O Tefilin e o número da besta

Mário Moreno/ outubro 17, 2019/ Artigos

O Tefilin e o número da besta

E as atarás como sinal na tua mão e serão por filactérios entre teus olhos” (Dt 6:8).

O que é

O termo Tefilin é reminescente da palavra Tefilá (prece).

Consiste em duas pequenas caixas quadradas de couro de um animal casher, permitidos para

consumo. Devem formar um quadrado perfeito e as tiras de couro devem ser pintadas de preto, sem qualquer falha. Dentro de cada caixa encontram-se escritos em pergaminho (que também é feito de um animal casher), quatro parágrafos da Torah.

A Torah apenas nos diz que devemos “amarrá-los sobre a mão e devem ser como lembrança entre os olhos”. Os detalhes de como devem ser escritos, preparados, encaixados foram transmitidos através da Tradição Oral, a partir de Moshê que recebeu todos os detalhes do procedimento diretamente de D’us, até que foram anotados pelos sábios na Mishná, no Talmud e no Shulchan Aruch, para que não fossem perdidos.

As caixinhas são chamadas de “de-cabeça“- shel rosh “e “de-mão“- shel yad.

A caixinha “de-mão” é colocada sobre o braço esquerdo de maneira a ficar encostada junto ao coração, sede das emoções, com a correia de couro suspensa sendo enrolada na mão esquerda, bem como no dedo médio. Tem uma única divisão com as passagens da Torah em um só pergaminho.

A “de-cabeça” é colocada acima da testa, de maneira a pousar sobre o cérebro. Contém quatro divisões com pergaminhos sobre os quais estão escritas quatro passagens da Torah.

A Torah descreve Tefilin como um sinal de envolvimento do indivíduo expressando seus sentimentos básicos de identificação e valores judaicos.
Os Tefilin são colocados no braço, junto ao coração e sobre a cabeça a partir do momento em que o menino completa 13 anos, seu bar-mitsvá. Isto significa a ligação dos poderes emocionais e intelectuais a serviço de D’us.
As tiras, estendendo-se do braço para a mão e da cabeça às pernas significam a transmissão da energia intelectual e emocional para as mãos e os pés, simbolizando sentimento e ação.

Conteúdo

Os quatro parágrafos da Torah que se encontram dentro dos Tefilin são:

Shemá Israel – Proclama a Unidade Divina, base fundamental da fé judaica: descreve a ordem Divina de colocar os Tefilin sobre a mão e a cabeça.
Vehayá Im Shamoa – Expressa a promessa de D’us, da compensação que nos advirá da observância dos preceitos da Torah e o aviso da retribuição pela desobediência aos mesmos.
Cadêsh Li – O dever de Israel de sempre relembrar a redenção da escravidão no Egito.
Vehayá Ki Yeviachá – Recorda o dever de cada pai judeu de ensinar a seus filhos todos estes temas.

Por que colocar Tefilin

As mitsvot, preceitos judaicos, são mandamentos Divinos que devemos cumprir. Cada mandamento tem uma maneira particular de beneficiar o judeu que a pratica. A Torah diz sobre os Tefilin: “E verão todos os povos do mundo que o Nome do Eterno é invocado sobre ti e te temerão”.
O indivíduo deve lutar pela perfeição que só pode ser atingida quando cabeça, coração e mão funcionam juntos, os sentimentos do coração, o entendimento da mente e as ações da mão devem estar em consonância uns com os outros.
O próprio ato de colocar Tefilin fornece uma infusão de força espiritual ao seu usuário, capacitando-o a viver uma vida em harmonia e total equilíbrio da mente, coração e ação. Os Tefilin nos ensinam que os desejos do coração podem e devem ser dominados e elevados por intermédio dos princípios da Torah.

Outros significados

O livro Zôhar diz que atando os Tefilin, “se amarra o instinto maligno” da pessoa. Daí a sua colocação no lado esquerdo, lado mais fraco. Assim o braço não está mais livre para mover-se contra a vontade de D’us. As correias atadas envolvendo o braço com os conceitos enunciados nos Tefilin, são para lograr que o ser humano alcance o nível predisposto de “Amarás a D’us com todo teu coração, com toda tua alma e com toda a tua força“, conforme o Shemá Israel, presente nos Tefilin.

As sete voltas

A cabeça deve comandar o coração. O coração é considerado o centro das emoções, que são divididas em sete tipos, dentre as quais amor, temor e piedade.

As três voltas no dedo médio

Um dos simbolismos dos Tefilin é a devoção e afeição entre D’us e Israel, que são citados como noivos. Assim as voltas em torno do dedo simbolizam uma aliança, e uma tríplice referência ao noivado de D’us com Israel.

As duas tiras que caem

Significam a influência da cabeça sobre o resto do corpo, em seus lados direito e esquerdo. As duas tiras são a continuidade da tira que circunda a cabeça e que começa a se ramificar a partir de um nó especial na parte de trás, que é o ponto de encontro entre o cérebro e o cerebelo bem como o começo da espinha.

Tudo isto indica que assim como fisicamente o cérebro é o centro nervoso mais vital e que controla o corpo todo, também espiritualmente o intelecto serve para guiar toda a vida do judeu; o corpo, com todos seus membros e órgãos deve estar a serviço dos mandamentos Divinos diariamente.

Campanhas

O Lubavitcher Rebe lançou a Campanha de Tefilin em 1967, um pouco antes da Guerra dos Seis Dias, proclamando, na época, que a situação de Israel estava em perigo e, para evitá-lo, quanto mais pessoas colocassem Tefilin melhor; com isso conseguiríamos acabar com os inimigos “abatendo-os pelo braço e pela cabeça” (Devarim 33.20).

Mais tarde, o Rebe atribuiu os milagres daquela guerra ao grande número de pessoas que colocaram Tefilin. Israel necessita ainda de grandes milagres no setor de segurança e a mitsvá de Tefilin, como sempre, é de grande ajuda.

O Tefilin de-mão deve ser colocado antes do de-cabeça. Isto representa o princípio judaico de que a prática deve vir antes da teoria. Devemos antes obedecer os mandamentos Divinos, sem questioná-los e só então entender e se aprofundar em seu significado. A ação deve estar acima da razão elevando o indivíduo a um grande nível espiritual, mesmo sem sua total compreensão e apenas com seu simples consentimento em querer cumprir um mandamento Divino.
A mitsvá de Tefilin é equivalente a todas as outras mitsvot da Torah (não isentando o indivíduo no cumprimento das demais). No Tefilin da cabeça estão gravadas duas letras Shin (do alfabeto hebraico), sendo que uma tem três pontas e a outra tem quatro pontas. O valor numérico da letra Shin é 300; a soma das duas totaliza 600, sendo que as duas letras juntas formam a palavra Shesh (que significa seis), o que soma 606. Se adicionarmos o número de pontas das duas letras, que é sete, chegaremos ao total de 613 que é o número correspondente aos preceitos da Torah.

Os diferentes compartimentos

Existem duas explicações por que o Tefilin da mão possui as quatro Parshiot em um compartimento único, enquanto o Tefilin da cabeça, em quatro.

1. O Tefilin de-cabeça vem lembrar ao homem de submeter os seus olhos e seus ouvidos a D’us. O Tefilin de-mão vem subordinar apenas um órgão, o coração, fazendo com que as emoções e sentimentos sejam dirigidos a D’us.

2. O Tefilin de-mão tem um só compartimento equivalente ao sentido do tato, enquanto o de-cabeça possui quatro compartimentos, equivalentes aos quatro sentidos encontrados na cabeça: visão, audição, paladar e olfato. Assim a pessoa desperta todos os seus sentidos para o serviço Divino.
Quando o homem coloca Tefilin de manhã, quatro anjos cumprimentam-no ao sair pela porta.

Até aqui tivemos um bom conhecimento acerca dos tefilin. Veremos agora a relação deles com a conhecida “marca da besta”.

A marca da besta

O texto que fala sobre este assunto está em Apocalipse e diz: “E faz que a todos, pequenos e grandes, ricos e pobres, livres e servos, recebesse um sinal em sua mão direita, ou em suas testas, e que ninguém possa comprar ou vender, senão aquele que tivesse o sinal, ou o nome da besta, ou o número de seu nome. Aqui está a sabedoria: quem tem entendimento, conte o número da besta, porque é número de homem; e seu número é seiscentos e sessenta e seis” Ap 13.16-18.

Neste texto temos algumas características muito interessantes. Em primeiro lugar percebemos que as pessoas receberão um “sinal” em sua mão direita ou em sua testa. A palavra “sinal” vem do termo hebraico “tav” significando “marca ou selo”. Um detalhe que chama a atenção é que o “tav” é a última letra do alfabeto hebraico e neste contexto está ligada ao fim! Podemos dizer então que o sinal é de fato “o sinal do fim” ou “o selo do fim”.

Já vimos o significado da mão direita e da testa, mas vamos relembrar: a mão direita está ligada à autoridade e também ao coração enquanto que a testa está ligada à mente e aos direcionamentos obtidos pelos sentidos.

Isso significa que esta “marca” ou “selo” faz com que a pessoa tenha seu coração e seu entendimento “selados” pela “besta”. O controle absoluto da vida desta pessoa é dado de forma voluntária e ela tem de se submeter aos ditamos desta criatura.

Muitas vezes vemos em filmes de “ficção” homens que buscam controlar a mente de multidões através de vários artifícios e este é o caso aqui em pauta. João vê isso acontecendo muito antes dos filmes de ficção!

Em segundo lugar temos aqui uma particularidade: este sinal está ligado às questões materiais, ou seja, comprar e vender. Não parece peculiar que o adversário tenha feito isso, pois o tefilin não fala senão de atitudes espirituais que nos conectam ao Eterno e ao mundo vindouro, enquanto que a “marca” somente aponta para o âmbito material. Esta situação está sendo muito enfatizada em nossos dias inclusive por algumas igrejas ou congregações em que a ênfase ao material é muito forte. Dinheiro. Bens materiais. Riqueza. Nada disso está relacionado à oração -lembrando que a palavra tefilin significa “orações” – e portanto indo na contra-mão das Escrituras. Este preparo mundial com uma ênfase no consumo somente vai levar as pessoas a não renunciarem a postura de desejar ter mais “facilidades” no consumo e também na troca de informações.

A “besta” terá o controle total da situação em suas mãos mas existirão pessoas que não se curvarão a isso e se manterão puras em meio ao caos. A palavra “besta” vem do hebraico “chaia” que significa “vivente, animal”. Esta palavra aparece novamente nos seguintes contextos:

E o primeiro animal era semelhante a um leão; e o segundo animal, semelhante a um bezerro; e tinha o terceiro animal o rosto como de homem; e o quarto animal era semelhante a uma águia volante” Ap 4.7.

E, havendo aberto o segundo selo, ouvi o segundo animal, dizendo: Vem, e vê” Ap 6.3.

E, havendo aberto o terceiro selo, ouvi o terceiro animal, dizendo: Vem, e vê. E olhei, e eis um cavalo preto; e o que sobre ele estava assentado tinha uma balança em sua mão” Ap 6.5.

E quando acabarem o seu testemunho, a besta que sobe do abismo, fará guerra contra elas, e as vencerá, e as matará” Ap 11.7.

E vi uma de suas cabeças como ferida de morte, mas a sua chaga mortal foi curada; e toda a terra se maravilhou após a besta. E adoraram ao dragão que deu à besta o seu poder; e adoraram à besta, dizendo: Quem é semelhante à besta? Quem poderá combater contra ela?” Ap 13.3-4.

Estes são alguns dos versos em que esta palavra aparece, mas são suficientes para ilustrar que a “besta” assim chamada identifica-se também com os seres celestiais que falam com João enquanto ele está recebendo as instruções acerca do fim.

Na continuidade do verso temos também “ou o número de seu nome” Ap 13.17b. Isso em hebraico significa que a soma das letras do “nome” deste ser vivente somados chegaria ao resultado de 666!

Então o que ocorrerá será que o controle das pessoas se dará também através do Nome deste ser que inspirará respeito, temor e obediência. O “nome” também servirá como uma “chave” para aqueles que optarem por terem a sua marca ou selo.

Temos aqui o estabelecimento das relações entre o tefilin e a “marca” do vivente ou da besta mostrando que assim como o Eterno busca preservar seu povo através da oração e do uso do tefilin o maligno fará o mesmo usando a marca como um código de obediência que acessará de forma plena o coração e os sentidos daquela pessoa praticamente transformando-a num ser sem vontade própria. Isso já acontece de uma forma com pessoas que estão possessas por demônios, mas numa escala muitíssimo pequena em relação ao que virá, pois o que espera pela humanidade será um controle maciço e que levará as pessoas pelo caminho que este ser desejar. Suas ordens serão acatadas por todos e em troca disso ele dará “facilidades” e “regalias” que trarão a sensação de proteção, cuidado e carinho, mas que na verdade estarão levando tais pessoas para o inferno de uma forma definitiva.

O tefilin “amarra” o coração e a mente do homem ao Eterno; a “marca” amarrará a mente o coração das pessoas ao maligno e portanto os fará filhos do inferno na mais ampla acepção da palavra.

O que dizer então disso? Apenas que entre outras coisas o maligno nada cria, tudo copia – do Eterno, é claro! Também que devemos entender o que as Escrituras nos mostram de forma a caminharmos dentro da verdade. Não procure nas teorias conspiratórias significados para os nomes a fim de encontrar quem é a “besta”. Este nome só poderá ser codificado em hebraico e isso certamente não será acessível a nós neste tempo, mas quando tal ser se manifestar então o verso será claro: “Aqui está a sabedoria: quem tem entendimento, conte o número da besta, porque é número de homem; e seu número é seiscentos e sessenta e seis” Ap 13.18. Naqueles dias “quem tem entendimento” poderá “contar” – descobrir através da guematria – o número da “besta” e este número está relacionado ao “homem”: 666!

Que possamos perceber o quanto as Escrituras nos remetem ao entendimento de que tudo o que está no princípio aponta para o fim!

Baruch há Shem!

Mário Moreno.

Share this Post