Parasha Kedoshim

Mário Moreno/ abril 23, 2018/ Parasha da semana

Kedoshim

Santos

Lv 19:1–20:27 / Am 9:7-15 / Mt 5:43-48

        Na Parasha desta semana estaremos abordando alguns fatos que demonstram-nos que a qualidade de vida tem a ver com a santidade do homem! E neste contexto veremos vários mandamentos que, quando obedecidos, conduzem o homem a um padrão de santidade cada vez maior!

Nosso texto tem início com as seguintes afirmações: “Falou mais o IHVH a Moshe, dizendo: Fala a toda a congregação dos filhos de Israel, e dize-lhes: Santos sereis, porque eu, o IHVH vosso Elohim, sou santo. Cada um temerá a sua mãe e a seu pai, e guardará os meus sábados. Eu sou o IHVH vosso Elohim. Não vos virareis para os ídolos nem vos fareis deuses de fundição. Eu sou o IHVH vosso Elohim” (Lv 19:1-4). A primeira coisa que notamos aqui é que o Eterno se apresenta para Moshe – e consequentemente também para o seu povo – como IHVH, ou seja, Ele é Aquele que se torna aquilo que seu povo precise que Ele se torne, Ele é a solução para qualquer problema que se apresente! Esta palavra deveria ser dita à toda a congregação dos filhos de Israel. A palavra “congregação” em hebraico é ´edâ e significa “assembléia, congregação, povo, multidão”. Esta palavra foi traduzida na Brit Hadasha como sinagoga! E há ainda algo mais, pois na raiz desta palavra estão também os termos mô´ed que significa “local determinado” e também mô´ad que significa “local de assembleia”. Fica claro pelo texto e seu contexto que este povo deveria encarar estas instruções como algo que lhes conduziria à santidade, pois o Eterno aqui declara sua santidade e convoca seu povo para ser como Ele é! A congregação, a multidão, o povo estará recebendo as instruções do Eterno como um conjunto, como uma unidade. Estas não são determinações únicas para algumas pessoas, mas são determinações que se apresentam a um povo que se reúne em um determinado local como um corpo que está pronto para receber o alimento que o mantenha vivo e saudável por mais tempo!

Á santidade estão ligados dois fatores importantes, que já foram apresentados aos israelitas nas “Dez Palavras” (ou “Dez mandamentos”). A primeira coisa que é dita aqui nos fala sobre reverenciar os pais. Isso nos parece um tanto quanto “antiquado” no mundo moderno, mas percebemos que este mandamento está ligado à longevidade do homem na terra. O “temor” aos pais refere-se ao respeito que devemos ter à eles como autoridades que são sobre nossas vidas! Não há nada melhor que honrar aos pais dando-lhes aquilo que lhes é devido – respeito, obediência, afeto, amor e tudo aquilo que pudermos fazer para honrá-los enquanto não entramos em choque com a Palavra do Eterno! Há também a questão da guarda do sábado que aqui está associada com a obediência aos pais. A palavra “guardar” em hebraico é shamar e significa “cuidar, guardar, prestar atenção”. A guarda do sábado é (e também o foi no passado) fator fundamental para a manutenção da unidade e da pureza na vida familiar. Este é o tempo em que os judeus se reúnem para em família celebrarem o shabat e assim em obediência ao Eterno gozarem dos benefícios deste mandamento. A palavra “sábado” em hebraico é shabat e significa “sábado, o sétimo dia da semana”. Ao homem foi ordenado que trabalhasse e daí retirasse seu sustento e também o de sua família. Porém o trabalho deveria ser realizado em seis dias para que no sétimo houvesse o devido descanso e a devida reverência ao Criador para neste dia cultua-lo! È fundamental entendermos o porque o homem deve trabalhar seis dias. O número seis nas Escrituras nos falam sobre o homem e o mal. Para que o homem possa sustentar-se – e também aos seus – ele não necessita trabalhar mais do que seis dias! Ele trabalha seis dias (em obediência ao mandamento do Eterno) e no sétimo descansa. O sete nos fala sobre plenitude, algo que se completa! Ou seja, após trabalhar seis dias, no sétimo o homem completa sua vida, entra em plenitude obedecendo ao Eterno! Isso completa-se com o restante do verso onde o Senhor se mostra como IHVH Elohim, ou seja, o Eterno é Aquele que se torna o D-us Criador para os obedientes à sua Palavra, trazendo à existência aquilo que precisamos para a resolução de nossos problemas e a manutenção de nossas vidas!

Respeito aos pais

A Torah ordena: “Cada filho judeu – mesmo adulto – deve respeitar seus pais.”

Como cumprimos esta mitsvá?

  • Não chamamos nossos pais pelo nome próprio;
  • Devemos ouvi-los quando nos falam;
  • Não podemos contradizê-los;
  • Não devemos falar ao percebermos que o pai ou a mãe estão prestes a falar, e também não interrompê-los quando estão falando;
  • Não sentamos na cadeira reservada a nossos pais.

Há apenas um caso em que o filho está proibido de dar ouvidos ao pai ou à mãe – quando ele ou ela ordena-lhe que cometa uma transgressão. Por exemplo, se a mãe no Shabat, diz à filha: “Cozinhe isto agora!” a filha está livre de obedecer. Os mandamentos de D’us têm precedência sobre as ordens dos pais.

Não devemos pensar sobre idolatria.

A Torah adverte: “Não deves pensar ou ler sobre ídolos.”

Portanto, estamos proibidos de ler livros ou artigos que falem sobre qualquer tipo de idolatria. É igualmente proibido possuir livros que declaram que o mundo não foi criado por D’us. D’us deseja que pensemos e leiamos sobre assuntos que são verdadeiros e que nos ajudem a cumprir Suas mitsvot.

Após esta determinação vem uma diretamente oposta à esta: a de não “virar-se” para os ídolos! Esta palavra “virar-se” em hebraico é panâ e tem o mesmo significado. Porém em sua raiz existem os seguintes termos:

Panîm – rosto

Lipnê – diante de, antes de.

Penimâ – para dentro

Penimî – interior.

Nos podemos argumentar: mas o que isso tem a ver comigo? A Escritura nos mostra que não devemos virar nosso rosto para diante de um ídolo, pois quando o fazemos, primeiro desviamos nossa atenção do Eterno e segundo que colocamos algo – ou alguém – no lugar de primazia em nossa vida com esta atitude! Isso está dito de outra forma no livro de Hebreus: “Olhando para Ieshua, autor e consumador da fé, o qual, pelo gozo que lhe estava proposto, suportou a estaca, desprezando a afronta, e assentou-se à destra do trono de Elohim” (Hb 12:2). Enquanto mantivermos nossos olhos firmes no Eterno não perderemos de vista os alvos que por Ele nos foram propostos e nunca deixaremos de entender que tudo acontece no tempo e da forma que o Eterno planejou para nós!

Mas, o que é um ídolo? Um ídolo, segundo a própria palavra nos fala é tudo aquilo que é colocado no lugar de D-us na vida do homem! Um ídolo pode ser grande ou pequeno, mas nunca deixará de ser um ídolo! Por isso nossa confiança deve ser posta e dirigida sempre ao Eterno!

Quanto ao sacrifício está dito: “E, quando oferecerdes sacrifício pacífico ao IHVH, da vossa própria vontade o oferecereis. No dia em que o sacrificardes, e no dia seguinte, se comerá; mas o que sobejar ao terceiro dia, será queimado com fogo. E se alguma coisa dele for comida ao terceiro dia, coisa abominável é; não será aceita. E qualquer que o comer levará a sua iniqüidade, porquanto profanou a santidade do IHVH; por isso tal alma será extirpada do seu povo” (Lv 19:5-8). A primeira coisa a ser dita é que aqui o Eterno apresenta-se como IHVH! Novamente sabemos que o Senhor haverá de tornar-se aquilo que seu povo precisa que Ele se torne! O texto nos fala sobre “sacrifício pacífico” e este tinha, entre outras funções, a de restabelecer a paz entre o ofertante e o Eterno! Este sacrifício deveria ser oferecido de “própria vontade”. A palavra “vontade” em hebraico é ratsôn e significa “prazer, satisfação, favor”. Isso nos mostra que este sacrifício somente era realizado quando houvesse uma disposição mental e espiritual do ofertante para trazer com prazer, com satisfação sua oferta ao Eterno! Não ocorrendo isso – a falta de prazer ou satisfação – não haveria de fato uma “oferta” ao Senhor, mas sim o cumprimento de um ritual, feito então de forma mecânica, religiosa!

A desobediência ao padrão decretado pelo Eterno faria com que não houvesse “aceitação” dessa oferta. A palavra “aceitação” (ou “aceita”) em hebraico é ratsâ e significa “agradar-se de, ser propício com”. Devemos notar que esta palavra vem da mesma raiz do termo ratsôn e traz em si a idéia de que, quando cumprimos aquilo que foi estabelecido pelo Eterno seremos então “aceitos” por Ele! O Eterno se agradará de nós mostrando-se propício para conosco, nos favorecendo e dando-nos aquilo que precisamos! Novamente aqui fica claro que a obediência atrai sobre o obediente as bênçãos vindas dos céus!

É uma mitsvá para cada judeu ser santo

A Torah nos diz: “Vocês devem ser santos porque Eu, D’us, o Sou“.

Como podemos cumprir a mitsvá de “sermos santos?”

1 – Um judeu torna-se santo se cumpre as mitsvot da Torah e mantém-se afastado de tudo que a Torah proíbe.

2 – Porém, isso não é o suficiente. A Torah quer “que sejamos santos”, mesmo quando não estamos rezando, estudando ou cumprindo uma mitsvá específica. Um judeu deve tentar ser santo mesmo quando lida com seus assuntos do cotidiano. “Ser santo” significa usar nossa mente, corpo, e tudo que possuímos rumo ao propósito para o qual D’us deseja que os usemos.

A mitsvá “ser santo” significa que antes de fazermos qualquer coisa, devemos fazer a nós mesmos a pergunta: “D’us ficará satisfeito com este ato; tem uma boa finalidade?”

Esta é uma tarefa muito difícil, por outro lado, nada é impossível; todas as mitsvot que Ele nos deu são passíveis de serem cumpridas.

Há também um padrão para a colheita: “Quando também fizerdes a colheita da vossa terra, o canto do teu campo não segarás totalmente, nem as espigas caídas colherás da tua sega. Semelhantemente não rabiscarás a tua vinha, nem colherás os bagos caídos da tua vinha; deixá-los-ás ao pobre e ao estrangeiro. Eu sou o IHVH vosso Elohim” (Lv 19:9-10). Aqui há uma orientação para que, quando for feita a colheita – seja do que for – seja deixado algo para que o pobre e o necessitado pudesse então colher aquilo que então tirar dali o sustento para si e para sua família! É interessante notarmos que novamente há uma orientação à nível social, pois o homem tem tendências egocêntricas e muitas vezes se esquece que ele vive em comunidade – partilhando de muitas coisas com outrem – e por isso o Eterno lembra-lhe que o amor ao próximo também manifesta-se quando deixamos algo para alguém que precisa sem nos identificarmos como os “doadores” de tal dádiva! Quando fazemos isso – novamente nos portando de maneira obediente – o Eterno se revela a nós como IHVH Elohim, aquele que se torna aquilo que precisamos, o Criador que certamente trará à existência aquilo que precisamos para que nossa vida seja agradável em todos os sentidos!

Vários preceitos são apresentados aqui, e novamente somos lembrados que vivemos em comunhão e dependência de outrem. “Não furtareis, nem mentireis, nem usareis de falsidade cada um com o seu próximo; nem jurareis falso pelo meu nome, pois profanarás o nome do teu Elohim. Eu sou o IHVH” (Lv 19:11-12). Devemos cultivar relações transparentes com o próximo. O mandamento sobre “não roubar” é explícito e a palavra “furtar” em hebraico é ganab e significa “levar embora, roubar, sair furtivamente”. Isso nos fala sobre uma atitude de desonestidade para com outrem e isso é demonstrado quando neste tipo de relações “coisas” são “levadas embora” sem o consentimento de seu proprietário! Nós temos a dimensão material do furto como sendo ligado a coisas, objetos, mas há também uma outra dimensão que se refere ao furto, roubo daquilo que é imaterial no ser humano. Existem pessoas que com palavras e atos roubam o amor, a esperança, a inocência, a virtude, a pureza, etc… de seu próximo e certamente isso um dia será requerido da mão de tais pessoas pelo Eterno! Devemos perceber o quanto somos responsáveis nas relações interpessoais e o quanto o Eterno nos tem dado a fim de que cultivemos relacionamentos sadios baseados em princípios práticos que estão explícitos na Torah! Estas relações abertas são fundamentais pois está também dito: “nem usareis de falsidade cada um com o seu próximo”. A falsidade é a atitude que é descrita no Brit Hadasha como hipocrisia! Esta palavra na língua grega significa “ter duas caras, agir falsamente com outrem”. E como isso é verdade, pois o hipócrita fala de uma forma diante de uma pessoa e quando está ausente desta pessoa fala sobre ela de forma agressiva e maldosa! Isso é ser hipócrita e usar de falsidade com o próximo. Devemos ser os mesmos independente da pessoa ou do lugar em que nos encontramos!

Contra o furto

A Parashá Kedoshim contém muitas mitsvot proibindo-nos de furtar dinheiro. Aqui estão algumas delas:

Não roubar

Por que esta mitsvá segue-se à mitsvá de deixar parte da colheita para os pobres? O que possuem em comum? O proprietário de um campo é advertido: “Se você tem um campo e é muito mesquinho para deixar pea, está na verdade roubando comida dos pobres. Não roube!”

E os pobres, também, são advertidos: “Quando recolher leket, não furte! Se você perceber que o dono deixou cair três feixes juntos, não os recolha! Não lhe pertencem; pertencem ao proprietário. Também, se você não é realmente necessitado mas recolhe pea para ganhar ‘comida grátis’, está roubando! Pea pertence apenas aos pobres.”

A Torah ensina a não roubar após as mitsvot de leket, shikcha e pea para insinuar estas advertências ao proprietário de um campo e aos pobres.

Um judeu não pode roubar nem mesmo um centavo. Também não pode tirar nada de seu amigo como brincadeira, mesmo que tenha a intenção de devolvê-la mais tarde. E jamais deve comprar coisa alguma de um ladrão.

Nas relações interpessoais são usados alguns “artifícios” para enfatizarem-se as nossas palavras. Um destes artifícios é o juramento. Está dito aqui: “nem jurareis falso pelo meu nome, pois profanarás o nome do teu Elohim”. A palavra “jurar” em hebraico é shaba e significa “jurar, conjurar”. Ela está relacionada com o termo shebá que significa “sete”. Mas, perguntaríamos, qual a relação entre um juramento e o número sete? O juramento só pode sr feito em nome de alguém superior e que tem condições de punir aqueles que se utilizam do nome que é usado para enfatizar o juramento, quando o mesmo for falso. Já o número sete nos fala sobre algo completo, inteiro, pleno. Ou seja, quando juramos devemos entender que este deve ser o último recurso que usaremos a fim de enfatizarmos qualquer coisa que seja, pois a obediência nos leva à plenitude e isso gera uma circunstância em que é desnecessário qualquer tipo de juramento! Quando estamos em obediência andamos sempre em plenitude e isso nos exime que qualquer circunstância ou motivo de jurarmos pelo nome do Eterno! Isso também nos ensina que devemos ter um grande respeito pelo nome do Senhor a ponto de não o envolvermos em nossos “apuros” tomando-o assim em vão!

Outras relações interpessoais também são tratadas aqui: “Não amaldiçoarás ao surdo, nem porás tropeço diante do cego; mas temerás o teu Elohim. Eu sou o IHVH. Não farás injustiça no juízo; não respeitarás o pobre, nem honrarás o poderoso; com justiça julgarás o teu próximo” (Lv 19:14-15). Parece interessante que o Eterno nos fale sobre não amaldiçoar o surdo! Aqui a palavra “amaldiçoar” em hebraico é qelala e significa “maldição”. A ênfase básica está na ausência da bênção e um rebaixamento a um estado inferior. O estado de uma pessoa portadora de deficiência é por si só algo que denota um certo “rebaixamento”. Quando somos informados que não devemos declarar em palavras este tipo de situação e liberarmos sobre este tipo de pessoa tais palavras devemos ter em mente que esta pessoa já por si só vive num mundo diferente do nosso, pois a deficiência auditiva priva-a de muito daquilo que percebemos ao nosso derredor! Por isso não podemos, em hipótese alguma, liberar qualquer “maldição” (como palavras que retiram a bênção e denotam o rebaixamento) contra qualquer pessoa! Um outro aspecto nos fala sobre “nem porás tropeço diante do cego”, o que nos ensina que devemos facilitar a vida destes deficientes de tal modo que eles possam viver uma vida de “normalidade” enquanto andam pelos caminhos que tem de percorrer! Isso também nos fala sobre como devemos construir e edificar, pois devemos nos lembrar que existem deficientes – ainda que não sejam muitos – que precisam ser respeitados e auxiliados em suas deficiências! Quando este verso finaliza o Senhor nos informa que ele se apresenta como IHVH Elohim! Quando for necessário o Eterno também se apresentará como nosso juiz, pois quando quebramos um destes mandamentos estamos desrespeitando princípios que foram promulgados pelo Eterno já na criação!

Somos também informados sobre a forma de emitirmos qualquer tipo de juízo. Isso deve ser feito levando-se em conta o parâmetro de justiça existente: a Palavra de D-us! Há uma ordem para não ser feita injustiça no juízo. A palavra “injustiça” em hebraico é avel e significa “injustiça, iniquidade”. O seu cognato árabe é ´wl e significa “desviar” e isso demonstra o abandono do padrão correto para agir da forma contrária ao que é certo. Somos ensinados a não fazermos distinção entre pessoa e pessoa e a usarmos da justiça para com o próximo! Isso significa que nunca favoreceremos uma pessoa em detrimento de outrem e não daremos razão a quem não a tem! Julgar corretamente significa que nos utilizaremos dos padrões divinos para que quando os aplicarmos ao nosso dia a dia possamos então desfrutar de uma vida melhor!

Cuidados com a fala

A Torah ordena: “Você não pode amaldiçoar uma pessoa surda.”

Não podemos amaldiçoar uma pessoa surda, embora ela não possa ouvir nossa maldição e não se aborreça com isso. Então certamente não podemos amaldiçoar um judeu que pode nos ouvir e que se sentirá mal com nossa praga!

Por que a Torah nos proíbe de amaldiçoar?

1 – Uma pessoa que souber que foi amaldiçoada certamente ficará muito magoada.

2 – Mesmo que a pessoa jamais descubra que foi amaldiçoada, mesmo assim é proibido fazer isso. A Torah deseja que sejamos bons e amigos de todos; não podemos desejar-lhes o mal.

3 – Cada palavra dita pela pessoa tem uma força formidável. D’us poderá cumprir a maldição. Então, teremos uma parcela de culpa se o próximo for punido.

Não podemos dar maus conselhos

A Torah nos ordena: “Não faça uma pessoa cega tropeçar, colocando obstáculos em seu caminho.” Esta mitsvá também se aplica se alguém vem até você pedindo um conselho. Você não deve aconselhá-la erradamente, de propósito. Quem lhe pede um conselho é como se fosse “uma pessoa cega”. Se lhe der a direção errada, estará fazendo-a “tropeçar”, cometer um erro.

Quando você aconselha alguém, esta pessoa não sabe se sua intenção é ajudá-la ou causar-lhe problemas. Ele não pode ler seus pensamentos. Mas há Alguém que lê sua mente – D’us. Ele adverte: “Aconselhe honestamente.”

Um outro detalhe é posto aqui: a conduta no falar e no pensar! “Não andarás como mexeriqueiro entre o teu povo; não te porás contra o sangue do teu próximo. Eu sou o Senhor. Não odiarás a teu irmão no teu coração; não deixarás de repreender o teu próximo, e por causa dele não sofrerás pecado” (Lv 19:16-17). A primeira orientação nos fala sobre a nossa atitude ao falar. A palavra “mexeriqueiro” em hebraico é rakil e significa “caluniador”. Isso significa que não devemos nunca falar de nosso próximo para com isso levantar uma calúnia contra esta pessoa! Nunca devemos fazer comentários que sejam maldosos ou que deixem qualquer dúvida sobre a vida de outrem. Na Brit Hadasha temos dois exemplos fortes quanto à língua: “Se alguém entre vós cuida ser religioso, e não refreia a sua língua, antes engana o seu coração, a religião desse é vã” (Tg 1:26). Há também um outro verso neste mesmo livro que nos diz: “Assim também a língua é um pequeno membro, e gloria-se de grandes coisas. Vede quão grande bosque um pequeno fogo incendeia” (Tg 3:5). Aquela pessoa que não sabe refrear sua língua fala de forma a caluniar o seu próximo e não pode – nem deve – considerar-se como religiosa de forma alguma, pois com a sua língua (este pequeno membro), ela causa males que muitas vezes são quase que irreparáveis às demais pessoas que a rodeiam.

Não devemos espalhar rumores

Eis aqui outra importante mitsvá que podemos cumprir com frequência:

A Torah adverte: Não saia por aí espalhando histórias sobre outras pessoas! Duas mitsvot estão incluídas nesta advertência:

1 – Não fale lashon hará sobre os outros! Lashon hará é uma observação verdadeira sobre outra pessoa, mas não é positiva.

2 – A proibição de rechilut, espalhar boatos. Não conte a uma pessoa o que outra disse a seu respeito.

Uma outra postura que nos é demonstrada aqui é que não devemos odiar ao irmão. A palavra odiar em hebraico é sana e significa “odiar, ser odioso”. Exprime uma atitude diante de pessoas e coisas que são combatidas, detestadas e desprezadas e com as quais não se deseja nenhum contato ou relacionamento. Novamente somos lembrados que não devemos nos colocar em posição tal que tomemos tal atitude através de nossa postura nos relacionamentos interpessoais. Na Brit Hadasha está escrito também: “Aquele que diz que está na luz, e odeia a seu irmão, até agora está em trevas” (I Jo 2:9). Este verso primeiro nos fala sobre uma “prova” de estarmos ou não com a vida dentro dos padrões de D-us. Aquele que odeia – segundo o apóstolo João – não está andando na luz (diante de D-us), mas permanece em trevas (com sua vida atada em algum aspecto pelo maligno). Mas há ainda um outro fator ainda mais preocupante: “Qualquer que odeia a seu irmão é homicida. E vós sabeis que nenhum homicida tem a vida eterna permanecendo nele” (I Jo 3:15). O mesmo João agora nos afirma que aquele que odeia é homicida (assassino)! E diz ainda que nenhum homicida tem a vida eterna permanecendo nele! E o pior é o que este mesmo João diz no final da Escritura: “Ficarão de fora os cães e os feiticeiros, e os que se prostituem, e os homicidas, e os idólatras, e qualquer que ama e comete a mentira” (Ap 22:15). Segundo os versos que lemos acima, qualquer pessoa que adota esta postura de ódio contra seu irmão não conhece à D-us e não terá nenhuma herança com Ele! Percebemos então que este é um princípio muito antigo que já estava presente na Torah e que deveria ser obedecido e cumprido desde a época de Moshe!

Existem ainda outros princípios que são: “Não te vingarás nem guardarás ira contra os filhos do teu povo; mas amarás o teu próximo como a ti mesmo. Eu sou o IHVH. Guardarás os meus estatutos; não permitirás que se ajuntem misturadamente os teus animais de diferentes espécies; no teu campo não semearás sementes diversas, e não vestirás roupa de diversos estofos misturados” (Lv 19:18-19). O primeiro princípio aqui nos fala sobre vingança. Esta palavra em hebraico é naqam com o mesmo significado. Mas aqui D-us é essencialmente o vingador! Isto nos fala sobre lago que é inusitado: não nos pertence o ato de vingar-nos de nossos inimigos ou opressores! Inclusive não nos é dada nem a prerrogativa de guardar a ira por causa destas pessoas! Isto está explícito em outro verso que nos diz: “Minha é a vingança e a recompensa, ao tempo que resvalar o seu pé; porque o dia da sua ruína está próximo, e as coisas que lhes hão de suceder, se apressam a chegar” (Dt 32:35). Novamente o Eterno nos afirma que a Ele pertence a vingança! Nossa postura deve ser a de colocar diante d´Ele nossas causas e então aguardarmos pela sua manifestação. Isso significa que nunca devemos agir de acordo com nossos impulsos e emoções em dados momentos! Em contrapartida está aqui – associado à vingança – o mandamento sobre amar ao próximo como a si mesmo! Isso soa um tanto quanto diferente, pois no mundo não é normal vermos a vingança associada ao amor ao próximo! Mas é justamente isso que o Eterno quer que tenhamos em mente, pois os nossos inimigos devem ser amados por nós, pois isso traz sobre nosso espírito e alma uma paz que não é conhecida por nenhum outro tipo de pessoa!

Sem ódio e sem vingança

A Torah diz: “Não odeie seu irmão em seu coração.” Todos os judeus são chamados “irmãos” e “filhos de D’us.” Um irmão deve amar o outro e preocupar-se com ele.

Por que as pessoas às vezes se odeiam? Talvez não haja uma verdadeira razão. Este ódio é chamado de ódio por razão nenhuma, sin’at chinam.

Rezamos a cada dia pela vinda de Mashiach e para que o terceiro Bet Hamicdash seja reconstruído. Mas primeiro, devemos parar de ter ódio. Impedimos a vinda de Mashiach por causa de ódio sem motivo. Mesmo se outro judeu enganar você, não deve odiá-lo. Esta é uma mistvá também: “Não podemos buscar vingança ou lembrar do mal que outro judeu nos causou.”

Não se lembrar o mal que o próximo lhe fez

A Torah não proíbe apenas a vingança. Também não podemos lembrar o mal que outro judeu nos causou. Isto significa não lhe expressar verbalmente e o fazer recordar este mal. Exemplo: Fulana se recusou a emprestar um objeto para sua vizinha. Quando ela mesma precisou emprestar um objeto da vizinha, esta lhe disse: “Com certeza lhe emprestarei, apesar de você ter me negado quando lhe pedi”. A Torah nos ordena a não guardar rancor e ressentimento. Há muitos tsadikim famosos que perdoaram aqueles que os insultaram ou lhes causaram mal:

  • Iossef – Seus irmãos planejaram matá-lo e o venderam como escravo. Iossef, entretanto, não procurou vingar-se deles. Pelo contrário, providenciou comida para eles e suas famílias por toda a vida. Eis porquê é chamado de “Iossef, o tsadic.”
  • Moshê – Os judeus frequentemente insultavam e enfureciam Moshê. Apesar disso, ele rezava a D’us por eles.
  • Rei David – Era tão humilde que quando um homem (chamado Shimi ben Gueira) o amaldiçoou, disse aos servos: “Não quero que seja punido. D’us permitiu que ele me insultasse, portanto, devo merecer!”
  • O sábio Hilel era famoso por jamais se aborrecer ou se ofender. Ensinou aos alunos a portarem-se da mesma maneira, também. Hilel foi recompensado com vida longa. Viveu até a idade de cento e vinte anos (bem como Moshê e Rabi Akiva).

Um outro aspecto é que nos é dito para que guardemos os estatutos do Senhor! A palavra “guardar” em hebraico é shamar e significa “cuidar, guardar, observar, prestar atenção”. Já o termo “estatuto” vem da palavra huqqâ e significa “estabelecimento de uma lei, estatuto, costume, lei, decreto”. Ora, fica claro aqui a intenção do Eterno para com seu povo: que eles vivam as leis que por Ele foram estabelecidas, pois desta forma o seu povo estará recebendo bênçãos advindas justamente da observância diária daquilo que foi dito pelo Eterno! No restante do verso Moshe fala sobre não misturar coisas diferentes e isso nos faz pensar na exclusividade que o Eterno desejou para seu povo como um povo único em toda a terra! E a obediência deste povo às leis e mandamentos do Eterno serviria como uma marca que os distinguiria dos demais povos. Por isso é tão importante que o povo de D-us o obedeça de forma plena e incondicional.

As orientações do Eterno seguem-se duma forma didática e clara. Agora o Senhor fala sobre a terra na qual seu povo adentrará e como ali procederá na época da colheita. Está escrito assim: “E, quando tiverdes entrado na terra, e plantardes toda a árvore de comer, ser-vos-á incircunciso o seu fruto; três anos vos será incircunciso; dele não se comerá. Porém no quarto ano todo o seu fruto será santo para dar louvores ao IHVH. E no quinto ano comereis o seu fruto, para que vos faça aumentar a sua produção. Eu sou o IHVH vosso Elohim” (Lv 19:23-25). Esta orientação é interessante pois nos fala sobre o plantar e colher. Após o plantio deveria ser observado um período de três anos sem que houvesse colheita para quem efetuou a plantação. Já no quarto ano os frutos deveriam ser dedicados ao Senhor. O interessante é que Moshe aqui fala sobre “louvores” ao Senhor! A palavra “louvores” em hebraico é hillûl e significa “júbilo, exaltação, louvor”. Esta palavra tem em seus cognatos acadianos os seguintes termos: atlalu que significa “gritar, vangloriar-se” e também sululu que significa “saudar, aclamar, gritar, demonstrar alegria”. Percebemos que no quarto ano de colheita devemos levar os frutos para com eles nos portarmos com profunda alegria perante o Eterno, pois ali estaremos oferecendo todo o produto daquela colheita ao Senhor! E isso era feito de forma a demonstrar a profunda alegria que em estava imbuído o ofertante. Quando a pessoa se aproximava com sua oferta seu coração estava cheio de gratidão, louvor, adoração, prazer, enfim, de todo o sentimento positivo por estar ali ofertando ao Senhor! Aqui a palavra Senhor é o tetragrama (IHVH), o que significa que o Eterno estaria se tornando aquilo que o ofertante precisava que Ele se tornasse para ele!

Logo após seguem-se outras orientações: “Não comereis coisa alguma com o sangue; não agourareis nem adivinhareis” (Lv 19:26). Aqui é enfatizada a ordem para não comer sangue. Como já vimos em outras ocasiões o sangue contém a vida de seu dono, porém contém também todos os males e enfermidades que aquela vida adquiriu durante sua existência! Por isso o Eterno proíbe seu povo de ingerir o sangue! Aqui o Senhor tem em mente o conceder ao seu povo uma melhor qualidade de vida e conseqüentemente também uma maior longevidade. Há também uma ordem para não adivinhar e nem agourar. A palavra “adivinhar” em hebraico é nabash e significa “adivinhar, praticar adivinhação, ler sorte, tomar como presságio, feitiçaria”. Este termo nos fala sobre práticas que visam “pressupor” misticamente algo através de leitura ou manipulação de objetos tidos como “místicos” e que podem, de alguma forma, prever ou determinar o futuro de alguém! Já a palavra “agourar” vem do termo anan e significa “observar os tempos, praticar adivinhação, praticar espiritismo, praticar magia, praticar bruxaria”. O agouro é algo feito a um nível mais “profundo” pois nos fala sobre a manutenção de um relacionamento com o reino das trevas e a conseqüente absorção de palavras que nada tem a ver com D-us e com sua Palavra e isso levará tal pessoa à ruína e perdição! Para quem pratica tais coisas não há necessidade de qualquer tipo de confiança no Eterno, pois estas pessoas guiam-se pelas orientações dos “guias” e por suas adivinhações, já que ninguém – a não ser D-us – sabe exatamente o que poderá acontecer no futuro! Os guias adivinham; o Eterno conhece pois Ele já esteve no futuro! Eu diria inclusive que o Eterno é o futuro!

Uma outra orientação segue-se agora: “Não cortareis o cabelo, arredondando os cantos da vossa cabeça, nem danificareis as extremidades da tua barba” (Lv 19:27). Esta orientação fala sobre a manutenção de um cabelo comprido, assim como da barba! E quando lemos esta orientação percebemos que no mundo atual faz-se justamente o inverso: os homens barbeiam-se e cortam seus cabelos de forma arredondada para parecerem mais bonitos! No judaísmo ortodoxo mantém-se esta determinação à risca: os judeus não cortam os cantos do cabelo e nem a sua barba! Isso lhes dá uma aparência tal que os distingue totalmente dos outros homens! Certamente essa seria uma das intenções do Senhor para com seu povo e também certamente havia a intenção de que, através da barba longa, houvesse o respeito àquele homem como um servo de D-us!

Há também uma outra orientação que nos dá muito o que pensar: “Pelos mortos não dareis golpes na vossa carne; nem fareis marca alguma sobre vós. Eu sou o IHVH” (Lv 19:28). Na antiguidade – e ainda hoje acontece – que homens marcavam seus corpos quando morria alguma pessoa de quem eles gostavam muito e isso o Eterno proíbe de forma categórica! Já a frase “fazer marca sobre vós” nos fala sobre algo diferente. A palavra “marca” em hebraico é qa´aqa e significa “incisão, tatuagem”. O Eterno proíbe terminantemente seu povo de tatuar seu corpo ou fazer qualquer marca em seu corpo que o identifique com qualquer entidade, pessoa ou grupo social ou étnico! A tatuagem tinha – e ainda tem – justamente esta finalidade! E o Eterno separou para si um povo santo e puro de tal forma que não haveria qualquer necessidade de tais marcas serem feitas no corpo, até porque tais atos demonstravam no passado uma sujeição a nível de escravidão por parte destas pessoas! Os escravos eram marcados com os emblemas, iniciais, ou marcas distintivas de seus senhores!

Um judeu não pode tatuar seu corpo

Nos tempos de outrora, sacerdotes da idolatria costumavam se tatuar. E, muitas vezes, as pessoas se tatuavam após a morte de um parente para mostrar como estavam tristes. A Torah proíbe um judeu de tatuar seu corpo. Esta lei nos mantém afastados dos idólatras e seus costumes.

Outra razão pela qual a Torah proíbe tatuagem, é porque o corpo nos foi dado como um presente por D’us. É uma mitsvá cuidar bem do corpo. Não devemos perfurá-lo ou marcá-lo sem necessidade.

Temos aqui a repetição de alguns mandamentos: “Guardareis os meus sábados, e o meu santuário reverenciareis. Eu sou o IHVH. Não vos virareis para os adivinhadores e encantadores; não os busqueis, contaminando-vos com eles. Eu sou o IHVH vosso Elohim. Diante das cãs te levantarás, e honrarás a face do ancião; e temerás o teu Elohim. Eu sou o IHVH” (Lv 19:30-32). Novamente aqui é enfatizada a guarda (observância) do shabat ligada à reverência do lugar de habitação do Eterno. Isso certamente nos fala não somente sobre o lugar físico da habitação do Senhor mas também sobre a casa espiritual onde o Eterno habita – o homem! A guarda do sábado está associada a uma melhor qualidade de vida e com isso também há o aspecto da obediência, e todas as vezes que o homem obedece ao Senhor bênçãos são liberadas sobre ele! Quem cuida do próprio corpo reverencia o santuário – local de habitação do Eterno – e com isso cumpre também a Torah! Quando o homem age assim então o Eterno se apresenta para ele como IHVH Elohim! Ou seja, Aquele que se torna o que ele precisa por estarem sendo obedecidos os princípios instituídos pelo Criador!

Devemos honrar os judeus idosos

A Torah nos ordena: “Quando você ver um judeu de setenta ou mais anos, deve honrá-lo! Fique de pé e aja respeitosamente em relação à ele”

Um judeu de idade é honrado mesmo não sendo um sábio. Merece ser respeitado porque D’us lhe concedeu vida longa. Tem experiência de vida e reconhece os caminhos maravilhosos de D’us neste mundo. Se todos judeus idosos devem ser honrados, quanto mais nossos próprios avós, se somos afortunados de o termos conosco.

O midrash nos conta:

Como nossos sábios honravam os idosos

Quando o sábio Abaye caminhava pela rua, costumava estender seu braço para que todo judeu idoso pudesse apoiar-se nele.

O próprio Rava não sustentava pessoas idosas. Porém, sempre que via um judeu de idade, mandava um de seus alunos oferecer-lhe o braço. Sempre que Rabi Meir via um judeu idoso, mesmo um que não fosse estudioso da Torah, levantava-se para ele. Dizia: “Deve haver uma razão para D’us deixá-lo viver até esta idade avançada: ele certamente realizou boas ações!”

Devemos honrar os eruditos de Torah

A Torah chama um erudito de zaken (homem idoso), mesmo se for jovem. Por ter estudado Torah, possui a sabedoria de um homem de mais idade. Por isso, a Torah nos ordena: “Honra todo erudito de Torah, seja ele jovem ou idoso.” Nós nos levantamos para um erudito; fazendo-o caminhar à nossa frente. É claro que cada aluno deve honrar ainda mais seu próprio mestre de Torah.

Em Pirkê Avot está escrito: “Seu respeito pelo Rebe deve ser tão grande quanto seu temor a D’us.” Um aluno deve levantar-se para seu rebe: não pode sentar-se na cadeira do rebe; deve fazer perguntas com respeito; não deve interrompê-lo, e tampouco contradizê-lo. Seu rebe merece a maior honra, porque lhe ensina a Torah, doando seu tempo e sabedoria.

Novamente é dito ao povo de D-us para que não se vire para os encantadores e adivinhos, pois o simples ato de busca-los a fim de querer algo traz contaminação à estas pessoas! E isto pode ser feito de várias formas, como por exemplo lendo-se um horóscopo num jornal ou revista! Certamente não precisamos de qualquer orientação que não venha da Palavra do D-us Eterno!

Um outro aspecto que devemos observar é a honra que todos devemos dar aos mais velhos! O Senhor deixa claro que devemos honrar a face do ancião! Novamente somos lembrados que tais atitudes demonstram nosso temor – respeito – ao Senhor e à sua Palavra! A sociedade ocidental não dá valor ao idoso e há uma cultura de “desprezo” e desrespeito ao idoso e à sua utilidade na sociedade moderna!

Agora o Eterno nos fala sobre a pena que deverá ser impingida aos diversos tipos de crimes. “Falou mais o IHVH a Moshe, dizendo: Também dirás aos filhos de Israel: Qualquer que, dos filhos de Israel, ou dos estrangeiros que peregrinam em Israel, der da sua descendência a Moloque, certamente morrerá; o povo da terra o apedrejará” (Lv 20:1-2). Novamente aqui o Eterno se apresenta como IHVH, ou seja, Ele se tornará aquilo que seu povo precisa que Ele se torne! No caso acima citado percebemos que o Eterno se tornará em juízo para todo aquele que quebrar ou violar tal mandamento. O fato de oferecer os filhos a Moloque, queimando-os vivos, faria com que tais pessoas fossem apedrejadas! A palavra “apedrejadas” em hebraico é ragam e significa “matar por apedrejamento”! O Eterno certamente não toleraria que um filho seu cometesse tal tipo de atrocidade e ainda continuasse vivo! Por isso a pena para tal crime seria esta: o apedrejamento!

Já nos versos seguintes o Eterno nos fala sobre a sua santidade: “Portanto santificai-vos, e sede santos, pois eu sou o IHVH vosso Elohim. E guardai os meus estatutos, e cumpri-os. Eu sou o IHVH que vos santifica” (Lv 20:7-8). Estes versos nos informam que quando guardamos os estatutos dados pelo Eterno, Ele nos santificaria através deles! Novamente percebemos que tais estatutos agem de forma a proteger os israelitas e a aproxima-los cada vez mais do Senhor. Parece lógico que quando D-us deu tais mandamentos Ele certamente pensava em aproximar seu povo de si justamente através destes mandamentos, pois eles seriam dados como o padrão idealizado pelo Eterno a fim de que o homem pudesse ser cada dia mais semelhante ao Eterno em seu agir.

O padrão do Senhor implica no abandono de práticas que foram aprendidas enquanto estivemos distantes d´Ele. Temos aqui novamente a repetição de várias modalidades delas, mas principalmente naquilo que diz respeito aos relacionamentos interpessoais. Seria sugestivo citar como exemplo o verso 16: “Também a mulher que se chegar a algum animal, para ajuntar-se com ele, aquela mulher matarás bem assim como o animal; certamente morrerão; o seu sangue será sobre eles” (Lv 20:16). Aqui temos um exemplo de bestialidade, que é o ato de uma mulher deitar-se – para ter relações sexuais – com um animal. No texto, a palavra “ajuntar-se” em hebraico é qarab e significa “aproximar-se, chocar-se”. Tem o sentido de estar em posição mais próxima e íntima do objeto; também tem a conotação de contato físico com o objeto. Certamente que toda a perversão traz sobre si graves conseqüências e esta não seria diferente. A punição para tal crime seria a morte de ambos – mulher e animal – pois esta atitude visaria a não proliferação de tais práticas entre o povo de Israel.

Quando obedecemos aos preceitos do Senhor então nós temos a oportunidade de receber bênçãos, pois assim está dito. O capítulo termina com uma palavra muito interessante: “E não andeis nos costumes das nações que eu expulso de diante de vós, porque fizeram todas estas coisas; portanto fui enfadado deles. E a vós vos tenho dito: Em herança possuireis a sua terra, e eu a darei a vós, para a possuirdes, terra que mana leite e mel. Eu sou o IHVH vosso Elohim, que vos separei dos povos. Fareis, pois, diferença entre os animais limpos e imundos, e entre as aves imundas e as limpas; e as vossas almas não fareis abomináveis por causa dos animais, ou das aves, ou de tudo o que se arrasta sobre a terra; as quais coisas apartei de vós, para tê-las por imundas” (Lv 20:23-25). Algumas coisas estão muito claras aqui: a primeira é que o Eterno não quer que seu povo “ande nos costumes das nações”. A palavra “nações” em hebraico é goi e significa “povos e nações gentílicas”. Um outro aspecto é que o Eterno nos fala que seu povo possuiria a terra “em herança”. A palavra “herança” em hebraico é yarash e significa “tomar posse de, desalojar, ocupar, apoderar-se de, ser herdeiro”. O Senhor já estava avisando seu povo que em sua caminhada à terra que lhes for a prometida eles veriam – e passariam também por – muitos povos, os quais não deveriam imitar, pois a sua herança seria justamente a terra deles. Israel deveria desalojar os seus inimigos e assim tomar posse daquilo que o Eterno lhes havia prometido sob juramento! Eles também teriam que “trabalhar” para ver as promessas do Senhor realizadas em sua vida! E patê deste trabalho é a obediência ao Senhor! Enquanto eles andassem em obediência fariam diferença entre eles e os demais povos da terra!

Novamente está dito aqui: que o Eterno deu os mandamentos aos filhos de Israel para que eles, através da obediência, fizessem separação entre o puro e o impuro e Israel não deveria – sob hipótese alguma – contaminar-se por causa de um animal, inseto ou objeto e assim atrair sobe si maldição pela desobediência!

Que o Eterno nos ajude a compreendermos seus propósitos e sermos santos assim com Ele é!

Baruch Há Shem!

Mário Moreno

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