Os portões da Confiança

Mário Moreno/ dezembro 29, 2017/ Artigos

Os portões da Confiança

Colocar nossa confiança em HaShem é um conceito chave na Torah. HaShem disse a Moshé: Eu apareci para Avraham, para Itzchak e Ia´aqov como El Shadai, mas meu nome “Adonai”, Eu não fui conhecido por eles.

Isto significa que, até então, D’us era conhecido pelo povo judeu somente como El Shadai. D’us prometeu mais ainda não havia cumprido. HaShem não era ainda conhecido por eles pelo nome “Adonai”, que representa a característica da bondade divina, para cumprir Sua promessa.

Assim, Rashi explica: Nós deveríamos perguntar: Por que HaShem tem duas formas (e portanto dois nomes), uma de promessa e outra de realização? Por que não deveria ser uma e a mesma característica, para cumprir o que foi prometido? Rav Yerucham Levovitz, o mashguiach de Mir, explica que esses dois processos, promessa e realização são separados um do outro porque algo que deve acontecer entre os dois para que a promessa seja efetuada. Este algo é a Emunah, a confiança. Quando as pessoas acreditam na promessa, quando colocam sua certeza nisso, só então a promessa será realizada.
O verso em Yeshayahu (33:06) diz: “A fé do seu tempo será a força da sua salvação, sabedoria e conhecimento…”. A Guemará diz que este verso alude ao Shisha Sidrei Mishna. A palavra fé é uma alusão para o livro de Zera’im – a ordem das sementes. Esse livro da Mishna fala sobre as coisas que serão plantadas, que serão semeadas.
Por que o livro de Zera’im refere-se ao verso como fé? O Tosafos cita um trecho do Talmud Yerushalmi que explica isso: “Alguém que planta, faz isso porque tem fé Naquele que dá vida para todos os mundos. “O fazendeiro pega bons grãos de trigo, que poderão ser usados como farinha e para fazer um bom pão e enterra-os no chão”. Se perguntarmos para ele, “Por que você está pegando comida cara e jogando no chão?” Ele responderá: “Não se preocupe. Logo você verá isso crescendo bonito, com espigas fartas de grãos.” Vamos dizer que decidimos ficar parados esperando. Alguns dias se passam e nada cresce do chão. Nós ficamos impacientes e começamos a cavar para ver o que está acontecendo. Vemos que o trigo está apodrecendo , se decompondo. Mais ainda, nós arruinamos toda a plantação porque cavamos a terra. No fim, gritamos com o fazendeiro: Que tipo de coisa sem sentido você disse pra gente? Alguém que confia em HaShem, não vai cavar as sementes. Ao contrário, ele traz água e irriga o campo. Ele investe tempo, esforço e dinheiro para trabalhar o campo mesmo que uma, duas semanas passem e não brote nada. Ele continua esperando porque tem emunah Naquele que dá vida a todos os mundos. Então ele fala para HaShem: “Estou colocando meu ganho em Suas mãos por segurança. Eu confio que Você me retornará em grande quantidade.”

No final, ele recebe grandes e fartas espigas de grãos; mas o que aconteceria se ele tivesse parado no meio do processo? Ou se ele tivesse perdido a fé e tivesse cavado, ou parado de irrigar? Ele não teria recebido nada. Então isto é sobre a fé do povo judeu.
HaShem pegou as boas semente – o povo judeu – e jogou-o na galut (diáspora). Por que? Por que no final eles irão crescer e amadurecer. Os judeus que acreditam na sua fé, os que não quebram, continuam a regar as sementes da redenção. Eles continuam chorando Ani ma’amim e V’lirushalaim ircha b’rachamim tashuv, e eles virão quando chegar a colheita. Eles verão a vinda de Mashiach e a construção do Beith HaMikdash. Mas existem pessoas que não confiam em HaShem, eles desistem no meio do caminho. Eles choram ano após ano e não veem nada, então desistem de regar; eles param de falar Ani ma’amim. Eles não verão a redenção final. Sem água, nada pode brotar. Se quisermos que brote e cresça, se quisermos que chegue este momento, primeiro devemos ter Emunah.

Tradução livre do livro Nefesh Shimshon – Gates of Emunah

Felipe Fogel

Artigo extraído da Internet.

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