A destruição do Segundo Templo

Mário Moreno/ agosto 14, 2017/ Artigos

A destruição do Segundo Templo

De acordo com o livro do Rabino Joseph Telushkin “Jewish Literacy“, no capítulo 67, Roma não invadiu Israel à força. Eles foram convidados a vir à Israel para dar assistência ao rei Hircano II em 63 a C. para ajudá-lo a manter o trono contra seu irmão Aristóbulo, que convocou alguns de seus seguidores para uma insurreição. Isto gerou uma guerra civil que trouxe grande preocupação a Hircano. Roma tinha acabado de anexar a Síria, então Hircano pode ajuda a Roma. Eles ficaram felizes em responder ao pedido, e isto torna Hircano pouco mais do que um fantoche.

O resultado dessa ação fizera Roma ser capaz de colocar no poder quem quer que eles quisessem, tanto para reinar quanto para o sumo sacerdócio. Herodes, o Grande sucedeu Hircano em 37 a C. Ele foi colocado no poder por César e foi duas vezes expulso de Israel por não ajudar o povo. Herodes e César substituíram o sacerdote por alguém de sua escolha e que expressa a inimizade com Ieshua, que foi manifesta quando Ele disse: “Minha casa será chamada de casa de oração, mas vós a transformastes num covil de ladrões“, e também porque o sumo sacerdote estava tão ansioso para vê-lo ser executado.

No ano de 66 os judeus revoltaram-se contra Roma e venceram uma batalha decisiva contra o grande exército romano. Isto foi catastrófico. Quando os romanos voltaram, eles eram aproximadamente 60.000 homens com tropas fortemente armadas e que virtualmente saquearam a terra de Israel e a cidade de Jerusalém. Tochas atearam fogo ao Templo que queimou até ao chão, apenas restando o Muro Ocidental (Ha Kotel), também conhecido como Muro das Lamentações. Isto é o que resta do segundo Templo até o dia de hoje.

Muitos foram incitados por esta perda. Por volta do ano 100 d. C. os rabinos encontraram-se para compilar a Mishnah, visando explicar os fatos testemunhais dos procedimentos e serviços do Templo e responder as questões levantadas a respeito de como cumprir a Torah onde as respostas eram obscuras. Exemplo dessa natureza seguem abaixo:

A Mishnah cobriu não somente como o Templo funcionou durante o tempo do sacerdócio, mas também responder questões da seguinte natureza:

  • Quando uma criança não esperava até o fim do Shabat para nascer – como se ela tivesse escolha – estão a mãe e a parteira quebrando o mandamento de descansar no Shabat devido ao parto? A resposta a esta questão é facilmente discernível. Se houver uma escolha, então um deve esperar até depois do Shabat , entretanto ninguém demonstrou como comunicar esta questão ao bebê.
  • Uma outra não tão clara questão ocupa-se com as vacas leiteiras. Uma vaca leiteira está sendo ordenhada todo o dia e não pode “pular” o sábado, somente porque você quer guardar o sábado. Entretanto ordenhar uma vaca no Shabat, enquanto considerado trabalho, está inutilizado pelo mandamento que fala sobre mostrar misericórdia no Shabat. Seria cruel o resultado de “pular” a ordenha no sábado. Igualmente, se um animal cai num fosso ou num buraco no Shabat deve ser resgatado, ou então trará resultados danosos para a vida. Para muitos devotos judeus estas questões precisam de soluções. O que parece ser para você um claro caso de reducionismo, não pareceria tão claro quando considerados todos os fatos.
  • O Yom Kippur (Dia da Expiação) é um dos mais sagrados dias no judaísmo. Nele somos comandados a jejuar. A Torah diz-nos que todos os que não jejuarem no dia de Yom Kippur deverão ser cortados do meio do povo. Uma questão emerge, considerando-se aqueles que estão doentes, por exemplo, com diabetes. Aqueles que sofrem esta enfermidade não podem deixar de comer devido ao tratamento e a natureza da situação. Os rabinos assim concluíram que aquelas pessoas que estiverem doentes e que correrem o risco de complicações devido ao jejum foram liberadas do mandamento de jejuar no Yom Kippur.

O livro de Hebreus, escrito para judeus messiânicos em função da destruição do Templo, e também na mesma época começa declarando que Ieshua veio de maneira similar à dos profetas antes dele, e que seu ministério é maior do que o dos profetas e dos anjos. Evidentemente, os crentes messiânicos estavam gravitando na direção de qualquer doutrina disponível que pudesse preencher o vazio desta perda. Desde que o sumo sacerdote não estava mais disponível para preencher a função do profeta oracular; doutrinas de anjos começaram a preencher as esperanças do povo. No capítulo 5 o escritor (creio ser o rabino Sh´aul; isto é, Paulo), debate o trabalho do sumo sacerdote apontando para como o Messias entrou no lugar santíssimo para o nosso próprio benefício, e ainda dizendo que Ele foi sacerdote da ordem do Rei de Justiça (Melquisedeque). O capítulo 8 contém um sumário do que está sendo dito:

Ora, a suma do que temos dito é que temos um sumo sacerdote tal, que está assentado nos céus à destra do trono da majestade, ministro do santuário, e do verdadeiro tabernáculo, o qual o Senhor fundou, e não o homem. Porque todo o sumo sacerdote é constituído para oferecer dons e sacrifícios; por isso era necessário que este também tivesse alguma coisa que oferecer” (Hb 8.1-3).

No capítulo 9, o escritor debate as coisas que eram encontradas no lugar santo do Templo. E vai adiante.

Em cerca de 230 d. C., os rabinos encontraram-se novamente para resolver mais complicações sobre as práticas apropriadas da Torah com a falta do Templo e vários outros aspectos do judaísmo. Os rabinos discutiram os prós e os contras e chegaram a algumas conclusões. Todo o processo está gravado no “Talmude de Jerusalém”. As duas maiores escolas da época, Shammi e Hillel estavam envolvidas nas discussões com a segunda e terceira gerações de estudantes, de rabinos famosos tais como Simeão, o Justo. Na comunidade judaica tradicional, os fariseus trouxeram-nos as traduções orais e foram responsáveis por conduzir-nos através destes dilemas.

O Talmude de Jerusalém foi muito importante para TODOS os judeus que viveram em Israel, mais durante a diáspora, quando os judeus foram impelidos de sua terra natal, como então poderíamos criar um nível de vidas “separadas” que nos identificassem com os judeus? Como poderiam judeus da Polônia reconhecerem os judeus do Texas? Como saberíamos quando celebrar as festas? Deveríamos nós observar o início do Shabat e dos feriados sincronizados com Jerusalém e o calendário judaico ou devemos nós usar o calendário local e as datas locais para observar estes dias?
Em cerca de 500 d. C. os rabinos acharam necessário um novo encontro para esclarecer as áreas obscuras que diziam respeito a o que fazer na Diáspora. O processo foi o mesmo usado pelo Talmude de Jerusalém, e todas as coisas foram sendo estupidamente registradas como antes, mas desta vez isto chama-se “Talmude Babilônico”, porque muitas das questões tinham a ver com a dispersão dos judeus de sua terra natal. O termo “Galuf” refere-se aos judeus que não viviam em Israel e regulava a vida dos judeus na Diáspora.

A razão primária para escrever-se o Talmude é para responder-se à ausência do Templo.

O livro de Hebreus responde a destruição e a tendência no judaísmo messiânico acerca de diversas doutrinas, por causa da destruição do Templo. Se os judeus messiânicos foram afetados tão profundamente pela perda do Templo, seria ridículo assumir que não tenha tido efeito nos cristãos gentios este fato. A natureza das consequências da perda do Templo para os gentios messiânicos não é tão difícil de ser observada por olhos treinados, mas isso foi aparentemente providencial, pois a mão de Deus estava guiando ambos, judeus e gentios messiânicos através desta perda. É duvidoso que muitas das “modernas” tradições cristãs seriam como são hoje em dia se o Templo e o sacerdócio tivessem sobrevivido.

Estamos esperando o dia quando o Templo será reconstruído e novamente os sacrifícios serão oferecidos sobre o altar santo. Se isso pertencesse ao passado, a Mishnah seria uma ferramenta inválida neste processo de reconstrução, não apenas do Templo mas também do sacerdócio. Naquele glorioso dia, Deus reinará sobre nós, e também sobre toda a terra. Todas as nações virão ao Senhor para adorá-lo em Jerusalém e participar da Festa dos Tabernáculos. O leão morará com o cordeiro e a criança brincará sobre a toca da áspide. Nenhum mal virá a ninguém em HaOlam Habah (a era do porvir).

O Futuro que nos aguarda

Tudo o que foi exposto mostra-nos que sempre houve e sempre haverá um encaminhamento da parte do Senhor da história da humanidade a fim de Sua Palavra tenha um pleno cumprimento.

O Eterno vê as coisas como fatos consumados! Para Ele não existem passado, presente e futuro. Tudo é um eterno presente. Por isso Ele que já conhece o fim de todas as coisas, tem hoje nos dado o privilégio de vivermos no ápice da história da humanidade! Este é o tempo no qual o Eterno estará restaurando todas as coisas a fim de que seja possível o cumprimento daquilo que nos foi deixado em Sua Palavra!

O Templo é parte fundamental da Escritura e exerce também um papel muito rico na cultura bíblica e judaica. Sendo assim nós cremos que está havendo uma preparação da parte do Senhor a fim de que a Mesquita da Cúpula Dourada deixe de existir no local conhecido pelos judeus como “Monte do Templo”. E quando isso acontecer, então será reconstruído o Templo de Jerusalém. Para ali afluirão pessoas de todas as partes do mundo a fim de cultuarem ao Eterno D-us de Israel! Este será mais um dos momentos marcantes na história do povo de Israel, que se alegrará muito por ter novamente a oportunidade de ter restaurado o sacerdócio e os sacrifícios! E quando isso acontecer, nós que temos entendimento sobre estas coisas deveremos clamar por nossas vidas, pois o filho da perdição, o homem do pecado, então se manifestará e se apresentará como o Mashiach (Messias)!

O que ocorrerá então? Neste momento já terá tido início o tempo que conhecemos como “Grande Tribulação”!

Esperamos que no limiar deste tempo Ieshua venha buscar seu povo a fim de livrá-lo de muitos outros sofrimentos e também do Anticristo!

Que o Eterno nos abençoe!

Mário Moreno.

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