Mi Casa Es Su Casa
Mi Casa Es Su Casa
“E escreva-os nas ombreiras de sua casa e em seus portões” (Dt 6:9) Geralmente, uma mitsvá é definida pelo objeto usado para cumprir a mitsvá, como shofar, lulav e tefilin. No entanto, a palavra “mezuzah” significa “porta de entrada”; o objeto em si não tem nome definidor além do poste no qual é colocado. Isso seria comparável a referir-se ao tefilin como “braço”. O que há de diferente na mezuzá?
O Talmud ensina que ao desocupar uma casa, se uma pessoa souber que os próximos inquilinos serão judeus, ela é responsável por deixar uma mezuzá pendurada na porta. O Talmud relata a história de um indivíduo que ignorou essa responsabilidade e foi punido com a perda de sua família (Bava Metzia102a). Qual é a gravidade da transgressão que resultou em uma punição tão trágica?
Ao deixar a terra de Moav, Naomi tenta dissuadir sua nora Ruth de abraçar o judaísmo e acompanhá-la a Eretz Israel. Entre os preceitos que ela menciona que Rute deverá observar está a mitsvá da mezuzá (Rus Rabbah 2:23). Por que essa é uma mitsvá importante a ser mencionada a uma pessoa interessada em se converter?
No mundo secular, uma pessoa tem direito à sua privacidade e nenhuma autoridade pode ditar a ela o que fazer a portas fechadas; o homem é rei de seu domínio. A maneira pela qual uma pessoa faz saber que sua casa está sob seu controle é colocando seu nome na porta ou no umbral. Ao colocar uma mezuzá em sua porta, o homem está afixando o nome de Hashem em sua casa, submetendo assim a Hashem que Ele é a autoridade desta morada. Naomi entende que Ruth, vindo de uma sociedade que dá direito a uma pessoa de controle total sobre suas ações dentro de sua própria casa, precisa ser avisada de que, como judia, esse não será o caso.
Deixar uma mezuzá para trás ao desocupar um local é uma afirmação de que esta é a casa de Hashem. Uma pessoa que remove a mezuzá está negando o controle de Hashem sobre sua casa. Portanto, o quid pro quo para isso é que ele perde a casa própria, ou seja, a família.
A mezuzá funciona para tornar um lar “o lar de Hashem”. Portanto, o objeto da mitsvá se torna o lar, não o nome afixado a ele. Consequentemente, a mitsvá é definida pela ombreira da casa.
Tradução: Mário Moreno