Mário Moreno/ dezembro 13, 2017/ Artigos

Multipliquem-se como peixes na Terra

V`degu Larov B´querev há Aretz

O que significa “multipliquem-se como peixes no meio da terra?” Certamente há uma incoerência nestas palavras, mas elas vieram da boca de um de nossos patriarcas com a finalidade de profetizar a multiplicação dos descendentes de Iosef no fim dos dias. A profecia diz: “E abençoou a Iosef, e disse: O Elohim, em cuja presença andaram os meus pais Avraham e Itshaq, o Elohim que me sustentou, desde que eu nasci até este dia; o mensageiro que me livrou de todo o mal, abençoe estes rapazes, e seja chamado neles o meu nome, e o nome de meus pais Avrham e Itshaq, e multipliquem-se, como peixes em multidão, no meio da terra” Gn 48.15-16.

Este artigo tem a finalidade de demonstrar que a aparente “incoerência” da multiplicação de “peixes” na terra faz todo o sentido e que tal multiplicação está ligada de forma direta a promessa do Eterno para seu povo no fim dos dias.

Aproveito para lembrar que o nome “Ieshua”, que significa “Iá é salvação” é o nome hebraico que o mensageiro enviado pelo Criador de Israel comunicou a Iosef, o pai do Salvador e também a sua mãe, Mirian. Vamos falar sobre as origens semíticas, israelitas e judaicas do povo hoje conhecido apenas por “Igreja do Senhor”, do qual a maioria, senão todos vocês, são parte.

Assim, veremos primeiro como o povo da promessa foi formado a partir de Avraham Avinu (Nosso Pai Avraham), acompanhando o curso das promessas dadas a seu filho Itshaq e confirmadas a seu neto Ia´aqov.

Depois nos debruçaremos no crescimento espantoso desse povo através das 12 tribos dos filhos de Israel e descobriremos como um de seus netos formou o mais numeroso e diversificado de todos os povos do mundo.

A seguir veremos como duas das tribos de Israel, Iehuda e Bin Iamin, conhecidos simplesmente como “os judeus”, que influenciaram na formação do povo nordestino e de todo Brasil.

Por último veremos a importância imprescindível de voltarmos ás raízes bíblicas e judaicas da fé cristã, abandonando ritos, formas e costumes aprendidos durante nossa jornada entre as nações.

I – Os Herdeiros das Promessas

O grande Rabino Sha´ul o enviado – conhecido por nós como apóstolo Paulo – declarou que o Messias Ieshua “para os mensageiros não estende a mão para salvar, mas sim para a semente de Avraham que salvará” Hb 2:16 (subentende-se que ele foi o autor de Hebreus, na minha opinião). Entendemos então que a salvação não é para os mensageiros; eles já acessam a eternidade a todo momento e alguns vivem lá perpetuamente. Eles não precisam disso – salvação – por que nunca se perderam! É por isso que o texto declara que a salvação é para a “semente de Avraham”, ou de uma forma mais direta, para os judeus. Todo aquele que é DESCENDENTE de Avraham segundo a carne está qualificado a receber esta promessa, que aponta para a salvação dos judeus.

Ele complementa a informação dizendo ainda: “E, se sois do Mashiach, também sois descendentes de Avraham e herdeiros segundo a promessa” Gl 3:29. Mais uma vez fica claro que aqueles que pertencem ao Ungido Ieshua são então descendentes físicos de Avraham! O texto deixa claro isso e nos mostra que os crentes da atualidade são na realidade descendentes dos judeus que estão na diáspora em todo o mundo. Espantoso? Não, apenas uma forma de enxergar aquilo que está diante de nossos olhos. O acesso às promessas do Eterno se dá através da filiação e do direito à herança e isso só pode ser feito com os filhos. Se você então é crente em Ieshua procure em sua família e verificará que existem raízes judaicas às quais você pertence, cumprindo então a profecia que está neste texto.

Notem meus amigos que Sha´ul apenas confirmou o padrão que o próprio Messias já havia ensinado: “mas ide, antes, às ovelhas perdidas da casa de Israel” Mt 10:6; e também o texto que diz: “Não fui enviado senão às ovelhas destruídas da casa de Israel” Mt 15:24.

Apenas lembrando que essa atitude de Ieshua já havia sido profetizada por Jeremias quando disse: “Ovelhas perdidas foram o meu povo, os seus pastores as fizeram errar, para os montes as deixaram desviar; de monte em outeiro andaram, esqueceram-se do lugar de seu repouso” Jr 50:6.

Estes versos já nos fariam pensar profundamente sobre várias questões, pois dizer que Ieshua socorre – estende a mão para salvar – a semente de Avraham é algo muito intenso, e demonstra que há um compromisso da Eternidade para com o Povo de Israel.

Uma outra afirmação muito interessante é que “se somos do Ungido somos descendência de Avraham”. Esta afirmação diz que os crentes em Ieshua são de alguma forma da linhagem de Avraham, ou seja, são judeus!

Diferentemente daquilo que afirmam os teólogos, os crentes não são então “gentios”, mas tem uma relação sanguínea com Avraham e com a Casa de Israel. A interpretação da “teologia” é questionável e por isso a teologia cristã tem afastado tanto os crentes de Israel e também tem dificultado a visão dos crentes no que diz respeito às Escrituras. Tendo uma interpretação errônea, os crentes entendem errado e por sua vez passam adiante informações que não estão de acordo com a verdade expressa na Palavra do Eterno.

Ora, se o Messias socorre a descendência de Avraham, os quais são dele e se ele veio buscar apenas as ovelhas destruídas (e perdidas) da casa Israel, então precisamos conhecer as promessas feitas a nosso pai.

A primeira delas é que ele teria a posse do Oriente, do Ocidente, do Sul e do norte e uma semente incontável como o pó da terra. “E disse o IHVH a Avram, depois que Lot se apartou dele: Levanta agora os teus olhos, e olha desde o lugar onde estás, para a banda do Norte, e do Sul, e do Oriente, e do Ocidente; porque toda esta terra que vês, te hei de dar a ti, e à tua semente, para sempre. E farei a tua semente como o pó da terra; de maneira que se alguém puder contar o pó da terra, também a tua semente será contada” Gn 13:14-16.

A maioria dos crentes em Ieshua hoje pensa que essas promessas são uma alegoria que se cumpre espiritualmente, mas quando Avraham sugeriu que Eliezer que não era seu filho seria o herdeiro o Eterno lhe disse: “Olha para os céus e conta as estrelas, se é que o podes. E lhe disse: Será assim a tua semente” Gn 15:5.

A promessa era de que seu “sêmen” cresceria e estaria presente sobre a face de toda a terra gerando um povo inumerável como as estrelas dos céus e incontável como o pó que se espalha por toda a terra. Isso não me dá o direito de dizer que haveria um cumprimento “espiritual” da promessa, mas sim literal.

A declaração: “assim será a tua semente” é esclarecedora. No hebraico bíblico a palavra “Zereacha” tem o sentido, de “sêmen ou semente biológica”. Quando Onan, casou com Tamar, sua cunhada viúva vemos que jogava sua “zerah” ou sêmen no solo a fim de não suscitar descendência a seu irmão. “Onan, porém, soube que esta semente não havia de ser para ele; e aconteceu que quando entrava à mulher de seu irmão, derramava-a na terra, para não dar semente a seu irmão” Gn 38:9.

Logo, a Zerah, do patriarca se refere de fato a seus descendentes biológicos. Seu nome foi mudado para que ele seja o (av amon goim) “pai de uma multidão de nações” Gn 17:4.

É importante lembrar que a despeito dos povos árabes também descenderem de Avraham Avinu (Avraham Nosso Pai), o Eterno disse que em Itshaq seria chamada sua semente – “nem por serem descendência de Avraham são todos filhos; mas: em Itshaq será chamada a tua descendência” Rm 9:7. Itshaq seu filho abençoou Ia´aqov e determinou que ele formasse uma “Qahal amim”, ou “congregação de povos.” Um detalhe que precisa ser comentado aqui é que a palavra “am” – povo – refere-se a Israel. A palavra “amim” é o plural de “am” e significa que haveria uma “multidão de Israéis” em todo o mundo! Ou seja, Ia´aqov não forma só Israel, mas uma multidão de nações que estão ligadas à Israel. “E El Todo-poderoso te abençoe, e te faça frutificar, e te multiplique, para que sejas uma multidão de povos” Gn 28:3.

Assim, o Eterno, depois de ordenar que Ia´aqov crescesse para os 4 cantos do mundo, disse: “tua semente será como pó da terra” Gn 28:14.

Portanto, o povo de Israel deve ser numeroso como o pó da terra que não pode ser contado. Isso é maravilhoso! Presentemente não existe nenhuma comunidade judaica ou cristã que possa preencher essas condições.

Os reconhecidamente judeus se espalham pelo mundo, mas não passam de 14 milhões, bem menos que os 350 milhões de filhos de Ismael (os árabes) existentes no mundo e a promessa é para Itshaq e não para Ismael.

Os adventistas, família de organizações cristãs com alguns princípios judaicos como o shabat e a abstinência alimentar, somam juntos 15 milhões de membros, menos que a população da pequena Síria.

Assembleianos e batistas em todo o mundo, que sustentam outros princípios judaicos como devolução dos dízimos e batismo por imersão, juntas não ultrapassam os 150 milhões, menos que a população do Brasil.

Onde está pois o povo da promessa inumerável como as estrelas e incontável como o pó da terra? Desapareceu da face da terra, se misturou com as nações ou é apenas um povo místico, uma alegoria?

II – Multiplicando-se Como Peixes

O que significa isso? A resposta está no leito de morte de nosso Pai Ia´aqov quando ele antes de abençoar seus doze filhos decide adotar seus netos Efraim e Menashe, filhos de Iosef, dando-lhes o lugar dos primogênitos Reuven e Shimeon.

Iosef concorda em dar seus filhos ao Pai para adoção, e então toma o mais velho Menashe e coloca sob a mão direita de Ia´aqov e o mais novo Efraim à mão esquerda.

Mas na hora de abençoar o patriarca cruza as mãos pondo sua mão direita sobre Efraim, o neto mais novo e a esquerda sobre Menashe pede que o Mensageiro que o guardou de todo o mal proteja também os meninos e ordena: “Multipliquem-se, como peixes em multidão, no meio da terra” Gn 48:16 – (Revista e Corrigida Almeida SBB 1998). Como peixes não se multiplicam na terra os editores da “Revista e Atualizada Almeida”, não souberam o que fazer com essa expressão e traduziram simplesmente: “e cresçam em multidão no meio da terra”. Novamente os teólogos não entenderam o texto hebraico e fizeram uma “tradução alternativa”…

Mas ali estão as pistas proféticas sobre o desenvolvimento prodigioso do povo de Israel, das tribos que mais cresceriam e onde seriam encontradas. Ele chamou os 12 filhos para anunciar o que será no “be acharit hayamim”, “no fim dos dias”. Logo, essa benção se refere ao final da história.

Prediz uma multiplicação prodigiosa para a tribo de Iosef, pois os peixes estão entre os animais mais férteis da natureza. Uma única fêmea de dourado, por exemplo, pode desovar 1,5 milhões de ovos numa única vez.

Mas como poderiam os efraimitas e menashitas se multiplicar tanto se o povo de Israel deveria viver num pequeno país, cercado de inimigos e o povo judeu viria a ser perseguido e quase dizimado vezes sem conta?

A resposta começa a 2.920 anos quando o Rei Rovoan, recusou-se a baixar impostos e provocou a divisão do Reino de Israel, sendo a Casa de Iehuda ao Sul com 2 tribos e Casa de Israel ao Norte com 10 tribos. “Vendo pois todo o Israel que o rei não lhe dava ouvidos, tornou-lhe o povo a responder, dizendo: Que parte temos nós com David? E não há para nós herança no filho de Jessé. As tuas tendas, ó Israel! Provê agora à tua casa, ó David. Então Israel se foi às suas tendas. No tocante porém aos filhos de Israel que habitavam nas cidades de Iehuda, sobre eles reinou Roboão. Então o rei Roboão enviou a Adorão, que estava sobre os tributos; e todo o Israel o apedrejou com pedras e morreu: mas o rei Roboão se animou a subir ao seu carro para fugir para Jerusalém. Assim se desligaram os israelitas da casa de David até ao dia de hoje” I Rs 12:16-19.

A Casa de Iehuda reuniu Iehuda e Benjamim e a Casa de Israel, chamada Casa de Iosef ou Casa de Efraim reuniu Efraim, Reuven, Shimeon, Zevulon, Itzakar, Dan, Gad, Asher, Naftali e Menashe.

Rovoan, o Rei de Iehuda ainda tentou pela força impedir a separação da nação, mas o Eterno enviou o profeta Semaías a fim de avisar o povo que Ele mesmo tinha feito aquilo. “Assim diz o IHVH: Não subireis nem pelejareis contra vossos irmãos, os filhos de Israel; volte cada um para a sua casa, porque eu é que fiz esta obra. E ouviram a palavra do IHVH, e voltaram segundo a palavra do IHVH. E Jeroboão edificou a Siquém, no monte de Efraim, e habitou ali; e saiu dali, e edificou a Penuel. E disse Jeroboão no seu coração: Agora tornará o reino à casa de David” I Rs 12:24-26.

Ierovoan reinou em Shomeron (Samaria), transferiu o culto do Monte Tzion para o Monte de Efraim onde edificou um santuário, criou seu próprio sacerdócio e festas e dias sagrados não ordenados pelo Criador. “E Jeroboão edificou a Siquém, no monte de Efraim, e habitou ali; e saiu dali, e edificou a Penuel. E disse Jeroboão no seu coração: Agora tornará o reino à casa de David. Se este povo subir para fazer sacrifícios na casa do IHVH, em Jerusalém, o coração deste povo se tornará a seu senhor, a Roboão, rei de Iehuda: e me matarão, e tornarão a Roboão, rei de Iehuda. Pelo que o rei tomou conselho, e fez dois bezerros de ouro; e lhes disse: Muito trabalho vos será o subir a Jerusalém; vês aqui teus deuses, ó Israel, que te fizeram subir da terra do Egito. E pôs um em Betel, e colocou o outro em Dan. E este feito se tornou em pecado: pois que o povo ia até Dan cada um a adorar. Também fez casa dos altos: e fez sacerdotes dos mais baixos do povo, que não eram dos filhos de Levi. E fez Jeroboão uma festa no oitavo mês, no dia décimo-quinto do mês, como a festa que se fazia em Iehuda, e sacrificou no altar; semelhantemente fez em Betel, sacrificando aos bezerros que fizera: também em Betel estabeleceu sacerdotes dos altos que fizera. E sacrificou no altar que fizera em Betel, no dia décimo-quinto do oitavo mês, do mês que ele tinha imaginado no seu coração: assim fez a festa aos filhos de Israel, e sacrificou no altar, queimando incenso” I Rs 12:25-33.

Esta atitude do rei Jeroboão desencadeia no mundo espiritual uma série de acontecimentos que alcançaram nossos dias. Ele mudou os dias das festas sagradas, os dias de culto ao Eterno e o lugar e a forma de cultuar ao Todo-Poderoso. E como a Igreja é parte das dez tribos ela recebe esta influência de uma forma muito intensa não enxergando que o correto é guardar o shabat e celebrar as Festas do Eterno. Há ainda uma outra questão que é a da não aceitação de que Israel é parte da Igreja; porém a Escritura afirma o contrário, ou seja, que a Igreja é parte de Israel! Israel SEMPRE vem primeiro nos planos do Eterno, não a igreja.

Dando continuidade a história vemos que ante tal apostasia, com Israel se prostituindo com o culto e dias de guarda das festas e dias sagrados, então o Eterno levantou Hoshea (Oséias) como profeta, ordenando que ele casasse com uma prostituta como sinal para o povo. Desse casamento com Gomer vieram três filhos.

O primeiro um menino, que recebeu o nome de Izreel, “O Eterno semeia”, ou “O Eterno semeará”, indicando que o Reino da Casa de Israel cessaria, seria “espalhado” por toda a terra. “E disse-lhe o IHVH: Põe-lhe o nome de Izreel; porque daqui a pouco visitarei o sangue de Izreel sobre a casa de Iehu, e farei cessar o reino da casa de Israel” Os 1:4.

O segundo uma menina, que recebeu o nome de Lo Ruchamah, “Não compadecida”, indicando que o Eterno não teria mais compaixão da Casa de Israel, embora se compadecesse da Casa de Iehuda. “E tornou ela a conceber, e deu à luz uma filha; e ele disse: Põe-lhe o nome de Lo-Ruchamah; porque eu não me tornarei mais a compadecer da casa de Israel, mas tudo lhe tirarei” Os 1:6.

O terceiro, um menino, recebeu o nome de Lo Ami, “Não Meu Povo”, por que a Casa de Israel não seria mais o povo do IHVH e nem Ele o seu Elohim. Isso nada tema ver com a Casa de Iehuda. “E ele disse: Põe-lhe o nome de Lo-Ami: porque vós não sois meu povo, nem eu serei vosso Elohim” Os 1:9.

Israel pecou tanto “que IHVH afastou a Israel da sua presença, … assim, foi Israel transportado da sua terra para a Ashur (Assíria), onde permanece até ao dia de hoje” II Rs 17:23.

A maioria dos exegetas e teólogos ainda imagina que a Casa de Israel (dez tribos) pecou tanto que IHVH não pode mais cumprir suas promessas a respeito deles e que as bênçãos da multiplicação de Efraim como peixes cessaram. Mas o profeta não disse que eles desapareceram, e sim que “Efraim se misturou com os povos” (Os 7:8). Eles viveram com os gentios, comeram como os gentios e tiveram filhos gentios. Isso mostra que Efraim de certa forma “perdeu” sua identidade judaica e agora SE PARECE com os gentios. Alguns dizem até ser gentios, porém não são. Há uma coisa em que são diferentes: em sua zerah “sêmen” permaneceu o DNA de Avraham. Assim, apesar da apostasia e mistura com os gentios, as 10 tribos perdidas cumpriram exatamente o que tinha sido dito a Avraham. “Na tua Zerah (semente) serão abençoadas todas as nações da terra” Gn 26:4. Aleluia!

Eles foram arrancados do Eretz Israel, território minúsculo com pouco mais de 30000 quilômetros quadrados e espalhados entre todas as nações. Estão perdidos, mas não esquecidos como está escrito: “Todavia, o número dos filhos de Israel será como a areia do mar, que se não pode medir, nem contar; e acontecerá que, no lugar onde se lhes dizia: Vós não sois meu povo, se lhes dirá: Vós sois filhos do Elohim Chai (Supremo que Vive)” Os 1:10.

Efraim e Menashe deveriam se multiplicar como peixes na terra. E é por isso que IHVH disse: “Eis que mandarei muitos pescadores, diz o IHVH, os quais os pescarão” Jr 16:16.

E por nada menos que isso que Ieshua passou por Kefa e André e disse: “Vinde após mim, e eu vos farei pescadores de homens” Mc 1:17. A quem os apóstolos foram Pescar? A Casa de Efraim espalhada entre as nações. Por que? Porque o Rabi Ieshua disse: “Não fui enviado senão às ovelhas perdidas da casa de Israel” Mt 15:24.

Ieshua, o Rabi Há Gadol (Grande Mestre) disse claramente a que veio: “Porque o filho de Adam veio salvar o que estava perdido” Mt 18:11. Ieshua veio buscar o que se havia perdido, as ovelhas da Casa de Israel. E elas hoje começam a emergir das sombras, a descobrir a sua verdadeira identidade sepultada sob séculos de anti-semitismo e teologia da substituição. Israel ainda é o povo do Eterno e nós somos Israel. Baruch Há Shem! Bendito Seja o nome do Eterno!

III – A Plenitude dos Gentios

Agora estamos prontos para entender um dos livros mais obscuros por conta de sua tradução ter sido muito mal feita e também por ser este livro um dos mais mal interpretados da Bíblia, Roamim ou Romanos, onde Sha´ul o enviado fala do endurecimento de Israel: “Porque não quero, irmãos, que ignoreis este mistério (para que não sejais presumidos em vós mesmos): que veio endurecimento em parte a Israel, até que haja entrado a plenitude dos gentios” Rm 9:26.

Que mistério não deve ser ignorado?

Primeiro ele está falando de toda a nação de Israel com suas 12 tribos, as duas tribos da casa de Iehuda e as 10 tribos da Casa de Israel ou Casa de Efraim.

Segundo o endurecimento das duas casas não era total, mas parcial, pois a Casa de Iehuda mantém a Torah e resiste a Ieshua enquanto a Casa de Israel mantém a fé em Ieshua mas despreza à Torah do Eterno. Então percebemos que o “endurecimento” é bilateral, cada qual de uma forma. A questão é que ambos precisam daquilo que o outro tem, porém negam-se a andar juntos. Os judeus não reconhecem a igreja como parte de seu povo e a igreja resiste em ser restaurada para parecer-se mais com Israel que é de fato o seu povo. Caso isso persista, o Eterno certamente precisará intervir em ambos para que haja esta re-união onde ambos serão beneficiados por aquilo que o outro tem para dar.

Em terceiro lugar o endurecimento é temporal e deve durar somente até ser atingida a plenitude dos gentios, quando então Kol Israel, “todo Israel” será salvo.

Por causa disso, nos últimos anos, principalmente as comunidades pentecostais têm se ensinado que depois que os gentios se salvarem Israel inteiro será salvo.

Mas quem é a plenitude dos gentios?

A igreja precisa descobrir que por trás do apóstolo Sha´ul há um rabino judeu estudioso da Torah, que está explicando a benção de Ia´aqov a seu neto Efraim, que depois de colocar a mão direita sobre ele diz: “Eu sei, meu filho, eu o sei; ele também será um povo, também ele será grande; contudo, o seu irmão menor será maior do que ele, e a sua descendência será a plenitude dos gentios” Gn 48:19. Nosso Pai Ia´aqov está profetizando em hebraico 1600 anos antes de Sha´ul explicar o que eles são; que “há goim” – “a sua semente será a plenitude dos gentios”. Quando os descendentes das dez tribos da Casa de Efraim, que são o “Melo há goim” ou “plenitude dos gentios” chegarem ao pleno conhecimento da Emet olam, verdade eterna, então todo o Israel será salvo.

Em praticamente cada região do mundo os descendentes das 10 tribos estão se descobrindo. A tempo é curto para falar de cada comunidade cuja ancestralidade israelita pode ser apontada. Citarei alguns casos.

Afeganistão e Paquistão: 15 milhões de “Pathan” descendem de Yusufzai.

Birmânia: 2 milhões Shinlung ainda rezam ao Elohim de Menashe.

Índia: 7 milhões de muçulmanos se dizem filhos de israel.

Japão: Sacrifício de Itshaq é lembrado e 3.000 palavras vêm do hebraico.

África do Sul: O DNA provou que 3 milhões de lembas são israelitas.

Equador: Índios ainda cantavam o shemá, a maior oração judaica em 1642.

Filipinas: Apesar do catolicismo, o povo ainda pratica a circuncisão.

Os grandes rabinos dizem a Austrália, França e Inglaterra é de efraimitas. A América tem sido o principal protetor dos judeus a 300 anos. Nas selvas do Brasil, a mulher guarani ainda imerge no rio após o ciclo.

IV – Os Judeus Berço da Colonização Nordestina

Diferentemente da Casa de Efraim que se perdeu entre as nações, os judeus chegaram à Península Ibérica, que chamaram de Sefarad no ano 700 A.M, cresceram enriqueceram e ficaram, mas mantiveram sua fé. Mas 1491, depois de 2.200 anos, Isabel, a Católica, determinou que os 395 mil judeus espanhóis se convertessem ou partissem. Portugal recebeu então 100 mil deles que se juntaram às centenas de milhares que já viviam ali.

O desejo de D. Manoel de casar com a filha dos reis católicos levou à expulsão dos judeus em 1495. Para permanecer tiveram que deixar suas crianças menores de 14 anos se batizarem, milhares são assassinados.

Depois da descoberta do Brasil por Cabral e o judeu Gaspar Lemos, outro judeu, Fernando de Noronha zarpou com um grupo de judeus à bordo do barco Judea e fundaram (1503) o Forte de Cabo Frio, o primeiro do Brasil.

Martin Afonso de Souza discípulo do judeu Pedro Nunes é mandado na primeira expedição colonizadora em 1531. Milhares de Judeus estabelecem engenhos na Bahia, Pernambuco, Paraíba Minas, Espírito Santo e São Paulo.

Em 1637 judeus portugueses vindo da Holanda se fixam em Salvador e fundam a primeira sinagoga das Américas a Tzur Israel (Rocha de Israel), liderada pelo Rabino Iosef Alboaba da Fonseca.

Expulsa do Brasil os “Pereira”, participam da fundação de Nova York, mas os pobres se embrenham no agreste e se tornam cripto-judeus (judeus escondidos).

Surgem novos costumes como:

  1. Banhar-se ao deixar um cemitério. Prática judaica de se purificar após tocar em morto.
  2. Consagrar o sábado a “nossa senhora.” Reverenciando o shabat sem ser detectado pela inquisição.
  3. Derramar vinho ao santo. Recorda o cerimonial do Pessach onde se derrama vinho em honra do profeta Elias.
  4. Dizer às crianças que não apontem às estrelas. Eliminando a prática de buscar a estrela do shabat.
  5. Deixar resto de lavoura para os pobres. Uma mitzva (mandamento da Torah).
  6. Acalmar o bebê passando mel na sua boca. Hábito comum na hora de circuncidar os meninos.
  7. Cobrir os santos com pano preto. Forma de passar o período entre Pessach e Shavuot livre da idolatria.
  8. Provar a faca na unha do animal. Lembra o mandamento de não fazer o animal sofrer inutilmente.

V – Inquisição Revelando os Nomes Judaicos

Os Arquivos da Inquisição em Lisboa revelam a extensa lista de brasileiros e portugueses condenados por judaísmo e provam que: Muitos brasileiros são descendentes de judeus.

Sobrenomes de Pessoas Condenadas pela Inquisição como Judeus Convictos ou Judeus Relapsos.

Dados oriundos dos Arquivos da Torre do Tombo em Lisboa:

Abreu Álvares Azeredo Ayres Affonseca
Azevedo Affonso Aguiar Almeida Amaral
Andrade Antunes Araújo Azeda Barboza
Barros Bastos Borges Bulhão Bicudo
Cardozo Campos Cazado Chaves Costa
Carvalho Castanheda Castro Coelho Cordeiro
Carneiro Carnide Castanho Corrêa Cunha
Diniz Duarte Delgado Dias Espinosa
Esteves Évora Favella Febos Fernandes
Flores Franco Ferreira Figueira Fonseca
Freire Froes Furtado Freitas Galvão
Garcia Gonçalves Guedes Gomes Gusmão
Henriques Izidro Jorge Laguna Lassa
Leão Lemos Lopes Lucena Luzaete
Liz Lourenço Macedo Machado Maia
Maldonado Mascarenhas Martins Medina Mendes
Mendonça Mesquita Miranda Martins Moniz
Monteiro Moraes Morão Moreno Motta
Munhoz Moura Nagera Navarro Nogueira
Neves Nunes Oliveira Oróbio Oliva
Paes Paiva Paredes Paz Pereira
Perez Pestana Pina Pinheiro Pinto
Pires Porto Quaresma Quental Ramos
Rebello Rego Reis Ribeiro Rios
Rodrigues Rosa Rois Sequeira
Serqueira Serra Sylva Silveira Simões
Siqueira Soares Souza Tavares Telles
Teixeira Torrones Tovar Trigueiros Trindade
Ulhoa Valle Valença Vargas Vasques
Vaz Veiga Vellez Vergueiro Vieira
Villela

Estes dados são de extrema importância. Revelam que grande parte dos nordestinos, de onde os judeus se disseminaram pelo país, descendem do povo da aliança. Eles nos dizem que as 12 tribos de Israel estão aqui, presentes nos descendentes de Judeus e filhos de Efraim, tanto negros como índios.

Conclusão:

Antes de tudo, essa descoberta avassaladora deve por fim imediato ao antisemitismo ainda presente em nosso povo que desconhece as suas origens. É hora de as escolas começarem a ensinar não apenas que descendemos, sobretudo de índios, negros e portugueses, mas de que tipo de portugueses fomos formados.

Mas mais importante ainda são as implicações espirituais, teológicas e praticas dessa descoberta. Em primeiro lugar recordaremos que Ieshua disse à mulher samaritana: “Vós adorais o que não conheceis; nós adoramos o que conhecemos, porque a salvação vem dos judeus” Jo 4:22.

Uma das primeiras coisas que deverão ser mudadas, depois de todas essas descobertas, é que o Eterno tem não só um pacto perpétuo pelo qual cuida a cada uma das doze tribos, mas que os judeus é que sabem o que adoram. “Qual é, pois, a vantagem do judeu? Ou qual a utilidade da circuncisão? Muita, sob todos os aspectos. Principalmente porque aos judeus foram confiados os oráculos de Eohim” Rm 3:1-2.

Ou seja, a primazia e as vantagens espirituais ainda pertencem aos judeus, o povo da circuncisão e note que Sha´ul não diz que a eles pertenciam as coisas espirituais, pelo contrário, diz: “São israelitas. Pertence-lhes a adoção e também a glória, as alianças, a legislação, o culto e as promessas” Rm 9:4.

Não existe tal coisa como uma igreja separada de Israel decidindo que parte do culto bíblico precisa ser cumprido, ou estabelecendo leis, regulamentos e mandamentos. Tudo pertence a eles. São o povo adotado, com eles estão as alianças, a legislação, a forma correta de culto e deles são as promessas.

Como descendentes de judeus extraviados da Torah nos assemelhamos em tudo às dez tribos de Efraim e nada temos a somar na forma de culto ou a restaurar o que quer se seja.

É tempo da igreja acordar para o fato de que não são as dez tribos, herdeiras por certo das promessas, mas ainda assim desviadas, que tomarão a dianteira na conclusão da obra que visa preparar um povo para encontrar a IHVH. Pelo contrário, a profecia fala de dez homens representando os efraimitas espalhados entre as nações, e diz que eles virão a seguir os judeus. “Assim diz o Adonai Tsabaot: Naquele dia, sucederá que pegarão dez homens, de todas as línguas das nações, pegarão, sim, na orla da veste de um judeu e lhe dirão: Iremos convosco, porque temos ouvido que Elohim está convosco.”

Ai está identificada de forma límpida e clara a parte de Israel que ensinará o povo do Eterno a seguir à palavra, a Casa de Iehuda. É por isso que estamos propondo a nossos irmãos que creem na Palavra um urgente retorno à fé dos pais. Recordemos que Ieshua o Ungido, a quem aguardamos para nossa salvação não virá sem que todas as coisas faladas pelos seus profetas sejam restauradas. “Ao qual é necessário que os céus contenham até aos tempos da restauração de todas as coisas, de que Elohim falou por boca dos seus santos profetas desde a antiguidade” At 3:21.

Nosso Messias disse bem claro: “Não pensem que vim revogar a Torah ou os profetas, não vim para abrogar, mas para cumprir… Aquele pois que violar o menor dos mandamentos e assim ensinar os homens será o menor no reino dos céus”.

Se quisermos, portanto que o Messias venha logo tratemos de restaurar o que os profetas disseram e não dizer que não precisamos mais cumprir mandamentos. Por outro lado, se é verdade que desejamos ser galardoados quando o Rei voltar, então devemos cumprir os mandamentos, pois: “Aquele que os cumprir e assim ensinar aos homens será o maior no reino de Elohim” Mt 5:17-20. Levantemo-nos então, e iniciemos à obra da restauração de todas as coisas.

Que o Eterno abençoe a todos em nome de Ieshua e que assim como nosso povo se multiplicou como peixes no meio da terra possamos resgatar nossas origens semíticas, bíblicas e judaicas.

Adaptação: Mário Moreno.