Mário Moreno/ março 20, 2019/ Purim

E o rei despertou…

Naquela mesma noite fugiu o sono do rei; então mandou trazer o livro das memórias das crônicas e se leram diante do rei. E achou-se escrito que Mardoqueu tinha dado notícia de Bigtã e de Teres, dois eunucos do rei, dos da guarda da porta, de que procuraram pôr as mãos no rei Assuero. Então disse o rei: Que honra e galardão se deu por isto a Mardoqueu? E os mancebos do rei, seus servos, disseram: Cousa nenhuma se lhe fez” Et 6.1-3.

Quando é o momento do Rei despertar? É justamente no momento em que a tragédia vai se abater sobre seu povo para massacrá-lo.

Isso foi o que aconteceu com o rei Achaverosh, que num dado momento na madrugada acorda e não consegue mais dormir… É neste momento, antes do nascer do sol, que o rei desperta e pede aos seus servidores que leiam para Ele as crônicas reais. Mas o que são estas “crônicas”? Elas são o equivalente ao “noticiário diário” do reino e que informam o que de mais importante aconteceu ali. Entre estes fatos estava a notícia de que o Rei havia sido salvo por um desconhecido – Mordechai – e isso não tinha sido divulgado a ninguém, porém fora registrado nas crônicas reais!

A descoberta deu-se por um motivo: o rei despertou e solicitou que as crônicas lhe fossem lidas; caso contrário este fato poderia não ter sido descoberto naquele tempo!

A descoberta trouxe consigo uma pergunta: “Que honra e galardão se deu por isto a Mardoqueu?” A pergunta sobre “que honra e galardão (presente)” foi dado ao herói por isso ecoou na sala onde o rei estava repousando…

Um princípio derivado das Escrituras é que: “Não erreis: Elohim não se deixa escarnecer; porque tudo o que o homem semear, isso também ceifará” Gl 6.7. Dentro deste aspecto podemos entender então que quem planta algo “negativo” certamente colherá na mesma proporção; já quem planta algo “positivo” também colherá nesta proporção. O que não está dito é a época em que isso vai acontecer!

O que aconteceu no palácio real era reflexo de algo que já havia acontecido nos céus:

Então o IHVH despertou como dum sono, como um valente que o vinho excitasse. E feriu os seus adversários, que fugiram, e pô-los em perpétuo desprezo” Sl 78.65-66.

Os acontecimentos nos céus refletem na terra e o rei Achaverosh agora ordena que Mordechai seja honrado! Mas o Eterno fará com que o opressor seja aquele que honrará àquele que deseja matar!

O que fazer diante disso? Somente obedecer à voz do Rei, pois está escrito: “Cale-se, toda a carne, diante do Senhor, porque ele despertou na sua santa morada” Zc 2.13.

Os acontecimentos em Purim seguem-se com Mordechai sendo honrado inicialmente, mas isso é só o começo de uma grande “virada” não somente na vida dele como também do povo de Israel a quem ele representa.

O que acontece então é sensacional: “E, entrando Hamã, o rei lhe disse: Que se fará ao homem de cuja honra o rei se agrada? Então Hamã disse no seu coração: De quem se agradará o rei para lhe fazer honra mais do que a mim? Pelo que disse Hamã ao rei: O homem de cuja honra o rei se agrada, traga o vestido real de que o rei se costuma vestir, monte também o cavalo em que o rei costuma andar montado, e ponha-se-lhe a coroa real na sua cabeça; e entregue-se o vestido e o cavalo, à mão dum dos príncipes do rei, dos maiores senhores, e vistam dele aquele homem de cuja honra se agrada; e levem-no a cavalo pelas ruas da cidade, e apregoe-se diante dele: Assim se fará ao homem de cuja honra o rei se agrada! Então disse o rei a Hamã: Apressa-te, toma o vestido e o cavalo, como disseste, e faze assim para com o judeu Mardoqueu, que está assentado à porta do rei; e cousa nenhuma deixes cair de tudo quanto disseste. E Hamã tomou o vestido e o cavalo, e vestiu a Mardoqueu, e o levou a cavalo pelas ruas da cidade, e apregoou diante dele: Assim se fará ao homem de cuja honra o rei se agrada!” Et 6.6-11.

O resultado foi que o opressor é obrigado a honrar aquele que deseja oprimir. Por que? Pela ordem do Rei!

Mas isso é ainda só o começo…

Agora vem o banquete…

Vindo pois o rei com Hamã, para beber com a rainha Ester, disse também o rei a Ester no segundo dia, no banquete do vinho: Qual é a tua petição, rainha Ester? E se te dará. E qual é o teu requerimento? Até metade do reino, se fará. Então respondeu a rainha Ester, e disse: Se, ó rei, achei graça aos teus olhos, e se bem parecer ao rei, dê-se-me a minha vida como minha petição, e o meu povo como meu requerimento. Porque estamos vendidos, eu e o meu povo, para nos destruírem, matarem, e lançarem a perder; se ainda por servos e por servas nos vendessem, calar-me-ia; ainda que o opressor não recompensaria a perda do rei. Então falou o rei Assuero, e disse à rainha Ester: Quem é esse? E onde está esse, cujo coração o instigou a fazer assim? E disse Ester: O homem, o opressor, e o inimigo, é este mau Hamã. Então Hamã se perturbou perante o rei e a rainha” Et 7.1-6.

Foi no banquete que houve o desfecho do golpe contra o adversário dos judeus… A rainha Ester desmascara o adversário e a punição então é dada de forma completa!

O desígnio de Hamam é finalmente revelado de forma clara e agora o próprio Rei vai ordenar a punição do malvado: “Tornando pois o rei do jardim do palácio à casa do banquete do vinho, Hamã tinha caído prostrado sobre o leito em que estava Ester. Então disse o rei: Porventura quereria ele também forçar a rainha perante mim nesta casa? Saindo esta palavra da boca do rei, cobriram a Hamã o rosto. Então disse Harbona, um dos eunucos que serviam diante do rei: Eis que também a forca de cinquenta côvados de altura que Hamã fizera para Mardoqueu, que falara para bem do rei, está junto à casa de Hamã. Então disse o rei: Enforcai-o nela. Enforcaram pois a Hamã na forca, que ele tinha preparado para Mardoqueu. Então o furor do rei se aplacou” Et 7.8-10.

A ira do rei somente foi aplacada com a morte do adversário dos judeus… Aleluia!

Agora vem mais outra revelação ao rei: “Naquele mesmo dia deu o rei Assuero à rainha Ester a casa de Hamã, inimigo dos judeus; e Mardoqueu veio perante o rei; porque Ester tinha declarado o que lhe era. E tirou o rei o seu anel, que tinha tomado a Hamã, e o deu a Mardoqueu. E Ester pôs a Mardoqueu sobre a casa de Hamã” Et 8.1-2.

O alvo da opressão agora é finalmente honrado: “Então Mardoqueu saiu da presença do rei com um vestido real azul celeste e branco, como também com uma grande coroa de ouro, e com uma capa de linho fino e púrpura, e a cidade de Susã exultou e se alegrou. E para os judeus houve luz, e alegria, e gozo, e honra. Também em toda a província, e em toda a cidade, aonde chegava a palavra do rei e a sua ordem, havia entre os judeus alegria, e gozo, banquetes e dias de folguedo; e muitos, entre os povos da terra, se fizeram judeus; porque o temor dos judeus tinha caído sobre eles” Et 8.15-17.

O final da história parece um conto de fadas mas é real: “Depois disto pôs o rei Assuero tributo sobre a terra, e sobre as ilhas do mar. E todas as obras do seu poder e do seu valor, e a declaração da grandeza de Mardoqueu, a quem o rei engrandeceu, porventura não estão escritas no livro das crônicas dos reis da Média e da Pérsia? Porque o judeu Mardoqueu foi o segundo depois do rei Assuero, e grande para com os judeus, e agradável para com a multidão de seus irmãos, procurando o bem do seu povo, e trabalhando pela prosperidade de toda a sua nação” Et 10.1-3.

Lembra como isso tudo começou?

E o rei novamente despertou…

Mário Moreno.