Mário Moreno/ agosto 23, 2017/ Artigos

A vingança é minha

 “E aconteceu que, ao terceiro dia, quando estavam com a mais violenta dor, os dois filhos de Ia´aqov, Simeão e Levi, irmãos de Diná, tomaram cada um a sua espada, e entraram afoitamente na cidade, e mataram todos os homens” (Gn 34:25).

Com todas as grandes histórias de heróis de fé que lemos através do círculo da Torah então ocasionalmente emerge uma grande intriga que levanta a questão; qual o seu propósito na história da Torah e que lições podemos tirar disto. Tal como a história escrita em Gn 34.1-31 conhecida como “o incidente de Diná”. Insere-se delicadamente entre a reconciliação de Esaú e Ia´aqov e seu retorno para Betel é um episódio que leva em conta as palavras do salmista: Sl 62.12: “…pois retribuirás a cada um segundo a sua obra”.

Quando Ia´aqov chegou de sua viagem seguro à Siquém, ele armou sua tenda e comprou a terra, e levantou ali um altar ao D-us de Israel. Parecia ser um tempo de paz na vida de Ia´aqov e Diná, a filha de Ia´aqov com Léia, que saiu a ver as filhas da terra. Durante sua caminhada, ela é raptada e sequestrada por um príncipe hivita. Siquém, filho de Hemor “tomou-a, deitou-se com ela e a humilhou…” (v.2). Quando as notícias chegaram a Ia´aqov e seus filhos; “… ouvindo isso, e entristeceram-se os homens, e iraram-se muito, porquanto Siquém cometera uma insensatez em Israel…” (Gn 34:7). No entanto, eles foram procurados por Hamor que estava desejando um casamento entre as comunidades tribais com um grande dote prometido à família de Diná.

Numa resposta surpreendente os filhos de Ia´aqov disseram desejar aceitar a aliança. Concordaram em habitar na terra juntos, comercializar livremente e adquirir bens, dando seus filhos e tomando as filhas da terra em casamento para assim tornarem-se um com os hivitas. Porém os filhos de Ia´aqov impuseram uma condição para o casamento: que todo o macho de Siquém fosse circuncidado. Encantado com a possibilidade, Hamor e Siquém reuniram todos os homens da cidade no portão da mesma para solicitar sua aprovação quanto à isso. Em um esforço de receber o favor político do Ia´aqov, eles convenceram os homens da cidade a aceitarem a oferta, “…E seu gado, as suas possessões, e todos os seus animais (de Israel) não serão nossos?” (Gn 34:23). Então os homens da cidade ouviram a Hamor e Siquém e circuncidaram-se apenas para encontrar o fio da espada três dias depois em um grande pânico com Simeão e Levi vindo fortemente sobre a cidade, matando todos os homens e resgatando Diná da casa de Siquém.

Os atos aterrorizantes de Simeão e Levi são vistos pela maioria como agressivos. Mas o que parece estranho é o silêncio de Diná através de toda a história. A parte da preocupação de Ia´aqov sobre como as mortes ocasionadas causariam impacto sobre sua própria vida, nada é mencionado sobre tais mudanças que ocorreriam para Ia´aqov e sua família. Mas uma rápida olhada sobre o intento de Hamor e Siquém trazem luz sobre a natureza terrorista de sua conspiração. Não foi apenas Diná vítima de rapto e seqüestro, mas ela continuou cativa durante as negociações entre Hamor e Ia´aqov. Este padrão histórico tem sido familiar também para a casa de Israel. Procurando adquirir a mesma saúde que Ia´aqov tinha acumulado, Hamor e Siquém violaram as leis básicas que D-us deu a Noé para nações viverem juntas.

Apesar do silêncio de alguma lei divina que apoie a teoria de que através das ações de Simeão e Levi, eles tornaram-se os veículos usados por D-us para retornar à Hamor e Siquém as sementes de terrorismo que eles mesmo espalharam.

Agora, a semente do terrorismo ainda existe nos vizinhos do atual Israel. A cidade de Siquém hoje pode ser colocada numa área chamada “Faixa de Gaza” em Israel. E muito disso é vindo de nossos antepassados; a “Faixa de Gaza” relembra-nos a semente germinada da atividade terrorista contra a casa de Israel. Tomados como suas vítimas, moças inocentes de Israel nos ônibus, e em kibutzim remotos são raptados como no passado. Agora alguém pode pensar que esta história nos ensina a viver pacificamente com os nossos vizinhos. Mas se as nações vizinhas estão abrigando atividades terroristas não existem coisas como paz ou negociações honestas. Entretanto, em Israel tenta-se facilitar a paz no Oriente Médio através e tratados, pactos e alianças; talvez devamos relembrar, não apenas o incidente de Diná, mas também as palavras do primeiro século do Rabi Sha´ul de Tarso: “Pois que, quando disserem: Há paz e segurança, então lhes sobrevirá repentina destruição…” (I Ts 5:3).

Todas as necessidades e desejos de D-us resumem-se em servos que carreguem em seus corações a indignação justa contra os atos malignos de violência.

Se nós conhecemos algo sobre D-us, é o retorno da humanidade para produzir as sementes que ele tinha semeado. E se um semear as sementes do terrorismo contra aqueles que são a menina dos olhos de D-us, na terra prometida aos descendentes de Ia´aqov, veja, por causa disso, as palavras do próprio D-us: “A vingança é minha”.

Mário Moreno.