Mário Moreno/ abril 19, 2018/ Parasha da semana

Ahare Mot

Depois da morte

Lv 16:1–18:30 /Ez 22:1-19 / I Cor 6:9-20

        Na Parashá desta semana estaremos abordando o tema da morte. Ou seja, aquilo que aconteceu após a morte dos filhos de Aharon e os caminhos a serem seguidos agora pelo mesmo.

Tudo começa com a seguinte menção: “E falou o IHVH a Moshe, depois da morte dos dois filhos de Aharon, que morreram quando se chegaram diante do IHVH. Disse, pois, o IHVH a Moshe: Dize a Aharon, teu irmão, que não entre no santuário em todo o tempo, para dentro do véu, diante do propiciatório que está sobre a arca, para que não morra; porque eu aparecerei na nuvem sobre o propiciatório” (Lv 16:1-2). A primeira coisa que devemos atentar aqui é que o termo que define o Eterno em hebraico é o tetragrama! Novamente devemos esperar que o Eterno se torne aquilo que os israelitas precisariam que Ele se tornasse! No verso 2, novamente temos o tetragrama e uma orientação muito clara da parte do Senhor: que Aharon não entre no santuário em todo o tempo, para dentro do véu! Aqui a palavra “santuário” é qodesh e significa, “separação, santidade, sagrado, santuário”. Haviam outros locais no tabernáculo pelos quais Aharon e seus filhos poderiam transitar livremente! Em português falta uma palavra: bayit, palavra esta que precede o termo qodesh e que significa “casa, lar, local, templo”. Ainda assim fica claro que há um local dentro da “casa” de D-us que só poderia ser acessado em ocasiões especiais! Este local tem em si o propiciatório. Esta palavra em hebraico é kapporet e significa “local de expiação”. Ela vem de uma raiz que significa “cobrir, ocultar”. É dito que neste lugar o Eterno “apareceria na nuvem” sobre o propiciatório! O termo exato aqui seria “ra´a anan” significando “verei na nuvem”. A palavra ra´a em hebraico significa “ver, olhar, inspecionar”. Já o termo anan significa “nuvem, nebuloso”. É interessante percebermos que o Eterno está na nuvem “vendo” quem ou o que acontece no Santo dos Santos!

O Eterno também dá aqui ordens de como entrar neste lugar para estar em Sua presença! “Vestirá ele a túnica santa de linho, e terá ceroulas de linho sobre a sua carne, e cingir-se-á com um cinto de linho, e se cobrirá com uma mitra de linho; estas são vestes santas; por isso banhará a sua carne na água, e as vestirá. E da congregação dos filhos de Israel tomará dois bodes para expiação do pecado e um carneiro para holocausto” (Lv 16:4-5). Aqui temos a descrição do tipo de vestimenta que Aharon deveria utilizar-se para entrar no Santo dos Santos. A primeira peça do vestuário é a túnica. Esta palavra em hebraico é kuttonet com o mesmo significado. Há ainda a palavra bad que em hebraico significa “linho branco”! Isso parece somente um detalhe, mas não é! Existiam vestimentas que eram feitas de linho de outras cores que não branco! Mas para o sacerdote era importante – senão essencial – que ele aparecesse diante do Eterno com sua vestimenta de linho branco! Nós já vimos que o linho simboliza os atos de justiça do homem e ainda mais sendo branco! Isso simboliza a santidade plena que é manifesta em justiça através das atitudes daquela pessoa! Há outro componente digno de destaque: a mitra. Esta palavra vem do termo hebraico mitsnepet e significa “turbante do sumo sacerdote”. Esta palavra vem de uma raiz que significa “enrolar, envolver, atar”. Era considerada como um sinal de realeza para quem a vestia. E novamente aqui o detalhe: ela deveria ser de linho branco! Isso nos fala sobre o fato de que o sumo-sacerdote possuía sobre sua cabeça uma cobertura de justiça e santidade e que além disso, sua mente estava sendo protegida da corrupção pelo próprio D-us!

As roupas do Cohen Gadol

Um cohen gadol usava oito vestes enquanto fazia o serviço. Destas oito, quatro não continham ouro.

Em Iom Kipur, antes que o cohen gadol entrasse no Santo dos Santos, removia suas quatro vestes de ouro para que ficasse apenas com as quatro de linho branco. Por que? Como D’us perdoa os pecados do povo judeu em Iom Kipur, o cohen gadol deve ser muito cuidadoso para não permitir que o anjo acusador ache alguma coisa para criticar sobre Benê Israel. Se o cohen gadol vestisse vestes “de ouro”, o anjo acusador apontaria para o ouro e lembraria D’us: “Benê Israel fez um bezerro de ouro!” Uma outra razão pela qual o cohen gadol vestia apenas túnicas de linho ao entrar no Santo dos Santos era que vestes de linho são brancas. O branco sugere pureza e perdão. Isso demonstra que o cohen gadol está pedindo a D’us que perdoe os pecados de Benê Israel.

O nome sagrado de D’us

O nome de D’us é tão sagrado que quando lemos a Torah ou quando rezamos, não pronunciamos as letras do nome de D’us como são escritas. Ao invés disso, dizemos A-donai, que significa “Meu Mestre.”
Entretanto o cohen gadol em Iom Kipur tinha que pronunciar o nome Divino – Iud Hey Vav Hei – por completo. Ele pronunciava este nome dez vezes em Iom Kipur. Quando as pessoas no pátio ouviam o sagrado nome de D-us sair da boca do cohen gadol, todos se prostravam e respondiam: “Baruch Shem Kevod Malchutô Leolam Vaed”– “Bendito seja o nome (de D’us) que Seu glorioso reino perdure para toda a eternidade.”
Sempre que o nome de D’us era mencionado, este era louvado. Esta era uma regra do Bêt Hamicdash: quando o grande nome de D’us era pronunciado, deveria ser louvado. O Santo dos Santos era a parte mais sagrada do Bet Hamicdash, porque a Shechiná repousava entre sobre a arca. A Shechiná é tão sagrada que a pessoa não pode vê-la completamente enquanto vive. O grande tsadic, Moshê, pode ver a Shechiná apenas “por trás”. O cohen gadol em Iom Kipur nunca viu a Shechiná claramente, porque quando queimava o incenso no Santo dos Santos, a fumaça enchia o aposento. Mesmo assim, apenas um homem muito santo sobreviveria ao entrar no Santo dos Santos. Antes que o cohen gadol entrasse, uma corrente de ouro era presa a seu pé. Ele era puxado para fora caso morresse lá. O cohen gadol ficava temeroso quando entrava no local mais sagrado.

O que lhe dava coragem era saber que grande zechuyot (méritos) o acompanhavam. D’us o protegeria especialmente por causa destes grandes méritos: a Torah, o brit-milá, o Shabat, a cidade de Ierushalayim e as Tribos de Israel.

Outro detalhe importante: ele deveria aparecer ali com três animais: dois bodes e um cordeiro. Os bodes fariam a expiação do pecado e o cordeiro seria para o holocausto! Vejamos que aqui a palavra “pecado” em hebraico é hatta e significa “errar, sair do caminho, pecar, tornar-se culpado”. Já o termo “holocausto” em hebraico é olâ e significa “oferta queimada, oferta total”. Vem de uma raiz que significa subir, escalar. Estes animais teriam a função de primeiro cobrir os pecados cometidos pela congregação dos filhos de Israel e também de leva-los – faze-los subir – à presença do Eterno através do cheiro suave daquilo que estaria sendo queimado sobre o altar!

Um detalhe é interessante: somente dois dos três animais morreria! O terceiro seria solto no deserto! “E Aharon lançará sortes sobre os dois bodes; uma pelo IHVH, e a outra pelo bode emissário. Então Aharon fará chegar o bode, sobre o qual cair a sorte pelo IHVH, e o oferecerá para expiação do pecado. Mas o bode, sobre que cair a sorte para ser bode emissário, apresentar-se-á vivo perante o IHVH, para fazer expiação com ele, a fim de enviá-lo ao deserto como bode emissário” (Lv 16:8-10). A decisão de qual bode deveria ser morto cabe à sorte! Aqui certamente refere-se às pedras semelhantes ao Urim e Tumim que decidiam qualquer questão na ausência de uma palavra de D-us ou revelação! É interessante que novamente aqui temos no lugar da palavra “Senhor” o tetragrama! Também a palavra “emissário” em hebraico tem uma conotação muito forte: ela é aza´zel e significa “bode emissário”. Esta palavra tem em sua raiz os termos ez que significa bode e azal que significa “virar-se”. Vem ainda de uma associação com o árabe ´azala que significa banir, tirar. Ou seja, este bode chamado de “emissário” seria aquele que se viraria para o deserto, sendo banido para aquele lugar a fim de carregar sobre si os pecados do povo! Justamente por isso ele seria “tirado” do meio do povo e banido para o deserto!

O bode “do Senhor” seria sacrificado para fazer a expiação do pecado. Novamente aqui a palavra “Senhor” é o tetragrama! Este bode morreria para “cobrir” o pecado da nação! A palavra “pecado” aqui em hebraico é hatta e significa “errar, sair do caminho, pecar, tornar-se culpado”. O sangue deste bode – que seria o substituto – haveria de “cobrir” o pecado dos israelitas através de seu sangue. Já o bode emissário haveria de ir para o deserto! A palavra “deserto” em hebraico é midbar com o mesmo significado. Porém ela pode referir-se à três tipos de terrenos:

  • pastagens
  • terra não habitada e
  • áreas extensas com existência de oásis e cidades.

Certamente que o “deserto” aqui referido é uma “terra não habitada” para onde o bode emissário seria enviado!

Quanto à determinação sobre estar dentro do santuário, as regras são: “Tomará também o incensário cheio de brasas de fogo do altar, de diante do IHVH, e os seus punhos cheios de incenso aromático moído, e o levará para dentro do véu. E porá o incenso sobre o fogo perante o IHVH, e a nuvem do incenso cobrirá o propiciatório, que está sobre o testemunho, para que não morra” (Lv 16:12-13). A primeira coisa que devemos perceber é que o incensário deveria conter fogo com brasas do altar! Ou seja, o fogo do incensário deveria ser o mesmo que o Eterno já havia acendido anteriormente! Este fogo seria plenamente aceito pelo Eterno! Notemos também que aqui deve ser colocado no incensário o incenso. A palavra “incenso” é qetoret e significa “incenso, perfume”. Este substantivo denota aquilo ao ser queimado produz um aroma suave. E isso deveria ser feito “perante o Senhor”. Esta frase me hebraico é “panîm IHVH”. A palavra panîm em hebraico significa “rosto, semblante”. Esta palavra ocorre sempre no plural, talvez numa indicação de que o rosto é composto de diversos aspectos. Isso nos informa que Aharon deveria comparecer diante do Eterno com o incensário contendo fogo e deveria acrescentar a ele o incenso – que são as orações dos santos – e isso deveria ser feito diante da face, do rosto do Senhor! Certamente quando isso ocorre da forma como nos foi ensinada pelo Senhor, a aparência de sua face será certamente de alegria! A obediência do servo de D-us produz alegria em seu coração e traz ao obediente as bênçãos decorrentes disso, pois ao apresenta-ser diante do Eterno conforme suas instruções Ele se torna aquilo que precisamos que Ele se torne para nós.

Quanto ao sacrifício pelo povo será feito assim: “Depois degolará o bode, da expiação, que será pelo povo, e trará o seu sangue para dentro do véu; e fará com o seu sangue como fez com o sangue do novilho, e o espargirá sobre o propiciatório, e perante a face do propiciatório. Assim fará expiação pelo santuário por causa das imundícias dos filhos de Israel e das suas transgressões, e de todos os seus pecados; e assim fará para a tenda da congregação que reside com eles no meio das suas imundícias” (Lv 16:15-16). A palavra “transgressões” em hebraico é hatta e significa “errar, sair do caminho, pecar, tornar-se culpado”. A transgressão sobre a qual se fala aqui é o erro que desvia o homem da presença do Eterno! Este sangue tinha a propriedade de perdoar o homem que tinha se desviado do caminho correto! O sangue que purificava o pecador também servia para purificara tenda da congregação! A palavra “reside” aqui em hebraico é shakan e significa “habitar, tabernacular”. Não somente o pecador é purificado, mas da mesma forma – com o mesmo sangue – o local de habitação do Eterno é também tornado puro! Isso nos demonstra que o perdão dos pecados está disponível para os pecadores que não conhecem ao Senhor, mas também para aqueles em cuja vida o Eterno já habita!

Agora teremos o ritual do bode emissário: “Havendo, pois, acabado de fazer expiação pelo santuário, e pela tenda da congregação, e pelo altar, então fará chegar o bode vivo. E Aharon porá ambas as suas mãos sobre a cabeça do bode vivo, e sobre ele confessará todas as iniqüidades dos filhos de Israel, e todas as suas transgressões, e todos os seus pecados; e os porá sobre a cabeça do bode, e enviá-lo-á ao deserto, pela mão de um homem designado para isso” (Lv 16:20-21).  Este bode se chega a Aharon e recebe a imposição de suas mãos como um ato simbólico de transferência dos pecados do povo para o animal. Aqui a palavra “iniqüidades” em hebraico é avon e significa “iniquidade, culpa, castigo pela culpa”. Deriva-se da raiz que significa infração, comportamento desonesto, perversão. Mas além disso Aharon confessaria também todas as “transgressões” do povo de Israel. A palavra “transgressões” em hebraico é hatta e significa “errar, sair do caminho, pecar, tornar-se culpado”. Vejamos a diferença entre avon e hatta: hatta nos fala sobre o primeiro estágio do pecado, do ato que é praticado e que dá início ao “desviar” do homem da presença do Criador. Já avon nos fala sobre uma continuidade em atitude pecaminosa; já não se trata de um ato isolado, de uma momentânea queda, mas sim de uma conduta – formada pela prática contínua – de um determinado pecado!

        O bode emissário carregaria sobre si não somente os pecados ocasionais mas também os pecados constantes – dos quais o homem precisa ser liberto – e os levaria para o deserto! “Assim aquele bode levará sobre si todas as iniqüidades deles à terra solitária; e deixará o bode no deserto” (Lv 16:22). O bode carrega sobre si as iniquidades (avon) deles à terra solitária. A palavra “solitária” em hebraico é gezerâ e significa “separação, desabitado”. Ela vem da raiz gazar que significa “derrubar (cortando), cortar fora, cortar em dois, dividir, arrancar”. Esta terra solitária é na realidade um local separado, desabitado para onde o Eterno ordena enviar os “pecados” do povo através do bode emissário. Isso nos fala sobre Há Satan (O Adversário) que é enviado para o lugar solitário carregando os pecados do povo para nunca mais de lá retornar! Para o adversário não haverá perdão, por isso cremos que este bode é a figura dele que é enviado para o deserto a fim de ali habitar para sempre! Não nos esqueçamos de que o deserto era o lugar conhecido como “a habitação dos demônios”. Foi justamente por isso que Ieshua foi para o deserto a fim de ter um embate com o príncipe dos demônios e ali mesmo – em seu território – vencê-lo preparando assim o caminho para a redenção da humanidade!

Este ato expiatório se transformaria depois numa festa ao Senhor, que seria então realizada anualmente para que todo o povo de Israel pudesse lembrar-se de seus pecados e também para obterem o perdão dos mesmos naquele momento! “E isto vos será por estatuto perpétuo: no sétimo mês, aos dez do mês, afligireis as vossas almas, e nenhum trabalho fareis nem o natural nem o estrangeiro que peregrina entre vós. Porque naquele dia se fará expiação por vós, para purificar-vos; e sereis purificados de todos os vossos pecados perante o IHVH. É um sábado de descanso para vós, e afligireis as vossas almas; isto é estatuto perpétuo” (Lv 16:29-31). Nestes versos podemos perceber a seriedade daquilo que o Eterno diz, pois Ele afirma que esta festa deverá ocorrer num sábado de descanso! Temos aqui a palavra shabat que significa “cessar, desistir, descansar” e também outra palavra derivada desta que é shabbatôn com o significado de guarda do sábado! Ou seja, nesta data não deverá haver de forma alguma qualquer atividade secular por parte dos judeus, pois este será um shabat especial onde os judeus deverão afligir suas almas! A palavra “alma” em hebraico é nepesh e significa “vida, alma, criatura, pessoa, mente”. O que fica claro aqui é que esta “aflição” – que é o peso produzido pelo pecado – deverá ter início pela mente, pelas emoções (alma) da pessoa! Há toda uma preparação para que a pessoa possa refletir e lembrar-se daquilo que fez durante o ano e então poderá conscientemente pedir perdão ao Eterno por seus pecados e certamente terá a oportunidade de pedir também perdão aos seus semelhantes por qualquer dado ou mal que lhes tenha feito!

Esta festa foi instituída – e hoje é conhecida como Iom Kippur (Dia do perdão) – como um “estatuto perpétuo”. A palavra “estatuto” em hebraico é huqqâ e significa “estabelecimento (de uma lei), estatuto, ordenança, maneira”. Esta palavra provem da raiz haqaq que significa “inscrever”, “entalhar”. Isso nos fala sobre a seriedade daquilo que foi dito acima! É tão sério que o Eterno deseja que este dia fique “inscrito”, “entalhado” em nosso coração para que nós não o percamos de vista e não deixemos de obedecê-lo! Por isso, no final do versículo foi colocada a expressão “isto é estatuto perpétuo”, pois segundo consta nunca deveria deixar de ser feito! Esta é uma das “Festas do Senhor” que ainda precisamos resgatar! Imagine o povo de D-us unido com os judeus em todo o mundo, durante um dia ao ano, orando e pedindo perdão por seus pecados! Imaginemos qual seria o resultado espiritual – e também físico – dessa atitude! Eu creio que ainda há tempo para nos unirmos em torno desse verdadeiro sonho que está no coração de D-us para o seu povo!

Agora o Eterno dá a Moshe instruções de como devem ser trazidos os sacrifícios pelos filhos de Israel à porta do tabernáculo! “Falou mais o IHVH a Moshe, dizendo: fala a Aharon e aos seus filhos, e a todos os filhos de Israel, e dize-lhes: Esta é a palavra que o IHVH ordenou, dizendo: qualquer homem da casa de Israel que degolar boi, ou cordeiro, ou cabra, no arraial, ou quem os degolar fora do arraial, e não os trouxer à porta da tenda da congregação, para oferecer oferta ao IHVH diante do tabernáculo do IHVH, a esse homem será imputado o sangue; derramou sangue; por isso será extirpado do seu povo; para que os filhos de Israel, trazendo os seus sacrifícios, que oferecem sobre a face do campo, os tragam ao IHVH, à porta da tenda da congregação, ao sacerdote, e os ofereçam por sacrifícios pacíficos ao IHVH. E o sacerdote espargirá o sangue sobre o altar do IHVH, à porta da tenda da congregação, e queimará a gordura por cheiro suave ao IHVH. E nunca mais oferecerão os seus sacrifícios aos demônios, após os quais eles se prostituem; isto ser-lhes-á por estatuto perpétuo nas suas gerações” (Lv 17:1-7). Tal regulamentação tem uma finalidade muito clara: a de que os sacrifícios fossem oferecidos à Quem de direito; ou seja, ao Senhor!

Corbanot – Sacrifícios

Adam e Nôach, bem como nossos patriarcas – Avraham, Itshaq e Ia´acov – construíram altares sobre os quais ofereciam corbanot a D’us. Mas, uma vez construído o Bet Hamicdash, D’us ordenou: “Nenhum judeu pode oferecer-Me um corban sobre um altar fora do Mishcan (ou do Bet Hamicdash).” Caso eles tivessem recebido permissão de construir altares em qualquer lugar, os judeus logo teriam imitado as nações não-judias que construíram tais altares para ídolos. Já que um judeu sempre deveria ir ao Mishcan ou ao Bet Hamicdash para fazer sua oferenda, não chegaria a oferecer sacrifícios a ídolos.

A Torah nos faz três advertências sobre a proibição de ingerir sangue ou comer um animal que não seja casher:

1 – Um judeu não pode ingerir sangue de um animal: Como explicamos anteriormente, nossos Sábios decretaram que carne e frango devem ser salgados para extrair seu sangue.

2 – Não podemos comer nevelá: A nevelá é um animal que morreu por si mesmo, ou que não foi abatido exatamente como ordena a lei. Não podemos ingerir a carne do animal nestas condições. Podemos apenas comer a carne se no animal foi feita a shechita, o abate de acordo com a Halachá, Lei Judaica.

3 – Não podemos comer terêfa: Chamamos terêfa ao animal que foi ferido por outro animal. Também é chamado terêfa se um órgão vital está faltando, ou se o órgão está tão danificado que o animal não conseguiria sobreviver por mais doze meses. É proibido comer a carne de um animal terêfa, mesmo que tenha sido abatido de acordo com a Lei Judaica.

A mitsvá de kisuy hadam – cobrir o sangue de animais selvagens casher e pássaros.

D’us ordenou: “Se você abater um cervo ou pássaro, deve cobrir o sangue com terra por cima e por baixo do animal.” Entretanto, não é necessário que o sangue de animais domésticos que abatemos seja coberto.

Como a vida de uma pessoa depende do sangue, a Torah ordena que tenhamos respeito por todo tipo de sangue. Assim como devemos enterrar uma pessoa morta porque seria desrespeitoso não cobrir seu corpo com terra, assim devemos respeitar o sangue de animais silvestres e aves casher, cobrindo-o.

O Midrash nos relata por que animais selvagens merecem ter seu sangue coberto.

Você certamente se recorda da história de Kayin e Hevel, filhos de Adam. Kayin assassinou o irmão porque estava com inveja dele. Quem enterrou Hevel? O Midrash nos conta que os pássaros e os animais da selva cavaram um buraco e puseram o corpo de Hevel dentro. D’us recompensou-os pela boa ação. O shochet recita uma berachá (bênção) ao abater qualquer animal ou ave casher. Vacas, ovelhas e cabras merecem apenas aquela berachá feita sobre eles. Entretanto, animais selvagens casher (como o cervo) e aves, recebem uma segunda berachá como recompensa por sua boa ação: antes de cobrir seu corpo coberto com sangue o shochet – ou algum outro judeu que esteja presente – fala uma berachá adicional.

Já nesta época havia um cuidado por parte do Eterno a fim de que os israelitas não se contaminassem com os gentios (pagãos) que em seus cultos aos diversos deuses ofereciam também sacrifícios aos demônios! É justamente esse o cuidado tido pelo Senhor, para que o seu povo não se desviasse de sua presença e oferecesse sacrifícios aos demônios. A palavra “demônio” em hebraico é shed com o mesmo significado. Ela vem do idioma babilônico shêdu que significa “demônios” tanto do bem como do mal! No pensamento mesopotâmico o shed era um poder protetor sobrenatural, cuja presença era pedida pelos deuses! Atualmente percebemos este conceito entre as tribos indígenas e também entre as religiões que cultuam à satanás, pois ali os demônios são tidos como entidades diversas, alguns “benfeitores” e outros “malfeitores”! Sabe-se que não há demônio “bom” ou que faça algo benéfico para qualquer pessoa! Estes seres tem a incumbência de amaldiçoarem às pessoas e desviarem-nas do verdadeiro caminho e propósito que foi estabelecido pelo D-us Eterno para a humanidade!

Agora aparece aqui a proibição quanto ao consumo do sangue animal. “E qualquer homem da casa de Israel, ou dos estrangeiros que peregrinam entre eles, que comer algum sangue, contra aquela alma porei a minha face, e a extirparei do seu povo” (Lv 17:10). Esta proibição é muito clara e explícita, não havendo qualquer palavra que deixe tal fato em dúvida! O verso seguinte nos dá os motivos para tal ordem: “Porque a vida da carne está no sangue; pelo que vo-lo tenho dado sobre o altar, para fazer expiação pelas vossas almas; porquanto é o sangue que fará expiação pela alma” (Lv 17:11). Um dos motivos – e o principal é que a vida do ser humano e do animal – está em seu sangue. Teoricamente, quem consome sangue está consumindo aquela vida de onde vem o sangue! Assim como a vida, o sangue carrega também em si todos os males que aquele organismo vivo possui (ou possuiu) em sua existência! Este é mais um dos motivos para que o israelita não consuma o sangue!

O sangue era espargido sobre o altar numa figurada purificação que era feita através do sangue. Uma vida – inocente – substituía o pecador e assim poderia “cobrir” o pecado e trazer-lhe redenção! O sangue também era usado para purificar objetos e lugares; e no culto aos demônios o sangue era oferecido como a fonte de um pacto que era firmado entre a divindade e aquele que a ela se “associava” através do sangue daquele animal.

Seguem-se outras proibições que finalmente concluem nossa parashá desta semana. “Falou mais o IHVH a Moshe, dizendo: fala aos filhos de Israel, e dize-lhes: Eu sou o IHVH vosso Elohim. Não fareis segundo as obras da terra do Egito, em que habitastes, nem fareis segundo as obras da terra de Canaã, para a qual vos levo, nem andareis nos seus estatutos. Fareis conforme os meus juízos, e os meus estatutos guardareis, para andardes neles. Eu sou o IHVH vosso Elohim. Portanto, os meus estatutos e os meus juízos guardareis; os quais, observando-os o homem, viverá por eles. Eu sou o IHVH. Nenhum homem se chegará a qualquer parenta da sua carne, para descobrir a sua nudez. Eu sou o IHVH” (Lv 18:1-6). A primeira coisa que devemos perceber aqui é que o Eterno se apresenta como IHVH Elohim! Isso significa que daqui por diante o Eterno estará tratando de padrões que foram por Ele estabelecidos desde a criação do homem e que a quebra – ou cumprimento – atrairá sobre o homem as devidas conseqüências (ou bênçãos)!

Aqui o Eterno demonstra o contraste entre as “obras do Egito”, as “obras da terra de Canaã” e os “meus juízos”. Fica claro que já existia um padrão de onde eles vieram e também já existia um padrão para onde eles estavam indo. A ordem é clara: não assimilem e nem pratiquem nenhum dos padrões conhecidos – ou mesmo aquele padrão que eles ainda haveriam de conhecer! Os padrões tidos como “mundanos” e notadamente incompatíveis com a santidade do Senhor não deveriam ser imitados de forma alguma! É justamente por isso que o Eterno está neste momento dando-lhes um padrão que lhe seja aceitável e que seja totalmente compatível com a Santidade do Altíssimo!

O Senhor ordena: “Portanto, os meus estatutos e os meus juízos guardareis; os quais, observando-os o homem, viverá por eles”. A palavra “estatutos” em hebraico é mishpat e significa “justiça, ordenança, costume, maneira”. Outro aspecto está na palavra “guardar” que vem do termo hebraico shamar que significa “cuidar, guardar, observar, prestar atenção”. Fica explícito aqui que o Eterno deu aos israelitas estatutos – padrões de justiça, ordenanças para serem cumpridas, costumes e maneiras vindas dos céus para que eles os observassem – no sentido de cumprirem-nos em seu viver diário – e com isso assegurariam uma vida saudável e livre de tormentos físicos e espirituais! Sha´ul repete isso no livro de Romanos. Está escrito assim: “Rogo-vos, pois, irmãos, pela compaixão de Elohim, que apresenteis os vossos corpos em sacrifício vivo, santo e agradável a Elohim, que é o vosso culto racional. E não sede conformados com este mundo, mas sede transformados pela renovação do vosso entendimento, para que experimenteis qual seja a boa, agradável, e perfeita vontade de Elohim” (Rm 12:1-2). Novamente a Escritura é clara: para experimentarmos a boa, perfeita e agradável vontade de D-us é preciso que estejamos vivendo dentro de seu padrão de vida!

O verso é muito claro: ele diz que ao homem que os observa, viverá por eles (falando dos estatutos divinos). A palavra “homem” em hebraico é adam e significa “homem, espécie humana”; também é o nome de Adão. Isso generaliza a questão informando-nos que qualquer homem que praticar os estatutos do Senhor viverá por eles! Esta palavra “viverá” em hebraico é hayã e significa “viver, ter vida, permanecer vivo, sustentara vida”. Todo o homem que vive segundo os padrões divinos tem seus dias aumentados nesta terra – salvo raras exceções – pois a vida que é pautada pelos preceitos divinos tem uma qualidade maior e não se envolve com a “podridão” do mundo; e conseqüentemente vive mais e melhor!

        Isso novamente fica claro quando o Eterno nos fala: “Nenhum homem se chegará a qualquer parenta da sua carne, para descobrir a sua nudez. Eu sou o IHVH”. Destacaremos alguns pontos aqui. O primeiro é que o Senhor diz explicitamente que nenhum homem (genérico – ser humano) deve chegar-se a qualquer parenta de sua carne para descobrir-lhe a nudez. A palavra “descobrir” vem do termo hebraico galâ e significa “descobrir, tirar”. Tem o sentido de revelar. Já a palavra nudez vem de outro termo hebraico que é erwâ e significa nudez, vergonha. É, portanto, proibido pela Escritura que parentes se aproximem entre si com a finalidade de tocar, ver, descobrir, especular ou usar de sensualidade ou sedução a fim de atrair para si – ou mutuamente – a outrem de sua própria família.

Neste caso o padrão de D-us é muito rígido para a família e o outro aspecto é que Ele se apresenta como IHVH Elohim! Ou seja, o Eterno diz ser o criador de todas as coisas (Elohim) e como tal Ele mesmo proporcionou à humanidade um padrão de vida tal que possa trazer prazer e bênçãos para aqueles que assim viverem! Há também o outro aspecto: Ele é IHVH! É Aquele que se torna aquilo que o homem precisa que Ele se torne. Isso pode ser que o Eterno se torne para seus filhos as bênçãos que eles tanto necessitam; e isso acontece nos casos de serem eles obedientes. Mas há também o outro lado da questão, pois o Eterno poderá tornar-se juízo e punição para aqueles que agem de forma irresponsável e em desobediência para com seus preceitos e leis!

Segue uma relação extensa que atende a este mesmo padrão já citado: observe que, neste caso, o Senhor sempre fala da mesma forma em cada um dos casos. “Não descobrirás a nudez de teu pai e de tua mãe: ela é tua mãe; não descobrirás a sua nudez. Não descobrirás a nudez da mulher de teu pai; é nudez de teu pai. A nudez da tua irmã, filha de teu pai, ou filha de tua mãe, nascida em casa, ou fora de casa, a sua nudez não descobrirás. A nudez da filha do teu filho, ou da filha de tua filha, a sua nudez não descobrirás; porque é tua nudez. A nudez da filha da mulher de teu pai, gerada de teu pai (ela é tua irmã), a sua nudez não descobrirás. A nudez da irmã de teu pai não descobrirás; ela é parenta de teu pai. A nudez da irmã de tua mãe não descobrirás; pois ela é parenta de tua mãe. A nudez do irmão de teu pai não descobrirás; não te chegarás à sua mulher; ela é tua tia. A nudez de tua nora não descobrirás: ela é mulher de teu filho; não descobrirás a sua nudez. A nudez da mulher de teu irmão não descobrirás; é a nudez de teu irmão. A nudez de uma mulher e de sua filha não descobrirás; não tomarás a filha de seu filho, nem a filha de sua filha, para descobrir a sua nudez; parentas são; maldade é. E não tomarás uma mulher juntamente com sua irmã, para fazê-la sua rival, descobrindo a sua nudez diante dela em sua vida” (Lv 18:7-18). Novamente queremos deixar claro que o padrão é o mesmo e trata sobre o mesmo assunto: descobrir a nudez de um parente!

Casamentos proibidos

Moshê advertiu o Povo de Israel: “Quando vocês viveram no Egito, viram que os egípcios tiveram relações incestuosas com parentes próximos. Irmão com irmã, a mãe com filho. Quando você chegar à terra de Canaã novamente verão os Canaanitas se relacionarem com parentes próximos. Vocês, como povo sagrado, não podem imitar este comportamento perverso. Mantenham-se distantes de todos os matrimônios que proibi.”

Aqui estão alguns dos casamentos proibidos:

Um judeu não pode desposar a mãe, madrasta, irmã, filha, neta, tia ou nora. Não pode casar-se com uma mulher e pegar sua irmã, filha ou neta como segunda esposa. Entretanto, se sua mulher morre, ele tem permissão de desposar a irmã dela. Um judeu não tem permissão de contrair um matrimônio proibido, mesmo se for ameaçado de morte por não obedecer. Se ignorar as advertências da Torah e intencionalmente realizar um casamento proibido, D’us diz: “Punirei este judeu com karêt”. Karêt significa “cortar”. Esta é a pior das punições possíveis, pois esta pessoa é cortada de D’us e do resto do povo judeu.

A Torah adverte que, D’us não o permita, se muitos judeus cometerem esta transgressão, “A terra irá cuspi-los fora,” o que significa que o povo judeu será expulso de Erêts Israel. Como um estômago delicado que não tolera comida estragada, Erêts Israel é tão santo que não pode abrigar judeus que cometem transgressões. Os canaanitas, que habitaram a terra antes de chegarem os judeus, foram expulsos porque cometeram terríveis pecados. Mas a falha de um povo consagrado por D’us é muito mais grave. D’us prometeu: “Aquele que cumprir Minhas mitsvot viverá por causa delas” (18:5). Isso não significa que a pessoa que cumpre as mitsvot não morrerá. D’us prometeu: “Aquele que cumprir Minhas mitsvot viverá – no Mundo Vindouro – por causa delas.” Após a morte, D’us leva a alma ao Gan Eden onde a mantém até techiyat hamêtim, a época da ressurreição dos mortos. Então, renonstituirá o corpo e devolverá a alma para habitar nele. A pessoa, então viverá para sempre, apreciando a glória de D’us o tempo todo. Esta é a mais grandiosa recompensa imaginável.

A partir do verso 19 temos relatos de uniões que são consideradas como “abomináveis” pelo Eterno! “E não chegarás à mulher durante a separação da sua imundícia, para descobrir a sua nudez, nem te deitarás com a mulher de teu próximo para cópula, para te contaminares com ela” (Lv 18:19-20). O primeiro tipo de união abominável é o do período menstrual. A palavra “chegar-se” em hebraico é qarab e significa “aproximar-se chocar-se”. Como sabemos referir-se ao período menstrual. A palavra “imundícia” em hebraico é niddâ e significa “imundície (menstrual); posto de lado, separação, coisa imunda”. É claro neste texto que o homem não deve relacionar-se fisicamente com uma mulher enquanto ela está menstruada! Neste período a mulher está liberando de si a vida – o sangue – que não foi fecundada (o óvulo) na menstruação. Por isso mesmo é que o homem não deve aproximar-se dela a fim de manter com ela uma relação física (sexual)! Um outro detalhe é que é proibido a cópula com a mulher do próximo. A palavra “cópula” em hebraico é shekobet e significa “cópula, cama”. É interessante que o termo “cópula” significa a união física de duas partes e isso geralmente acontece numa cama! Portanto, o termo hebraico é completo naquilo que ele quer dizer quanto a isso!

Outra coisa abominável são: “E da tua descendência não darás nenhum para fazer passar pelo fogo perante Moloque; e não profanarás o nome de teu Elohim. Eu sou o IHVH” (Lv 18:21). Aqui está claro que não devemos – nunca – oferecer nossos filhos em sacrifícios à Moloque! Este era um D-us amonita e segundo consta, os pesquisadores descobriram que ele era oco por dentro e punha-se fogo nele. Ele tinha uma aparência humana – de um homem com os braços entendidos para frente – local onde eram depositadas as crianças que a ele eram sacrificadas. Por este D-us confeccionado de ferro, ficava quente e quando uma criança era colocada em seus braços, quase que imediatamente “derretia” e assim era oferecida à Moloque! Foi isso que o Eterno proibiu que os israelitas fizessem, pois esse tipo de culto estava sendo feito aos demônios e o Senhor não queria que os israelitas se contaminassem com tais práticas.

Outras proibições são: “Com homem não te deitarás, como se fosse mulher; abominação é; nem te deitarás com um animal, para te contaminares com ele; nem a mulher se porá perante um animal, para ajuntar-se com ele; confusão é” (Lv 18:22-23). Aqui há uma proibição explícita quanto ao homossexualismo. A palavra “deita-ser” em hebraico é shakab com o mesmo significado. Já o termo “abominação” em hebraico é to´ebâ e significa “costume abominável, coisa abominável”. No tempo piel tem os significados básicos de “detestar” e “sentir nojo de”. Fica claro que o Eterno detesta, tem nojo de uma relação que fuja aos princípios e leis que já foram por Ele promulgados na criação! Os termos hebraicos usados aqui nos falam sobre “costume”, “hábito”, coisa abominável, dando-nos a entender que estas coisas são práticas as quais o Eterno não aprova de maneira alguma!

Na Brit Hadasha Sha´ul nos fala assim sobre o assunto: “Por isso também Elohim os entregou às concupiscências de seus corações, à imundícia, para desonrarem seus corpos entre si; pois mudaram a verdade de Elohim em mentira, e honraram e serviram mais a criatura do que o Criador, que é bendito eternamente. Amém. Por isso Elohm os abandonou às paixões infames. Porque até as suas mulheres mudaram o uso natural, no contrário à natureza. E, semelhantemente, também os homens, deixando o uso natural da mulher, se inflamaram em sua sensualidade uns para com os outros, homens com homens, cometendo torpeza e recebendo em si mesmos a recompensa que convinha ao seu erro. E, como eles não se importaram de ter conhecimento de Elohim, assim Elohim os entregou a um sentimento perverso, para fazerem coisas que não convêm; estando cheios de toda a iniqüidade, prostituição, malícia, avareza, maldade; cheios de inveja, homicídio, contenda, engano, malignidade” (Rm 1:24-29).

Os próximos versículos também indicam diferentes níveis de relações sexuais: “Nem te deitarás com um animal, para te contaminares com ele; nem a mulher se porá perante um animal, para ajuntar-se com ele; confusão é. Com nenhuma destas coisas vos contamineis; porque com todas estas coisas se contaminaram as nações que eu expulso de diante de vós” (Lv 18:23-24). Aqui fica proibida qualquer relação sexual entre homens e animais! É usado novamente o termo “deitarás” em hebraico é shekobet e significa “cópula, cama”. Já o termo animal em hebraico é betumâ e significa “fera, animal, gado”. A palavra “confusão’ em hebraico é tebel e significa “confusão”. A palavra é usada nos casos que dizem respeito à inversão da ordem pretendida por D-us quanto à sexualidade. Por isso está dito que ao homem temente ao Senhor fica expressamente proibida qualquer relação que fuja do padrão ordenado pelo Eterno para o homem! Os animais quando foram criados receberam cada qual seus pares a fim de procriarem e gerarem novas crias. Já ao homem foi dada a mulher para que o completasse e para que, com ela, ele pudesse também gerar seus descendentes à imagem e semelhança do seu Criador!

A punição sobre os desobedientes está bem clara: “Por isso a terra está contaminada; e eu visito a sua iniqüidade, e a terra vomita os seus moradores” (Lv 18:25). O Eterno ainda nos informa que a terra está contaminada por tais práticas! A contaminação da terra faz com que o Eterno “visite a iniqüidade” nela. A palavra “visitar” em hebraico é paqad e significa “computar, calcular, visitar, castigar, nomear”. Já a palavra “iniqüidade” em hebraico é avon e significa “iniquidade, culpa, castigo pela culpa”. Isso nos demonstra que o Eterno primeiro “pesa” os fatos que ocorrem num determinado lugar par depois enviar sobre aquele lugar o seu juízo! É justamente por isso que a terra “vomita os seus moradores”. Esta expressão em hebraico traz a palavra que significa “vomitar, expelir”. A idéia aqui é que a própria natureza é usada pelo Criador para julgar aqueles que procedem loucamente contra o Seu Criador!

O capítulo termina com as seguintes determinações: “Porque todas estas abominações fizeram os homens desta terra, que nela estavam antes de vós; e a terra foi contaminada. Para que a terra não vos vomite, havendo-a contaminado, como vomitou a nação que nela estava antes de vós. Porém, qualquer que fizer alguma destas abominações, sim, aqueles que as fizerem serão extirpados do seu povo. Portanto guardareis o meu mandamento, não fazendo nenhuma das práticas abomináveis que se fizeram antes de vós, e não vos contamineis com elas. Eu sou o IHVH vosso Elohim” (Lv 18:27-30). A orientação aos israelitas é clara: não procedam com as demais nações e a própria natureza estará ao seu lado! Há ainda um outro fato: aqueles que assim procedem seriam “extirpados” de seus povos. Esta palavra em hebraico é karat e significa “cortar fora, eliminar, matar”. Fica claro aqui que a punição para tais atos é a morte! Muitas pessoas que andam e vivem da forma como “deseja” seu coração estão pagando altos preços por seus atos! D-us não toma ninguém por inocente e traz sobre toda a humanidade o seu juízo!

Novamente esta seção termina com uma revelação acerca de D-us: Ele chama a si mesmo de IHVH Elohim! Novamente Ele nos diz que, para os obedientes à Sua Palavra e determinações existem bênçãos que sobrevirão à esta vida. Já no caso da desobediência, também haverá uma colheita, só que neste caso serão as maldições que certamente alcançarão estas pessoas que agem como se D-us não existisse e como se seus padrões pudessem ser quebrados livremente sem quaisquer conseqüências!

Que o Eterno nos ajude a sermos um povo obediente à Ele e que possamos em todo o tempo estarmos enquadrados em seus padrões para que, ao fim de nossa lida, possamos ainda receber a vida Eterna!

Baruch Há Shem!

Mário Moreno