Mário Moreno/ outubro 11, 2017/ Artigos

O Poder da Semente

Exceto por um fazendeiro, um jardineiro, e aqueles que cumprem uma dieta holística, as sementes parecem ter pouca importância em nossas vidas. Tentamos geneticamente criar tipos de laranjas que não as tenham, nós as cuspimos fora quando comemos melancia (se é que ainda as têm), e as evitamos como uma praga se temos diverticulite.

Porém se alguém me perguntar onde se pode ver os maiores mistérios da vida, citarei a semente. Elas são provavelmente a parte mais fascinante que existe no mundo, ainda mais que o cérebro inexplorado.
Pense a respeito. Essa semente minúscula é basicamente um baú do tesouro de DNA, preparada para (nas circunstâncias certas) trazer à vida uma variedade de seres. Olhe ao seu redor. Provavelmente a cadeira onde você está veio de uma semente, as roupas que está vestindo, os painéis de madeira das paredes da casa em que mora, quase toda os alimentos que você come, e por último, mas não menos importante – você e mais de seis bilhões de pessoas (incluindo todos os cérebros delas), todos vieram de uma semente.

Mas o que é uma semente?

Semente é o óvulo maduro e já fecundado das plantas gimnospermas ou angiospermas. É formada por:

tegumento ou casca

embrião

endosperma (que o envolve)

Sua importância está relacionada às formas mais primitivas de reprodução e dispersão e é atestada pelo sucesso destes dois grupos das plantas em dominar a paisagem.

Mas o que isso tem a ver com os mistérios da vida?

Bem, comecemos olhando para o chip de um computador. Considerando que ele tem tanta informação, destaca-se por si só como uma realização e tanto, resultado de centenas de patentes brilhantes.

Pode ser tão pequeno quanto a ponta de uma agulha, mas contém os dados programados para controlar muito conhecimento técnico e complicado. Foram precisos muitos anos de ciência para projetá-lo de modo a funcionar corretamente, e pode realizar muitas funções simultaneamente, cumprindo seu propósito de levar a informação necessária para o adequado funcionamento do seu computador.

Agora peguemos uma semente de laranja. Ela contém toda a informação de DNA que existe sobre o crescimento de uma árvore, com todas as complicações: fotossíntese, criar raízes, transferir água e minerais às partes do corpo, brotar na estação certa – tudo isso enquanto cria laranjas e sementes que propagarão as futuras gerações de laranjas. Porém, embora a semente de laranja seja muito maior que um chip de computador, tem uma qualidade incrível que um chip de computador não possui.

Está programada para se transformar no próprio objeto sobre o qual ela contém informação.

Isso seria comparável a criar um chip de computador programado para se converter num IPhone, ou numa bola de golfe, ou em outra semente. A moderna tecnologia de computador está apenas começando a falar sobre a possibilidade de ter chips que possam ser tornar algo além do chip em si.

Se isso não atrai o seu interesse, acrescente o fato de que uma semente animal ou humana é muito mais complicada que uma semente de laranja, e uma pequena fração do tamanho do menor chip de computador, e cresce para ser algo muito mais complicado que uma laranjeira. Tem a capacidade de impregnar um ovo, fundir seus dados imediatamente com ele para criar um ser humano completamente novo (com características únicas e diferente de qualquer outro).

Junte tudo isso, e muito mais informações que sabemos sobre as sementes, e começamos a entender que estamos lidando com uma criação biológica que é realmente além de surpreendente em seu objetivo, e muito mais complicada que o seu pequeno tamanho.

A semente é uma parte do universo que nos dá um pequeno vislumbre da infinita inteligência por trás da criação e o funcionamento do mundo.

Portanto da próxima vez que você cuspir uma semente de melancia, faça isso com respeito pelo que é uma semente.

Afinal, você veio de uma.

A semente nas Escrituras

A palavra “semente” vem de um só termo nas Escrituras: vem do hebraico “zera´” que significa: “espalhar semente, semear, descendência”.

Os três tipos de sementes

A semente que produz erva:

“E disse Elohim: Produza a terra erva verde, erva que dê semente, árvore frutífera que dê fruto segundo a sua espécie, cuja semente esteja nela sobre a terra. E assim foi. E a terra produziu erva, erva dando semente conforme a sua espécie, e a árvore frutífera, cuja semente está nela conforme a sua espécie. E viu Elohim que era bom” Gn 1:11,12.

“E disse Elohim: Eis que vos tenho dado toda a erva que dá semente, que está sobre a face de toda a terra; e toda a árvore, em que há fruto de árvore que dá semente, ser-vos-á para mantimento” Gn 1:29.

Neste caso a semente produz árvores que dão frutos que serão para mantimento do homem. Todo o tipo de ervas e árvores seriam entregues ao homem como alimento. Isso nos mostra que a alimentação do homem foi primariamente de vegetais.

A forma de raciocinar deve ser esta: a terra produziu a semente que por sua fez produz as ervas, árvores e frutos. Então como o homem foi formado da terra é lícito a ele consumir os produtos da terra que lhe foram dados, pois tais produtos farão uma integração com o organismo humano, completando-o assim de forma a dar-lhe saúde.

Na terra está o equilíbrio do homem, que busca nela não somente seus nutrientes – provenientes dos alimentos – mas também busca nela o seu equilíbrio físico e mental, pois quando o homem se alimenta da maneira correta, ele como um ser “espiritual”, pois está comendo de forma a obedecer ao Eterno e toda a obediência gera santidade e toda a santidade leva o homem para mais próximo de seu Criador, tornando-o assim mais “espiritual” e consequentemente mais sensível à presença do Eterno.

Sim a comida que alguém come pode fazer esta pessoa ser mais ou menos sensível à presença do Eterno.

Há um compartilhamento entre terra – semente – e terra – homem, uma interação entre eles que faz com que ambos sem completem!

A semente espiritual versus a semente “humana”

“E porei inimizade entre ti e a mulher, e entre a tua semente e a sua semente: esta te ferirá a cabeça, e tu lhe ferirás o calcanhar” Gn 3:15.

Este é um verso muito interessante, pois aqui está dito que existem duas sementes: a semente do maligno e a semente do homem. Mas alguém poderá dizer: o Eterno aqui está se referindo à serpente – animal – e não ao adversário que fez com que Chava pecasse!

O texto acima pode ser esclarecido por algumas considerações:

O maligno aqui é chamado de “serpente” e este termo em hebraico é “nachash”. O livro de Apocalipse refere-se a ela assim: “E prendeu ao dragão, a antiga serpente, que é o diabo e Satanás, e amarrou-o por mil anos” Ap 20:2. A palavra “serpente” aqui em hebraico é a mesma! Então o maligno também tem uma “semente” – que são os demônios que foram “gerados” por ele quando o seguiram em seu intento de tornar-se maior que o Criador.

A semente da mulher – um descendente – que lhe feriria a cabeça. Nós sabemos que uma serpente é vencida somente quando é ferida na cabeça! Um homem descendente de Chava seria então o protagonista desta façanha, pois além de ser homem ele teria também condições de vencer um ser espiritual que é o supremo comandante do mal – O adversário.

Um dado importante: ela lhe feriria o calcanhar e alguns pensam que isso se refere à morte do Ungido, mas não é, pois no texto o maligno é ferido e vencido e depois ele fere o calcanhar de alguém. É sabido por nós que o nome Ia´aqov significa “calcanhar do Eterno” e que este homem foi chamado também de “Israel”. Então após o maligno ser ferido ele tentaria ferir o calcanhar do Eterno que é Israel! Quando paramos para pensar sobre isso podemos concluir que durante toda a história depois da morte do Ungido houveram mais e mais ataques do Adversário contra Israel individualmente e como nação. A história registra diversas ocorrências sobre isso.

Aqui temos duas sementes que carregam consigo um poder inerente: o poder do mal, alimentado pelo pecado e o poder do Eterno alimentado pela obediência do homem.

Assim como no caso da semente que carrega dentro de si o DNA que fará com que ela possa transformar-se num determinado vegetal ou árvore, estas suas sementes também carregam dentro de si o DNA que determinará quem serão no futuro.

A semente “financeira”

Há ainda uma semente que está relacionada aos dízimos e ofertas que são entregues aos sacerdotes e que produzem um resultado diferente das demais: esta semente faz com que haja uma liberação de sucesso na vida daqueles que assim agem.

A Torah nos diz: “Certamente darás os dízimos de toda a novidade da tua semente, que cada ano se recolher do campo” Dt 14:22.

Na Brit Hadasha temos um verso que se relaciona com este de forma impressionante e que diz: “Ora, aquele que dá a semente ao que semeia também vos dê pão para comer, e multiplique a vossa sementeira, e aumente os frutos da vossa justiça” II Co 9:10. Este verso nos mostra que a sementeira que é a fonte daquilo que será entregue será multiplicada e que sejam aumentados os frutos de justiça. A justiça está relacionada à obediência aos mandamentos da Torah, ou seja, quando obedecemos estamos exercendo a justiça do Eterno através de nossas vidas!

Espero que este conciso artigo permita que você entenda o poder da semente, poder este que é capaz de mudar circunstâncias e propósitos inclusive em nações do mundo.

Que sejamos uma semente bendita do Eterno e que nossos frutos e ações sejam igualmente assim rotulados para que transpareça ao mundo quem somos e para onde vamos.

Que o Eterno nos abençoe em nome de Ieshua!

Mário Moreno.