Parasha Bereshit
BERESHIT
(Gn 1.1–6.8; Is 42.5-43.10; Hb 11.3)
A Escritura tem início com uma frase muito interessante: “No princípio…”. A palavra usada aqui em hebraico é bereshit. Esta palavra aparece somente duas vezes em toda a Escritura: Gênesis 1.1 e João 1.1. Um outro fator interessante é que o primeiro verso da Torah em hebraico possui sete palavras! Isto indica um senso de organização da parte do Criador, que aqui demonstra-nos que seus atos foram todos planejados, organizados e realizados de forma lógica e precisa, a fim de atingir um objetivo: uma criação que glorificasse o Nome do D-us Eterno!
Existe ainda algo curioso aqui: porque a Torah tem início com a letra bet (A)? Devemos perceber que esta letra tem uma abertura para a esquerda, diferentemente das demais letras do alfabeto hebraico. Mas o que isso significa? Significa que o processo de revelação tem início a partir de agora e ao homem é dado conhecer somente aquilo que lhe é revelado a partir da palavra “Bereshit”… A língua hebraica é escrita da direita para a esquerda, significando então que ao homem foi dado conhecer o que o Criador lhe revelou a partir de agora! O que ficou para trás não está revelado e, portanto, ao homem é vedado o direito de “especular” o que aconteceu antes da criação!
Alguns rabinos argumentam ainda que a letra “bet” como preposição do termo “reshit” funciona como um construto indicando o tempo em que a ação foi realizada. Então seria traduzido por “para”. A palavra “reshit” significa primeiro, princípio, melhor. Em sua raiz temos vários outros significados como ro´sh, que significa cabeça, pico, cume, parte superior; também ri´shâ que significa princípio, tempo remoto.
O primeiro ato do Eterno nos é dito: “criar!” A palavra aqui traduzida por “criou” é bara, que significa “criar sem material pré-existente”. Em sua raiz temos a palavra berî´â que significa “coisa nova”. Isso demonstra que a criação deu-se a partir do nada! É difícil concebermos o “nada” pois nós não sabemos o que é isso, mas podemos entender que somente o Eterno existia (e com Ele todo o mundo espiritual). Alguns rabinos também crêem que este verbo estaria no tempo conhecido por gerúndio, ou seja, “criando”, o que enfatizaria o tempo da criação e não a ordem em que ela foi realizada.
Vamos conhecer também o primeiro nome de D-us: Elohim (MI¦D«Lª@). Aqui ele é descrito como “D-us Criador”. A sua apresentação é feita logo no início da primeira linha da Bíblia.
A primeira “obra” da criação foram “os céus e a terra”. Parece um tanto vago falar-se sobre céus, pois nosso conhecimento sobre os céus é um tanto quanto limitado. Ao referir-se aos “céus”, o Eterno está falando de dois níveis, pois o céu, morada do Eterno já existia então. Aqui parece referir-se ao que conhecemos como “céu estelar”, ou o local onde estão os planetas, estrelas, asteróides, cometas, etc… Há também aquilo que chamamos de “céu” e que está sobre nossas cabeças e que é conhecida cientificamente como “camada de ozônio”.
Os gregos conheciam estes níveis como: auronos, mesorainos e eporainos, referindo ao céu, morada de D-us, o céu estelar e o céu azul sobre nossas cabeças.
Aqui é falado também da criação da terra. Mas que terra é essa? Seria o planeta que conhecemos como Terra ou não? Nós não podemos afirmar que se trate de outro planeta, pois o Senhor neste momento estava criando o planeta no qual Ele colocaria vida e isso somente aconteceu na terra! Outro detalhe interessante é que a terra é chamada de “há erets”. Esta designação acompanhada da preposição “hei” (D) designa algo único, peculiar. Outro fato interessante é que o povo de Israel chama a terra onde vivem de “Há Erets”! Isso poderia indicar que quando o Eterno criou o planeta Terra Ele pensou primeiro em Israel, já dizendo que “a terra” estava sendo trazida à existência para que o seu povo pudesse ter ali habitar!
Estes fatos são nos apresentados cientificamente como o Big-Bang ou a Grande Explosão. Segundo os eruditos esta foi a origem do Universo. E o nosso Universo não é algo que possa ser visto como “uma coisa simples e rápida”, mas sim um conjunto intrincado de planetas, cometas, asteroides, etc… que harmonicamente, coexistem de forma satisfatória! Seria isso resultado de uma explosão? Poderia, tal complexidade e harmonia ter se desenvolvido a partir de um “acidente?” Esta teoria do Big Bang diz o seguinte:
Cosmologia, estudo do Universo em seu conjunto, incluindo teorias sobre sua origem, evolução, estrutura em grande escala e seu futuro. O estudo mais específico da origem do Universo e de seus sistemas astronômicos, como o Sistema Solar, é chamado de cosmogonia.
As primeiras teorias cosmológicas importantes devem-se ao astrônomo grego Ptolomeu, e a Nicolau Copérnico, que propôs em 1543 um sistema em que os planetas giravam em órbitas circulares ao redor do Sol. Tal sistema foi modificado pelo sistema de órbitas elípticas descrito por Johannes Kepler.
Em 1917 o astrônomo holandês Willen de Sitter desenvolveu um modelo não estático do Universo.Em 1922 esse modelo foi adotado pelo matemático russo Alexander Friedmann e em 1927 pelo sacerdote belga Georges Lemaitre, que introduziu a idéia do núcleo primordial. Lemaitre afirmava que as galáxias são fragmentos proporcionados pela explosão desse núcleo, dando como resultado a expansão do Universo. Esse foi o começo da teoria da Grande Explosão (Big Bang) para explicar a origem do Universo, modificada em 1948 pelo físico russo naturalizado americano George Gamow.
Gamow disse que o Universo se criou numa gigantesca explosão e que os diversos elementos que hoje se observam foram produzidos durante os primeiros minutos depois dessa Grande Explosão (Big Bang), quando a densidade e a temperatura extremamente alta fundiram partículas subatômicas, transformando-as nos elementos químicos. Por causa de sua elevadíssima densidade, a matéria existente nos primeiros momentos do Universo expandiu-se rapidamente.
Ao expandir-se, o hélio e o hidrogênio esfriaram e se condensaram em estrelas e galáxias.
Um dos problemas não resolvidos no modelo do Universo em expansão é saber se o Universo é aberto ou fechado (isto é, se se expandirá indefinidamente ou se voltará a se contrair).[1]
“E a terra era sem forma e vazia; e havia trevas sobre a face do abismo; e o Espírito de Elohim se movia sobre a face das águas” (Gn 1:2). Parece haver aqui algo contraditório, pois no verso 1 lemos que Elohim criou os céus e a terra! Novamente temos aqui um problema: a palavra era em hebraico vem do termo hayâ que significa “tornou-se, existir, acontecer”. Isso pode então significar que algo aconteceu à criação anterior (do verso 1)! Mas o que teria ocorrido? O restante do verso nos informa que a terra “tornou-se sem forma e vazia!” Existem aqui duas teorias:
- Há Satan, quando foi lançado da eternidade e expulso da presença do Criador teria caído na terra e causado uma imensa destruição naquilo que fora já criado por Elohim;
- A criação ainda não tinha sido completada, sendo somente relatada no verso 1, o que faz então com que ela agora possa então ser retomada e dada a ela a sua forma final.
Estas e outras especulações não são explicitamente reveladas nas Escrituras e, portanto, não temos o direito de estar “falando de forma irresponsável” sobre aquilo que pode ou deve ter acontecido na Eternidade!
Certamente que quando o Eterno criou a terra – planeta – ele a colocou sobre – ou em – um lugar para que ela ali estivesse. Imaginamos que esse “lugar” foi o vácuo (como o conhecemos hoje) para que, a partir da posição da terra os demais planetas fossem então colocados! Certamente foi por isso que está escrito que “havia trevas sobre a face do abismo”. O restante do verso nos diz ainda: “e o Espírito de Elohim se movia sobre a face das águas”. A palavra espírito vem do termo hebraico ruach que significa “vento, sopro, espírito” e a palavra que define o Criador vem do termo hebraico Elohim ! Percebemos ainda que não havia nada definitivo na terra, a não ser a água – que inclusive é na Escritura uma figura do próprio Espírito de D-us – e que a própria água deveria ser colocada em “ordem” para que depois as demais coisas fossem chamadas à existência!
A partir do verso 3 é nos apresentada a metodologia usada pelo Criador para trazer tudo o que conhecemos à existência: a palavra!
Parece estupidez afirmar que todas as coisas conhecidas e criadas vieram à existência a partir de algo que foi dito por D-us! Mas está escrito assim: “E ordenou (amar) Elohim…” (grifo nosso). A palavra usada aqui refere-se à uma ordem que não pode deixar de ser obedecida! O verso diz: “E disse Elohim: Haja luz; e houve luz” (Gn 1:3). A palavra “houve” vem da raiz hebraica hayâ que significa “tornou-se, existir, acontecer”. Novamente somos surpreendidos, pois agora temos um fato novo: o Criador ordena à escuridão que dela surja a luz! A palavra luz vem do termo hebraico ´ôr com o mesmo significado. Esta palavra está estritamente ligada à vida e à felicidade. Agora temos um outro fato: esta luz – que não é a do sol – está em algum ponto remoto do universo, podendo até mesmo ser detectada, mas não pode ser vista de forma a apontar-se o lugar de onde ela vem!
Então vejamos: o Criador, ao abrir sua boca, ordena que algo aconteça e isso já de uma forma pré-estabelecida, ou seja, com uma forma, textura, altura, profundidade, limites, etc… que resultariam, ao final, de algo completo e pronto! Isso eqüivale a dizer que houve uma pré-concepção (ou geração) daquilo que seria criado na mente do Eterno para que, depois, ao ser liberada a palavra de ordem, algo começasse a acontecer! Isso está explícito também em Romanos 4.17 onde está dito: “a saber, Elohim, que vivifica os mortos, e chama as coisas que não são, como se já fossem” (grifo nosso).
O próximo passo da criação é fazer separação entre luz e escuridão. “E viu Elohim que era boa a luz; e fez Elohim separação entre a luz e as trevas. E Elohim chamou à luz Dia; e às trevas chamou Noite. E foi a tarde e a manhã, o dia primeiro” (Gn 1:4-5). O destaque aqui é para a forma como o dia se inicia: ao final da tarde! Para o judeu o dia tem início por volta das 18:00 horas (ao pôr do sol). Mais à frente perceberemos que esta designação trata do ciclo lunar de contagem do tempo! Um outro detalhe é que o dia foi chamado de ehad termo hebraico que significa “um, único”. Isto nos leva a concluir que não houve em toda a história do mundo um dia como aquele, que foi um, único entre os demais!
Agora o Eterno dará início à ordenação das águas para que delas possa surgir a tão esperada vida: “E disse Elohim: Haja uma expansão no meio das águas, e haja separação entre águas e águas. E fez Elohim a expansão, e fez separação entre as águas que estavam debaixo da expansão e as águas que estavam sobre a expansão; e assim foi. E chamou Elohim à expansão Céus, e foi a tarde e a manhã, o dia segundo” (Gn 1:6-8). Aqui a palavra “expansão” vem do termo hebraico raqîa que significa “firmamento”. Esta palavra indica a imensidão aberta dos céus. Foi feita uma separação entre as águas que estavam nos céus – nuvens – das águas que estavam na terra – mares. Este foi o trabalho realizado pelo Eterno no segundo dia!
Já no terceiro dia temos as seguintes atividades: “E disse Elohim: Ajuntem-se as águas debaixo dos céus num lugar; e apareça a porção seca; e assim foi. E chamou Elohim à porção seca Terra; e ao ajuntamento das águas chamou Mares; e viu Elohim que era bom. E disse Elohim: Produza a terra erva verde, erva que dê semente, árvore frutífera que dê fruto segundo a sua espécie, cuja semente está nela sobre a terra; e assim foi. E a terra produziu erva, erva dando semente conforme a sua espécie, e a árvore frutífera, cuja semente está nela conforme a sua espécie; e viu Elohim que era bom. E foi a tarde e a manhã, o dia terceiro” (Gn 1:9-13). Duas coisas acontecem aqui: a primeira é que há uma separação – através de uma ordem dada por Elohim – da água e da terra! O planeta agora começa a tomar um aspecto parecido com o que temos hoje, com a porção seca separada da água! O interessante é que ao ajuntamento das águas o Eterno chamou Mares! Devemos notar que aqui a palavra está no plural! Nós hoje também sabemos que as águas marítimas que temos no planeta são praticamente somente uma porção única! Todos os mares do planeta estão interligados e certamente não poderiam ser chamados de “mares”. O que acontece aqui é o que vemos na prática hoje: o Eterno já anunciava que no planeta, em lugares diferentes, existem águas que são habitadas por seres marinhos que, dependendo do lugar onde vivem, tem um sabor diferente, mesmo sendo o mesmo peixe, da mesma espécie!
Uma outra ação do Eterno é que à terra é dada uma ordem para que produza “erva verde”. Esta palavra vem do termo hebraico dashe´ que significa “relva tenra e nova, grama verde, vegetação”. A palavra “erva que dê semente” vem do termo hebraico ´eseb que significa “vegetação, plantas verdes, erva, grama”. Esta palavra designa a categoria de plantas que se pode chamar de “rasteiras” e não lenhosas. As demais expressões nos falam de “árvore frutífera que dê fruto segundo a sua espécie”.
Temos então no quarto dia a continuidade do processo da criação: “E disse Elohim: Haja luminares na expansão dos céus, para haver separação entre o dia e a noite; e sejam eles para sinais e para tempos determinados e para dias e anos. E sejam para luminares na expansão dos céus, para iluminar a terra; e assim foi. E fez Elohim os dois grandes luminares: o luminar maior para governar o dia, e o luminar menor para governar a noite; e fez as estrelas. E D-us os pôs na expansão dos céus para iluminar a terra, e para governar o dia e a noite, e para fazer separação entre a luz e as trevas; e viu Elohim que era bom. E foi a tarde e a manhã, o dia quarto” (Gn 1:14-19). Aqui a expressão: “Haja luminares” seria traduzida assim: “torne-se luminares”. A palavra luminar vem do termo hebraico ma´ôr que significa “luz, luminar”. Esta palavra nos fala sobre objetos celestes que contém (sendo fonte de luz) – ou rebatam – a luz. Tais “corpos celestes” são conhecidos hoje por nós como sol, lua, estrelas, planetas, cometas, asteróides, etc… Foi no quarto dia que o Eterno então “decorou” o universo com uma grande variedade de corpos celestes que o comporiam e dariam ao universo o equilíbrio que hoje conhecemos! Agora podemos dizer que o dia de 24 horas como o conhecemos seria possível por causa da existência do sol e da lua. Porque o sol foi criado maior que a lua? Porque o dia seria mais importante que a noite? Diz um sábio judeu: “É impossível que dois reis usem a mesma coroa!” É por isso que o Eterno então designou o Sol como o astro “rei” e a lua somente “rebate” a luz do sol, sendo então usada para governar um período menor de tempo, chamado noite!
Algumas coisas na criação são ainda hoje contestadas e tidas apenas como “fábulas”. Mas pensemos bem: o que é mais provável (inclusive matematicamente falando), que uma explosão, e depois, um longo processo de evolução fizesse com que as coisas chegassem ao ponto em que estão – sem contudo podermos provar tal evolução – ou o único Ser imortal, eterno, santo, justo, etc… que se chama D-us, ter, por um ato de sua vontade e através de sua Palavra ter criado tudo o que vemos e conhecemos?
Esta é uma questão que parece estar muito longe de ser “decidida” plenamente, pois muitos são os que ainda preferem crer numa improvável evolução e tratar o Criador com desdém, enquanto outros defendem o criacionismo sem qualquer base científica que os apóie, ou seja, por puro fanatismo religioso!
Um fato mais deve ser colocado aqui: O Senhor é o único que conhece o futuro! O profeta Isaías em 42.9 nos diz: “Eis que as primeiras coisas já se realizaram, e novas coisas eu vos anuncio; antes que venham à luz, vo-las faço ouvir”. Somente alguém que detém todo o poder pode fazer uma coisa como esta! Concluímos que a própria história está toda sendo escrita por Ele!
No quinto dia vemos o Eterno povoando os mares: “E disse Elohim: Produzam as águas abundantemente répteis de alma vivente; e voem as aves sobre a face da expansão dos céus. E Elohim criou as grandes baleias, e todo o réptil de alma vivente que as águas abundantemente produziram conforme as suas espécies; e toda a ave de asas conforme a sua espécie; e viu Elohim que era bom. E Elohim os abençoou, dizendo: Frutificai e multiplicai-vos, e enchei as águas nos mares; e as aves se multipliquem na terra. E foi a tarde e a manhã, o dia quinto” (Gn 1:20-23). A palavra “abundantemente” vem do termo hebraico sherets que significa “fervilhação, enxame”. Já a palavra “alma” vem do termo hebraico nepesh que significa “vida, alma, criatura”. Os mares foram então povoados a partir de uma ordem dada pelo Criador às águas! Falando sobre as “grandes baleias” o comentário da Torah nos diz: “baleias” ou “dragões”; Taninim em hebraico. O Midrash afirma que alude às criaturas marítimas particularmente grandes, o leviatan e seu par (Is 27.1; Sl 74.14; 104.26; Jo 3.8; 40.25). Também os céus foram assim povoados e as aves foram então criadas. Isso aconteceu também por causa de uma ordem que o Eterno (Elohim) dá aos viventes abençoando-os. A palavra “abençoar” vem do termo hebraico barak que significa “dar poder a alguém para ser próspero, bem-sucedido e fecundo” em tudo o que fizerem! Ele também disse-lhes que “Frutificai e multiplicai-vos”. Aqui a palavra “frutificai” vem do termo hebraico parâ que significa “frutificar, ser frutífero, ser fecundo, ramificar”. Já a palavra multiplicar vem do termo hebraico rabâ que significa “ser grande, tornar-se grande, ser numeroso, tornar-se numeroso”. Por isso o judeu se cumprimenta com “Toda rabâ”, muita multiplicação!
Finalmente teremos agora o fim da criação com os atos criadores do Eterno no sexto dia: “E disse Elohim: Produza a terra alma vivente conforme a sua espécie; gado, e répteis e feras da terra conforme a sua espécie; e assim foi. E fez Elohim as feras da terra conforme a sua espécie, e o gado conforme a sua espécie, e todo o réptil da terra conforme a sua espécie; e viu Elohim que era bom. E disse Elohim: Façamos o homem à nossa imagem, conforme a nossa semelhança; e domine sobre os peixes do mar, e sobre as aves dos céus, e sobre o gado, e sobre toda a terra, e sobre todo o réptil que se move sobre a terra. E criou Elohim o homem à sua imagem; à imagem de Elohim o criou; homem e mulher os criou. E Elohim os abençoou, e Elohim lhes disse: Frutificai e multiplicai-vos, e enchei a terra, e sujeitai-a; e dominai sobre os peixes do mar e sobre as aves dos céus, e sobre todo o animal que se move sobre a terra. E disse Elohim: Eis que vos tenho dado toda a erva que dê semente, que está sobre a face de toda a terra; e toda a árvore, em que há fruto que dê semente, ser-vos-á para mantimento. E a todo o animal da terra, e a toda a ave dos céus, e a todo o réptil da terra, em que há alma vivente, toda a erva verde será para mantimento; e assim foi. E viu Elohim tudo quanto tinha feito, e eis que era muito bom; e foi a tarde e a manhã, o dia sexto” (Gn 1:24-31). Agora o Eterno ordena à terra para que ela produza seres viventes! Temos de entender o que aconteceu aqui, pois na constituição física dos animais temos todos os elementos que constam na composição química da terra! Isso nos mostra que os animais não “evoluíram”, mas sim foram criados a partir da terra.
Agora temos o ponto mais alto da criação: “Façamos o homem à nossa imagem, conforme a nossa semelhança”. A palavra “façamos” vem do termo hebraico asâ que significa “fazer, fabricar, realizar”. Aqui a ênfase recai sobre a ação de dar forma ao objeto. A palavra “homem” vem do termo hebraico adam que significa “homem, espécie humana”. Temos também proveniente da mesma raiz a palavra adamâ que significa “solo, terra”. Também desta raiz provém o termo adom que significa “vermelho”. Então é nos explicado que o homem possui a imagem de D-us. A palavra “imagem” vem do termo hebraico tselem que significa “imagem”. Basicamente a palavra refere-se a uma representação, algo semelhante. Há também a palavra “semelhança” que vem do termo hebraico demut com o mesmo significado. A palavra pode ser usada para designar semelhanças sonoras e estruturais, no sentido de ser um padrão ou modelo. Temos também aqui a ligação entre demut e dam, pois assim como o sangue corre no interior das veias do homem dando-lhe vida, a demut também parece significar algo que é semelhante, porém invisível aos olhos humanos! Esta imagem, declara a Torah, é a imagem de D-us: “à imagem de Elohim o criou”. A tradução seria “be tselem Elohim bara´”. É interessante notarmos que a palavra bara´está próxima da palavra bar, que em hebraico significa “filho”.
Ainda falando sobre “à nossa imagem e semelhança” – O homem e, desta maneira, um microcosmo de todas as forças da criação. A maior parte da Cabalá lida com umaexplanação exata de como isso se passa (Nefesh HaChaim 1.1). Além disso, de toda a criação, somente o homem se assemelha a Elohim na apresentação do lilvre-arbítrio. Outros explicam “imagem” e “semelhança” com referindo-se a uma espécie de arquétipo conceitual, modelo, ou plano que Elohim tinha previamente feito para o homem (Rashi). Este “modelo” é visto como o homem primitivo (Adam Kadmon).
Eis a constituição do organismo humano, segundo as melhores autoridades:
CONSTITUINTE | % NO CORPO HUMANO |
Oxigênio | 66,0 |
Carvão | 17,5 |
Hidrogênio | 10,2 |
Nitrogênio | 2,4 |
Cálcio | 1,6 |
Fósforo | 0,9 |
Potássio | 0,4 |
Sódio | 0,9 |
Cloro | 0,3 |
Magnésio | 0,105 |
Ferro | 0,005 |
Iodo | Idem |
Fluor | Idem |
Outros elementos | Idem |
Então, o Eterno faz com o homem o mesmo que fizera com os animais: Ele o abençoa e ordena que frutifique e multiplique. A finalidade da criação do homem está explicada em poucas palavras: “e domine sobre…”. A palavra “dominar” vem do termo hebraico radâ que significa “governar”. O homem deveria então exercer sua autoridade sobre todos os demais elementos criados por Elohim, pois Ele mesmo assim determinou. Assim Elohim dá ao homem tudo que criara para que pudesse então tê-los como “mantimento”. Ou seja, o homem poderia escolher na abundância da criação o que comer, até que, mais tarde, o próprio D-us daria novos limites para seu “cardápio” diário.
Quando termina a sua obra neste dia, ele é chamado de o sexto dia. Em hebraico foi adicionado como prefixo a letra hey (D), que é o artigo definido “o”, enfatizando que este também foi um dia muito especial para a criação e para o Criador! Segundo a tradição judaica o sexto dia da criação foi e dia 6 de Sivan. Esta data é muito especial, pois foi também nesta data que o Eterno deu a Torah para o povo de Israel no deserto! Ou seja, tanto a criação do homem quanto a dádiva da Torah foram feitas no mesmo dia!
Vejamos a sequência de atos criadores e organizadores de Elohim:
- 1° dia: Cria-se a luz. Separam-se luz das trevas; está estabelecido então o dia e a noite. Também estabelece-se quando o dia começa: ao final de cada tarde, ou ao anoitecer! (versículo 4).
- 2° dia: Criam-se os céus. Separam-se águas e águas.
- 3° dia: Criam-se a terra seca e os mares. Novamente Elohim ordena (amar), mas agora à terra, que produza erva que dê semente, árvore frutífera e cuja semente esteja em seu fruto.
- 4° dia: Criam-se os planetas que determinarão as épocas na terra e também as estrelas.
- 5° dia: São criados os animais e toda forma de vida sobre o planeta. Primeiro Elohim ordena (amar), agora às águas, e elas produzem os peixes e répteis; e as aves voariam sobre a face da expansão dos céus. Aqui está algo diferente: Elohim os abençoa, dizendo: frutificai, multiplicai-vos e enchei a terra!
- 6° dia: Agora Elohim ordena (amar) à terra e ela produz os animais, repteis e as bestas-feras do campo! Logo após isso ter acontecido, muda-se a forma como as coisas são ditas, pois é usado o plural dizendo: “Façamos (nós) o homem à nossa imagem, conforme a nossa semelhança…” (Gn 1.26). Aqui a metodologia de criação difere um pouco das outras, pois a partir disso é criado o homem com uma função: ser como seu Criador! É dito sobre ele: “…e domine sobre…”.
O profeta Isaías em 42.5 amplia o fato da criação dizendo: “Assim diz Elohim, o IHVH, que criou os céus e os desenrolou, e estendeu a terra e o que dela procede; que dá a respiração ao povo que nela está, e o espírito aos que andam nela…” Aqui Elohim é mostrado como aquele que criou os céus, que estendeu a terra e que também dá vida e espírito aos homens! O Senhor cria e dá ao homem tudo o que ele tem, inclusive sua própria vida!
Agora, após a criação ter sido acabada, acontece algo incrível: Elohim descansa! Não parece absurdo falar em um ser tão poderoso e que agora simplesmente descansa?
Este foi o ato de Elohim no sétimo dia! Foi também a primeira coisa que o homem fez após ser criado! O homem tem a primeira oportunidade de imitar seu Criador e descansar e também tem tempo hábil para ter comunhão com Ele!
Este dia é especial para Elohim. É nos dito que ele abençoa e santifica este dia! “E abençoou Elohim o dia sétimo, e o santificou; porque nele descansou de toda a sua obra que Elohim criara e fizera” (Gn 2:3). É o único dia que recebe um nome: Há Sheviy (que significa “o dia sétimo”). A palavra “santificar” vem do termo hebraico qadosh que significa “ser consagrado, ser santo ser santificado”. Aqui temos um padrão incomum: o Criador dá ao homem o exemplo daquilo que ele deverá fazer. Quando percebemos isso entendemos então qual foi a primeira atitude do homem após ser criado: ele descansou – guardou o shabat – com seu criador! O próprio D-us diz ao homem que a importância maior na vida do homem seria a comunhão entre a criatura e o Criador! Nada substituiria este momento entre os dois e justamente por isso o Eterno estabelece que este dia seria separado, santificado, consagrado para o homem e para Ele!
Temos então uma outra informação interessante: a inexistência da chuva! “Estas são as origens dos céus e da terra, quando foram criados; no dia em que o IHVH Elohim fez a terra e os céus, e toda a planta do campo que ainda não estava na terra, e toda a erva do campo que ainda não brotava; porque ainda o IHVH Elohim não tinha feito chover sobre a terra, e não havia homem para lavrar a terra. Um vapor, porém, subia da terra, e regava toda a face da terra” (Gn 2:4-6). Temos aqui mais um fato fascinante, pois na frase: “no dia em que o Senhor Elohim fez a terra e os céus” a melhor tradução seria “no dia de IHVH Elohim criou os céus e a terra”. A palavra “dia”, yom vem preposicionada pelo artigo “be” que significa “no” ou “para”. Então temos também o tetragrama – IHVH – que significa “Eu me torno aquilo que me torno” e a palavra Elohim significa “D-us Criador”. O dia aqui citado é então tido como o “Dia do Senhor” um dia no qual o Eterno traz a existência algo para impactar o universo. Então explica-se que a terra era mantida úmida através do vapor de subia da terra e regava o solo, mantendo-o apropriado para o plantio e cultivo. O comentário da Torah nos diz que: para o restante deste capítulo a Torah usa dois nomes “IHVH Elohim” usualmente traduzido como “IHVH Criador”. No primeiro capítulo aparece basicamente o nome “Elohim” sendo traduzido como “D´us Criador”. De acordo com a tradição, Elohim denotava uma criação com justiça absoluta, enquanto o nome IHVH denota um acrécimo de misericórdia. Uma vez que não há maneira simples, de traduzir IHVH Elohim, nós o traduzimos como “O Eterno Criador”.
Até agora nos foi dado um relato da criação, e no que diz respeito a criação do homem, isso foi feita de forma resumida. No capítulo 2.7 é nos dito como Elohim cria o homem: “E formou o IHVH Elohim o homem do pó da terra, e soprou-lhe nas narinas o fôlego da vida; e o homem tornou-se alma vivente”. Aqui temos o uso da palavra “formou” que vem do termo hebraico yetser que significa “forma”. Em sua raiz temos o sentido de “moldar, formar”. Há uma ênfase no moldar o objeto envolvido ou dar-lhe forma, e isso pressupõe o uso das mãos. Mas, quem atuou como o executor do molde? Novamente aparece aqui IHVH Elohim com o mesmo significado obtido acima. A substância principal usada pelo Criador para dar forma ao corpo humano foi a própria terra! A palavra “pó” vem do termo hebraico apar que significa “poeira, terá, chão, cinzas, argamassa, pó, entulho”. No hebraico duas coisas são encontradas: “pó vermelho” (adamah) e também “sangue” (dam). Ou seja: podemos concluir que o homem é a terra viva! (com sangue). Por isto está dito em Gn 3.19: “Do suor do teu rosto comerás o teu pão, até que tornes à terra, porque dela foste tomado; porquanto és pó, e ao pó tornarás”. Parece uma declaração forte, mas é a realidade: após a morte todos nos convertemos em pó, retornando assim ao estágio em que nos encontrávamos antes de sermos feitos “alma vivente” por Elohim! O termo alma vivente veio por causa do “fôlego da vida”. A palavra “fôlego” vem do termo hebraico neshamâ que significa “respiração”; já a palavra vida vem do termo hebraico hayâ que significa “vida”. A metodologia usada para isso foi “e soprou-lhe nas narinas”, onde a palavra “soprou” vem do termo hebraico pûah que significa “respirar, soprar”. O resultado final da criação foi: “e o homem tornou-se alma vivente”. Aqui a palavra homem vem do termo hebraico adam que significa “homem, espécie humana”. Já o termo alma vivente é nepesh haya onde a palavra nepesh significa “vida, alma, criatura, pessoa, mente” e a palavra haya significa “vida”. Ou seja, somente após o momento em que a respiração de D-us entrou no homem é que ele passa a ter vida e sentimentos! O boneco de barro agora possui vida em três dimensões: corpo, alma e espírito!
Agora somos apresentados a uma outra dimensão da criação: o lar do homem! “E plantou o IHVH Elohim um jardim no Éden, do lado oriental; e pôs ali o homem que tinha formado. E o IHVH Elohim fez brotar da terra toda a árvore agradável à vista, e boa para comida; e a árvore da vida no meio do jardim, e a árvore do conhecimento do bem e do mal. E saía um rio do Éden para regar o jardim; e dali se dividia e se tornava em quatro braços. O nome do primeiro é Pisom; este é o que rodeia toda a terra de Havilá, onde há ouro. E o ouro dessa terra é bom; ali há o bdélio, e a pedra sardônica. E o nome do segundo rio é Giom; este é o que rodeia toda a terra de Cuxe. E o nome do terceiro rio é Tigre; este é o que vai para o lado oriental da Assíria; e o quarto rio é o Eufrates” (Gn 2:8-14). Aqui temos uma breve descrição de outra obra realizada por IHVH Elohim: o plantio do Éden. A palavra Éden vem do termo hebraico eden que significa “planície, estepe”. Isso significa que esta palavra não foi traduzida na língua portuguesa, mas sim transliterada! Ela provém também de uma outra raiz ´adan que significa “desfrutar, ter prazer em”. O Éden é descrito como uma vasta região, onde ao lado oriental o Eterno planta um jardim. A palavra “árvore” vem do termo hebraico ´ets que significa “árvore, madeira, tronco, tora, madeiro”. Aqui ela é descrita de três formas: boa para comida (certamente são as árvores frutíferas), da vida e do conhecimento do bem e do mal. A árvore do conhecimento é a que nos interessa. Primeiro temos algo que não está claro em português e que ocorre no hebraico: a palavra conhecimento vem precedida da partícula hey que é o artigo definido. Isso significa que tal experiência seria única para aquele que a desejasse! Já a palavra “conhecimento” vem do termo hebraico da´at que significa “conhecimento, astúcia”. A raiz desta palavra expressa o conhecimento adquirido de diversas maneiras pelos sentidos! Ela nos fala de algo prático, que advém por meio de atos pensados e medidos. A palavra “bom” vem do termo hebraico tôb que significa “bom, agradável, belo, que dá prazer, alegre, jubilante, precioso, correto, justo”. A palavra “mal” vem do termo hebraico ra´ que significa “mal, maldade”. A raiz tem a conotação de infortúnio, calamidade, perversidade. Percebe-se então um dualismo nesta árvore, pois ela permitirá que, através e uma experiência o homem possa alcançar um conhecimento prático daquilo que é positivo e negativo, bom e mal. Porém estas duas forças sempre atuam de forma contrária, convivendo num mesmo lugar e se contrapondo entre si. A localização deste lugar é ainda hoje incerta, porém podemos afirmar que ele ficava na região que hoje conhecemos como Iraque. Certamente houve uma grande mudança nesta região, pois sabemos pela leitura da Torah que esta região tinha uma determinada aparência e hoje ela está completamente mudada!
Vamos discorrer um pouco sobre os rios daquele lugar: “Pishon”. Alguns identificam o Pishon com o Nilo (Rashi). Outros dizem que é o Ganges ou o Indo (Josefus, abarbanel). Rabino aaron Marcus identifica-o com o Karun, que flui através do Irã até o Golfo Pérsico. Ele também nota que o fluxo destes rios poderia ter sido drasticamente mudado pelo Grande Dilúvio.
“Chavilá”. Alguns a identificam como a Índia (Josefus, Antiguidades 1:1:13; Targum Yonatam). Marcus, no entanto, a identifica com uma área do Golfo Pérsico (Gn 10.7; 10.29; 25.18; I Sm 15.7). Significativamente, há uma cidade Havelian no rio Indo superior, entre Caxemira e Paquistão.
Falando sobre duas coisas que existiam ali: “pérolas”; em hebraico “bedoach”. Outros traduzeme como um cristal. A maior parte das traduções seguem a tradução antiga grega de Áquila, e a expressam com “bdelium”. Esta é uma goma resinosa, muito semelhante à mirra, obetida de várias árvores do gênero Commifora da família das Burseraceae. O Midrash, no entanto, estabelece explicitamente que não é essa matéria herbácea. Na Septuaginta ela é traduzida como “antrax” (literalmente “”carvão combustível), mais provavelmente um mineral vermelho como o carbúnculo, rubi, granada ou safira vermelha.
Também haviam as “pedras preciosas”; em hebraico “pedras shoham”, traduzido como “berilo”, ônix, lápis lazúli ou sardônica (Ex 25.7; Ez 28.13; Jó 28.16).
“Guihon” – Josefus o identifica com o Nilo (Josefus, Antiguidades 1:1:13). Rabino aaron Marcus diz que alguns o identificam com Amu-dar´ya, que flui dod Afeganistão ao mar de Aral na Rússia, e que já desaguou no Mar Cáspio (Kesset Há Sofer 61.a, 62a). Ele dizque também pode ser o rio qezal Owsan, que flui para o norte através do Irã indo para o Mar Cáspio, ou o Chabur, um tributário do Eufrates que flui através da Síria.
Mas, qual seria a função do homem neste lugar? O texto nos informa que: “E tomou o IHVH Elohim o homem, e o pôs no jardim do Éden para o lavrar e o guardar. E ordenou o IHVH Elohim ao homem, dizendo: De toda a árvore do jardim comerás livremente, mas da árvore do conhecimento do bem e do mal, dela não comerás; porque no dia em que dela comeres, certamente morrerás. E disse o IHVH Elohim: Não é bom que o homem esteja só; far-lhe-ei uma ajudadora idônea para ele. Havendo, pois, o IHVH Elohim formado da terra todo o animal do campo, e toda a ave dos céus, os trouxe a Adam, para este ver como lhes chamaria; e tudo o que Adam chamou a toda a alma vivente, isso foi o seu nome” (Gn 2:15-19). Aqui temos a dimensão daquilo que o homem faria no jardim: lavrar e guardar. A palavra “lavrar” vem do termo hebraico ´abeda que significa “transpor, ultrapassar, atravessar, transportar, levar embora”. Ele vem preposicionado com a partícula le que significa “para, em, com relação a, de, por”. Este termo traz a idéia de movimento e indica o movimento de uma coisa ou pessoa em relação a um objeto que está parado. A palavra “guardar” vem do termo hebraico shamar que significa “guardar, observar, prestar atenção”. Então o Eterno ordena então ao homem que ele não coma da árvore do conhecimento do bem o do mal. A palavra usada aqui para “ordenar” vem do termo hebraico tsawâ e significa “ordenar, incumbir”. Da raiz desta palavra temos dois termos importantes: mitswâ que significa “mandamento” e também tsaw que significa “ordem”. Estas palavras nos mostram que há uma relação muito forte naquilo que é dito a Adam, pois o Eterno também lhe dá a opção para que ele escolha obedecer ou não. Por outro lado, o Senhor avisa ao homem que a desobediência lhe traria a morte! A palavra “morrer” vem do termo hebraico mût que significa “morrer, matar, mandar executar”.
Agora o Eterno argumenta sobre a atual situação do homem: “Não é bom que o homem esteja só”. A palavra “esteja” vem do termo hebraico hayâ que significa “tornou-se, existir, acontecer”. Já a palavra “só” vem de outro termo hebraico que é bad e que significa “sozinho, por si mesmo, solitário”. A intenção do Criador não era que o homem se tornasse um ser solitário, mas sim que ele pudesse conviver em harmonia com outros de sua própria espécie! Então a solução encontrada pelo Senhor foi: “far-lhe-ei uma ajudadora idônea para ele”. Aqui a palavra “ajudadora” vem do termo hebraico ´ezer que significa “ajuda, apoio, auxílio”. Na raiz desta mesma palavra temos também um outro significado: tesouro! O que a Escritura quer dizer então? Quer dizer que além de alguém para ajuda-lo o homem estaria recebendo de seu Criador um tesouro, que é a mulher! Após ter declarado isso o Eterno então dá a Adam a atribuição de dar nomes aos seres viventes.
Isto aconteceu assim: “E Adam pôs os nomes a todo o gado, e às aves dos céus, e a todo o animal do campo; mas para o homem não se achava ajudadora idônea. Então o IHVH Elohim fez cair um sono pesado sobre Adam, e este adormeceu; e tomou uma das suas costelas, e cerrou a carne em seu lugar; e da costela que o IHVH Elohim tomou do homem, formou uma mulher, e trouxe-a a Adam. E disse Adam: Esta é agora osso dos meus ossos, e carne da minha carne; esta será chamada mulher, porquanto do homem foi tomada. Portanto deixará o homem o seu pai e a sua mãe, e apegar-se-á à sua mulher, e serão ambos uma carne. E ambos estavam nus, o homem e a sua mulher; e não se envergonhavam” (Gn 2:20-25). Na criação da mulher o processo foi semelhante: Elohim usa o próprio homem para tirar dele sua companheira! O Criador dá ao homem um momento para uma “soneca” e através e uma costela retirada do lado do homem Ele forma uma mulher para Adam! A palavra “costela” vem do termo hebraico tsela´ que significa “lado, costela”. Esta palavra está muito próxima de um outro termo que a explica, tselem que significa “imagem”, e representa algo que é semelhante.
Quando Adam vê a mulher, ele tem a primeira revelação de que temos notícia na Escritura: “E disse Adam: Esta é agora osso dos meus ossos, e carne da minha carne; esta será chamada mulher, porquanto do homem foi tomada” (Gn 3.23). Então é-lhes dito o que fazer para constituírem uma verdadeira família: “Portanto deixará o homem a seu pai e a sua mãe, e unir-se-á à sua mulher, e serão uma só carne” (Gn 2.24). Aqui a palavra “mulher” vem do termo hebraico ishshâ que significa “mulher, esposa, fêmea”. O texto diz ainda que eles seriam uma só carne. A palavra “carne” vem do termo hebraico basar que significa “carne (pele, corpo)”.
Está aqui a conclusão da criação, explicada de forma a nos mostrar que Elohim usou de duas metodologias distintas para atingir seus objetivos: criar o universo e tudo o que conhecemos e também o homem para habitar aqui.
O propósito é muito claro: a glorificação do nome do D-us Eterno! Está escrito em Is 43.7: “…a todo aquele que é chamado pelo meu nome, e que criei para minha glória, e que formei e fiz”.
Um outro detalhe muito interessante é o estado de santidade em que se encontravam o homem e a mulher. “E ambos estavam nus, o homem e a sua mulher; e não se envergonhavam” (Gn 2:25). A palavra “nus” aqui vem do termo hebraico arumim que significa “por a descoberto, descobrir”. Até a entrada do pecado no mundo o homem não tinha a consciência da malícia, que faz com que as pessoas olhem para as outras com pensamentos impuros! A inexistência do pecado fazia com que homem e mulher se olhassem e se vissem de forma natural, como dois seres criador por Elohim que deveriam se completar!
Entra agora em cena o diabo que age por trás de um animal: a serpente! É travado um diálogo entre a mulher e a serpente que visa determinar quem está certo: a criatura ou o Criador! “Ora, a serpente era mais astuta que todas as alimárias do campo que o IHVH Elohim tinha feito. E esta disse à mulher: É assim que Elohim disse: Não comereis de toda a árvore do jardim? E disse a mulher à serpente: Do fruto das árvores do jardim comeremos, mas do fruto da árvore que está no meio do jardim, disse Elohim: Não comereis dele, nem nele tocareis para que não morrais. Então a serpente disse à mulher: Certamente não morrereis” Gn 3:1-4. Aqui há um jogo de palavras que incitam a mulher a contestar o que havia sido dito pelo Eterno! Há uma inversão daquilo que é dito no capítulo 2.16, onde está dito: “E ordenou o IHVH Elohim ao homem, dizendo: De toda a árvore do jardim comerás livremente”. Quando o inimigo usou este recurso de retórica, ele trouxe uma tremenda confusão à mulher! E ela caiu nesta “armadilha” do maligno, traindo assim a palavra do Senhor e a confiança que o Eterno depositara em suas criaturas! Agora, só restava tentar fazer com que o homem pudesse acompanha-la, pois caso contrário a mulher ficaria só na cena do pecado de traição ao Eterno!
O objetivo em suas palavras fica claro: “Porque Elohim sabe que no dia em que dele comerdes se abrirão os vossos olhos, e sereis como Elohim, sabendo o bem e o mal” Gn 3.5. O comentário da Torah fala sobre ser “como Elohim”: outros colocam: “como o grande”, ou como “os grandes anjos” (Targum, Targum Yonatan, Ibn Ezra). A palavra Elohim aqui usada denota qualquer superior poder ou poderes e pode referir-se ao Eterno, anjos, juízes ou governantes (Moré Nevuchim 1:2). E quando o texto fala sobre “sabendo” o bem e o mal, a palavra usada ali é “yada” que significa “saber, conhecer, ter um relacionamento íntimo com”. Ela é usada para o relacionamento íntimo entre o homem e sua esposa. Pelo contexto a serpente estava falando que eles entrariam num processo de “upgrade”, ou seja, haveria um acréscimo em suas vidas que os tornaria capazes de conhecer o bem e o mal de forma prática – com ações – e assim se parecerem ainda mais com o Criador!
Após pecarem acontece algo inusitado: “E ouviram a voz do IHVH Elohim, que passeava no jardim pelo vento do dia: e escondeu-se Adam e sua mulher da presença do IHVH Elohim, entre as árvores do jardim” Gn 3.8. Dentro da tradição judaica está dito que “passeava”; os comentaristas explicam que era a voz do Eterno que se movia e não Ele! Então ao ouvirem o eco da voz divina que se movia no Gan Eden, o homem e sua mulher se escondem ao invés de buscarem intimidade com esta voz… Num outro evento, quando Moshe ouve a voz em meio ao arbusto em chamas ele caminha em direção à voz e não se esconde dela! Um outro detalhe é que a voz de Elohim passeava no Jardim como um “vento” (Espirito) do dia! Isso acontrceu no Gan Eden e acontece ainda em nossos dias, pois o Espírito ainda passeia pela terra buscando ao homem, para que ele tenha comunhão com a Eternidade e se reconecte ao Seu Criador.
As conseqüências do pecado da mulher – e depois do homem – foram nefastas! Vejamos o que foi que aconteceu: “Então foram abertos os olhos de ambos, e conheceram que estavam nus; e coseram folhas de figueira, e fizeram para si aventais. E ouviram a voz do IHVH Elohim, que passeava no jardim pela viração do dia; e esconderam-se Adam e sua mulher da presença do IHVH Elohim, entre as árvores do jardim. E chamou o IHVH Elohim a Adam, e disse-lhe: Onde estás? E ele disse: Ouvi a tua voz soar no jardim, e temi, porque estava nu, e escondi-me. E Elohim disse: Quem te mostrou que estavas nu? Comeste tu da árvore de que te ordenei que não comesses? Então disse Adam: A mulher que me deste por companheira, ela me deu da árvore, e comi. E disse o IHVH Elohim à mulher: Por que fizeste isto? E disse a mulher: A serpente me enganou, e eu comi. Então o IHVH Elohim disse à serpente: Porquanto fizeste isto, maldita serás mais que toda a fera, e mais que todos os animais do campo; sobre o teu ventre andarás, e pó comerás todos os dias da tua vida. E porei inimizade entre ti e a mulher, e entre a tua semente e a sua semente; esta te ferirá a cabeça, e tu lhe ferirás o calcanhar. E à mulher disse: Multiplicarei grandemente a tua dor, e a tua conceição; com dor darás à luz filhos; e o teu desejo será para o teu marido, e ele te dominará. E a Adam disse: Porquanto deste ouvidos à voz de tua mulher, e comeste da árvore de que te ordenei, dizendo: Não comerás dela, maldita é a terra por causa de ti; com dor comerás dela todos os dias da tua vida. Espinhos, e cardos também, te produzirá; e comerás a erva do campo. No suor do teu rosto comerás o teu pão, até que te tornes à terra; porque dela foste tomado; porquanto és pó e em pó te tornarás” (Gn 3:7-19).
Vejamos alguns fatos importantes aqui:
- O pecado “abriu os olhos” do homem mostrando-lhes que estavam nus! Isso nos confirma que, naquele momento, eles perderam a sua inocência.
- Outro aspecto foi que, num determinado momento do dia, ouviram a voz de D-us (e a Escritura nos dá a entender que isso era habitual entre eles) e esconderam-se! Isso nunca havia acontecido antes!
- D-us agora “procura” o homem para relacionar-se com ele! Mas, pelo que parece, o homem não está à disposição do Senhor por causa de seu pecado!
- Agora ambos – homem e mulher – transferem sua responsabilidade para outrem e não assumem aquilo que fizeram!
- A serpente também é amaldiçoada e passa a rastejar sobre seu ventre! Isso parece nos indicar que a mesma no passado deveria locomover-se de uma outra forma, provavelmente com pequenas pernas traseiras!
- Há também a rivalidade entre a semente da mulher e a serpente, a qual seria “pisada” pelo descendente da mulher!
- E finalmente as dores para ambos os lados – homem e mulher – que seriam uma parte da punição por causa do pecado! Também o trabalho penoso que agora faria com que o homem não mais tivesse “facilidades” ao trabalhar a terra!
O homem dá nome à sua mulher e também fala sobre o que ocorreu fisicamente ao homem após o pecado: “E chamou Adam o nome de sua mulher, Chava; porquanto ela era a mãe de todos os viventes. E fez o IHVH Elohim a Adam e a sua mulher túnicas de peles, e os vestiu. Então disse o IHVH Elohim: Eis que o homem é como um de nós, sabendo o bem e o mal; ora, pois, para que não estenda a sua mão, e tome também da árvore da vida, e coma e viva eternamente: O IHVH Elohim, pois, o lançou fora do jardim do Éden, para lavrar a terra de que fora tomado. E havendo lançado fora o homem, pôs querubins ao oriente do jardim do Éden, e uma espada inflamada que andava ao redor, para guardar o caminho da árvore da vida” Gn 3.20-24.
O nome dado à mulher “Chava”, cognato à palavra “Chai” que significa “vida”. E quanto à “cobertura de peles” a tradição judaica diz que um animal foi morto para que eles fossem cobertos e o animal era um cordeiro!
Quem foi designado para guardar o caminho da árvore da vida: querubim. Rashi nota que eles são mensageiros de destruição. Ao homem é dito que ele deve eventualmente morrer e é banido do paraíso. Ele só pode retornar ao paraíso depois da morte, e antes de fazê-lo deve passar por estes mensageiros. O profeta gtambém deve passar por estes mensageiros para aproximar-se da Árvore da Vida o obter uma visão. Este é o significado do querubim na Arca (Ex 25.18), e aqueles vistos na visão de Ezequiel (Ez 1.5; 10.15) (Rambam em Ex 25.18). Sobre a “Espada inflamada”. Outros escrevem “uma espada flamejante que retorce” (ver nota em Ex 7.11).
Agora, depois de estarem fora do Gan Eden acontecem os primeiros nascimentos: “E conheceu Adam a Chava, sua mulher, e ela concebeu e teve a Caim, e disse: Alcancei do IHVH um varão. E teve mais a seu irmão Abel: e Abel foi pastor de ovelhas, e Caim foi lavrador da terra. E aconteceu ao cabo de dias que Caim trouxe do fruto da terra uma oferta ao IHVH. E Abel também trouxe dos primogênitos das suas ovelhas, e da sua gordura: e atentou o IHVH para Abel e para a sua oferta, mas para Caim e para a sua oferta não atentou. E irou-se Caim fortemente, e descaiu-lhe o seu semblante” Gn 4.1-5.
Quando a Torah diz sobre o primeiro filho do casal: “alcancei” – literalemente, “comprou”; em hebraico é “kaná”, donde veio o nome Kayim. Sobre o segundo filho – Hevel que significa “suspiro, vão”. Ele foi chamado assim porque nunca viveu para ter filhos (Midrash Hagadol, Rambam).
Mas o mais notável aqui é a expressão: “ao cabo de dias” que deveria ser traduzido como “uma era findou”; literalmente, “foi o fim dos dias”. É significativo que esta mesma expressão é usada para denotar a era messiânica, quando a presente era terminará! Possivelmente ela se refere à expulsão do Eden, onde uma nova era começou.
Todas estas coisas trouxeram grandes influências sobre os descendentes do homem de tal forma que a corrupção logo atingiu toda a raça! Houve então o problema entre os dois filhos de Adam, gerando assim a primeira morte de que se tem notícia na história do homem: a morte de Abel! Podemos dizer que o primeiro homicídio fez com que o injusto simplesmente matasse o justo por não concordar com sua justiça! E Hevel foi o primeiro ser humano a inaugurar o Gan Eden espiritual retornando à sua origem, para o Eterno!
Certamente isso está ligado à promessa que o Eterno havia feito à Eva de que um de seus descendentes – não lhe foi dito qual seria – haveria de “pisar a cabeça da serpente”. A morte prematura de Abel já foi um ato “preventivo” das trevas quanto ao cumprimento da promessa do Senhor quanto ao seu descendente!
Uma parte da punição de Kayim seria: “Quando lavrares a terra, não te dará mais a sua força; fugitivo e vagabundo serás na terra. Então disse Caim ao IHVH: É maior a minha maldade que a que possa ser perdoada. Eis que hoje me lanças da face da terra, e da tua face me esconderei; e serei fugitivo e vagabundo na terra, e será que todo aquele que me achar me matará. O IHVH porém disse-lhe: Portanto qualquer que matar a Caim, sete vezes será castigado. E pôs o IHVH um sinal em Caim, para que não o ferisse qualquer que o achasse. E saiu Caim de diante da face do IHVH, e habitou na terra de Node, da banda do oriente do Éden” Gn 4.12-16.
No texto temos o a palavra “vagabundo” que vem do termo hebraico “nad” que significa “ser isolado ou ser banido”. E quando ele se refere ao seu “pecado” a Torah comenta: “Minha punição é tão grande…” (Ibn Ezra) ou “É meu pecado tão grande então para ser perdoado?” (Rashi, Chizkuni). Quando é falado sobre a morte de Caim está dito: “Portanto qualquer que matar a Caim, sete vezes será castigado”; ou “não ousem matar Caim! Ele será punido após sete gerações” (Rashi). Realmente, Caim foi morto após sete gerações por Tuval Caim (4.25). E quando está dito que ele foi para a terra de Nod (Node) é o temro usado para “isolado ou errante”.
Após esse fato nos é dada uma genealogia de um homem justo chamado Sete. Esse nome em hebraico significa “compensação” e certamente está ligado à morte de Abel. Da linhagem deste homem justo vieram personagens que marcariam a história da humanidade: um deles foi Enoque. Este homem foi tido por tão justo diante do Eterno que ele foi transladado (arrebatado) vivo para a presença do Eterno a fim de cumprir os propósitos de D-us no fim dos tempos! O outro foi Noach, que desempenharia um papel preponderante em sua época e na salvação da raça humana!
Vejamos o relato da Torah sobre isso: “E conheceu Caim a sua mulher, e ela concebeu, e teve a Enoque: e ele edificou uma cidade, e chamou o nome da cidade pelo nome de seu filho Enoque. E a Enoque nasceu Irade, e Irade gerou a Meujael, e Meujael gerou a Metusael, e Metusael gerou a Lameque. E tomou Lameque para si duas mulheres: o nome duma era Ada, e o nome da outra Zila. E Ada teve a Jabal: este foi o pai dos que habitam em tendas, e têm gado. E o nome do seu irmão era Jubal: este foi o pai de todos os que tocam harpa e órgão. E Zila também teve a Tubalcaim, mestre de toda a obra de cobre e de ferro: e a irmã de Tubalcaim foi Naama. E disse Lameque a suas mulheres: Ada e Zila, ouvi a minha voz; vós, mulheres de Lameque, escutai o meu dito: porque eu matei um varão por me ferir, e um mancebo por me pisar. Porque sete vezes Caim será vingado; mas Lameque setenta vezes sete. E tornou Adam a conhecer a sua mulher; e ela teve um filho, e chamou o seu nome Sete; porque, disse ela, Elohim me deu outra semente em lugar de Abel; porquanto Caim o matou. E a Sete mesmo também nasceu um filho; e chamou o seu nome Enos: então se começou a invocar o nome do IHVH” Gn 4.17-26.
Antes de terminarmos este capítulo vamos entender sobre o nascimento de Enoque; em hebraico Chanoch da raiz “chanach” que significa “treinar ou educar”. No texto o nome “Naama” é citado e de acordo com algumas tradições, ela foi mulher de Noach. No Midrash, contudo, isso é contestado, e outras fontes antigas afirmam que Noach se casou com sua sobrinha, Amzarach, filha de Rakh´el.
Quando Lameque diz as palavras “eu matei” a tradição judaica afirma que ele matou Tuval Caim. E quando Adam tem um novo relacionamento íntimo com Chava nasce Shet que vem da raiz hebraica “shat” que significa “colocar ou conferir”. É dito que quando Shet gera um filho ele se chama Enosh e a partir deste momento se “invoca o nome” do Eterno. A palavra “invocar” pode ser traduzida também como “profanar” então o que pode ter acontecido é que tem início uma etapa na hsitória da humanidade em que o nome do Eterno não está sendo “santificado” – temido e obedecido – e o que está ocorrendo é a profanação deste nome!
Temos na continuidade uma genealogia! Mas qual seria o motivo dela aparecer justamente aqui? Vejamos:
“Este é o livro das gerações de Adam. No dia em que Elohim criou o homem, à semelhança de Elohim o fez. Macho e fêmea os criou; e os abençoou, e chamou o seu nome Adam, no dia em que foram criados. E Adam viveu cento e trinta anos, e gerou um filho à sua semelhança, conforme à sua imagem, e chamou o seu nome Sete. E foram os dias de Adam, depois que gerou a Sete, oitocentos anos: e gerou filhos e filhas. E foram todos os dias que Adam viveu, novecentos e trinta anos; e morreu. E viveu Sete cento e cinco anos, e gerou a Enos. E viveu Sete, depois que gerou a Enos, oitocentos e sete anos, e gerou filhos e filhas. E foram todos os dias de Sete novecentos e doze anos; e morreu. E viveu Enos noventa anos; e gerou a Cainã. E viveu Enos, depois que gerou a Cainã, oitocentos e quinze anos; e gerou filhos e filhas. E foram todos os dias de Enos novecentos e cinco anos; e morreu. E viveu Cainã setenta anos; e gerou a Maalalel. E viveu Cainã, depois que gerou a Maalalel, oitocentos e quarenta anos; e gerou filhos e filhas. E foram todos os dias de Cainã novecentos e dez anos; e morreu. E viveu Maalalel sessenta e cinco anos; e gerou a Járede. E viveu Maalalel, depois que gerou a Járede, oitocentos e trinta anos; e gerou filhos e filhas. E foram todos os dias de Maalalel oitocentos e noventa e cinco anos; e morreu. E viveu Járede cento e sessenta e dois anos; e gerou a Enoque. E viveu Járede, depois que gerou a Enoque, oitocentos anos; e gerou filhos e filhas. E foram todos os dias de Járede novecentos e sessenta e dois anos; e morreu. E viveu Enoque sessenta e cinco anos; e gerou a Metusala. E andou Enoque com Elohim, depois que gerou a Metusala, trezentos anos; e gerou filhos e filhas. E foram todos os dias de Enoque trezentos e sessenta e cinco anos. E andou Enoque com Elohim; e não se viu mais; porquanto Elohim para si o tomou. E viveu Metusala cento e oitenta e sete anos; e gerou a Lameque. E viveu Metusala, depois que gerou a Lameque, setecentos e oitenta e dois anos; e gerou filhos e filhas. E foram todos os dias de Metusala novecentos e sessenta e nove anos; e morreu. E viveu Lameque cento e oitenta e dois anos; e gerou um filho. E chamou o seu nome Noach, dizendo: Este nos consolará acerca de nossas obras, e do trabalho de nossas mãos, por causa da terra que o IHVH amaldiçoou. E viveu Lameque, depois que gerou a Noach, quinhentos e noventa e cinco anos; e gerou filhos e filhas. E foram todos os dias de Lameque setecentos e setenta e sete anos; e morreu. E era Noach da idade de quinhentos anos, e gerou Noach a Sem, Cão, e Jafé” Gn 5.1-32.
As primeiras palavras do capítulo são: “Este é o livro das gerações” e esta frase aparece somente mais uma veznas Escrituras. Vejamos a conexão: “Livro da geração de Ieshua[2] O Ungido[3], filho de David[4], filho de Avraham” Mt 1.1. Esta conexão nos fala sobre o primeiro Adam e sua conexão com o segundo Adam: Ieshua! Por este verso sabemos que Ieshua e Adam estão conectados não somente pela simples história, mas também pelo nível de interpretação das Escrituras que agrupa palavras, frases e versos semelhantes; porém aqui está uma frase que se repete somente uma vez mais e isso é inacreditável pois traz consigo uma conexão que mostra a ligação do Ungido com nosso ancestral Adam e estaconexão foi feita por Sha´ul que diz: “Assim está também escrito: O primeiro homem, Adam, foi feito em alma vivente: o último Adam, em espírito vivificante. Mas não é primeiro o espiritual, senão o natural; depois, o espiritual. O primeiro homem, da terra, é terreno; o segundo homem, o Senhor, é dos céus. Qual o terreno, tais são também os terrenos; e, qual o celestial, tais também os celestiais. E, assim como trouxemos a imagem do terreno, assim traremos também ta imagem do celestial. E, agora, digo isto, irmãos: que carne e sangue não podem herdar o poder soberano de Elohim, nem a corrupção herda a incorrupção.” I Co 15.45-50.
Finalmente no capítulo 6 temos os versos que dizem: “E aconteceu que, como os homens se começaram a multiplicar sobre a face da terra, e lhes nasceram filhas; viram os filhos de Elohim que as filhas dos homens eram formosas; e tomaram para si mulheres de todas as que escolheram. Então disse o IHVH: Não contenderá o meu Espírito para sempre com o homem; porque ele também é carne: porém os seus dias serão cento e vinte anos. Havia naqueles dias gigantes na terra; e também depois, quando os filhos de Elohim entraram às filhas dos homens, e delas geraram filhos: estes eram os valentes que houve na antiguidade, os varões de fama. E viu o IHVH que a maldade do homem se multiplicara sobre a terra, e que toda a imaginação dos pensamentos de seu coração era só má continuamente. Então arrependeu-se o IHVH de haver feito o homem sobre a terra, e pesou-lhe em seu coração. E disse o IHVH: Destruirei, de sobre a face da terra, o homem que criei, desde o homem até ao animal, até ao réptil, e até à ave dos céus; porque me arrependo de os haver feito. Noé porém achou graça aos olhos do IHVH” Gn 6.1-8.
O alvo final do Criador era dar à suas criaturas um lugar onde pudessem viver e amá-lo sem constrangimentos ou barreiras! Por isso a terra foi dada ao homem para que ele pudesse dominá-la e dela retirasse seu sustento! Ser semelhantes à D-us! Este é ainda o alvo de D-us para nós hoje!
Baruch Há Shem!
Mário Moreno
[1]“Cosmologia.”Enciclopédia® Microsoft® Encarta 2001. © 1993-2000 Microsoft Corporation. Todos os direitos reservados.
[2] Ieshua – Palavra hebraica que significa “livramento, segurança; socorro, vitória certa; bem-estar, prosperidade”. Esta palavra tem em sua raiz o termo yasha´ que significa “ser salvo, ser liberto”; hifil: “salvar, livrar, conceder vitória, ajudar; ser (estar) seguro; vingar-se, preservar”.
[3] O original é há Mashiach e significa “O Ungido”; traduzido por Cristo, transliteração da palavra grega “Christos”.
[4] O nome David significa “amado”; foi traduzido por Davi.