Cristóvão Colombo
Cristovão Colombo
A assinatura cabalística do judeu sefaradi Cristóvão Colombo
Jane Bichmacher de Glasman, escritora, doutora em Língua Hebraica, Literaturas e Cultura Judaica. Foi uma das fundadoras e coordenou o Setor de Hebraico da UERJ e o Programa de Estudos Judaicos da UERJ
Em 12 de outubro de 1492 a América foi descoberta pelo genovês Cristóvão Colombo. A frase, ponta da língua desde a nossa infância, pode ser uma sucessão de erros. Pesquisas recentes revelam que o continente americano já havia recebido visitantes (de fenícios a chineses), que Colombo não era italiano… e que sequer seu nome era esse! O ano de 1492 é divisor de águas na história em geral e na judaica, em particular. A ida às Américas “coincide” com a expulsão dos judeus da Espanha. A polêmica começa na proximidade das datas destes dois eventos muito relevantes (sua frota zarpou dois dias após o prazo estabelecido pelos monarcas para os judeus abandonarem o reino). A discussão esquenta com o historiador Mascarenhas Barreto, em “O Português Cristóvão Colombo, Agente Secreto do Rei Dom João II”, afirmando que o descobridor era português e judeu. Colombo conhecia as línguas clássicas (mantinha um diário em latim e outro em grego) e o hebraico; não escrevia italiano, mas um “portunhol”. Dominava o Antigo Testamento, além de escrever em um estilo bíblico. Um cristão da sua época, não teria este conhecimento específico. Em uma de suas cartas ele ainda escrevia as iniciais de Baruch Hashem, B’’H (como eu mesma faço em todos os meus escritos, devido à minha formação religiosa).
Colombo conhecia o hebraico; dominava o Antigo Testamento, além de escrever em um estilo bíblico. Em uma de suas cartas ele ainda escrevia as iniciais de Baruch Hashem, B’’H
Vivia em meios judaicos, tinha muitos amigos e mestres judeus. A navegação era ensinada em academias judaicas, e os primeiros navegadores foram judeus e árabes. A viagem de Colombo foi patrocinada por judeus – e não pelo ouro dos monarcas, como se diz. Sabe-se que com Colombo viajaram muitos cristãos novos. Segundo Oscar Villar Serrano no livro “Cristóbal Colón: el secreto mejor guardado” na correspondência que mantiveram Colombo e seu filho Fernando há muitas provas de sua origem. As cartas eram fechadas com letras em hebraico e as despedidas, uma benção judaica. Recomendava ao filho que diante das pessoas se comportasse como mandava a lei canônica, “mas entre nós, temos que conservar nossos costumes” (sic).
O irmão de Cristóvão Colombo foi queimado em Valência em 1493 por ser judeu e, curiosamente, foi a própria Igreja que propôs canonizar o descobridor pelo fato de ter cristianizado os indígenas de América, mas desistiu ao saber que ele era judeu. Cristóvão Colombo seria Salvador Fernandes Zarco, que existiu de fato, nobre ilegítimo natural da vila alentejana de Cuba em Portugal, neto de João Gonçalves Zarco, navegador português de ascendência judaica – o que justifica os nomes com que ele batizou ilhas (São Salvador e Cuba).
Decifrando a misteriosa assinatura críptica de 27 sinais com que Colombo sempre escreveu seu nome, Barreto acredita ter desvendado a cabala judaica do nome e da identidade do navegador. Para isso, o pesquisador utilizou o método da leitura espelhada, na qual o ponto e a vírgula podem significar, em espanhol antigo, Colon, e em hebraico, Zarco.
Cristóvão Colombo seria Salvador Fernandes Zarco, neto de João Gonçalves Zarco, navegador português de ascendência judaica. O irmão de Cristóvão Colombo foi queimado em Valência em 1493 por ser judeu
Colombo é uma forma latinizada do seu apelido. Na sua assinatura hierática lê-se Xpo ferens além de siglas que originaram interpretações variadas, mais convencionais ou mais esotéricas. Colombo seria até um nome errado, pois nas suas assinaturas aparece o símbolo “:” (“colon” em muitas línguas, como o castelhano e o inglês), que justifica o seu nome em castelhano: “Colón”. Ele nunca assinou Colombo… Para Mascarenhas Barreto a decifração em latim é: Fernandus, ensifer copiae Pacis Juliae, illaqueatus cum Isabella Sciarra Camarae, mea soboles Cubae sunt que significa: Fernando, duque de Beja e Isabel Sciarra da Câmara são os meus pais de Cuba. A assinatura dele era contraditória, isto é, possuía mensagens católicas, em latim e mensagens em hebraico, comenta José Rodrigues dos Santos, autor de Codex 632.
Lemos S S A S X M Y e Cristóferens, Cristóvão em grego. Podemos ler como Sanctus Sanctus Sanctissimus Sanctus, e do meio para cima: XS = Cristo; MAS= Messias; YS = Jesus. O que seria uma assinatura bem católica normal. Podemos, todavia, ler uma assinatura hebraica “escondida” na mesma: Shaday, Shaday, Adonay, Shaday Shemah (nome/atributos de D’us e profissão da fé judaica). Também podemos ler XMY como shemi= meu nome, em hebraico. Lendo-se da esquerda para direita, como em hebraico, YMX = Ymax (lê-se imár) = seja apagado. YMX XMY= Ymach Shemi= que meu nome seja apagado? Que nome? Lê-se na linha de baixo: Xpoferens, que vem de Cristo e nenhum judeu se chama Cristo. Então ele estaria renegando seu nome! E mais: usando o sistema de inversão XMY torna-se XWY formando YXW = Yeshu, forma como os judeus chamavam Jesus (para diferenciar do nome próprio Ieshua), Ymah Shmo Wezichró (que seja apagado seu nome e sua memória). Desta forma, através de sua assinatura, Colombo renega sua origem católica e revela sua origem judaica…
Publicado na Visão Judaica.