D-us o obedece há uma movimentação entre eles do Eterno e daqueles que o servem – anjos, arcanjos e querubins – que tem o objetivo de atuarem como “guarda de honra” do Eterno por onde quer que Ele vá!

Novamente temos aqui uma afirmação surpreendente: quando há obediência o Senhor se manifesta de forma inusitada aos seus. “Eu sou o IHVH vosso Elohim, que vos tirei da terra dos egípcios, para que não fôsseis seus escravos; e quebrei os timões do vosso jugo, e vos fiz andar eretos” (Lv 26:13). O Eterno se apresenta assim: Eu sou o Senhor, afirmação esta que somente declara qual é a identidade do Senhor para com seu povo. No hebraico acontecem duas palavras: IHVH Elohim. Estas palavras demonstram que o Eterno se torna aquilo que seu povo precisa que Ele se torne, e neste caso, está envolvido o poder da criação! Ou seja, o Eterno lhes diz que Aquele que criou o povo de Israel tornou-se para eles a sua libertação!

Já a desobediência traz também outros tipos de consequências: “Mas, se não me ouvirdes, e não cumprirdes todos estes mandamentos, e se rejeitardes os meus estatutos, e a vossa alma se enfadar dos meus juízos, não cumprindo todos os meus mandamentos, para invalidar a minha aliança, então eu também vos farei isto: porei sobre vós terror, a tísica e a febre ardente, que consumam os olhos e atormentem a alma; e semeareis em vão a vossa semente, pois os vossos inimigos a comerão” (Lv 26:14-16). Aqui temos uma forte palavra sobre os que se recusam a ouvir o que o Eterno diz! Vários aspectos estão aqui envolvidos: o primeiro é a palavra “mandamentos”, que em hebraico vem do termo mitswâ e significa “mandamento”; a palavra porém refere-se aos termos de um contrato. Já a palavra “estatutos” em hebraico é huqqâ e significa “estabelecimento (de uma lei), costume, lei, decreto”. Quando o povo de D-us recusa-se a obedece-lo de acordo com as normas do contrato firmado entre as partes (Tanach & Brit Hadasha), não cumprindo os mandamentos e também rejeita o que foi estabelecido como costume, decreto, lei pelo Eterno, então há uma reação de enfado da alma das coisas do Senhor. A palavra “alma” em hebraico é nepesh e significa “vida, alma, criatura, pessoa, mente”. Isso nos mostra que há uma reação de “enfado” trazida pela mente e pelos pensamentos! É o fato de que a parte reacional luta com o lado espiritual do homem, e neste caso, o racional supera o espiritual causando assim uma situação de “incomodo” ao crente! Inclusive a palavra “enfado” em hebraico é ga´al e significa “detestar, repugnar, ser vergonhosamente expulso, cair”. Isso nos mostra que aquilo que o Eterno plantou no coração do homem agora traz a ele uma repugnância tal que ele detesta tudo aquilo que está ligado ao Senhor!

O não cumprimento dos mandamentos do Eterno demonstra uma atitude que leva a invalidar os termos do contrato assinado entre D-us e Abrão como algo transitório e sem importância! A palavra “mandamentos” em hebraico é mishpat e significa “justiça, ordenança, costume, maneira”. Representa aquilo que é a idéia mais importante para uma correta compreensão do governo – seja do homem, seja de D-us. A palavra vem da raiz shapat que significa “julgar, governar”; significa “exercer funções judiciais no governo”. Ora, o não cumprimento dos mandamentos atrai sobre o transgressor uma série de eventos que desencadearão um processo de juízos que somente cessarão quando houver o arrependimento, o conserto e o retorno à obediência. Neste ponto o Eterno age como um juiz que, tendo estabelecido os parâmetros legais e modos de conduzirmos nossas vidas, olha em busca daqueles que certamente estarão vivendo de acordo com o padrão por Ele estabelecido! Quando isso não acontece, vem então o juízo em forma de punições tais como: “porei sobre vós terror, a tísica e a febre ardente, que consumam os olhos e atormentem a alma; e semeareis em vão a vossa semente, pois os vossos inimigos a comerão”. A palavra “terror” em hebraico é bellahâ e significa “terror, destruição”. Devemos entender que este “terror’ não é somente um sentimento ou uma situação de opressão da alma dos sentidos, mas é também um estado de iminente destruição através de fatores externos que sobrevirão à estas pessoas. Um deles é a tísica (tuberculose pulmonar) e a febre ardente. Estas enfermidades atacam tanto o corpo quanto a alma! Aqui a palavra “alma” em hebraico é nepesh e significa “vida, alma, criatura, pessoa, mente”. Devemos então notar que, mais uma vez, os inimigos espirituais do homem, através da desobediência, têm acesso ao mesmo podendo infringir-lhe enfermidades e males físicos, mentais e espirituais que trarão sobre ele tormenta e a destruição! Há inclusive uma alusão também à uma questão ligada à vida financeira, pois o desobediente atrai sobe si uma situação de desconforto tal que não pode “comer” daquilo que ele planta! Ou seja, o seu trabalho não lhe trará retorno para dar-lhe uma vida confortável e estável diante do Eterno!

Quando obedecemos, as bênçãos descritas acima nos alcançarão. Já quando desobedecemos, o que acontece é um pouco diferente: “E porei a minha face contra vós, e sereis feridos diante de vossos inimigos; e os que vos odeiam, de vós se assenhorearão, e fugireis, sem ninguém vos perseguir. E, se ainda com estas coisas não me ouvirdes, então eu prosseguirei a castigar-vos sete vezes mais, por causa dos vossos pecados. Porque quebrarei a soberba da vossa força; e farei que os vossos céus sejam como ferro e a vossa terra como cobre” (Lv 26:17-19). A primeira coisa que percebemos aqui é que o Eterno colocaria a sua face contra seu povo! A palavra “face” em hebraico é panîm e significa “rosto, semblante”. Como já vimos anteriormente esta palavra está no plural porque o rosto é comporto de várias partes que o compõem. E o rosto demonstra o estado de ânimo de uma pessoa. Quando o povo desobedece ao Eterno o seu rosto para com eles não será de alegria, mas certamente será de desagrado e até mesmo de ira! O Eterno nos informa que a desobediência fará com que seu povo seja ferido por seus inimigos e serão ainda perseguidos por eles!

Novamente percebemos que a desobediência atrai sobre os homens graves conseqüências, tanto na esfera física quanto na espiritual. Um outro detalhe é que, se isso não fosse suficiente para fazer o povo retornar à obediência, eles seriam castigados sete vezes mais por causa de seus pecados! Duas coisas são importantes aqui: a primeira é que está envolvida aqui a questão de plenitude, algo completo, que é representado pelo número sete. Outra coisa é que a palavra “pecados” em hebraico é hatâ e significa “errar, sair do caminho, pecar, tornar-se culpado”. Fica aqui bem claro que o castigo viria sobre eles em plenitude por causa de um “desvio” de rota adotado pelos israelitas. Este desvio chama-se pecado! Quando nós resolvemos tomar nossos próprios caminhos como “corretos” então estamos dizendo com esta atitude que o Eterno não sabe o que é melhor para nós; assim nos colocamos no lugar D´Ele e o “rebaixamos” à condição de um ser falível e desprezível!

Então o Eterno nos diz que “quebraria a soberba da nossa força”. A melhor tradução para “shabar ga´on oz” seria “despedaçarei a exaltação de sua força”. Agora temos a dimensão de que muitas vezes o homem exalta-se por causa de sua própria “força” não somente física, mas também intelectual. Alguns acreditam ser os melhores em tudo! Aqui o Eterno adverte que Ele mesmo haveria de despedaçar a exaltação de nossa força! Está escrito assim: “Porquanto qualquer que a si mesmo se exaltar será humilhado, e aquele que a si mesmo se humilhar será exaltado” (Lc 14:11). O caminho para a exaltação passa pela humilhação! E o caminho da humilhação passa pela auto-exaltação! Quantas pessoas tem experimentado esta verdade em suas vidas! Quando permanecemos num parâmetro de obediência ao Eterno experimentamos então grandes bênçãos sobre nossas vidas; já quando desobedecemos…

        As instruções do Eterno são muito claras e não deixam nenhuma margem para qualquer tipo de questionamento: “E se andardes contrariamente para comigo, e não me quiserdes ouvir, trar-vos-ei pragas sete vezes mais, conforme os vossos pecados. Porque enviarei entre vós as feras do campo, as quais vos desfilharão, e desfarão o vosso gado, e vos diminuirão; e os vossos caminhos serão desertos. Se ainda com estas coisas não vos corrigirdes voltando para mim, mas ainda andardes contrariamente para comigo, eu também andarei contrariamente para convosco, e eu, eu mesmo, vos ferirei sete vezes mais por causa dos vossos pecados” (Lv 26:21-24). Novamente percebemos que todas estas coisas acontecerão conosco se permanecermos no pecado! A palavra “pecado” aqui é novamente o termo hatâ que significa “errar, sair do caminho, pecar, tornar-se culpado”. As consequências serão tão devastadoras que o Eterno promete trazer sobre os pecadores as pragas sete vezes mais! Novamente isso nos fala de um estado de plenitude de pragas sobre os pecadores! E ainda nos informa que a própria natureza se voltaria contra nós, pois as feras causariam danos em nossas famílias levando nossos filhos e filhas à morte, além de também consumirem nossos rebanhos (que são uma das fontes de renda do agricultor)! O Eterno ainda nos informa que “nossos caminhos serão desertos”. A palavra “desertos” aqui é shamem e significa “estar devastado, estar estarrecido”. Ela vem de uma raiz que é shammâ e significa “desolação, assombro, deserto”. Quando a Bíblia nos fala sobre “caminho(s)” ela está fazendo uma alusão ao nosso viver diário e aos nossos atos de relacionamentos com nossos semelhantes. Aqui os desobedientes recebem a “promessa” de que seu viver diário e seus relacionamentos com seus semelhantes serão devastadores, haverá medo, assombro, como num deserto cheio de perigos! Se pararmos para olharmos ao nosso redor perceberemos que essa descrição se encaixa perfeitamente na vida de muitas pessoas que conhecemos, inclusive de crentes! Então, creio que demos aqui a resposta à várias perguntas que nos ocorrem no que diz respeito à vida e situação de pessoas que estão ao nosso redor! Quando há desobediência então vêm as conseqüências!

Uma outra consequência é a guerra! Vejamos o que Moshe nos descreve aqui: “Porque trarei sobre vós a espada, que executará a vingança da aliança; e ajuntados sereis nas vossas cidades; então enviarei a peste entre vós, e sereis entregues na mão do inimigo. Quando eu vos quebrar o sustento do pão, então dez mulheres cozerão o vosso pão num só forno, e devolver-vos-ão o vosso pão por peso; e comereis, mas não vos fartareis” (Lv 26:25-26). A desobediência ainda traz sobre o homem a “vingança da aliança”. Em hebraico é “naqam berith”. A palavra naqam significa “vingar, ser castigado”. Já o termo berith significa “aliança acompanhada de sinais, sacrifícios e juramento solene”. Entendemos que a berith abrange toda a Torah, pois ali estão contidas todas as promessas que fazem parte da aliança como também todas as punições (ou castigos) que fazem parte desta mesma aliança! Aqui temos algumas modalidades de castigo: o Eterno enviaria peste entre o povo, eles seriam entregues nas mãos do inimigo, haveria “quebra” no sustento de pão (fome). Tudo isso como o resultado final da desobediência! Por isso está também escrito: “Porém Samuel disse: Tem porventura o IHVH tanto prazer em holocaustos e sacrifícios, como em que se obedeça à palavra do IHVH? Eis que o obedecer é melhor do que o sacrificar; e o atender melhor é do que a gordura de carneiros” (I Sm 15:22). A obediência dispensa a necessidade de qualquer sacrifício! Através da obediência são quebrados jugos e maldições!

O restante das maldições ainda abrange outros aspectos da vida humana: “E reduzirei as vossas cidades a deserto, e assolarei os vossos santuários, e não cheirarei o vosso cheiro suave. E assolarei a terra e se espantarão disso os vossos inimigos que nela morarem. E espalhar-vos-ei entre as nações, e desembainharei a espada atrás de vós; e a vossa terra será assolada, e as vossas cidades serão desertas. Então a terra folgará nos seus sábados, todos os dias da sua assolação, e vós estareis na terra dos vossos inimigos; então a terra descansará, e folgará nos seus sábados” (Lv 26:31-34). Agora o Eterno nos fala sobre ‘reduzir as cidades à desertos e assolar os santuários”. Quem conhece a história de Israel sabe que esta profecia cumpriu-se literalmente! No ano 70 de nossa era, quando o general Tito (de Roma) atacou Israel e assolou Jerusalém essa profecia tornou-se história! Então aconteceu aquilo que está dito no fim do verso: “e não cheirarei o vosso cheiro suave”. Aqui a palavra “cheirar” em hebraico é rîah e significa “sentir (exalar) cheiro, perfumar, aceitar”. Quando Israel foi disperso pelas nações o Eterno não mais sentiu o perfume da adoração de seu povo em Jerusalém! Agora, o os seus adoradores estavam dispersos, vencidos, e tudo por causa de sua desobediência!

Aqui cumpriu-se o restante da profecia, no verso seguinte: “E espalhar-vos-ei entre as nações”. A palavra “espalhar” em hebraico é zarah e significa “soprar, espalhar, lançar fora, dispersar”. Da forma como o Eterno prometeu isso aconteceu! E o mais incrível é que a palavra “nações” em hebraico é goi e significa povos e nações gentílicas! Ou seja, Israel seria espalhado pelo mundo e o povo judeu se tornaria um povo entre os povos! Isso tudo aconteceu porque o povo não mais respeitou a Torah e então foi necessário que o Eterno assim agisse para com seu povo! Esta profecia “Então a terra folgará nos seus sábados” tem dois significados: o primeiro é que a terra (o solo) em Israel descansaria nos sábados (há um mandamento para que a terra de sete em sete anos tenha um descanso, não se plantando ali), e isso poderia estar sendo negligenciado. Outro significado é que o shabat seria levado pelos judeus para o mundo e isso serviria como um sinal para eles (os gentios) a fim de que retornassem para a plenitude da Palavra do Eterno! A palavra “terra” em hebraico é erets e significa “terra, país estado”. Já a palavra “folgará” em hebraico é ratsâ e significa “agradar-se de, ser propício com”. A palavra “sábado” em hebraico é shabat e significa “descanso, cessação”. Ora, fica claro aqui que há uma intenção do Eterno por trás destes acontecimentos em não somente fazer com que a terra – solo – tenha descanso, mas também que o mundo receba a restauração da Palavra através dos judeus que foram espalhados para mais tarde serem novamente reunidos como um povo!

Ainda há outras maldições sobre o desobediente: “E, quanto aos que de vós ficarem, eu porei tal pavor nos seus corações, nas terras dos seus inimigos, que o ruído de uma folha movida os perseguirá; e fugirão como quem foge da espada; e cairão sem ninguém os perseguir. E cairão uns sobre os outros como diante da espada, sem ninguém os perseguir; e não podereis resistir diante dos vossos inimigos. E perecereis entre as nações, e a terra dos vossos inimigos vos consumirá. E aqueles que entre vós ficarem se consumirão pela sua iniqüidade nas terras dos vossos inimigos, e pela iniqüidade de seus pais com eles se consumirão” (Lv 26:36-39). Agora temos aqui as conseqüências da desobediência refletidas na alma do povo. O coração sentindo pavor é uma delas. A palavra “pavor” em hebraico é morek e significa “fraqueza”. Em sua raiz está a palavra rakak que significa “ser macio, ser suave, ser fraco”. O que aconteceria aos que abandonassem os ensinamentos da Torah? Eles teriam seus corações enfraquecidos por causa da ausência do padrão divino e também por que o homem cujo coração não está firmado no Eterno e em sua Palavra não resiste à nada e tem um sentimento de temor quanto aos vários aspectos da vida se quem, muitas vezes, exista qualquer problema!

Um outro aspecto é que o terno diz que os israelitas “pereceriam entre as nações”. Esta frase em hebraico é abad goi. A palavra abad em hebraico significa “perecer, ser destruído”. Já o termo goi significa “povos e nações gentílicas”. Ou seja, o Eterno declara que aos desobedientes – mesmo entre as nações – estaria reservado a destruição no meio dos povos para onde eles foram dispersos. Quanto aos que ficassem, eles “se consumirão pela sua iniqüidade nas terras dos vossos inimigos”. A palavra “consumirão” em hebraico é maq e significa “apodrecimento, deterioração”. Qual seria o motivo para isso? O pecado! A palavra “pecado” em hebraico é avon e significa “iniquidade, culpa, castigo, castigo pela culpa”. O pecado – ou a prática e permanência no pecado – faria com que estas pessoas fossem se deteriorando, apodrecendo, consumindo, até acabarem! Esta é uma das conseqüências do pecado sobre a vida do homem! Sha´ul, em Romanos nos diz que a conseqüência do pecado é a morte! “Porque o salário do pecado é a morte, mas o dom gratuito de Elohim é a vida eterna, pelo Ungido Ieshua nosso Senhor” (Rm 6:23).

Um aspecto positivo desta modalidade de “cativeiro” é que ele poderia produzir nos israelitas arrependimento! “Então confessarão a sua iniquidade, e a iniquidade de seus pais, com as suas transgressões, com que transgrediram contra mim; como também eles andaram contrariamente para comigo. Eu também andei para com eles contrariamente, e os fiz entrar na terra dos seus inimigos; se então o seu coração incircunciso se humilhar, e então tomarem por bem o castigo da sua iniqüidade, também eu me lembrarei da minha aliança com Ia´aqov, e também da minha aliança com Isaque, e também da minha aliança com Avraham me lembrarei, e da terra me lembrarei” (Lv 26:40-42). Ali, distantes de seu país e de seu povo eles se lembrariam de seus pecados. A palavra “iniquidades” em hebraico é avon e significa “iniquidade, culpa, castigo, castigo pela culpa”. O interessante é que quando o homem abandona ao Senhor o Senhor também lhe dá na medida daquilo que ele faz! Isso já está explícito desde a Torah e também há um princípio que foi estabelecido – relembrado – por Paulo, que diz: “Não erreis: Elohim não se deixa escarnecer; porque tudo o que o homem semear, isso também ceifará” (Gl 6:7).

O cativeiro – as provações e privações – fazem com que o homem possa novamente lembrar-se de seus atos (e consequentemente de seus pecados) e ali ele tem a oportunidade de refletir em seu coração e finalmente assumir seu pecado e pedir perdão para o Eterno. É dito que o coração incircunciso deve se humilhar. A palavra “incircunciso” em hebraico é arel e significa “incircunciso, pessoa com prepúcio”. Isso significa que o Eterno pretendia com o “cativeiro” que o homem voltasse seu coração para Ele a fim de fazerem um pacto, uma aliança tal que ficasse uma “marca” no coração do homem para relembra-lo deste pacto!

Este ato de “voltar para o Senhor” faria com que o Eterno se lembrasse da aliança que um dia fora feita com os patriarcas. A palavra “lembrar-se” em hebraico é zakar e significa “pensar, meditar, dar atenção”. Já o termo berith em hebraico significa “aliança acompanhada de sinais, sacrifícios e juramento solene”. O Eterno espera que o homem pense, medite, preste atenção (volte-se) para aquilo que foi dito por Ele para o próprio bem do homem na Torah. A Torah deve ser obedecida de forma incondicional, pois foi feita com os patriarcas uma aliança com sangue, sinais, sacrifícios e juramento da parte de D-us e do homem que não haveria quebra neste acordo e que isso traria para o homem grande benefícios.

Finalizando temos o restante da Escritura que nos diz: “E, demais disto também, estando eles na terra dos seus inimigos, não os rejeitarei nem me enfadarei deles, para consumi-los e invalidar a minha aliança com eles, porque eu sou o IHVH seu Elohim. Antes por amor deles me lembrarei da aliança com os seus antepassados, que tirei da terra do Egito perante os olhos dos gentios, para lhes ser por Elohim. Eu sou o IHVH” (Lv 26:44-45). Existem aqui os elementos vitais para a conclusão daquilo que estamos dizendo: o Eterno diz que “não os rejeitarei nem me enfadarei deles, para consumi-los e invalidar a minha aliança com eles, porque eu sou o IHVH seu Elohim”. O Eterno não desejava consumir seu povo em terras estranhas. A palavra “consumir” em hebraico é kalâ e significa “concluir, cessar, consumir, terminar, fracassar, acabar”. Já o termo “invalidar” em hebraico é parar e significa “quebrar, destruir, frustrar, invalidar”. Novamente, o termo “aliança” em hebraico é berith em hebraico significa “aliança acompanhada de sinais, sacrifícios e juramento solene”. Isso significa que o Eterno não pretendia que seu povo terminasse seus dias no exílio! Porém, isso dependeria de sua obediência (ou não) à Torah. Quando eles obedecessem, Ele não quebraria, frustraria o pacto feito entre Ele (Senhor) e os patriarcas com sangue, juramento e sinais! Sendo assim, o Eterno se apresenta à eles como IHVH Elohim! Quando somos obedientes ao Eterno ele se apresenta para nós como “Aquele que se torna nosso Criador”, disponibilizando-nos assim inclusive o poder da criação a fim de que dominemos as criaturas e a natureza como foi dito por Ele!

Por isso, o Eterno finaliza dizendo: “Antes por amor deles me lembrarei da aliança com os seus antepassados”. O Eterno se voltaria para seus filhos e se lembraria de sua aliança. A palavra “lembrar-se” em hebraico é zakar e significa “pensar, meditar, dar atenção”. Quando há obediência, automaticamente os olhos do Eterno voltam-se para o obediente e Ele atenta, dá atenção aquela pessoa, pois em seu coração está o desejo de agradar ao seu Criador!

Que o Eterno D-us de nossos pais nos ajude a lhe obedecermos em todos os momentos de nossas vidas!

Baruch Há Shem!

Mário Moreno.