Maguen David
Maguen David
O significado da Estrela de David
A estrela de David (chamada de Escudo de David – Magen David) é um símbolo real, um selo de realeza representativo do reinado de David sobre a Terra, e por extensão do futuro Reino Messiânico sobre a Terra.
Quando as nações pagãs iam à guerra, muitas vezes pintavam figuras para inspirar medo aos adversários nos escudos dos seus próprios soldados (tais como dragões, cobras, etc). No entanto, em Israel, o símbolo é o escudo de David.
O nome David em hebraico é composto de três letras na seguinte ordem: Dálet-Vav-Dálet. No hebraico antigo, a letra Dálet tinha a forma semelhante a um triângulo com vértice para cima.
Quando este símbolo foi gerado, não sabemos ao certo, no entanto sabemos que este símbolo é geometricamente construído em forma de estrela com as duas letras Dálet que compunham o nome David (entrelaçando-as, e girando uma das letras em 180o para que seu vértice se colocasse para baixo). Como o tempo, este símbolo tornou-se o símbolo da nação de Israel e do povo Judeu, estando presente na própria bandeira de Israel.
No entanto, há um significado maior na Estrela de David, que gostaria de comentar. A estrela de David é um símbolo do Messias de Israel, a saber, Ieshua Há Mashiach.
Ele mesmo diz em Apocalipse 22:16 “Eu, Ieshua, enviei o meu mensageiro para vos testificar estas coisas às congregações. Eu sou a Raiz e a Geração de David”.
O próprio Messias Ieshua, é da linhagem de David e se assentará no Trono de David no Seu Reino Milenar na Terra, sendo então que o escudo de David representa por assim dizer o futuro Reino Messiânico de Ieshua sobre a Terra.
O que é mais tremendo no fato da estrela de David em sua representação do Messias Ieshua é o testemunho da Sua natureza. Nas palavras do Rabbi Shaul: Colossenses 2.8,9: “Cuidado que ninguém vos venha a enredar com sua filosofia e vãs sutilezas, conforme a tradição dos homens, conforme os rudimentos do mundo e não segundo o Messias; porquanto, nEle, habita, corporalmente, toda a plenitude da Divindade”.
O ensino da Palavra de D-us é clara quando diz que Ieshua, o Messias é homem [pois nasceu nesta terra como homem, gerado no ventre de Miriam pela união da semente da Palavra de D-us com Ruach Ha Kodesh – é evidente que Ele não veio do espermatozóide de Iosef, nem do óvulo de Miriam, mas de acordo com o relato de Lucas 1.30-38 , a Palavra de D-us foi enviado do Trono do Eterno por meio do anjo e Miriam acolheu esta Palavra (Lc 1.38), deixando que Ruach Ha Kodesh se unisse a esta Palavra gerando vida, a saber, Ieshua, que no hebraico quer dizer, HaShem é Salvação. Embora tenha sido gerado da união da Palavra com Ruach Ha Kodesh, Ieshua é filho do homem pois nasceu na Terra como homem, pois entrou na Terra pelo nascimento físico, nascendo de mulher].
Mas também a Palavra ensina que o Messias é D-us. Ele é Filho de D-us, pois o Filho herda a semente de seu pai, e Ieshua não veio da semente de Iosef, mas sim da semente de Ha Av (do Pai, que é D-us), semente esta que é a própria Palavra de D-us.
A palavra de D-us é clara ao dizer que n´Ele habita corporalmente (isto é, num corpo físico glorificado) toda a plenitude da divindade (Cl 2.9).
Além disso, a Escritura é clara ao ensinar que Ieshua é o ÚNICO MEDIADOR ENTRE D-US E OS HOMENS (I Tm 2.5). Ora, nós sabemos que um Mediador precisa se identificar com ambas as partes mediadas para produzir a Shalom entre ambas. Para ser um mediador entre D-us e os homens, Ele precisa entender às reivindicações de D-us, e ao mesmo tempo, as necessidades do homem. Ele precisa ser capaz de colocar as mãos no ombro do homem e reivindicar o que D-us pede, mas também precisa ser capaz de colocar as mãos no ombro de D-us e levar as necessidades do homem. Somente alguém que seja ao mesmo tempo D-us e homem é que pode se colocar nesta posição de trazer Shalom e reconciliação entre ambas as partes. É por isso que o Messias Ieshua é o único mediador entre D-us e os homens pois, como D-us, tem condições de colocar as mãos no ombro de D-us, e como homem, tem condições de colocar as mãos no ombro do homem, e reconciliar ambas as partes entre si pelo Seu precioso sangue derramado no madeiro.
A pergunta que fica é: que relação tem o fato de Ieshua ser ao mesmo tempo homem e D-us com a Sua representação na estrela de David? É porque a estrela de David é composta de DOIS triângulos. Um representa Ieshua como homem [sendo que os três lados representam a tríplice divisão do homem: ele é um espírito, que possui uma alma (mente natural) e que habita num corpo físico]. E o outro triângulo representa Ieshua como D-us. Os três lados deste outro triângulo fala na manifestação de D-us nas Pessoas de HaAv, HaBen e HaRuach HaKodesh. A união dois dos triângulos falam da tarefa do Messias Ieshua de ser o Mediador e Reconciliador entre D-us e o homem.
Assim, todas as vezes que os filhos de Israel olham para a estrela de David, estão olhando e vendo um testemunho de D-us quanto ao próprio Messias.
Então, que possamos ver claramente na Estrela de David, a Pessoa de Ieshua, o Messias, e que venhamos a conhecê-Lo pessoalmente, deixando que por meio dEle sejamos reconciliados com D-us.
História judaica
Mas antes de analisar sua evolução histórica, devemos ressaltar alguns aspectos importantes. A tradução literal do termo Maguen David não é Estrela de David, mas sim Escudo de David. O termo “escudo” ou maguen é muito usado nas orações e não se refere à estrela de seis pontas, mas é uma forma poética de referência a D’us, ou seja, à Sua proteção onipotente.
No Talmud, D’us é chamado “Escudo de David” (Pesachim, 117b). Ao afirmar que D’us é o “Escudo de David”, nós o reconhecemos como sendo o único Protetor do rei David e, conseqüentemente, também o nosso. Reconhecemos, assim, que foi unicamente graças à proteção e bênção Divina que o rei David conseguiu suas grandes vitórias militares. A cada Shabat, após a leitura da Haftará, reiteramos este conceito ao dizer “Abençoado sejas Tu, meu D’us, Escudo de David”.
Não está muito claro, porém, como o conceito de D’us como “escudo” acabou entrelaçando-se com a estrela de seis pontas. Há inúmeras suposições, entre as quais uma que afirma que o escudo do rei David era triangular e sobre ele estava gravado o “Grande Nome Divino de 72 Letras” juntamente com as letras hebraicas m, k, b e y (as letras da palavra Macabi).
Ainda no Talmud (Gittin 68a) está escrito que o rei Salomão possuía um anel no qual estava gravado o “Nome Divino de 72 Letras” e que este anel o protegia contra as forças negativas. Porém, mais uma vez não é dada nenhuma descrição adicional. Muitas vezes o pentagrama – a estrela de 5 pontas – chamado de “Selo de Salomão”, termo usado tanto no Islã como em algumas comunidades judaicas, era usado no lugar do Maguen David. A estrela de cinco pontas também era considerada um símbolo de proteção Divina, mas no meio judaico seu uso acabou sendo abandonado.
O mais antigo texto que faz menção ao Maguen David como o escudo protetor usado pelo Rei David pode ser encontrado em um alfabeto místico que remonta ao período gueônico e era utilizado pelos sábios asquenazitas do século XII. Mas, neste caso, acreditava-se que o que estava gravado no escudo era o Grande Nome Sagrado de 72 letras. O termo Maguen David ainda não estava ligado à estrela de seis pontas e não está claro o que teria provocado a substituição do “Grande Nome de 72 letras” pela figura geométrica. Depois desta época, o uso do Maguen David tornou-se difundido em manuscritos medievais como proteção.
Não se sabe com certeza qual é a origem do símbolo da estrela de David. Há várias explicações sobre o formato deste símbolo. Seguem-se aqui algumas delas:
- Um livro cabalístico interpreta a estrela de David como uma indicação ao governo de D’us, que reina sobre as quatro direções, no céu e na terra, somando-se seis pontos.
- Outros, veêm as seis pontas como uma alegoria a Mashiach (Messias), descrito por seis virtudes, entre elas sabedoria e valentia.
- Em grego, a palavra David é composta por 2 Deltas (letra em formato de triângulo – que representa a letra “D”). Por este motivo a estrela é composta por 2 triângulos.
- Esta estrela possui 12 lados, que demonstra a disposição das 12 tribos de Israel durante sua jornada de 40 anos no deserto, após sua saída do Egito em direção à Terra de Israel.
Segredos do cordão triplo
O versículo “um cordão triplo não se quebra facilmente” é interpretado por nossos Sábios para referir-se aos três Patriarcas – Avraham, Yitschac e Ia´aqov – cujas vidas formam uma corrente inquebrável que continua a existir até os dias de hoje. Chassidut ensina que este vínculo triplo alude também ao vínculo de amor conectando almas juntas.
A origem deste cordão é o segredo do raio inicial da luz infinita de D’us preenchendo todos os mundos. Este raio de luz, que continua a brilhar e iluminar toda a existência, é o vínculo de amor entre o Criador e Sua Criação.
A raiz da palavra mitsvá (mandamento), conforme explicada no Talmud, é “conectar junto”. O cumprimento das mitsvot é nossa tentativa de retornar o raio de luz a D’us, conectando-nos e ao mundo em que vivemos à sua Fonte, sempre aprofundando nossa conexão de amor de D’us, Torah e Israel.
O fenômeno da triplicidade do cordão revela múltiplas camadas de significado. A letra guimel, cujo valor numérico é três, tem a forma de um pé que caminha, representando, em níveis diferentes, a expressão do movimento dinâmico. Em relação a anjos, aos quais se refere como “aqueles que ficam em pé”, refere-se aos homens como “aqueles que caminham”: “E Eu o farei aquele que caminha dentre aqueles que ficam em pé” (Zecharyá 3:7).
Avraham, Yitschac e Ia´aqov representam a resposta dinâmica aos desafios e provações da vida, sempre avançando e ascendendo. As três linhas-eixo das sefirot, simbolizadas pelos três Patriarcas, representam os princípios de harmonia e equilíbrio em um mundo de óbvia dualidade. Aqui está contido o segredo do Maguen David, a Estrela de David, cujo formato de dois triângulos cruzados cria uma imagem de simetria e equilíbrio.
A vogal no idioma hebraico associada com a sefirá de chessed, bondade, é a segol, um arranjo triangular de três pontos. A palavra segol aparece em um dos versículos mais cruciais da Torá, no qual D’us designa Israel como Seu povo especial: “vocês serão para Mim os tesouros mais queridos [segulá] de todo povo, pois Meu é o mundo inteiro” (Shemot 19:5). A palavra “tesouros mais queridos” tem sido traduzida como “o povo escolhido”, uma frase repleta de significado e talvez mal interpretada. Isto é uma alusão ao papel do povo judeu como uma energia de equilíbrio essencial entre o mundo físico e o espiritual, criando uma visão holística e integrada do mundo em meio à aparente dualidade da existência. É o Terceiro Templo Sagrado que será chamado “uma Casa de Prece para todo povo”, conectando todos juntos, como rezamos fervorosamente em Rosh Hashaná e Yom Kipur: “Que a Humanidade se torne uma única sociedade”.
Outra manifestação relacionada do cordão triplo é a declaração dos Sábios: “O mundo se apóia em três coisas: na Torah, no serviço, e em atos de bondade” (Ética dos Pais 1:2). Estes três pilares correspondem aos três Patriarcas (Torá a Ia´aqov, serviço a Yitschac e bondade a Avraham), cada qual um caminho resplandecente na fundação de retificar o mundo.
Visto que todo judeu tem dentro de si todas as três almas-raízes, pode relacionar-se em um nível muito profundo com cada judeu. “Todos de Israel são responsáveis uns pelos outros” (Talmud Shavuot 39a, Sotá 37a e Rosh Hashaná 29a). Este nível de responsabilidade somente é possível quando cumpre-se o mandamento “e amará seu próximo como a si mesmo”.
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Mário Moreno.