Parasha Ki tavo

Mário Moreno/ setembro 4, 2017/ Parasha da semana

Ki tavo

(Quando vieres)

Dt 26.1 – 29-8 / Is 60:1-22 / Lc 24:44-53

        Na Parasha desta semana estaremos abordando mais um discurso de Moshe onde ele continua relembrando ao povo de Israel aquilo que lhes fora dito durante sua caminhada pelo deserto até aquele ponto.

Moshe relembra ao povo que eles devem trazer as primícias de sua colheita ao Eterno. “E será que, quando entrares na terra que o IHVH teu Elohim te der por herança, e a possuíres, e nela habitares, então tomarás das primícias de todos os frutos do solo, que recolheres da terra, que te dá o IHVH teu Elohim, e as porás num cesto, e irás ao lugar que escolher o IHVH teu Elohim, para ali fazer habitar o seu nome. E irás ao sacerdote, que houver naqueles dias, e dir-lhe-ás: Hoje declaro perante o IHVH teu Elohim que entrei na terra que o IHVH jurou a nossos pais dar-nos. E o sacerdote tomará o cesto da tua mão, e o porá diante do altar do IHVH teu Elohim” (Dt 26:1-4). Ele relembra que a terra está sendo dada a Israel por IHVH Elohim! E isso significa que o Eterno tornou-se o Criador de Israel – além de ter criado também todas as outras coisas – e por isso Ele tem condições de dar a Israel a terra como herança! A palavra “herança” vem do termo hebraico nahala e significa “herança, legado possessão”. O substantivo tem basicamente a conotação daquilo que é ou pode ser passado adiante como herança. Temos aqui um fato interessante: Israel é o único país do mundo que tem suas fronteiras demarcadas pelo próprio D-us! Isso demonstra que Israel tem direito à posse da terra e conseqüentemente tem o direito de ali habitar e existir. Nós sabemos que a Escritura não pode ser anulada – pois é a Palavra de D-us – e isso aponta para que, no futuro, Israel retome as suas antigas fronteiras e assim tenha novamente autonomia sobre toda a terra que lhe foi dada por herança física pelo próprio Criador!

É dito que quando estivessem ali deveriam trazer suas primícias ao Eterno, no lugar onde Ele haveria de escolher para ali habitar seu nome! Primeiro consideremos o que são “primícias”. Aqui a palavra em hebraico é laqesh e significa “colheita tardia, isto é, colheita a primavera”. Certamente tal referência diz respeito à bikurim (primícias) que acontece no segundo dia de Pesach! Mas como podemos afirmar isso? A palavra laqesh tem em sua raiz o termo malkôsh que significa “últimas chuvas, chuvas de primavera”. Sabemos que o período de chuvas em Israel vai de dezembro à março – quando vêem as chuvas tardias, elas se estendem à abril, época desta festa – e isso caracteriza então tal evento. A palavra usada para designar “primícias” em hebraico é reshit que significa “primeiro, princípio, melhor (de um grupo)”. Esta palavra vem da raiz ro´sh que significa “cabeça, pico, cume, parte superior, chefe, total, soma”. Isso nos mostra que tais frutos devem ser, além dos primeiros, os melhores, provenientes da terra que IHVH Elohim lhes dera. Isso tudo deveria ser levado ao “lugar que o Eterno escolheria para ali fazer habitar seu nome”. Esta é uma clara referência ao templo construído por Shlomo. Novamente notemos dois fatores importantes aqui: a palavra “habitar” em hebraico é shakan e significa “habitar, tabernacular”. Esta palavra indica uma “morada” provisória; sabemos que mesmo o Templo, cuja construção foi tão esmerada e demorada, foi considerado pelo Eterno como uma “habitação temporária”, pois seu projeto final seria habitar dentro do Tabernáculo que Ele mesmo construíra: o homem! Ali – no homem – habitaria para sempre o Seu Nome! Outra vez percebemos quão didático é o IHVH naquilo que faz, pois hoje somos identificados justamente por causa de Seu Nome, pois somos chamados “messiânicos” (pertencentes ao Messias)! O próprio povo de Israel traz em seu nome um dos nomes de D-us – El – que o une, identifica, ao Eterno!

Quando isso ocorre, deve haver também uma “confissão” da parte do ofertante sobre aquilo que lhe ocorrera: “E irás ao sacerdote, que houver naqueles dias, e dir-lhe-ás: Hoje declaro perante o IHVH teu Elohim que entrei na terra que o IHVH jurou a nossos pais dar-nos. E o sacerdote tomará o cesto da tua mão, e o porá diante do altar do IHVH teu Elohim”. O ofertante declara que já está na terra que o Eterno jurara a seus pais e por isso estava tomando aquela atitude – de ofertar – de forma a comprovar com seu ato a fidelidade do IHVH! A oferta seria colocada “diante do IHVH Elohim”. A palavra usada aqui é “panim IHVH Elohim”. Traduzindo ao pé da letra seria “à face daquele que se tornou seu Criador”.

A confissão feita pelo ofertante teria alguns elementos, a saber: “Então testificarás perante o IHVH teu Elohim, e dirás: Arameu, prestes a perecer, foi meu pai, e desceu ao Egito, e ali peregrinou com pouca gente, porém ali cresceu até vir a ser nação grande, poderosa, e numerosa. Mas os egípcios nos maltrataram e nos afligiram, e sobre nós impuseram uma dura servidão. Então clamamos ao IHVH Elohim de nossos pais; e o IHVH ouviu a nossa voz, e atentou para a nossa miséria, e para o nosso trabalho, e para a nossa opressão. E o IHVH nos tirou do Egito com mão forte, e com braço estendido, e com grande espanto, e com sinais, e com milagres; e nos trouxe a este lugar, e nos deu esta terra, terra que mana leite e mel. E eis que agora eu trouxe as primícias dos frutos da terra que tu, ó IHVH, me deste. Então as porás perante o IHVH teu Elohim, e te inclinarás perante o IHVH teu Elohim, e te alegrarás por todo o bem que o IHVH teu Elohim te tem dado a ti e à tua casa, tu e o levita, e o estrangeiro que está no meio de ti” (Dt 26:5-11). Os israelitas deviam lembrar-se de suas raízes ao confessarem que “seu pai foi arameu”. Esta referência é feita á Iacov, pois é dito sobre ele que “desceu com poucas pessoas ao Egito (setenta pessoas) e ali foi maltratado e afligido, até que se multiplicaram e depois foram libertos pelas mãos de Moshe.

Deviam lembrar-se do período em que foram escravos no Egito e também de seu livramento dado pelo Eterno; havia ainda a lembrança de que eles receberam do IHVH uma terra que “mana leite e mel”, ou seja, terra com abundância de bens e víveres que eles nem sequer imaginavam e que receberam, não por causa de sua santidade ou por seus atos meritórios, mas por causa do amor do Eterno e de Sua Palavra declarada aos patriarcas! Por isso quando ofertarem este momento deve ser vivenciado com reverência – “…te inclinarás perante o IHVH (IHVH) teu Elohim” e isso deverá ser feito com alegria “e te alegrarás por todo o bem que o IHVH teu Elohim te tem dado a ti e à tua casa, tu e o levita, e o estrangeiro que está no meio de ti”.

A mitsvá de bicurim

Os primeiros frutos são trazidos das sete espécies pelas quais Êrets Israel é abençoada: trigo, cevada, uva, figo, romã, azeitona e tâmara.

Quando o proprietário de um campo nota que o primeiro fruto (de qualquer um dos tipos acima mencionados) começou a amadurecer em seu campo ou pomar, deve amarrar uma fita em volta dele para marcá-lo como bicurim.

Um dos benefícios da mitsvá é a de fortalecer o autocontrole da pessoa. É tentador degustar o primeiro fruto maduro de uma espécie que não estava disponível já há algum tempo. Em vez disso, nós somos obrigados a nos refrearmos, e reservá-lo para D’us.

O dono do campo espera até que as várias espécies de frutos tenham amadurecido para levá-los ao Bet Hamicdash. Se ele calcula que as primeiras frutas irão apodrecer antes de começar sua jornada, ele deve preservá-las. Por exemplo, transformando os figos em figos secos e as uvas em passas. Apesar de que ele só precisa dar uma fruta como bicurim, quanto mais ele acrescentar, maior será sua mitsvá. Bicurim são recebidos anualmente pelos cohanim entre Shavuot e Chanucá.

As frutas devem ser trazidas ao Bet Hamicdash em algum recipiente, como uma cesta, e preferivelmente, uma espécie em cada recipiente. Se todas elas precisam ser colocadas no mesmo recipiente, deve-se proceder da seguinte forma: a cevada por baixo, por cima dela o trigo, acima dele as azeitonas, as tâmaras, as romãs, e finalmente os figos por cima de tudo. Entre cada camada de fruta deve haver uma divisória, como folhas, e a camada de cima é circundada por cachos de uvas.

Como os bicurim eram trazidos para Ierushalayim

As cidades de Êrets Israel eram agrupadas em distritos. Os habitantes de cada cidade de um mesmo distrito se reuniam em um lugar e viajavam juntos para Ierushalayim para trazer os seus bicurim.

A mitsvá era engrandecida quando realizada por toda a congregação. Os viajantes descansavam à noite em céu aberto (evitando assim a possibilidade de ficarem impuros, pois alguém que estivesse numa casa que contivesse um cadáver, suas primícias se tornariam impuras e portanto inaptas para serem trazidas ao Bet Hamicdash). De manhã, o líder anunciava: “Levantem-se, e vamos a Tsiyon, à casa do nosso D’us!”

Um boi, que mais tarde seria oferecido como oferenda, ia à frente da procissão; seus chifres cobertos com ouro e uma grinalda de folhas de oliva enfeitava sua cabeça. Os viajantes recitavam (Salmos 122:1) “Eu ficava feliz quando me diziam: ‘Vamos à Casa de D’us.’” Flautistas proviam acompanhamento musical até que a procissão alcançasse Ierushalayim. Os viajantes paravam nos portões para arranjar e decorar seus bicurim, enquanto avisavam que eles haviam chegado à cidade. Eles eram recebidos por vários cohanim (sacerdotes), leviyim (levitas) e tesoureiros do Bet Hamicdash, que saíam para cumprimentá-los. Ao entrar na cidade os viajantes proclamavam (Salmos 122:2) “Nossos pés estavam em seus portões, Ierushalayim”.

Os trabalhadores de Ierushalayim paravam seu trabalho, levantavam-se e cumprimentavam os recém-chegados: “Nossos irmãos de tal cidade, sejam bem-vindos!” (Eles assim honravam os cumpridores da mitsvá. Para demonstrar nosso respeito àqueles que estão cumprindo uma mitsvá, nós costumamos nos levantar, como por exemplo quando um bebê é trazido para o Berit Milá.)

Os flautistas continuavam a tocar e os viajantes continuavam a recitar os versos dos Salmos até chegarem ao Monte do Templo. Aí todos, inclusive o próprio rei, colocavam suas cestas sobre os ombros e pessoalmente apresentavam-nas ao cohen. Quando a procissão entrava na Azará (o pátio do Bet Hamicdash) os leviyim cantavam: “Te louvarei, D’us, por ter me erguido e não ter deixado meus inimigos regozijarem-se em mim”(Salmos 30:2).

Os viajantes tinham anexado pombas aos lados de suas cestas e davam-nas para os cohanim, como oferenda. Com as cestas ainda em seus ombros, cada judeu recitava o verso (Deuteronômio 26:3): “Eu declaro hoje a D’us, nosso D’us, que eu vim à terra que D’us prometeu aos nossos antepassados que a daria para nós.” Ele assim reconhecia que D’us manteve a Sua promessa para com os nossos antepassados, e que ele trouxe para o Bet Hamicdhash um presente de bicurim da sua porção de terra. Enquanto o proprietário segurava a alça da cesta, o cohen colocava suas mãos sob esta, e juntos, eles erguiam a oferenda.

Lendo a declaração de bicurim

A fruta era colocada em frente ao altar (os bicurim eram colocados próximos do altar para simbolizar que eles não eram trazidos para o cohen, mas sim para D’us, Que os dava de presente aos cohanim). E o proprietário recitava em hebraico o capítulo referente aos bicurim (Deuteronômio 26:5-10).

Originalmente, aqueles que sabiam ler hebraico recitavam o texto sozinhos, e aqueles que não sabiam, um leitor realizava a mitsvá. Quando os sábios perceberam que os judeus não letrados abstinham-se de trazer bicurim ao Bet Hamicdash, pois tinham vergonha, eles instituíram que o texto fosse lido por um terceiro em qualquer caso. (Similarmente, em tempos passados a Torah era lida na sinagoga por aqueles que eram chamados para recitar a bênção. Já que algumas congregações não sabiam ler, foi instituído que a Torah deve ser lida por um expert, comum a todos).

A Torah ordena ao proprietário dos bicurim para ler justamente esta porção da Torah porque ela descreve a bondade de D’us para com os judeus. O proprietário reconhece sua gratidão por tudo que D’us fez por ele. O texto relata os sofrimentos e as aflições do nosso povo, pois para apreciar as bênçãos deve ter em mente os infortúnios do passado. Isso é o que se lê, enquanto se segura os bicurim (versículos encontrados na nossa parashá – Deuteronômio 26:5):

“E ele (Ia´aqov) desceu ao Egito com pouca gente e lá tornou-se um povo poderoso e numeroso. E os egípcios nos maltrataram e nos afligiram e colocaram sobre nós trabalho duro. Nós gritamos para D’us, D’us dos nossos pais, e D’us ouviu nossa voz, e viu nossa miséria, nossa labuta e nossa aflição. E D’us nos tirou do Egito com mão forte e braço estendido e com grande temor, com sinais e maravilhas. E Ele nos trouxe para este lugar, e nos deu esta terra, a terra onde jorram o leite e o mel.”

Já que eu reconheço que tudo o que possuo é graças à bondade de D’us:

“E agora, portanto, eu trouxe as primícias da terra que Tu, D’us, me deste.”

Completada a leitura, os bicurim são erguidos uma segunda vez, o proprietário coloca-os ao lado do altar, prostra-se e deixa o Bet Hamicdash. Os bicurim eram distribuídos entre os cohanim que estavam em serviço no Templo Sagrado.

Aquele que oferecia os bicurim deveria trazer oferendas e passar a noite em Yerushalayim antes de retornar a sua casa. Esta mitsvá era chamada de liná, ou seja, pernoitar em Yerushalayim. Uma das razões para pernoitar lá é que D’us queria que aquele que oferecia os bicurim, depois de ter comparecido ao Bet Hamicdash, absorvesse plenamente a santidade de Yerushalayim antes de retornar a seu lar, para que a mitsvá tivesse um efeito duradouro sobre ele.

A mitsvá de bicurim, as primícias, é um exemplo impressionante dos esforços que os judeus fazem para embelezar as mitsvot. Somente um profundo amor para a mitsvá poderia converter o mandamento de “trazer os primeiros frutos ao Bet Hamicdash” em um glorioso procedimento – uma festiva procissão até Yerushalayim, o recital das escrituras acompanhado de música, e a apresentação de cestas de frutos cuidadosamente arranjadas e decoradas para os cohanim.

O midrash nos conta:

A voz celestial

Depois de o judeu ter cumprido a mitsvá de bicurim, uma voz celestial podia ser ouvida no Bet Hamicdash: “Que você tenha o mérito de trazer seus bicurim no próximo ano mais uma vez!”

Similarmente, nossos sábios nos contam que dois anjos acompanham o judeu da sinagoga para casa na noite de Shabat – um anjo misericordioso e um anjo negativo. Se as velas de Shabat estão acesas, a mesa posta, e a casa preparada para honrar o Shabat, o anjo bom clama: “Que seja a vontade de D’us que no próximo shabat seja a mesma coisa!” O anjo negativo vê-se obrigado a responder “Amen”. Se, D’us nos livre, a casa não está preparada para o Shabat, o anjo negativo clama: “Espero que no Shabat que vem seja a mesma coisa!” E o anjo bom vê-se obrigado e responder “Amen”.

Sempre que um indivíduo cumpre uma mitsvá, ele tem a sua disposição um anjo que o ajuda a cumprir mais mitsvot.

Aqui entra a questão dos dízimos. Temos aqui pelo menos três dízimos num mesmo momento do ano. O dizimo “normal” que é dado à cada vez que recebemos algo como pagamento; os dízimos do ano terceiro – dado aos levitas – e o dízimo dos órfãos, viúvas e estrangeiros. O texto nos informa assim: “Quando acabares de separar todos os dízimos da tua colheita no ano terceiro, que é o ano dos dízimos, então os darás ao levita, ao estrangeiro, ao órfão e à viúva, para que comam dentro das tuas portas, e se fartem; e dirás perante o IHVH teu Elohim: Tirei da minha casa as coisas consagradas e as dei também ao levita, e ao estrangeiro, e ao órfão e à viúva, conforme a todos os teus mandamentos que me tens ordenado; não transgredi os teus mandamentos, nem deles me esqueci; delas não comi no meu luto, nem delas nada tirei quando imundo, nem delas dei para os mortos; obedeci à voz do IHVH meu Elohim; conforme a tudo o que me ordenaste, tenho feito” (Dt 26:12-14). Temos então aqui um mandamento que vai além daquilo que temos feito hoje, pois os dízimos são regulares e imprescindíveis para que os que trabalham e vivem “do altar” (os diversos ministros) possam desempenhar suas tarefas de forma a não estarem preocupados com seu sustento, mas somente com aquilo que lhes foi proposto: cuidar do povo do IHVH! Segundo o livro de Números capítulo 14, também concluímos que existem três dízimos, dois dos quais regulares – aparentemente “mensais” – e um trienal (de três em três anos).  A entrega dos dízimos deve ser acompanhada também de uma “confissão” ao Eterno, dizendo: “Tirei da minha casa as coisas consagradas e as dei também ao levita, e ao estrangeiro, e ao órfão e à viúva, conforme a todos os teus mandamentos que me tens ordenado; não transgredi os teus mandamentos, nem deles me esqueci; delas não comi no meu luto, nem delas nada tirei quando imundo, nem delas dei para os mortos; obedeci à voz do IHVH meu Elohim; conforme a tudo o que me ordenaste, tenho feito”. Tais palavras demonstram o quanto o israelita deveria zelar pelo cumprimento da Palavra; ele confessa, inclusive, que obedece à voz do IHVH D-us (IHVH Elohim), conforme aquilo que lhe fora ordenado!

Após o ato de obediência, então o ofertante também diz as palavras: “Olha desde a tua santa habitação, desde os céus, e abençoa o teu povo, a Israel, e a terra que nos deste, como juraste a nossos pais, terra que mana leite e mel. Neste dia, o IHVH teu Elohim te manda cumprir estes estatutos e juízos; guarda-os pois, e cumpre-os com todo o teu coração e com toda a tua alma. Hoje declaraste ao IHVH que ele te será por Elohim, e que andarás nos seus caminhos, e guardarás os seus estatutos, e os seus mandamentos, e os seus juízos, e darás ouvidos à sua voz. E o IHVH hoje te declarou que tu lhe serás por seu próprio povo, como te tem dito, e que guardarás todos os seus mandamentos. Para assim te exaltar sobre todas as nações que criou, para louvor, e para fama, e para glória, e para que sejas um povo santo ao IHVH teu Elohim, como tem falado” (Dt 26:15-19).

Há um desejo expresso nas palavras do ofertante para que o Eterno o abençoe! A palavra aqui é barak e significa “dar poder a alguém para ser próspero, bem-sucedido e fecundo”. Mas quem seria o “povo de D-us?” O texto nos diz: Israel! Este é um dos motivos pelos quais Israel “carrega” sobre si a unção de prosperidade (espiritual), sucesso (material) e fecundidade (espiritual e material)! O cumprimento dos “estatutos e juízos”, sua guarda “de todo o coração e alma” fazem com que as manifestações de “bênçãos” sobre a vida dos israelitas multipliquem-se por onde quer que andem! Eles – com seus lábios – declararam que “declaraste ao IHVH que ele te será por Elohim, e que andarás nos seus caminhos, e guardarás os seus estatutos, e os seus mandamentos, e os seus juízos, e darás ouvidos à sua voz”. Novamente temos aqui algo interessante: a palavra “declarar” vem do termo hebraico ´amar que significa “ordenar, dizer, declarar”. Esta palavra foi usada na Criação para que o Eterno trouxesse à existência aquilo que ainda não existia! Então quando o israelita “declarava” ele na realidade dava uma ordem (dizia estas palavras como uma “profecia” que deveria se cumprir), trazendo então à existência uma atitude de obediência ao IHVH Elohim! Veja como aqui o nome do Criador está ligado à esta atitude do ofertante. É dito que eles guardariam – vivenciariam – os estatutos, mandamentos e juízos, dando assim ouvidos à voz do Eterno. Os “estatutos”, palavra que provém do hebraico hoq e significa “estatuto, costume, lei, decreto”. Esta raiz provém de haqaq que significa “entalhar, retratar, determinar, inscrever”. Já os “mandamentos” são mitsva com o mesmo significado. Na raiz desta palavra temos o sentido de uma instrução de um pai para um filho, de um fazendeiro a seus lavradores, de um rei a seus servos. Os “juízos” são mishpat e significam “justiça, ordenança, costume, maneira”. Tais atos fariam com que Israel fosse distinguido como o povo do IHVH, além de trazer sobre eles inúmeras manifestações de bênçãos!

Agora temos a declaração de Moshe e dos anciãos ao povo, aconselhando-os a obedeceram ao Eterno em todos os aspectos de sua vida: “E deram ordem, Moshe e os anciãos, ao povo de Israel, dizendo: Guardai todos estes mandamentos que hoje vos ordeno; será, pois, que, no dia em que passares o Jordão à terra que te der o IHVH teu Elohim, levantar-te-ás umas pedras grandes, e as caiarás. E, havendo-o passado, escreverás nelas todas as palavras desta lei, para entrares na terra que te der o IHVH teu Elohim, terra que mana leite e mel, como te falou o IHVH Elohim de teus pais” (Dt 27:1-3). Além da obediência, Israel deveria erguer marcos e escrever neles a Palavra do IHVH! A terra de Israel deveria ser toda “decorada” por estes marcos que lembrariam ao passante que aquele lugar é Israel, a terra que o Eterno deu aos seus filhos e que as palavras ditas aos patriarcas cumpriram-se literalmente!

Após a passagem pelo Jordão, o povo de Israel deveria então erigir um altar de pedras brutas. Está escrito assim: “Será, pois, que, quando houveres passado o Jordão, levantareis estas pedras, que hoje vos ordeno, no monte Ebal, e as caiarás. E ali edificarás um altar ao IHVH teu Elohim, um altar de pedras; não alçarás instrumento de ferro sobre elas. De pedras brutas edificarás o altar do IHVH teu Elohim; e sobre ele oferecerás holocaustos ao IHVH teu Elohim. Também sacrificarás ofertas pacíficas, e ali comerás perante o IHVH teu Elohim, e te alegrarás. E naquelas pedras escreverás todas as palavras desta lei, exprimindo-as nitidamente” (Dt 27:4-8). O altar de pedras brutas significa que o homem não teve qualquer participação direta em sua confecção; ele não participou preparando as pedras artesanalmente para que fossem ali postas e encaixadas, formando assim o altar. Ali no altar seriam oferecidos holocaustos e ofertas pacíficas ao IHVH.

O “holocausto” em hebraico é ´olã e significa “oferta queimada, sacrifício queimado, holocausto”. Esta é uma oferta que deveria ser totalmente queimada ao IHVH. Já as “ofertas pacíficas” são definidas como “zabah shelem”. A palavra zabah significa “sacrificar, abater”. A palavra shelem significa “pacífico” e vem da raiz shl, onde temos também a palavra shalom que significa “paz, prosperidade, bem, saúde, inteireza, segurança”. Tais tipos de ofertas tinham a finalidade de exprimirem toda a alegria do ofertante e também deveriam “restabelecer” a paz entre o homem e D-us.

Teremos agora a ordem de Moshe quanto ao pronunciamento das bênçãos sobre os obedientes à Torah e das maldições aos desobedientes! Tal pronunciamento contaria com “testemunhas” de ambos os lados que também pronunciariam as palavras de bênção e maldição. “Falou mais Moshe, juntamente com os sacerdotes levitas, a todo o Israel, dizendo: Guarda silêncio e ouve, ó Israel! Hoje vieste a ser povo do IHVH teu Elohim. Portanto obedecerás à voz do IHVH teu Elohim, e cumprirás os seus mandamentos e os seus estatutos que hoje te ordeno. E Moshe deu ordem naquele dia ao povo, dizendo: Quando houverdes passado o Jordão, estes estarão sobre o monte Gerizim, para abençoarem o povo: Simeão, e Levi, e Judá, e Issacar, e José, e Benjamim; e estes estarão sobre o monte Ebal para amaldiçoar: Rúben, Gade, e Aser, e Zebulom, Dã e Naftali” (Dt 27:9-13). Estes montes – Gerizim e Ebal estão lado a lado e por isso foram escolhidos para que ali se pronunciassem estas palavras, pois todo o povo poderia ouvi-las, de forma que a mensagem seria bem entendida por todos!

Primeiro teremos al maldições que são: “E os levitas testificarão a todo o povo de Israel em alta voz, e dirão: Maldito o homem que fizer imagem de escultura, ou de fundição, abominação ao IHVH, obra da mão do artífice, e a puser em um lugar escondido. E todo o povo, respondendo, dirá: Amém. Maldito aquele que desprezar a seu pai ou a sua mãe. E todo o povo dirá: Amém. Maldito aquele que remover os limites do seu próximo. E todo o povo dirá: Amém. Maldito aquele que fizer que o cego erre de caminho. E todo o povo dirá: Amém. Maldito aquele que perverter o direito do estrangeiro, do órfão e da viúva. E todo o povo dirá: Amém. Maldito aquele que se deitar com a mulher de seu pai, porquanto descobriu a nudez de seu pai. E todo o povo dirá: Amém. Maldito aquele que se deitar com algum animal. E todo o povo dirá: Amém. Maldito aquele que se deitar com sua irmã, filha de seu pai, ou filha de sua mãe. E todo o povo dirá: Amém. Maldito aquele que se deitar com sua sogra. E todo o povo dirá: Amém. Maldito aquele que ferir ao seu próximo em oculto. E todo o povo dirá: Amém. Maldito aquele que aceitar suborno para ferir uma pessoa inocente. E todo o povo dirá: Amém. Maldito aquele que não confirmar as palavras desta lei, não as cumprindo. E todo o povo dirá: Amém” (Dt 27:14-26).

O foco deste texto a palavra “maldito”. Esta palavra vem do termo hebraico ´arar e significa “prender (por encantamento), cercar com obstáculos, deixar sem forças para resistir”. Nossa primeira conclusão é que quem infringe um destes mandamentos será preso (por encantamento), será cercado com obstáculos e será deixado sem forças para resistir! Se substituirmos a palavra “maldito” no texto pelo seu significado, os versos ficariam assim:

  • Maldito (fique preso por encantamento, seja cercado com obstáculos e deixado sem forças para resistir) o homem que fizer imagem de escultura, ou de fundição, abominação ao IHVH, obra da mão do artífice, e a puser em um lugar escondido. E todo o povo, respondendo, dirá: Amém.
  • Maldito (fique preso por encantamento, seja cercado com obstáculos e deixado sem forças para resistir) aquele que desprezar a seu pai ou a sua mãe. E todo o povo dirá: Amém. Devemos destacar aqui a palavra “desprezar”, pois vem do termo hebraico qalâ e significa “envergonhar, desonrar, tratar mal”. Este ato está em oposição ao mandamento de “honrar pai e mãe”.
  • Maldito (fique preso por encantamento, seja cercado com obstáculos e deixado sem forças para resistir) aquele que remover os limites do seu próximo. E todo o povo dirá: Amém.
  • Maldito (fique preso por encantamento, seja cercado com obstáculos e deixado sem forças para resistir) aquele que fizer que o cego erre de caminho. E todo o povo dirá: Amém.
  • Maldito (fique preso por encantamento, seja cercado com obstáculos e deixado sem forças para resistir) aquele que perverter o direito do estrangeiro, do órfão e da viúva. E todo o povo dirá: Amém.
  • Maldito (fique preso por encantamento, seja cercado com obstáculos e deixado sem forças para resistir) aquele que se deitar com a mulher de seu pai, porquanto descobriu a nudez de seu pai. E todo o povo dirá: Amém.
  • Maldito (fique preso por encantamento, seja cercado com obstáculos e deixado sem forças para resistir) aquele que se deitar com algum animal. E todo o povo dirá: Amém.
  • Maldito (fique preso por encantamento, seja cercado com obstáculos e deixado sem forças para resistir) aquele que se deitar com sua irmã, filha de seu pai, ou filha de sua mãe. E todo o povo dirá: Amém.
  • Maldito (fique preso por encantamento, seja cercado com obstáculos e deixado sem forças para resistir) aquele que se deitar com sua sogra. E todo o povo dirá: Amém.
  • Maldito (fique preso por encantamento, seja cercado com obstáculos e deixado sem forças para resistir) aquele que ferir ao seu próximo em oculto. E todo o povo dirá: Amém.
  • Maldito (fique preso por encantamento, seja cercado com obstáculos e deixado sem forças para resistir) aquele que aceitar suborno para ferir uma pessoa inocente. E todo o povo dirá: Amém.
  • Maldito (fique preso por encantamento, seja cercado com obstáculos e deixado sem forças para resistir) aquele que não confirmar as palavras desta lei, não as cumprindo. E todo o povo dirá: Amém”.

As maldições têm uma abrangência muito grande e nos falam sobre nosso relacionamento com o Eterno e também com o nosso próximo. É interessante que a estrutura na qual as maldições foram colocadas segue o mesmo padrão daquelas dadas nos “Dez Mandamentos”!

Em contrapartida, quando um homem obedece ao Eterno acontecem coisas diferentes em sua vida: “E será que, se ouvires a voz do IHVH teu Elohim, tendo cuidado de guardar todos os seus mandamentos que eu hoje te ordeno, o IHVH teu Elohim te exaltará sobre todas as nações da terra. E todas estas bênçãos virão sobre ti e te alcançarão, quando ouvires a voz do IHVH teu Elohim; bendito serás na cidade, e bendito serás no campo. Bendito o fruto do teu ventre, e o fruto da tua terra, e o fruto dos teus animais; e as crias das tuas vacas e das tuas ovelhas. Bendito o teu cesto e a tua amassadeira. Bendito serás ao entrares, e bendito serás ao saíres. O IHVH entregará, feridos diante de ti, os teus inimigos, que se levantarem contra ti; por um caminho sairão contra ti, mas por sete caminhos fugirão da tua presença. O IHVH mandará que a bênção esteja contigo nos teus celeiros, e em tudo o que puseres a tua mão; e te abençoará na terra que te der o IHVH teu Elohim. O IHVH te confirmará para si como povo santo, como te tem jurado, quando guardares os mandamentos do IHVH teu Elohim, e andares nos seus caminhos. E todos os povos da terra verão que é invocado sobre ti o nome do IHVH, e terão temor de ti. E o IHVH te dará abundância de bens no fruto do teu ventre, e no fruto dos teus animais, e no fruto do teu solo, sobre a terra que o IHVH jurou a teus pais te dar. O IHVH te abrirá o seu bom tesouro, o céu, para dar chuva à tua terra no seu tempo, e para abençoar toda a obra das tuas mãos; e emprestarás a muitas nações, porém tu não tomarás emprestado. E o IHVH te porá por cabeça, e não por cauda; e só estarás em cima, e não debaixo, se obedeceres aos mandamentos do IHVH teu Elohim, que hoje te ordeno, para os guardar e cumprir. E não te desviarás de todas as palavras que hoje te ordeno, nem para a direita nem para a esquerda, andando após outros deuses, para os servires” (Dt 28:1-14). Aqui em primeiro lugar temos uma palavra condicional aos israelitas: “E será que, se ouvires a voz do IHVH teu Elohim…” É interessante que o Eterno dá aos israelitas a oportunidade de quererem – ou não – ouvir a sua voz para então receberem seus benefícios.

Um outro detalhe é que o Eterno ordena aos israelitas que “tenham cuidado em guardar os mandamentos…” Não são ações que devem ser praticadas de qualquer forma, mas sim atos medidos, pensados e realizados em obediência à Palavra do IHVH! Isso fará com que o Eterno exalte a Israel sobre todas as nações! Para nós isso já parece demasiadamente grandioso – ser colocado acima das nações da terra – para o Eterno isso ainda não basta, pois Ele diz o seguinte: “E todas estas bênçãos virão sobre ti e te alcançarão, quando ouvires a voz do IHVH teu Elohim”. Dois aspectos aqui precisam ser lembrados: o primeiro é que as bênçãos virão sobre ti. Esta frase nos fala de alo que vem do alto para nos conferir riquezas, alegria, satisfação, etc… E tudo o que vem do Eterno é bom! As bênçãos “nos alcançarão”. Isso nos dá a entender que enquanto vivemos em nosso dia a dia aquilo que pedimos virá sobre nós enquanto caminhamos… Nossa vida será então repleta de surpresas (boas) e também será a cada dia acrescentada de significado pelo pleno cumprimento da Palavra de D-us!

A palavra “bendito” em hebraico é barak, cujo significado já vimos acima.

As bênçãos são as seguintes:

  1. Bendito serás na cidade, e bendito serás no campo.
  2. Bendito o fruto do teu ventre, e o fruto da tua terra, e o fruto dos teus animais; e as crias das tuas vacas e das tuas ovelhas.
  3. Bendito o teu cesto e a tua amassadeira.
  4. Bendito serás ao entrares, e bendito serás ao saíres.
  5. O IHVH entregará, feridos diante de ti, os teus inimigos, que se levantarem contra ti; por um caminho sairão contra ti, mas por sete caminhos fugirão da tua presença.
  6. O IHVH mandará que a bênção esteja contigo nos teus celeiros, e em tudo o que puseres a tua mão; e te abençoará na terra que te der o IHVH teu Elohim.
  7. O IHVH te confirmará para si como povo santo, como te tem jurado, quando guardares os mandamentos do IHVH teu Elohim, e andares nos seus caminhos. E todos os povos da terra verão que é invocado sobre ti o nome do IHVH, e terão temor de ti.
  8. E o IHVH te dará abundância de bens no fruto do teu ventre, e no fruto dos teus animais, e no fruto do teu solo, sobre a terra que o IHVH jurou a teus pais te dar. O IHVH te abrirá o seu bom tesouro, o céu, para dar chuva à tua terra no seu tempo, e para abençoar toda a obra das tuas mãos; e emprestarás a muitas nações, porém tu não tomarás emprestado.

Percebemos que temos pelo menos oito (8) pontos nos quais podemos ter “poder para sermos próspero, bem-sucedidos e fecundos”. Já vimos também que o número oito (8) representa uma nova vida, novo começo, ressurreição. Isto quer dizer que quando somos obedientes ao Eterno ele nos dá a cada dia um novo “recomeço” através de cada bênção em cada área de nossas vidas!

Nosso conceito de “bênçãos” deve ir além daquilo que consideramos como o padrão: homens e mulheres de sucesso são abençoados! Isso não é verdade! Eles têm somente uma parte daquilo que realmente significa ser “bendito”. Já analisamos acima que a “bênção” e “bendito” tem início na tomada de posição em obedecermos ao Eterno naquilo que é “espiritual”. Isso está ligado ao que Ieshua disse: “….mas buscai em primeiro lugar o reino de D-us…” O verdadeiro “bendito” é aquele que recebeu tanto o espiritual como o material em abundância! Os judeus têm ainda tanto zelo em vivenciar a Torah por saberem que esta palavra tem se cumprido a cada instante em suas vidas – em ambas as áreas – e por isso não podem negligenciar nem a obediência ao Eterno e nem a manutenção de sua vida “secular” no seio da sociedade, que hoje – e principalmente hoje – precisa de princípios para viver em contato com outros homens e mulheres, pois seus valores estão totalmente degradados e sem qualquer base sólida que possa apoia-los.

Novamente, temos ainda o outro lado da bênção, que é a maldição. Assim como ser abençoado é uma escolha que parte de cada um, o ser amaldiçoado o é também.

Vejamos do que se trata isso:

Será, porém, que, se não deres ouvidos à voz do IHVH teu Elohim, para não cuidares em cumprir todos os seus mandamentos e os seus estatutos, que hoje te ordeno, então virão sobre ti todas estas maldições, e te alcançarão” (Dt 28:15).

  • “Maldito serás tu na cidade, e maldito serás no campo” (Dt 28:16).
  • “Maldito o teu cesto e a tua amassadeira” (Dt 28:17).
  • “Maldito o fruto do teu ventre, e o fruto da tua terra, e as crias das tuas vacas, e das tuas ovelhas” (Dt 28:18).
  • “Maldito serás ao entrares, e maldito serás ao saíres” (Dt 28:19).

Em primeiro plano temos aqui fatos que ocorrerão com aquele que não obedece ao Eterno. Há uma clara oposição entre o que foi citado acima e o que ocorre agora. A vida pessoal desta pessoa é carregada de situações nas quais ela fica presa, não tem meios (recursos) para poder reagir e para tornar-se um vencedor! Sua escolha tornou-o cativo das trevas, fazendo com que cada atitude sua não passe de esforços em vão em busca de algo que nunca o alcançará…

Na seção posterior temos algo um pouco mais sério, pois aqui é dito que as coisas que acontecerão são enviadas pelo IHVH à aquela pessoa! O termo usado aqui para definir o Eterno é IHVH! Este termo significa “eu me torno aquilo que me torno”. Assim como para os obedientes Ele tornou-se na realização de seus desejos, para os desobedientes acontecerá justamente o contrário: Ele se tornará em obstáculos a fim de que não realizem seus sonhos e desejos!

  • “O IHVH mandará sobre ti a maldição; a confusão e a derrota em tudo em que puseres a mão para fazer; até que sejas destruído, e até que repentinamente pereças, por causa da maldade das tuas obras, pelas quais me deixaste” (Dt 28:20).
  • “O IHVH fará pegar em ti a pestilência, até que te consuma da terra a que passas a possuir” (Dt 28:21).
  • “O IHVH te ferirá com a tísica e com a febre, e com a inflamação, e com o calor ardente, e com a secura, e com crestamento e com ferrugem; e te perseguirão até que pereças” (Dt 28:22).
  • “E os teus céus, que estão sobre a cabeça, serão de bronze; e a terra que está debaixo de ti, será de ferro” (Dt 28:23).
  • “O IHVH dará por chuva sobre a tua terra, pó e poeira; dos céus descerá sobre ti, até que pereças” (Dt 28:24).
  • “O IHVH te fará cair diante dos teus inimigos; por um caminho sairás contra eles, e por sete caminhos fugirás de diante deles, e serás espalhado por todos os reinos da terra” (Dt 28:25).
  • “E o teu cadáver servirá de comida a todas as aves dos céus, e aos animais da terra; e ninguém os espantará” (Dt 28:26).
  • “O IHVH te ferirá com as úlceras do Egito, com tumores, e com sarna, e com coceira, de que não possas curar-te” (Dt 28:27).
  • “O IHVH te ferirá com loucura, e com cegueira, e com pasmo de coração” (Dt 28:28).
  • “E apalparás ao meio dia, como o cego apalpa na escuridão, e não prosperarás nos teus caminhos; porém somente serás oprimido e roubado todos os dias, e não haverá quem te salve” (Dt 28:29).
  • “Desposar-te-ás com uma mulher, porém outro homem dormirá com ela; edificarás uma casa, porém não morarás nela; plantarás uma vinha, porém não aproveitarás o seu fruto” (Dt 28:30).
  • “O teu boi será morto aos teus olhos, porém dele não comerás; o teu jumento será roubado diante de ti, e não voltará a ti; as tuas ovelhas serão dadas aos teus inimigos, e não haverá quem te salve” (Dt 28:31).
  • “Teus filhos e tuas filhas serão dados a outro povo, os teus olhos o verão, e por eles desfalecerão todo o dia; porém não haverá poder na tua mão” (Dt 28:32).
  • “O fruto da tua terra e todo o teu trabalho, comerá um povo que nunca conheceste; e tu serás oprimido e quebrantado todos os dias” (Dt 28:33).
  • “E enlouquecerás com o que vires com os teus olhos” (Dt 28:34).
  • “O IHVH te ferirá com úlceras malignas nos joelhos e nas pernas, de que não possas sarar, desde a planta do teu pé até ao alto da cabeça” (Dt 28:35).
  • “O IHVH te levará a ti e a teu rei, que tiveres posto sobre ti, a uma nação que não conheceste, nem tu nem teus pais; e ali servirás a outros deuses, ao pau e à pedra” (Dt 28:36).
  • “E serás por pasmo, por ditado, e por fábula, entre todos os povos a que o IHVH te levará” (Dt 28:37).
  • “Lançarás muita semente ao campo; porém colherás pouco, porque o gafanhoto a consumirá” (Dt 28:38).
  • “Plantarás vinhas, e cultivarás; porém não beberás vinho, nem colherás as uvas; porque o bicho as colherá” (Dt 28:39).
  • “Em todos os termos terás oliveiras; porém não te ungirás com azeite; porque a azeitona cairá da tua oliveira” (Dt 28:40).
  • “Filhos e filhas gerarás; porém não serão para ti; porque irão em cativeiro” (Dt 28:41).
  • “Todo o teu arvoredo e o fruto da tua terra consumirá a lagarta” (Dt 28:42).
  • “O estrangeiro, que está no meio de ti, se elevará muito sobre ti, e tu mais baixo descerás” (Dt 28:43).
  • “Ele te emprestará a ti, porém tu não emprestarás a ele; ele será por cabeça, e tu serás por cauda” (Dt 28:44).

Percebemos que o número de maldições é muito superior ao das bênçãos, pois o “preço” da desobediência é muito superior ao da obediência! Conhecer ao Eterno e deixar de servi-lo é o pior caminho que qualquer ser humano possa intentar estar, pois as consequências disso são tão devastadoras que é impossível medir a extensão daquilo que sobrevirá ainda aos desobedientes!

O texto nos diz ainda: “E todas estas maldições virão sobre ti, e te perseguirão, e te alcançarão, até que sejas destruído; porquanto não ouviste à voz do IHVH teu Elohim, para guardares os seus mandamentos, e os seus estatutos, que te tem ordenado; e serão entre ti por sinal e por maravilha, como também entre a tua descendência para sempre. Porquanto não serviste ao IHVH teu Elohim com alegria e bondade de coração, pela abundância de tudo” (Dt 28:45-47). Aqui, contrariamente ao texto que diz que as bênçãos viriam sobre os obedientes e os alcançariam, está dito que as maldições (ficar preso por encantamento, ser cercado com obstáculos e deixado sem forças para resistir) haveriam de persegui-los e alcança-los até que sejam destruídos! A desobediência traz consigo a destruição! Mas por que? O texto diz que isso ocorre por não ouvir-se a voz do IHVH eu conclamava seu povo para guardarem seus mandamentos! Isso aconteceria como um sinal para os desobedientes e também para suas futuras gerações, pois negaram-se a servir ao Eterno com alegria em seu coração!

Consequentemente, o que aconteceria então? “Assim servirás aos teus inimigos, que o IHVH enviará contra ti, com fome e com sede, e com nudez, e com falta de tudo; e sobre o teu pescoço porá um jugo de ferro, até que te tenha destruído. O IHVH levantará contra ti uma nação de longe, da extremidade da terra, que voa como a águia, nação cuja língua não entenderás; nação feroz de rosto, que não respeitará o rosto do velho, nem se apiedará do moço; e comerá o fruto dos teus animais, e o fruto da tua terra, até que sejas destruído; e não te deixará grão, mosto, nem azeite, nem crias das tuas vacas, nem das tuas ovelhas, até que te haja consumido; e sitiar-te-á em todas as tuas portas, até que venham a cair os teus altos e fortes muros, em que confiavas em toda a tua terra; e te sitiará em todas as tuas portas, em toda a tua terra que te tem dado o IHVH teu Elohim. E comerás o fruto do teu ventre, a carne de teus filhos e de tuas filhas, que te der o IHVH teu Elohim, no cerco e no aperto com que os teus inimigos te apertarão. Quanto ao homem mais mimoso e delicado no meio de ti, o seu olho será maligno para com o seu irmão, e para com a mulher do seu regaço, e para com os demais de seus filhos que ainda lhe ficarem; de sorte que não dará a nenhum deles da carne de seus filhos, que ele comer; porquanto nada lhe ficou de resto no cerco e no aperto, com que o teu inimigo te apertará em todas as tuas portas. E quanto à mulher mais mimosa e delicada no meio de ti, que de mimo e delicadeza nunca tentou pôr a planta de seu pé sobre a terra, será maligno o seu olho contra o homem de seu regaço, e contra seu filho, e contra sua filha; e isto por causa de suas páreas, que saírem dentre os seus pés, e para com os seus filhos que tiver, porque os comerá às escondidas pela falta de tudo, no cerco e no aperto, com que o teu inimigo te apertará nas tuas portas” (Dt 28:48-57). Todas estas conseqüências foram vividas pelo povo de Israel na diáspora (dispersão), fazendo então parte da história de nosso povo. Isso ocorreu justamente por causa da desobediência aos mandamentos do Eterno.

Moshe claramente diz: “Se não tiveres cuidado de guardar todas as palavras desta lei, que

estão escritas neste livro, para temeres este nome glorioso e temível, o IHVH teu Elohim, então o IHVH fará espantosas as tuas pragas, e as pragas de tua descendência, grandes e permanentes pragas, e enfermidades malignas e duradouras; e fará tornar sobre ti todos os males do Egito, de que tu tiveste temor, e se apegarão a ti. Também o IHVH fará vir sobre ti toda a enfermidade e toda a praga, que não está escrita no livro desta lei, até que sejas destruído. E ficareis poucos em número, em lugar de haverem sido como as estrelas dos céus em multidão; porquanto não destes ouvidos à voz do IHVH teu Elohim” (Dt 28:58-62). A ordem é explicita: devemos guardar toda a Torah, pois quando fazemos isso então tememos o nome glorioso do IHVH (IHVH Elohim). Quando isso não acontece então vem sobre aquelas pessoas – e seus descendentes – espantosas pragas (grandes e permanentes). A palavra “pragas” vem do hebraico makkâ e significa “pancada, ferida, matança”. O Eterno está dizendo que a geração dos desobedientes “apanharia” e ficaria ferida, mas de modo a não morrer, somente sofrer. Para estes o Eterno reservou os “males do Egito”. A palavra “males” vem do hebraico madweh e significa “doença”. Esta palavra acentua o caráter repugnante das doenças do Egito: elefantíase, disenteria e oftalmia. Ou seja, aquilo eu seria feito pelo Eterno aos desobedientes seria de tal magnitude que se tornaria insuportável viver daquela forma!

Outras consequências ainda viriam também: “E será que, assim como o IHVH se deleitava em vós, em fazer-vos bem e multiplicar-vos, assim o IHVH se deleitará em destruir-vos e consumir-vos; e desarraigados sereis da terra a qual passais a possuir. E o IHVH vos espalhará entre todos os povos, desde uma extremidade da terra até à outra; e ali servireis a outros deuses que não conheceste, nem tu nem teus pais; ao pau e à pedra. E nem ainda entre estas nações descansarás, nem a planta de teu pé terá repouso; porquanto o IHVH ali te dará coração agitado, e desfalecimento de olhos, e desmaio da alma. E a tua vida, como em suspenso, estará diante de ti; e estremecerás de noite e de dia, e não crerás na tua própria vida. Pela manhã dirás: Ah! quem me dera ver a noite! E à tarde dirás: Ah! quem me dera ver a manhã! pelo pasmo de teu coração, que sentirás, e pelo que verás com os teus olhos. E o IHVH te fará voltar ao Egito em navios, pelo caminho de que te tenho dito; nunca jamais o verás; e ali sereis vendidos como escravos e escravas aos vossos inimigos; mas não haverá quem vos compre” (Dt 28:63-68). Percebemos o quão destrutivo é deixar ao Eterno para servir aos demais deuses deste mundo!

A Escritura termina esta seção com as seguintes palavras: “Estas são as palavras da aliança que o IHVH ordenou a Moshe que fizesse com os filhos de Israel, na terra de Moabe, além da aliança que fizera com eles em Horebe. E chamou Moshe a todo o Israel, e disse-lhes: Tendes visto tudo quanto o IHVH fez perante vossos olhos, na terra do Egito, a Faraó, e a todos os seus servos, e a toda a sua terra; as grandes provas que os teus olhos têm visto, aqueles sinais e grandes maravilhas; porém não vos tem dado o IHVH um coração para entender, nem olhos para ver, nem ouvidos para ouvir, até ao dia de hoje. E quarenta anos vos fiz andar pelo deserto; não se envelheceram sobre vós as vossas vestes, e nem se envelheceu o vosso sapato no vosso pé. Pão não comestes, e vinho e bebida forte não bebestes; para que soubésseis que eu sou o IHVH vosso Elohim. Vindo vós, pois, a este lugar, Siom, rei de Hesbom, e Ogue, rei de Basã, nos saíram ao encontro, à peleja, e nós os ferimos; e tomamos a sua terra e a demos por herança aos rubenitas, e aos gaditas, e à meia tribo dos manassitas” (Dt 29:1-8).

Devemos agora nos posicionar: qual é a nossa intenção ao servirmos ao IHVH? O que queremos d´Ele? Certamente seu poder e sua autoridade está clara e patente aos olhos das nações, pois ninguém pode ser igualado à Ele! A escolha está diante de nós: a obediência e a bênção ou a desobediência e a maldição!

Que o Eterno nos ajude!

Mário Moreno

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