Parasha Vezot Haberachach
Vezot Haberachach
(Esta é a bênção)
Dt 33:1–34:12 / Js 1:1-18 / Ap 21:9-22:5
Na Parasha desta semana estaremos abordando o final do livro de Deuteronômio. Teremos aqui a segunda bênção às tribos, esta agora dada por Moshe antes de sua morte e sepultamento.
O texto tem início com as seguintes palavras: “Esta, porém, é a bênção com que Moshe, homem de Elohim, abençoou os filhos de Israel antes da sua morte. Disse pois: O IHVH veio de Sinai, e lhes subiu de Seir; resplandeceu desde o monte Parã, e veio com dez milhares de santos; à sua direita havia para eles o fogo da lei. Na verdade ama os povos; todos os seus santos estão na sua mão; postos serão no meio, entre os teus pés, e cada um receberá das tuas palavras” (Dt 33:3). A palavra nos diz que Moshe abençoou ao povo de Israel com uma palavra que certamente os dirigiria e os influenciaria em por toda a sua vida! Ele chama a isso de bênção! A palavra “benção” vem do termo hebraico beraka que significa “dar poder a alguém para ser próspero, bem sucedido e fecundo em tudo aquilo que fizerem!” Ou seja, o objetivo de tais palavras que antecederam a morte de Moshe seria de trazer sobre Israel uma influência vinda de D-us para que as três áreas de sua vida fossem atingidas: a espiritual (prosperidade), a financeira (sucesso material) e a fecundidade (que diz respeito ao corpo físico e ao relacionamento com o mundo exterior). Ele apresenta o Eterno como Aquele que dá a seus filhos as suas palavras; o detalhe aqui é que o Eterno é apresentado como vindo com “dez milhares de seus santos”. A palavra “dez mil” vem do termo hebraico rebaba significando “dez mil, uma multidão”. Este termo é empregado para comunicar grandeza e imensidão. Já a palavra “santos” vem do termo hebraico qodesh que significa “separação, santidade, sagrado, santo”. Tem a ideia de santidade; isto é, a natureza essencial daquilo que pertence ao domínio do sagrado. Esta descrição não nos parece um tanto quanto familiar? O Eterno vindo com milhares de santos, daqueles que foram separados pelo próprio Eterno para pertencerem aos seus domínios e com eles traz também aquilo que a Torah chama de “fogo da lei”. Aqui a palavra “lei” vem do termo hebraico dat que significa “decreto, lei, edito, prescrição”. Esta palavra indica um edito real que deverá ser cumprido! Novamente temos aqui a descrição o Eterno que emitirá palavra com uma unção para transformar a vida de Israel e estas palavras tem um peso tão grande que representam uma lei real, não poderá deixar de ser cumprida!
Agora a Torah nos informa aquilo que de mais importante Moshe deixou para o povo de Israel: “Moshe nos deu a lei, como herança da congregação de Ia´aqov” (Dt 33:4). Aqui a palavra “deu” em português vem do termo hebraico tsavâ que significa “ordenar, incumbir”. Já a palavra “lei” vem do termo hebraico Torah que significa “ensino, lei”. Então temos, na realidade, não uma dádiva, mas sim uma ordem, uma incumbência que foi deixada pelo Eterno para seu povo de que deveriam obedecer aos ensinos contidos na Torah! Isso sim foi deixado para o povo de Israel como uma herança! A palavra “herança” vem do termo hebraico morasha que significa “possessão, herança espiritual”. Mas o que seria isso? Parece-me que há algo no coração do Eterno que era físico mas ainda não conhecido por seu povo, e é algo excelente, pois são “as possessões do meu coração (Elohim)”. Nós cremos que aquilo que está no coração de Elohim, que são seus sentimentos acerca de nós, quando se tornam fatos reais vem justamente para nos abençoar espiritualmente, além de nos trazer a riqueza material! Esta palavra “herança” traz combinada consigo outra palavra que é reshet, que em hebraico significa “rede e é um instrumento usado para apanhar caça”! Emprega-se esta palavra para descrever pessoas que são pegas numa armadilha por seus inimigos! O termo seguinte é yesh cuja raiz traz a ideia de “bens materiais, riquezas”. Percebamos ainda que esta palavra traz em si a raiz do nome “Ieshua”. Ou seja, a herança que nos é dada pelo Altíssimo consiste em algo que está no coração d’Ele, conjugada com uma rede para apanharmos nossos inimigos, e que por fim redundará na materialização desse desejo na terra! Isso é herança! Já a palavra “congregação” vêm do termo hebraico qehillâ que significa “assembleia, congregação”. Será que nós conseguimos entender aquilo que a Torah está nos ensinando? Moshe não faria com que o povo herdasse a terra, que é algo físico, material. Em contrapartida ele deixou para o povo uma incumbência de guardar os ensinamentos da Torah que funcionariam para eles como uma rede que apanha os inimigos! Dentre os israelitas, aqueles que quisessem e se utilizassem da palavra poderiam então, pela Palavra, apanhar seus inimigos como que numa rede, sem possibilidade de fuga, e então eles os venceriam! Novamente a ênfase aqui está na Palavra, que é uma herança espiritual, todavia o seu valor muito excede ao de uma possessão física, pois o físico poderia ser perdido a qualquer momento, enquanto que o espiritual não.
Moshe descreve a grandeza do povo judeu
Moshe começou com louvores a D’us, descrevendo como Ele Se revelou no Har Sinai para outorgar a Torah. Moshe proclamou: “D’us foi ao povo judeu no Monte Sinai como um noivo que vai encontrar sua noiva. D’us ofereceu previamente a Torah a todas as nações gentias, mas elas se recusaram a aceitar.”
Moshe proclamou: “A grandeza de D’us desafia a descrição. No Sinai, Ele levou com Ele apenas uma fração das hostes celestiais sob Seu comando, ao contrário de um ser humano que exibe toda sua riqueza no dia das bodas.
“Ele deu aos judeus Sua lei de fogo, a Torah, que Ele tinha gravado sobre as Tábuas com Sua mão direita.”
Por que a Torah é chamada de ‘uma lei de fogo’?
1 – A Torah existiu antes da criação do universo. Antes de ser entregue à humanidade, foi escrita perante D’us em fogo negro sobre fogo branco. Moshe então a escreveu com tinta sobre pergaminho.
2 – A Torah foi entregue em meio ao fogo: os anjos descendo com D’us ao Har Sinai estavam em chamas: a montanha estava em chamas; foi dado por D’us, que é chamado “um Fogo devorador”; e a face do agente de D’us (Moshe) reluziu por entre o fogo.
Moshe agora abençoou os judeus para que merecessem a vida eterna no Mundo Vindouro por terem aceitado a Torah. “D’us amava muito as tribos. Ele atou as almas dos tsadikim com Ele para a vida eterna. Eles a merecem, pois se colocaram ao pé do Monte Sinai e aceitaram o jugo da Torah.”
Agora teremos as bênçãos que são dadas às doze tribos de Israel, dentre as quais destacaremos apenas algumas. “Viva Rúben, e não morra, e que os seus homens não sejam poucos. E isto é o que disse de Judá: Ouve, ó IHVH, a voz de Judá, e introduze-o no seu povo; as suas mãos lhe bastem, e tu lhe sejas em ajuda contra os seus inimigos. E de Levi disse: Teu Tumim e teu Urim são para o teu amado, que tu provaste em Massá, com quem contendeste junto às águas de Meribá. Aquele que disse a seu pai, e à sua mãe: Nunca os vi; e não conheceu a seus irmãos, e não estimou a seus filhos; pois guardaram a tua palavra e observaram a tua aliança. Ensinaram os teus juízos a Ia´aqov, e a tua lei a Israel; puseram incenso no teu nariz, e o holocausto sobre o teu altar. Abençoa o seu poder, ó IHVH, e aceita a obra das suas mãos; fere os lombos dos que se levantam contra ele e o odeiam, para que nunca mais se levantem” (Dt 33:6-11). Queremos destacar aqui a bênção dada a Ia´aqov e a Israel – que representam justamente os dois pólos do povo de Israel – e aquilo que ela produziria. A primeira coisa é que os juízos do Eterno foram ensinados a Ia´aqov. A palavra “ensinar” vem do termo hebraico yara que significa “lançar, atirar, jogar; ensinar”. Esta palavra vem de uma raiz que contém também os termos yôreh que significa “primeiras chuvas” e também o termo Torah que significa “ensino, lei”. Ou seja, os israelitas estariam recebendo a palavra do Eterno como algo que lhes guiaria em toda a sua vida edificando-os (este é o objetivo do ensino), e esse ensino atuaria como as primeiras chuvas numa terra seca, trazendo-lhes então nova vida! A isso chamamos de Torah – ensino que conduz à vida! Este ensino incluiria também juízos. A palavra “juízos” vem do termo hebraico mishpat que significa “justiça, ordenança, costume, maneira”. Eles haveriam de receber instruções não somente para serem ensinados, mas para também as colocarem em prática no seu dia a dia. Estes padrões refletiriam o seu relacionamento com o Eterno e também a forma como teriam sido ensinados a tratar das causas cotidianas de forma imparcial e justa! Então Moshe pede ao Eterno que os abençoe – dando-lhes poder para serem prósperos, bem sucedidos e fecundos em tudo aquilo que fizerem! E quanto aos inimigos? Sobre eles Moshe pede justiça e que não mais se levantem aqueles que se voltarem contra Israel! Esta palavra demonstra o quanto o Eterno quer zelar por Israel quando estiverem em sua terra!
Sobre Benjamim e Iosef está dito: “E de Benjamim disse: O amado do IHVH habitará seguro com ele; todo o dia o cobrirá, e morará entre os seus ombros. E de Iosef disse: Bendita do IHVH seja a sua terra, com o mais excelente dos céus, com o orvalho e com o abismo que jaz abaixo. E com os mais excelentes frutos do sol, e com as mais excelentes produções das luas, e com o mais excelente dos montes antigos, e com o mais excelente dos outeiros eternos. E com o mais excelente da terra, e da sua plenitude, e com a benevolência daquele que habitava na sarça, venha sobre a cabeça de Iosef, e sobre o alto da cabeça daquele que foi separado de seus irmãos. Ele tem a glória do primogênito do seu touro, e os seus chifres são chifres de boi selvagem; com eles rechaçará todos os povos até às extremidades da terra; estes pois são os dez milhares de Efraim, e estes são os milhares de Manassés” (Dt 33:12-17). Quanto a Benjamim, ele é chamado de “O amado do IHVH”. A palavra “amado” vem do termo hebraico yadid que significa “amado, amável”. Já a palavra que define o Eterno vem do termo hebraico IHVH que significa literalmente “Eu me torno aquilo que me torno”. Isso significa que Benjamim – e também seus descendentes – é visto como alguém que merece uma forma de tratamento especial por parte daquele que se torna aquilo que eles precisam! Um outro detalhe é que este tipo de tratamento diferenciado” faria com que eles habitassem seguros. A palavra “habitar” vem do termo hebraico shakam e significa “habitar, tabernacular”. Duas coisas são vistas aqui: a primeira é que enquanto eles fossem peregrinos e tivessem de armar e desarmar suas tendas – tabernaculando temporariamente em algum lugar – o Eterno estaria dando-lhes a segurança necessária para que eles nada temessem. Em segundo lugar, quando passassem desta etapa para a habitação definitiva, novamente o Eterno lhes asseguraria toda a segurança necessária! Já quanto a Iosef acontece algo diferente, pois a palavra profética que lhe é dita divide-se em duas, atingindo a Efraim e a Manassés! Estas bênçãos seriam provenientes do céu e da terra e é-lhes dito também “e com a benevolência daquele que habitava na sarça, venha sobre a cabeça de Iosef, e sobre o alto da cabeça daquele que foi separado de seus irmãos”. Isto demonstra que o Eterno traria sua bondade em “movimento” não somente sobre os filhos de Iosef, mas também sobre seus irmãos! É interessante que Efraim vai tornar-se o filho perdido, aquele que dispersa-se pelo mundo e perde a sua identidade como judeu e depois o Eterno reúne Efraim na “Igreja” a fim de mostrar-lhe que ele tem uma identidade que fora perdida mas que também é hora dele reconhecer seu irmão Israel e de ser reconhecido por ele!
Agora trataremos de um grupo maior: zebulom, Issacar, Gade, Dã e Naftali e Aser. “E de Zebulom disse: Zebulom, alegra-te nas tuas saídas; e tu, Issacar, nas tuas tendas. Eles chamarão os povos ao monte; ali apresentarão ofertas de justiça, porque chuparão a abundância dos mares e os tesouros escondidos da areia. E de Gade disse: Bendito aquele que faz dilatar a Gade; habita como a leoa, e despedaça o braço e o alto da cabeça. E se proveu da melhor parte, porquanto ali estava escondida a porção do legislador; por isso veio com os chefes do povo, executou a justiça do IHVH e os seus juízos para com Israel. E de Dã disse: Dã é cria de leão; que salta de Basã. E de Naftali disse: Farta-te, ó Naftali, da benevolência, e enche-te da bênção do IHVH; possui o ocidente e o sul. E de Aser disse: Bendito seja Aser com seus filhos; agrade a seus irmãos, e banhe em azeite o seu pé. Seja de ferro e de metal o teu calçado; e a tua força seja como os teus dias” (Dt 33:18-25). Aqui a palavra de Moshe abrange as demais tribos e cada uma delas tem uma função dentro da nação de Israel! Cada bênção individual trará um reflexo duturo no conjunto da nação, pois é impossível separar hoje cada uma das tribos do conjunto da nação que conhecemos como “Israel”. É justamente por isso que percebemos que as bênçãos ministradas de forma individual trazem um reflexo geral sobre a vida dos judeus ainda hoje!
O final deste capítulo nos fala sobre algo que ainda hoje não nos foi revelado plenamente: Jesurum! Agora poderemos entender finalmente aquilo que Moshe falou. A palavra “Jesurum” vem do termo hebraico ieshurûn e significa “correto, observador da lei”. Em sua raiz está a palavra iesharâ que significa “retidão”. Ou seja, Moshe agora toma toda a nação chamando-a de correta, aquela que observa a Torah e lhes faz perguntas e mais promessas! “Não há outro, ó Jesurum, semelhante a Elohim, que cavalga sobre os céus para a tua ajuda, e com a sua majestade sobre as mais altas nuvens. O Elohim eterno é a tua habitação, e por baixo estão os braços eternos; e ele lançará o inimigo de diante de ti, e dirá: Destrói-o. Israel, pois, habitará só, seguro, na terra da fonte de Ia´aqov, na terra de grão e de mosto; e os seus céus gotejarão orvalho. Bem-aventurado tu, ó Israel! Quem é como tu? Um povo salvo pelo IHVH, o escudo do teu socorro, e a espada da tua majestade; por isso os teus inimigos te serão sujeitos, e tu pisarás sobre as suas alturas” (Dt 33:26-29). Moshe enfatiza que não há outro semelhante à D-us (falando com Jesurum). A palavra D-us vem do termo hebraico El e significa “D-us, poderoso, forte”. Esta palavra é usada como prefixo para definir as combinações obtidas com o nome do Eterno. Moshe lhes informa que este D-us de Jesurum (Israel) cavalga sobre as nuvens para trazer-lhes livramento!
É feita uma colocação muito profunda por Moshe que em nossa tradução em português fica-nos totalmente sem entendimento. No verso 27 temos assim: “O Elohim eterno é a tua habitação, e por baixo estão os braços eternos; e ele lançará o inimigo de diante de ti, e dirá: Destrói-o. Israel, pois, habitará só, seguro, na terra da fonte de Ia´aqov, na terra de grão e de mosto; e os seus céus gotejarão orvalho”. Em hebraico temos, no princípio deste verso escrito assim: “Qodem Elohim…” A palavra qedem significa “oriente, antiguidade, frente”; já a palavra Elohim significa “D-us Criador”. Na realidade Moshe está nos falando sobre o Criador de Israel como Aquele que tinha sido apresentado à eles desde a antiguidade… Nada havia de “novo” em relação ao Eterno; eles não precisariam se preocupar com um outro Elohim ou com novas divindades que viriam para modernizar a sua fé, mas o D-us que se revelara a seus antepassados e que os havia criado seria agora o lugar onde habitariam… O Eterno mais uma vez demonstra-lhes que Ele é Aquele que está cobrindo Israel! Tanto em cima quanto embaixo está o Criador (Elohim) de Israel. Israel nem mesmo haveria de se preocupar com batalhas, confrontos e lutas a serem travadas com seus inimigos, pois o Eterno se encarregaria de lutar por eles e somente lhes ordenará: “Destrói-o”. A promessa estende-se ainda mais quanto ao lugar onde Israel habitaria: “Israel, pois, habitará só, seguro, na terra da fonte de Ia´aqov, na terra de grão e de mosto; e os seus céus gotejarão orvalho”. Finalmente este povo – Israel – é chamado de bem-aventurado! Esta palavra vem do termo hebraico ´esher que significa “felicidade, bênção, alegria, bem-aventurança”. Certamente que o povo de Israel foi e é feliz, alegre, bendito em todos os aspectos de sua vida e isso fica claro e evidente para qualquer um que se proponha a olhar para esta nação sem qualquer tipo de preconceito! Não há como negar aquilo que o Eterno tem feito por e através deles e também que durante a sua história, os períodos de vitórias foram aqueles em que eles permaneceram obedientes ao IHVH! Enquanto eles andara em obediência, a vitória lhes fora garantida! E foi justamente da forma como está descrito aqui: “por isso os teus inimigos te serão sujeitos, e tu pisarás sobre as suas alturas”. O Eterno identifica-se aqui como IHVH e isso é suficiente para termos a dimensão daquilo que Ele faria com seu povo! Atualmente os inimigos de Israel tem de sujeitarem-se à eles e Israel continua a caminho do alto, de uma posição de destaque entre as nações justamente por causa da promessa feita aos patriarcas!
Agora temos o relato daquilo que aconteceu certamente minutos antes da morte de Moshe: “Então subiu Moshe das campinas de Moabe ao monte Nebo, ao cume de Pisga, que está em frente a Jericó e o IHVH mostrou-lhe toda a terra desde Gileade até Dã; e todo Naftali, e a terra de Efraim, e Manassés e toda a terra de Judá, até ao mar ocidental; e o sul, e a campina do vale de Jericó, a cidade das palmeiras, até Zoar. E disse-lhe o IHVH: Esta é a terra que jurei a Avraham, Itshaq, e Ia´aqov, dizendo: À tua descendência a darei; eu te faço vê-la com os teus olhos, porém lá não passarás” (Dt 34:1-4). Moshe é chamado pelo Eterno para ver a terra em toda a sua extensão, porém a ele não seria permitido ali entrar. O Eterno mostra a Moshe a terra e diz-lhe que ela será dada aos seus descendentes; ele porém haveria de morrer ali mesmo! O interessante é que Moshe escuta da boca do Eterno que neste momento estava sendo cumprido um juramento que Ele fizera aos patriarcas! A palavra “jurar” vem do termo hebraico shaba e significa “jurar, conjurar”. A ênfase é “prender-se a um juramento”. Perceba que aqui está algo que é típico do IHVH, pois Ele mesmo “prendeu-se” através da palavra que havia dito anteriormente, sendo então necessário que aquela palavra cumpra-se para atestar a veracidade daquilo que o Eterno dissera!
Leiamos agora o relato da morte de Moshe: “Assim morreu ali Moshe, servo do IHVH, na terra de Moabe, conforme a palavra do IHVH. E o sepultou num vale, na terra de Moabe, em frente de Bete-Peor; e ninguém soube até hoje o lugar da sua sepultura. Era Moshe da idade de cento e vinte anos quando morreu; os seus olhos nunca se escureceram, nem perdeu o seu vigor” (Dt 34:5-7). Ali, no alto do monte morre o maior homem – profeta – que a nação de Israel jamais conhecera! O Eterno anteriormente já havia dito que assim seria e novamente a profecia se transforma em história… A morte de Moshe ocorreu aos 120 anos de idade e duas coisas impressionantes aqui nos são reveladas: ele não tivera uma deterioração de sua visão física e nem de seu vigor físico! Apesar dos 120 anos Moshe parecia ignorar aquilo que é natural em todo o ser humano: a deterioração de seus órgãos advinda da idade… Certamente este foi um homem especial, não somente para Israel, mas também para o IHVH, pois foi como por um milagre que Moshe permaneceu assim…
O impacto que esta catástrofe causou na nação de Israel foi tremendo e os israelitas passaram trinta dias lamentando e chorando por seu líder. “E os filhos de Israel prantearam a Moshe trinta dias, nas campinas de Moabe; e os dias do pranto no luto de Moshe se cumpriram” (Dt 34:8). Esta fora uma das maiores perdas- senão a maior – que a nação experimentara desde a sua saída do Egito!
Agora teremos finalmente o cumprimento da promessa que dizia que O Eterno havia dado a terra de Canaã aos israelitas e que ali eles habitariam! O encarregado de completar esta missão foi Iehoshua, que recebe a autoridade e a unção de Moshe para finalizar o projeto do IHVH. “E Iehoshua, filho de Num, foi cheio do espírito de sabedoria, porquanto Moshe tinha posto sobre ele as suas mãos; assim os filhos de Israel lhe deram ouvidos, e fizeram como o IHVH ordenara a Moshe. E nunca mais se levantou em Israel profeta algum como Moshe, a quem o IHVH conhecera face a face; nem semelhante em todos os sinais e maravilhas, que o IHVH o enviou para fazer na terra do Egito, a Faraó, e a todos os seus servos, e a toda a sua terra. E em toda a mão forte, e em todo o grande espanto, que praticou Moshe aos olhos de todo o Israel” (Dt 34:9-12). Finalizando temos a declaração de que Iehoshua foi um homem “cheio do espírito de sabedoria”. Aqui a palavra “cheio” vem do termo hebraico male´ que significa “estar cheio, encher”; já a palavra “espírito” vem do termo hebraico ruach que significa “sopro, vento, espírito” e a palavra “sabedoria” vem do termo hebraico hokmâ que significa “sabedoria”, porém esta palavra cobre toda a gama da experiência humana! Isso significa que Iehoshua recebeu do Espírito e em seu espírito uma grande porção de sabedoria, que o capacitou a trabalhar e se desenvolver em todas as áreas da experiência humana que lhe fossem requeridas! Isto fazia-se necessário para que ele pudesse conduzir o povo de Israel de forma plena e total até a terra de Canaã! O relato ainda diz que o povo de Israel obedeceu a Iehoshua fazendo conforme a todas as palavras que lhes foram ditas pelo IHVH!
O comentário sobre Moshe é explícito e direto: “E nunca mais se levantou em Israel profeta algum como Moshe, a quem o IHVH conhecera face a face; nem semelhante em todos os sinais e maravilhas, que o IHVH o enviou para fazer na terra do Egito, a Faraó, e a todos os seus servos, e a toda a sua terra. E em toda a mão forte, e em todo o grande espanto, que praticou Moshe aos olhos de todo o Israel”. O livro termina com este comentário e certamente com uma pergunta que ficará em nossas mentes: “E hoje, quem poderá colocar-se voluntariamente nas mãos do Eterno para que Ele possa mudar os rumos do mundo atual, assim como Ele usou Moshe para fazer o mesmo em sua época?”
A resposta é simples mas ao mesmo tempo comprometedora: Eu mesmo poso ser a resposta a esta pergunta, mas estaríamos dispostos a “pagar o preço para sermos usados dessa forma?”
Que o Eterno nos ajude a compreendermos os seus desejos e necessidades ainda hoje!
Baruch Há Shem!
Mário Moreno