O Segredo da Fusão das Pedras

Mário Moreno/ março 8, 2018/ Artigos

O Segredo da Fusão das Pedras

Antes de se recolher à noite, Ia´aqov colocou doze pedras sob sua cabeça como um travesseiro. Milagrosamente, todas as pedras fundiram-se em uma. O Rei David também teve uma experiência semelhante de fusão de pedras quando as cinco pedras que ele colocou em seu estilingue para matar Golias se fundiram em uma. Por que as pedras de Ia´aqov e do Rei David fundiram-se e que segredo elas contêm para nós?

Nesta apresentação, o Rabino Ginsburgh revela como a unificação da diversidade representada por essas pedras nos mostra o reconhecimento de que tudo, na verdade, resume-se a “D’us é Um”.

As Doze Pedras e as Doze Tribos

O versículo 28:11 na porção semanal Vayetsê descreve como Ia´aqov pegou pedras (no plural) para colocar debaixo de sua cabeça servindo de travesseiro. O versículo 28:18 refere-se somente a uma pedra, no singular, que Ia´aqov colocou sob sua cabeça. Esta aparente discrepância fez nossos sábios concluírem que as doze pedras que Ia´aqov colocou sob sua cabeça quando estava a caminho de Charan se fundiram em uma única. Tanto no nível consciente ou inconsciente, o fato de Ia´aqov juntar doze pedras refere-se às doze tribos que ele trará a este mundo como resultado de seu casamento em Charan. Mais especificamente, a fusão das doze pedras refere-se à fusão das doze tribos. Esta unificação dos doze filhos de Ia´aqov ocorreu um pouco antes de sua morte. Em torno do leito de Ia´aqov, seus doze filhos proclamaram em uníssono: “Ouve Israel (o nome de Ia´aqov), D’us é nosso Senhor, D’us é Um.”

Os Patriarcas serviram a D’us no nível de Atzilut (“emanação”). Eles estavam completamente anulados para D’us e serviram como condutores através dos quais D’us revelou a Si mesmo na terra. Os doze filhos de Ia´aqov estavam em um nível inferior – o nível de Beriá (“criação”), no qual algum grau de autoconsciência existe.

Apesar de não estarem no mesmo nível de seu pai, as doze tribos declararam a ele, em seu leito de morte, que compartilhavam a total e perfeita fé de Ia´aqov no D’us Único. Com esta declaração, suas almas fundiram-se numa só.

Pai e Filho

A palavra hebraica para “pedra” é even, soletrada com alef, beit e nun. Isto é um acrônimo para av ben, “pai filho”. Cada pedra é a união de pai e filho.

O Rei David e as Cinco Pedras

Outro exemplo único na Tanach de pedras fundindo-se em uma só é quando o Rei David mata Golias. Em I Samuel 17:40, David pega cinco pedras para colocar em sua funda. Aqui, também, as cinco pedras fundiram-se numa só.

Estatísticas Pétreas

Os números dessas pedras refletem um lindo fenômeno matemático que ilumina o sentido oculto desses dois eventos de fusão. Existe uma importante relação matemática entre 12 e 5. 12 ao quadrado é 144, enquanto 5 ao quadrado equivale a 25. 144 mais 25 é igual a 169, que é 13 ao quadrado. 13 é o valor numérico da palavra echad (“um”). Isto reflete a pluralidade das várias pedras transformando-se em uma.

A Unificação das Doze Tribos Refletidas em Echad

A palavra echad é soletrada com alef (1), chet (8), dalet (4). Juntas, o chet e o dalet representam as doze tribos. Eles combinam com seu pai, Israel, representado aqui pelo alef em sua declaração de que D’us é Um. Os 12 filhos combinam com seu 1 pai para manifestar a unicidade de echad (13).

As Pedras na funda de David Refletem Echad

Nossos sábios explicam que, duas vezes por dia, Golias zombava estrondosamente do acampamento de Israel. Ele sincronizava o momento de suas declarações de desprezo de modo a coincidir com os momentos de manhã e à noite em que os soldados israelitas recitavam a oração do Shemá Israel. Desta forma, Golias zombava não só dos soldados israelitas, mas também do D’us de Israel. Ele queria desmoralizar os Judeus pelo enfraquecimento de sua fé. O livro Tikunei Zohar explica que as cinco pedras que David colocou em sua funda representavam as primeiras cinco palavras do versículo: Shema Yisrael Hashem Elokeinu Hashem Echad
“Ouve Israel, D’us (é nosso) Senhor, D’us (é) Um”

O Completo Um na Criação

No livro Sefer Yetzirá, aprendemos que a realidade tem três dimensões: tempo, espaço e alma – a dimensão humana. Paralelamente a essas três dimensões, descobrimos que a palavra echad (“um”) é repetida três vezes no relato da criação.

A primeira menção de echad é em Gênesis 1:5: “E houve noite e houve manhã, um dia.” Neste versículo, echad se compara à dimensão do tempo.

A segunda menção de echad é em Gênesis 1:9: “As águas sob os céus serão juntadas num lugar...” Neste versículo, echad se compara à dimensão de espaço.

A terceira menção de echad é em Gênesis 2:25: “Um homem, portanto, deixará seu pai e sua mãe e se unirá com sua mulher, e eles serão uma só carne.” Neste versículo, echad se compara à dimensão humana.

Significantemente, cada um dos versículos acima tem 13 palavras. O primeiro versículo tem 49 letras, o segundo versículo tem 52 letras e o terceiro versículo tem 43 letras. Juntas, esses três versículos têm 144 (12 ao quadrado) letras. Isto representa a unidade manifesta nas três dimensões gerais da realidade – tempo, espaço e almas. Se pudermos encontrar um versículo com 25 (5 ao quadrado) letras para somar a esses três versículos, teríamos echad (13) ao quadrado. Espantosamente, o versículo de 25 letras que estamos procurando é “Ouve Israel, D’us é nosso Senhor, D’us é Um”.

Somando-se este versículo aos versículos correspondendo às dimensões gerais da realidade, teremos um conjunto de versículos que reflete a absoluta unicidade de D’us em todos os reinos da realidade criados. Este versículo se une com as três específicas e individuais manifestações de tempo, espaço e almas para se transformar em 13 ao quadrado – uma perfeita e realizada interinclusão de 13 em 13.

Cada detalhe manifesta o todo enquanto o todo se torna uma bela e completa coleção que reflete que tudo, na realidade, é simplesmente “D’us é Um”.

Adaptação: Mário Moreno.

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