Mário Moreno/ novembro 22, 2017/ Artigos

Movimentos messiânicos

Movimentos messiânicos que apareceram no povo de Israel

“O judaísmo é composto de tantas variações que é quase não-judaico adotar somente uma delas”.

De acordo com alguns estudiosos, o messianismo originou-se entre os judeus depois da destruição do Primeiro Templo (586 a.C.). Os exilados da Babilônia ansiavam pela restauração de seu Estado e do Templo de Jerusalém. Outras teorias explicam o messianismo a partir da convicção de que os judeus eram o povo escolhido por D-us para regenerar o mundo. De qualquer maneira, há uma tendência muito forte na defesa de que foram os judeus que melhor conceberam a idéia messiânica, mesmo havendo possíveis influências egípcias e babilônicas no princípio do movimento.

Em muitos aspectos, o messianismo expressa a “teologia da esperança”. Joseph Sarachek comenta que a doutrina da esperança foi, em grande parte, responsável pela sobrevivência do povo judeu em meios de tantas perseguições.

A esperança messiânica era uma válvula de escape para os povos judeus em cada situação tensa. Puseram sua esperança em um libertador poderoso e santo que os salvaria da câmera de tortura e os guiaria à morada do Pai Celestial. Esse libertador converteria a escuridão em luz e suas tristezas em alegrias.

Devemos entender que estes “movimentos messiânicos” em nada se referem aos judeus crentes em Ieshua. Com exceção do próprio Ieshua citado aqui, os demais são “pseudo-messiânicos” que buscavam atrair para si as multidões fazendo-as crerem em suas promessas!

Os principais movimentos messiânicos foram:

Ieshua Ben Iosef (este era o nome de Ieshua de Nazaré, significa: Ieshua Filho de José) (0-33 d.C.). O primeiro e o mais conhecido dos personagens na história com atuação messiânica. Nascido em Belém da Judéia, descendia do rei Davi. Segundo muitos comentaristas judeus ele teria estudado magia no Egito, o que explicaria seus milagres feitos em Israel. A partir de seus ensinamentos, reuniu os primeiros doze discípulos para espalhar as “Boas Novas” entre as nações. Assim tem início o judaísmo messiânico (judaísmo com a fé no Ungido).

Shimon Bar Kochba (século II). Comandante rebelde que liderou a revolta judaica em Israel contra os romanos(132 a 135 d.C.). A revolta fracassou com a última fortaleza, chamada Betar, apesar de algumas vitórias militares importantes, como a captura de Jerusalém.

David Alroy (século III). Mágico habilidoso que viveu no Curdistão. Declarou-se messias e liderou uma revolta contra o sultão, prometendo conduzir seus seguidores a Jerusalém. Enviou cartas a outras comunidades judaicas, instigando a guerra contra os muçulmanos. Líderes judeus da Babilônia tentaram em vão desencoraja-lo de prosseguir em suas pretensões messiânicas. Teve um fim trágico entre seu próprio povo.

Avraham Abufalia (1240 – 1291). Místico e cabalista espanhol. Perambulou em busca das supostas dez tribos e do rio Sambation. Quando não pôde mais continuar sua busca, começou a estudar o Sêfer Ietsirá e teve visões. Ele pretendia atingir a profecia através da meditação sobre combinações de letras do alfabeto hebraico e os nomes místicos de D-us. Em Roma, tentou converter ao judaísmo o Papa Nicolau III. Só escapou da morte com a morte do papa.

Moshe Botarel (século XVI e XV). Místico espanhol. Ungiu-se a si mesmo como messias e se considerava um santo rabino, a quem o profeta Elias se revelara. Seus ensinamentos envolviam o uso de encantamentos, amuletos e revelações do futuro.

David Reubeni (século XIV e XV). Alegou ser príncipe de um reino judaico independente na Arábia, próximo do rio Sambation. De origem incerta, possivelmente viera, de fato, da Arábia ou da Etiópia. Obteve algum apoio de judeus ricos e influentes. Encontrou-se com o Papa em 1524, propondo um pacto judaico-cristão contra os muçulmanos. Foi para Portugal com uma carta de recomendação papal, criando grande agitação entre os criptojudeus (marranos) locais.

Salomon Molcho (1500 – 1532). Criptojudeu (cristão-novo) português influenciado por Dvid Reubeni. Estudou a cabalá e teve visões do reino messiânico. Difundiu seus ensinamentos na Itália e aí foi preso e morto pelas autoridades religiosas. Transformou-se em mártir e santo para muitos judeus.

Sebatai Tzvi (1626 – 1676). Nasceu em Esmirna (Turquia). Estudou a cabalá de Itzhak Luria e era sujeito a estranhos estados de êxtase. Declarou-se messias, e após entrevistar-se com Nathan de Gaza, este se encarregou de difundir suas crenças. Preso pelo sultão, converteu-se ao islamismo e foi exilado na Albânia. Parte de seus seguidores adotaram o islã, formado mais tarde a seita dos Donmeh, existente até 1924 em Salônica.

Israel Bem Eliezer (Baal Shem Tov) (1700 – 1760). Fundador do hassidismo, movimento popular judaico surgido na Polônia. Estudou a cabala e aprendeu a praticar a ascensão da alma ao céu. Segundo a lenda, numa destas ascensões, encontrou o messias, que lhe disse que a era messiânica teria início quando seus ensinamentos estivessem divulgados entre todos os judeus.

Jacob Frank (1726 – 1791). Liderou uma seita herética. Durante suas viagens pelo império Otomano, foi influenciado pelos seguidores de Sabatai Tzvi. Ao voltar da Polônia, pregou uma forma antitalmúdica de judaísmo (que implicava ritos orgiásticos) e que valorizava as doutrinas do Zohar. Frank e seus seguidores converteram-se ao catolicismo. Segundo este líder messiânico, sua conversão representava mais uma etapa no processo de redenção.

Todos estes – com exceção de Ieshua – representam o anseio que o povo de Israel tem da redenção final e por isso levantam-se homens para proclamarem-se “Mashiach”. Esperamos pela redenção final, quando Ieshua virá para finalmente estabelecer o poder soberano de Elohim em toda a terra, governando e liderando a humanidade em sua teshuvá final.

E neste tempo as palavras do profeta Isaías terão seu pleno cumprimento quando diz:

Não se fará mal nem dano algum em todo o monte da minha santidade, porque a terra se encherá do conhecimento do IHVH, como as águas cobrem o mar” Is 11.9.

Baruch Há Shem!

Mário Moreno.