O Cântico da redenção
O comentário sobre Tehilim, em conexão com as palavras “Reina o IHVH, revestiu-se de majestade” lemos diretamente no hebraico: יְהוָה מָלָךְ גֵּאוּת לָבֵשׁ לָבֵשׁ יְהוָה עֹז. Vejamos então: se tomarmos a última letra das três primeiras palavras deste verso, juntas, totalizam ה+ך+ת) 425 – hey+chaf+tav), que é equivalente ao valor numérico do termo מָשִׁיחַ בֶּן דִָוד (Messias Filho de David).
Quando o Messias ben David chegar, todos os ‘mundos’ serão restaurados por Ele.
Em Salmos 93:1, há uma continuação direta do cântico de Moshe que é chamado שִׁיַרת הַיָּם – cântico do mar) que é entoado em Êxodo 15. As palavras “Então Moshe e os israelitas cantaram”, em Hebraico אָז (Az), fala de um cântico futuro que é registrado em Salmos 93:1.
As palavras hebraicas גאָהֹ גּאָָה (ga’o ga’a) em Êxodo 15 estão em conexão direta com o Salmo 93, גֵּאוּת (ge’ut), que é a manifestação gloriosa de Adonai em Sua segunda redenção.
O Salmo fala do futuro cântico do Messias. Como explicado pelo Baal
Haturim, a letra י (yod) da palavra ישִָׁיר (yashir – cantar) possui o valor dez na gematria, representando as nove canções completas e a décima canção que ainda será cantada: o cântico do Messias. As
canções de redenção são: o cântico do Mar, o cântico do Poço, Ha’azinu (dê ouvidos), Yehoshua, Devorá, Chana, David, Shlomo, Chezekiá, e a futura Canção (do Rei Messias).
O cântico pode estar em ambos os tempos verbais, passado e futuro, porque foi entoado por Moshe, e será entoado, no futuro, pelo Rei Messias.
A tradição judaica ainda nos ensina: Brachia disse, em nome de R. Abahu: Embora você tenha existido o tempo todo, você não subiu ao seu trono e não foi reconhecido no seu mundo até que seus filhos cantassem uma canção. É por isso que o versículo declara: “O teu trono permanece firme desde a antiguidade” (Salmos 93:2).
Embora Hashem tenha existido desde o tempo da criação, e mesmo antes disso, “uma vez que você ficou no mar, e cantamos uma música para você com az, então, Sua realeza e trono se estabeleceram (ali), e Seu nome se tornou reconhecido em seu mundo!” A grandeza do momento da canção na palavra az é a coroação do Santo, Bendito seja Ele em nosso mundo, por Sua nação. O Midrash expressa a ideia de que “não há rei sem nação”, e até que a nação coroe o rei, mesmo que esse rei tenha governado o mundo desde o início, o rei não se sentará em Seu trono real até que Ele é coroado, uma vez que “em multidões há glorificação do rei”. O Baal Hatanya, em 
Shaar Hayichud Veha’emuna, capítulo 7, escreve coisas maravilhosas sobre isso: “Eis que todos sabem que o propósito da criação do mundo é trazer à revelação a realeza do Abençoado, pois ali não é rei sem uma nação … pois mesmo que Ele tivesse gerado muitos filhos, o reinado sobre eles não seria relevante lá, nem se aplicaria se apenas os ministros tivessem aceitado [o reinado], somente com multidões há glorificação do rei“. Temos a oportunidade de continuar coroando o Santo, Bendito seja todos os dias, cantando o Cântico do Mar durante a oração de Shacharit”.
Estes “cânticos” – shirim – estão relacionados à profecia; são cânticos proféticos que apontam para realidades presentes e futuras que desencadearão um grande mover que transformará vidas e levará pessoas aos pés do Ungido.
O Cântico final citado no texto aparece em Apocalipse: “E cantavam o cântico de Moshe, servo de Elohim, e o cântico do Cordeiro, dizendo: Grandes e maravilhosas são as tuas obras, IHVH Elohi Todo-poderoso! Justos e verdadeiros são os teus caminhos, ó Rei dos santos. Quem te não temerá, ó IHVH, e não magnificará o teu nome? Porque só tu és santo: pelo que todas as nações virão, e diante de ti adorarão, porque os teus juízos são manifestos” Ap 15.3-4. Aqui a palavra “cântico” também é “yashir” e é o décimo cântico profético que seria cantado pela vitória final do Ungido. Neste instante a profecia se cumpre de forma cabal, plena. Tudo o que foi predito e esperado por séculos cumpre-se num momento quando o Ungido vence os poderes das trevas e finalmente prepara-se para reinar eternamente sobre seu povo Israel.
A profecia em andamento
O que temos em nossos dias é justamente a profecia em andamento, ou seja, caminhando para o fim, quando um Shir será cantado por uma grande multidão louvando a Há Shem e ao Ungido por terem finalmente estabelecido de forma plena aquilo que está Escrito em Sua Palavra.
Nossos louvores apenas nos preparam para aquele grande dia em que ouviremos o último Shir da vitória final…
A batalha contra as trevas continua sendo travada a cada dia por cada um daqueles que buscam 
obedecer ao Eterno e isso faz com que haja uma resistência por parte do maligno que tenta – em vão – tirar as ovelhas das mãos do Grande Pastor Ieshua.
O Salmo 110 nos fala sobre o momento em que o Ungido retorna à eternidade e é colocado no trono ao lado do Eterno para com Ele reinar e aguardar o momento em que juntos destruirão o poder das trevas: “Disse o IHVH ao meu Senhor: Assenta-te à minha mão direita, até que ponha os teus inimigos por escabelo dos teus pés. O IHVH enviará o cetro da tua fortaleza desde Sião, dizendo: Domina no meio dos teus inimigos. O teu povo se apresentará voluntariamente no dia do teu poder, com santos ornamentos: como vindo do próprio seio da alva, será o orvalho da tua mocidade” Sl 110.1-3.
A leitura destes versos nos inspira a imaginarmos o momento em que Ha Shem enviará o “cetro de tua fortaleza” em meio a seus inimigos. O Ungido vindo com um exército dos céus para vencer os inimigos…
Hoje nossa postura de louvor tem exercido um forte poder contra o maligno e temos visto muitas vitórias no mundo físico que foram forjadas através do louvor. E o louvor é muito mais do que um “cântico”; é uma postura de vida que estabelece atitudes e ditos cuja finalidade é somente a de bendizer ao Eterno em todo o tempo.
É claro que existem ocasiões em que precisamos “cantar” e isso provoca uma ruptura no reino espiritual e dispara uma série de eventos que culminam com a manifestação na terra de milagres que foram “gerados” na dificuldade e em momentos em que tudo parecia perdido, mas então quando temos a postura certa – e às vezes cantamos – o inesperado e impossível acontece: o milagre nos alcança e somos então levados às lagrimas pela atuação do Espírito o Santo em nós e entre nós de uma forma surpreendente.
Há um precedente para isso nas Escrituras que demonstra o que um “shir” é capaz de produzir na vida daqueles que creem. O texto é longo, mas vou citar somente as partes mais relevantes para o momento. O texto está em II Crônicas capítulo 20, quando os inimigos de Israel vêm contra eles para dizimá-los. Então rei Josafá busca ao Eterno e recebe instruções e entre elas estão: “Nesta peleja não tereis que pelejar: parai, estai em pé, e vede a salvação do IHVH para convosco, ó Judá e Jerusalém; não temais, nem vos assusteis; amanhã saí-lhes ao encontro, porque o IHVH será convosco” II Cr 20.17. O momento crucial em que a vitória ocorre é quando eles iniciam um cântico que é conhecido por nós como “Hodu l´Adonai”: “E aconselhou-se com o povo, e ordenou cantores para o IHVH, que louvassem a Majestade santa, saindo diante dos armados, e dizendo: Louvai ao IHVH, porque a sua benignidade dura para sempre. E, ao tempo que começaram com júbilo e louvor, o IHVH pôs emboscadas contra os filhos de Amom e de Moabe e os das montanhas de Seir, que vieram contra Judá, e foram desbaratados” II Cr 20.21-22. Quando os cantores – e creio que o povo os acompanhou – iniciaram o cântico, iniciou-se uma grande mover espiritual em que os mensageiros do Eterno foram enviados dos céus para lançarem confusão no acampamento dos inimigos que mataram-se uns aos outros e o povo não teve que lutar – conforme a palavra dita pelo profeta – e o resultado foi que eles venceram sem luta e apoderaram-se dos despojos e enriqueceram ainda mais com a derrota daqueles que desejavam oprimi-los e dizima-los.
O que esperamos então?
Nossa esperança é que possamos de fato sermos participantes destes grandes eventos espirituais
e físicos através dos “shirim” – cânticos proféticos – que nos foram dados para com eles profetizarmos as nossas vitórias e também para impormos derrotas aos nossos inimigos. A nós cabe viver uma vida de louvor – gratidão, obediência e quando necessário cantarmos de alegria – pois somente assim vamos desatar nos céus os poderes que farão com que o poder soberano de Ieshua esteja presenta na terra assim como está nos céus!
Que sejamos então estes instrumentos para trazer o cumprimento destes shirim e naquele dia possamos cantar o Cântico da Redenção ao lado dos santos de todas as eras e com o Ungido Ieshua!
Que o Eterno abrevie os dias para vivermos este tão sonhado tempo em nome de Ieshua!
Baruch ha Shem!
Mário Moreno.