A Diferença
A Diferença
Korach, filho de Izhar, filho de Cohas, filho de Levi, levou Datan e Aviram, filhos de Eliav, e On, filho de Peles, descendentes de Reuven. Eles confrontaram Moshe junto com duzentos e cinquenta homens dos filhos de Israel, chefes da congregação, representantes da assembleia, homens de renome. Eles se reuniram contra Moshe e Aaron, e disseram-lhes: “Vocês tomam muito sobre si mesmos, pois toda a congregação é santa, e HASHEM está no meio deles. Então, por que você se eleva acima da assembleia de HASHEM?” (Bamidbar 16:1-3)
Não é tão fácil descobrir o que Korach estava pensando. Ao desafiar Moshe, ele estava desafiando a autoridade de HASHEM. Moshe não decidiu por conta própria que seu irmão Aaron deveria ser elevado para se tornar o Kohain HaGadol. Mesmo que Korach quisesse isso para si mesmo, a quem seu protesto se destinava? Moshê!? Não! Ele estava lutando contra HASHEM! Korach devia saber que Moshe não falava sozinho ou por si mesmo.
Alguém compartilhou uma resposta comigo que, uma vez que HASHEM atende ao ouvido e responde aos Tzadkim, como diz em Tehilim, “a vontade daqueles que O temem Ele fará…”, então talvez Arão tenha sido escolhido por HASHEM porque este era o desejo de Moshe. Então, ele suspeitou sobre Moshe o motivo pessoal que ele próprio possuía. Em psicologia, isso é chamado de projeção ou, como o Talmud afirma, “Kol HaPosel, B’Mumo Posel!” – “Quem critica os outros, é em sua própria culpa que encontra falhas.” Na rua eles dizem: “Quando você aponta o dedo para outra pessoa, não se esqueça que há três dedos apontando para você”.
Qual era o problema de Korach? Correndo o risco de simplificar demais as coisas, acho que pode ser reduzido a uma distinção simples, mas extraordinariamente útil. A declaração parece ter ganhado aceitação e uso universal. O Rambam escreve que devemos aceitar a sabedoria de quem a diz. O teólogo Reinhold Niebuhr tornou-se mais famoso por escrever as palavras que coroam todas as reuniões dos Alcoólicos Anônimos e similares.
Chama-se A Oração da Serenidade e ainda não encontrei um problema ou uma objeção a esta declaração. É assim: “HASHEM me conceda a serenidade para aceitar as coisas que não posso mudar, a coragem para mudar as coisas que posso e a sabedoria para saber a diferença”. Pode ser que a maioria dos problemas que temos ou pensamos ter gerado por não “saber a diferença” entre o que podemos mudar e o que não podemos mudar. Muitas vezes surgem dificuldades quando alguém se encontra tentando corajosamente mudar aquelas coisas que deveria estar tentando aceitar serenamente, enquanto ao mesmo tempo aceita serenamente aquelas coisas que deveria estar tentando mudar corajosamente.
Kayin teve esse mesmo problema, lá no início da história humana. Seu irmão Hevel melhorou algo que ele iniciou e HASHEM deu a Hevel um aplauso divino por seus esforços. Kaiyn não obteve o mesmo reconhecimento. “Ele estava muito zangado e seu rosto caiu.” HASHEM entra como o terapeuta de todos os terapeutas e lhe faz duas perguntas. “Por que você está com raiva e por que você está deprimido?” São duas emoções opostas. Ficamos com raiva quando alguém usurpa nosso poder. Isso significa que nos sentimos poderosos. Ficamos deprimidos quando nos sentimos impotentes. Então, Kayin é poderoso ou impotente? Ele é impotente diante do comportamento de seu irmão e da reação de HASHEM. Ele só é poderoso sobre si mesmo. Seus sentimentos são reais, mas estão conectados nos lugares errados.
Ele está com raiva de seu irmão e/ou HASHEM sobre quem ele não tem controle e ao mesmo tempo ele se entrega ao único que ele é responsável por mudar, ele mesmo. HASHEM deu-lhe uma conversa estimulante e disse que ele tem a opção de melhorar e ser igualmente digno de uma ovação, mas não deu certo. Como cantavam os poetas: “Um homem ouve o que quer ouvir e desconsidera o resto…” Ou como diz a piada de mau gosto: “Quantos psiquiatras são necessários para trocar uma lâmpada? Um! Mas a lâmpada tem que querer mudar!” Kayin escolheu, em vez de melhorar a si mesmo ou viver com a miséria do status quo, derrubar seu irmão! Não saber a diferença entre o que podemos e o que não podemos mudar faz toda a diferença.
Tradução: Mário Moreno.