Ela ainda sussurra Shabat

Mário Moreno/ maio 31, 2024/ Artigos

Ela ainda sussurra, “Shabat”

Mas se você não Me ouvir e não cumprir todos esses mandamentos e se você desprezar os Meus estatutos e rejeitar as Minhas ordenanças, não cumprindo nenhum dos Meus Mandamentos, quebrando assim a Minha aliança, então eu também farei o mesmo com você; …Seus inimigos dominarão você; você fugirá, mas ninguém o perseguirá. E se, durante estes, você não Me ouvir, acrescentarei outras sete punições pelos seus pecados” (Vayikra 26:14-18).

1) Mas se você não Me ouvir: labutar no estudo da Torah para conhecer o entendimento dos Sábios 2) e não executar: Se você não aprender a Torah, você não cumprirá seus Mandamentos corretamente 3 ) e se você despreza Meus estatutos: Refere-se a alguém que despreza outros que cumprem os Mandamentos 4) e rejeita Minhas ordenanças: refere-se a alguém que odeia os Sábios 5) não executa: refere-se a alguém que impede outros de cumprir os Mandamentos 6) qualquer um dos Meus Mandamentos: refere-se a alguém que nega que Eu (D’us) os ordenei. É por isso que o versículo diz “qualquer um dos Meus mandamentos” e “nenhum dos mandamentos”. 7) quebrando assim a Minha aliança: Refere-se a alguém que nega o princípio principal, a saber, que D’us é o Criador Onipotente de toda a existência. –Rashi

Como alguém chega a esse ponto de negar HASHEM?! É tudo uma progressão muito natural e previsível deixar de aprender a Torah com seriedade. O que acontece até mesmo com um atleta de ponta quando ele para de treinar? Em que estado fica quem faz dieta séria quando sai do plano alimentar? Você não precisa ser treinador ou médico para responder a essas perguntas. Coisas que são deixadas ao acaso vão para o caos.

Contudo, a degeneração aqui descrita é intensamente negativa. Uma pessoa rejeitará as ordenanças de HASHEM e odiará os sábios e eventualmente negará a existência de HASHEM. Esse é um declínio muito acentuado e cada vez mais acelerado. Por que não existe um platô uniforme ou uma postura neutra? Como pode uma pessoa passar de uma positividade absoluta para uma negatividade tão extrema?! Isso é uma grande maravilha!

Um jovem rabino estava parado na beira de uma estrada movimentada em Israel gritando: “Shabat!” enquanto os carros passavam. (Uma nota editorial: não estou endossando essa abordagem.) Um carro parou bruscamente e um cara grande e durão saiu segurando uma chave de roda na mão. Ele se aproximou do Rabino, aconselhando-o ameaçadoramente a fazer suas últimas orações porque ele estava prestes a encontrar seu Criador. O rabino perguntou-lhe por que ele era tão violento e zangado. O homem rosnou para ele: “Porque você está aqui gritando ‘Shabat’?!” O rabino respondeu suavemente: “Você não parou seu carro porque eu gritei ‘Shabat’!” Mais irritado do que nunca, o durão gritou: “Não me diga por que parei meu carro!” O Rabino tentou novamente: “Posso provar isso para você! Se eu estivesse aqui na terça-feira gritando: “Yom Shlishi!” você teria parado seu carro? “Não!” o sujeito admitiu. “Você pensaria que sou louco, certo!?” Então, o Rabino concluiu: “Quando eu gritei “Shabat”, algo dentro de você gritou “Shabat”. É por isso que você parou seu carro!

A culpa é boa! A culpa persistente não é. A culpa é para a alma o que a dor é para o corpo. Imagine como seria a vida sem dor. Nossos membros ficariam mutilados e perdidos devido a pequenos incidentes de falta de jeito. Estaríamos encostados no fogão nos perguntando por que sentimos cheiro de algo queimando. Que benefício ter uma mão que reage a um fogão quente e aprende a ficar longe. Num mundo sem culpa, as pessoas tenderão a praticar muitas ações destrutivas com total inconsciência.

A culpa se torna mais prejudicial quando é ignorada. Uma pessoa não pode permanecer com dor e, portanto, para acalmar a consciência, começa a empregar a sua genialidade para justificar e racionalizar as suas escolhas. Agora, ele imagina, sem uma Torah e um D’us para fazê-lo se sentir mal, a ilusão é que o problema foi eliminado. A ignorância proporciona uma felicidade temporária.

Nesse meio tempo, ele pode correr para muito longe, compartimentar, aumentar o volume e fazer muitas coisas malucas para se distrair, apenas para não ouvir aquela vozinha interior gritando: “Shabat”. Por mais silencioso que se torne, mesmo até seu último suspiro, ele ainda sussurra: “Shabat”.

Tradução: Mário Moreno.

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