Parasha Ki tissa

Mário Moreno/ fevereiro 27, 2018/ Parasha da semana

Ki tissa

(Então levarás)

Ex 30.11 – 34.35 / I Rs 5.51- 8.21 / II Co 3:1-18

        Na Parasha desta semana estaremos discorrendo sobre o que fazer para resgatar-se a alma e também sobre o restante dos móveis do Tabernáculo de Moshe, assim como veremos o pecado do povo que não soube esperar por Moshe enquanto este estava recebendo do Eterno as instruções a fim de conduzir seu povo no caminho de santidade e vida!

Nosso texto tem início com: “Quando fizeres a contagem dos filhos de Israel, conforme a sua soma, cada um deles dará ao Senhor o resgate da sua alma, quando os contares; para que não haja entre eles praga alguma, quando os contares” (Êx 30:12). A palavra traduzida por Senhor é o tetragrama, e isso nos informa que Ele se tornará na necessidade de cada israelita a fim de suprir-lhes quaisquer falta ou necessidade! Os israelitas deveriam dar um “resgate”, que em hebraico é koper e significa “resgate, dádiva para obter favor”. A palavra vem da raiz “cobrir”, “ocultar” e significa “cobrir o pecado”. A palavra seguinte é “alma”, que em hebraico é nephesh e significa “vida, alma, criatura, mente”. Isso nos mostra que cada israelita deveria trazer algo a fim de resgatar sua própria vida perante o Senhor. O resgate em si evitaria que a praga atingisse aos israelitas, pois foi determinado pelo Eterno que assim fosse feito. E o resgate seria igual para todos! Ninguém pagaria mais ou menos pelo resgate pessoal! Há uma igualdade diante do Eterno que não pode ser quebrada! Para Ele todo o homem tem o mesmo valor, independente de quem seja ou de quanto dinheiro tenha, ou mesmo da cor de sua pele ou sua posição social! Todos tem o mesmo valor para o Eterno! Através deste ato, o homem pecador teria seu pecado coberto e sua vida, que se compõe da alma e também dos seus sentimentos, seria também restaurada! O Senhor não se tornou o seu resgate somente a fim de que eles fossem perdoados! Ele planejou que juntamente com o perdão houvesse também a restauração da alma, da mente, das emoções de um homem que estava em desequilíbrio e por isso precisava de tal ato da parte do Eterno!

Agora Moshe nos fala sobre a pia de cobre: “Farás também uma pia de cobre com a sua base de cobre, para lavar; e a porás entre a tenda da congregação e o altar; e nela deitarás água” (Êx 30:18). Esta pia tem um simbolismo muito forte, pois ela nos fala que após o homem ter se convertido (passado pela porta – que é Ieshua – do Tabernáculo), após o homem ter morrido (passando pelo altar de sacrifícios), agora ele precisa ter sua vida purificada, “E Aharon e seus filhos nela lavarão as suas mãos e os seus pés” (Êx 30:19), e para isso é necessário passar pela pia de cobre, a fim de que, através do batismo, sejamos inseridos num outro contexto em nossa caminhada com o Eterno e que estejamos dando nosso testemunho público de que nossa fé está embasada no D-us verdadeiro! A pia de cobre nos fala sobre uma nova vida que morre para o mundo e ressurge já transformada para D-us! “De sorte que fomos sepultados com ele pela imersão na morte; para que, como o Ungido foi ressuscitado dentre os mortos, pela glória do Pai, assim andemos nós também em novidade de vida” (Rm 6:4).

A ordem de fazer um lavatório

D’us ordenou que uma grande pia especial de cobre com bicos (kiyor) fosse construída e colocada no pátio do Tabernáculo, entre o Ohel Moed (Côdesh) e o altar exterior. Este lavatório era enchido com água a cada manhã para que os cohanim pudessem abluir suas mãos e seus pés antes de iniciar o serviço Divino. Por que D’us ordenou aos cohanim que lavassem mãos e pés antes de iniciar seu trabalho no Santuário?

Poderíamos responder que D’us queria assegurar-se de que suas mãos e pés estivessem limpos. Esta explicação é verdadeira, mas também existe uma razão mais profunda para esta ordem.

Ao verter água de uma vasilha sagrada sobre suas mãos e pés antes do serviço Divino, tais partes do corpo se santificavam.

Será que não era necessário santificar também o resto do corpo? O corpo dos cohanim já se tornavam sagrados ao vestirem suas roupas sacerdotais. A água, então era utilizada para santificar mãos e pés que ficavam descobertos.

As especiarias também tem um significado profundo! “Tu, pois, toma para ti das principais especiarias, da mais pura mirra quinhentos siclos, e de canela aromática a metade, a saber, duzentos e cinqüenta siclos, e de cálamo aromático duzentos e cinqüenta siclos.” (Êx 30:23). A palavra traduzida por “especiarias” é besem e significa “especiaria, perfume, cheiro ou aroma agradável”. A palavra “mirra” é mor e tem o mesmo significado: mirra. Ela vem de uma raiz que significa “ser amargo, fortalecer, ser forte”. Já a canela é uma casca de árvore com cheiro adocicado. Mas, perguntaríamos nós, para que o Eterno ordenou juntar essas coisas todas? A resposta é: “E disto farás o azeite da santa unção, o perfume composto segundo a obra do perfumista: este será o azeite da santa unção” (Êx 30:25). Sim, o objetivo final do Eterno é que fosse composto o azeito santo para unção! Este azeite tinha uma finalidade especial: seria usado para ungir reis, profetas e sacerdotes! Mas o que aconteceria após terem recebido esta unção? Vejamos na seqüência: a unção faria com que eles exalassem um cheiro agradável e apesar do amargor das tribulações eles estariam tornando-se cada vez mais fortes, e quando fossem levados ao fogo, após queimarem exalariam um cheiro adocicado e suave! Esse é o resultado da unção do Eterno sobre a vida daqueles que Ele chama para servirem-no seja como reis (investidos de autoridade temporal), seja como profetas (investidos de autoridade para levantarem o povo e trazerem a eles os desígnios do Altíssimo), ou seja como sacerdotes (investidos de autoridade para entrarem e saírem na presença do Eterno a fim de abençoarem ao Seu povo! E esta unção está disponível para nós a qualquer momento! Como obtê-la? Basta orarmos e pedirmos Aquele que deu a fórmula do óleo que derrame deste precioso óleo sobre nós a fim de sermos transformados e enriquecidos espiritualmente por este óleo!

Este óleo ungiria tanto objetos como homens! Os objetos seriam definitivamente separados para serem utilizados somente no serviço do Senhor. Isso confirmaria sua santidade e utilidade! “E com ele ungirás a tenda da congregação, e a arca do testemunho, E a mesa com todos os seus utensílios, e o candelabro com os seus utensílios, e o altar do incenso. E o altar do holocausto com todos os seus utensílios, e a pia com a sua base. Assim santificarás estas coisas, para que sejam santíssimas; tudo o que tocar nelas será santo” (Êxodo 30:26-29). Tais objetos perderiam sua condição de “simples” ou “normais” e passariam a ser considerados como santos! Como está escrito, “Assim santificarás estas coisas, para que sejam santíssimas; tudo o que tocar nelas será santo”. Agora, o simples toque num objeto poderá santificar um homem!

Mas o que ocorre com Aharon e seus filhos? “Também ungirás a Aharon e seus filhos, e os santificarás para me administrarem o sacerdócio” (Êx 30:30). Aharon e os seus também tornar-se-iam santos a fim de oficiarem o sacerdócio perante o Eterno! Objetos santos requerem homens santos para se apresentarem diante do D-us Santo! Não há meio termo aqui: eles tinham a obrigação de serem santos! Isso se aplica também a nós hoje! Sigamos este tremendo exemplo!

A ordem de preparar o óleo para unção e o incenso

O óleo para unção foi preparado por Moshê da seguinte maneira: D’us ditou para ele a lista de especiarias, especificando seu peso e volume. Cada especiaria foi moída separadamente. Então, as especiarias foram misturadas e socadas em água para que o seu aroma fosse absorvido pela água. Óleo de oliva era adicionado à água e a mistura era fervida até que a água evaporasse e somente sobrasse óleo perfumado. Aquele óleo, (o óleo para unção) foi preservado num frasco para ser usado na unção dos Sumo Sacerdotes e reis da dinastia de David. Na consagração do Tabernáculo, todos os seus utensílios também foram ungidos com este óleo.

Apesar de Moshê ter preparado somente a quantidade de pouco mais de quatro litros, esta quantidade milagrosamente foi o suficiente para todas as próximas gerações. Este mesmo óleo ainda foi usado na época do segundo Templo Sagrado. O frasco contendo o óleo foi ocultado na época da destruição do Templo. Ele nos será devolvido na era de Mashiach.

Moshê preparou o incenso, misturando onze das melhores especiarias, apontadas por D’us. Somente uma dentre as especiarias emitia um odor repulsivo. D’us queria ensinar aos judeus que deveriam incluir igualmente os indivíduos transgressores em momentos de jejuns e orações comunitários.

As especiarias deveriam ser moídas, misturadas e um punhado delas era queimado diariamente no altar de incenso.

Era proibido produzir uma mistura de especiarias nas mesmas exatas proporções do incenso, se a mistura fosse destinada para uso particular.

Há todo um cuidado da parte do Eterno a fim de que suas ordens sejam cumpridas: “Eis que eu tenho chamado por nome a Bezalel, o filho de Uri, filho de Hur, da tribo de Iehuda” (Êx 31:2). A palavra “chamar” é qarã e significa “convocar, recitar” (o nome). Já a palavra “tribo” é traduzida da palavra matteh no hebraico, que significa “vara, bordão, bastão, haste, tribo”. Era usada como um símbolo da tribo, passando a simbolizar a liderança e a autoridade! Mas o que está dito aqui? O Eterno nos informa que ele convocou um homem com a autoridade da tribo de Iehuda (tinha de ser Iehuda?) para trabalhar na confecção dos materiais dos sacerdotes e do tabernáculo! Este homem tinha autoridade de Iehuda, tribo da qual descenderia Aquele que resgataria o homem e que reconstruiria o “Templo” em três dias! Ou seja, somente Aquele que tinha autoridade de construtor poderia “derrubar” o Templo (que é o símbolo do lugar onde habita o Eterno), para em três dias (o tempo que esteve morto) ressuscitar de entre os mortos e dar um novo sentido à vida e à morte! Agora não precisamos mais sujeitar-nos à morte como algo impossível de ser revertido! O Construtor de nosso Templo (Ieshua) morreu e ressuscitou a fim de que pudéssemos também fazer o mesmo e viver para sempre com Ele! Este é o motivo pelo qual um homem da tribo de Iehuda recebeu tal incumbência e tal autoridade!

Para desempenhar as funções que lhe foram atribuídas pelo Eterno, seria necessário a Bezalel algo especial: “E o enchi do Espírito de Elohim, de sabedoria, e de entendimento, e de ciência, em todo o lavor” (Êx 31:3). O Eterno aqui liberou uma unção especial sobre Bezalel que enche-o A palavra “encher” em hebraico é male e significa “plenitude, aquilo que enche”. Este homem recebe a plenitude de ruach Elohim, que significa Espírito do D-us Criador! Aquilo que estava disponível para Bezalel era o mesmo que o Eterno utilizou-se na Criação! O Senhor vai utilizar-se dos seus melhores recursos a fim de criar uma vestimenta e depois edificar o Tabernáculo! Nada disso será feito de qualquer forma. O Senhor trará à existência seus sonhos e projetos através de um homem a quem Ele confere uma capacidade sobrenatural para criar. A “sabedoria”, em hebraico é hokua e significa “ser sábio, agir sabiamente”. Este tipo de habilidade nos fala sobre algo sobrenatural que vem sobre a vida do homem a fim de dar-lhe condições de utilizar-se de meios e artifícios até então não pensados. Já o entendimento nos fala sobre entender, considerar, discernir, e aplicar-se naquilo que está sendo feito. Tudo o que fazemos requer uma metodologia que precisa ser compreendida e é para isso que nos utilizamos desta faculdade que é o entendimento. A ciência nos fala sobre a forma através da qual realizamos e trazemos à existência os projetos idealizados em nossa mente! Esta é a parte prática do processo e é justamente aquela que realiza!

Betsal’el é designado construtor do Tabernáculo e Aholiav, seu assistente

Quando Moshê, foi informado da futura construção do Tabernáculo, durante sua estadia no Céu, este tinha a impressão de que teria que construí-lo com suas próprias mãos. Quando ele estava prestes a deixar o Campo Celestial, D’us revelou-lhe: “Apesar de ter lhe apresentado o diagrama do Tabernáculo e a estrutura de todos os seus componentes, não és o artesão que o construirá. Teu papel é de ser um líder e não um artífice!”

“Quem será o construtor do Tabernáculo?” perguntou Moshê.

“Betsal’el filho de Uri, filho de Chur, foi designado para esta tarefa”, informou D’us.

Betsal’el era o neto de Chur, que foi assassinado durante o incidente envolvendo o pecado do bezerro de ouro (como veremos adiante). A construção do Tabernáculo através do neto de Chur serviu como perdão pelo linchamento de Chur. Betsal’el era o bisneto de Miriam, irmã de Moshê. Ela foi recompensada com um descendente sábio e entendedor, que sabia como construir o Tabernáculo, em mérito do temor a D’us que a levou a prontificar-se a desobedecer a ordem do Faraó de assassinar os judeus recém-nascidos quando trabalhava como parteira no Egito.

Naquele tempo, Betsal’el tinha somente treze anos de idade. Por isso, Moshê perguntava-se como alguém tão jovem poderia receber a imensa tarefa de erigir um Tabernáculo.

De acordo com a regra de que é correto consultar a comunidade antes de lhe nomear um líder, D’us perguntou para Moshê: “Será que Betsal’el lhe parece digno para este encargo?”

“Se ele é digno aos Teus olhos”, replicou Moshê, “certamente o é aos meus.”

Quando, mais tarde, Moshê apresentou Betsal’el para o povo como o arquiteto do Tabernáculo, ele por sua vez perguntou ao povo: “Vocês concordam com o fato de Betsal’el ser o construtor?”

“Se ele é digno aos olhos de D’us e aos seus”, replicou o povo judeu, “certamente o é aos nossos.”

Betsal’el foi inspirado com sabedoria Divina e compreensão para ser capaz de ser bem sucedido nesta missão.

Assim como foi mostrada a Moshê uma visão da estrutura detalhada de cada utensílio do Tabernáculo, assim também foi concedida a Betsal’el uma visão Celestial da forma e desenho de cada objeto.

Betsal’el era um fiel artífice, que se empenhou em seguir à risca as instruções Divinas. Por isso a Torah o recompensou, anexando seu nome a cada um dos objetos do Tabernáculo citados na parashá.

Moshê ordenou a Betsal’el: “Primeiramente construa a arca, depois os outros utensílios, e finalmente a tenda do Tabernáculo.”

“Meu mestre, Moshê”, objetou Betsal’el, “ao construir uma casa, será que não se constrói primeiramente a estrutura externa para abrigar sua mobília? Se eu construir a arca primeiro, onde é que a colocarei, depois de ficar pronta? Será que D’us não lhe disse para primeiro construir o próprio Tabernáculo, e só depois a arca e os outros acessórios?”

“Você tem razão”, admitiu Moshê. “Você pode ser denominado como aquele que esta na sombra de D’us, pois possui a sabedoria para compreender o significado secreto das Suas palavras.”

Daí o nome “Betsal’el”, composto pelas palavras “Betsel E-l – aquele que estava na sombra do Altíssimo.”

D’us ordenou a Moshê para nomear Aholiav da tribo de Dan como assistente de Betsal’el. Aholiav não fazia nenhum trabalho independente, mas ajudava Betsal’el em cada fase da construção. D’us juntou como artesãos Betsal’el, membro da tribo de Iehuda, e Aholiav, da tribo de Dan. Iehuda era o mais exaltado dos filhos de Yaacov e Dan era o menos importante. Juntando-os, D’us quis dizer aos judeus que, aos Seus olhos, o grande e o pequeno são iguais.

Uma pessoa menos capaz que serve D’us com todo seu potencial é considerada no mesmo nível que uma pessoa privilegiada, pois D’us julga um homem de acordo com as intenções do seu coração.

        A seqüência nos fala sobre o shabat: “Tu, pois, fala aos filhos de Israel, dizendo: Certamente guardareis meus sábados; porquanto isso é um sinal entre mim e vós nas vossas gerações; para que saibais que eu sou o Senhor, que vos santifica” (Êx 31:13). Consideremos então que a palavra “guardar” em hebraico é shamar e significa “cuidar, guardar, observar, prestar atenção”. A palavra nos diz que o shabat precisa receber nossa atenção de forma especial, guardando-o, observando-o e fazendo dele um momento especial entre nós e o Eterno! A Escritura nos fala que o shabat é um sinal. A palavra “sinal” é ot e significa “sinal, marca, indicio, insígnia, estandarte, milagre, sinal miraculoso”. Esta palavra é a mesma utilizada no Velho Testamento para descrever um milagre, que como sabemos, é um ato sobrenatural da parte de D-us a fim de mudar o curso natural das coisas! Então o shabat é visto assim também pelo Eterno, pois para o Senhor o shabat funciona como uma marca, algo que distinguirá Israel dos demais povos, um estandarte que é erguido no meio da nação a fim de declarar através dele: “Nós pertencemos ao D-us Eterno e o obedecemos, por isso guardamos sua Palavra!” Há um fato interessante que precisamos saber: durante a história de cativeiros, lutas e problemas incessantes ocorridos na vida dos judeus, houve algo que os manteve coesos e ligados à suas raízes e à sua história patriarcal: o Sábado! Foi justamente por esse motivo que o Senhor disse que o Sábado seria um sinal entre Ele e seu povo nas suas gerações… Ou seja, enquanto eles guardassem o Sábado (como lhes fora ordenado nos dez mandamentos e outras referências) o Senhor os guardaria e os santificaria! Seria inclusive melhor dizermos que o Eterno se tornaria a sua santidade, pois a palavra que traduzimos por Senhor é o tetragrama! Tudo o que o povo de Israel necessitava estava há sua disposição enquanto obedecessem ao Senhor seu D-us! E isso tem se tornado evidente nos dias de hoje, pois os judeus, contra todas as expectativas, guardam o Sábado (não trabalhando), “perdem um dia” da semana, porém eles estão entre os homens mais ricos do mundo! Por que isso acontece? Não seria porque, quando obedecem ao Eterno, eles então “liberam” o Senhor para abençoá-los? Precisamos pensar mais sobre isso…

O outro lado da questão é também tratado pelo Eterno: “Portanto guardareis o sábado, porque santo é para vós; aquele que o profanar certamente morrerá; porque qualquer que nele fizer alguma obra, aquela alma será eliminada do meio do seu povo” (Êx 31:14). O destaque aqui está na palavra “profanar”, que em hebraico é halal e significa “profanar, contaminar, poluir”. Notemos que o Eterno tem prazer em abençoar aos obedientes, porém não tem por inocentes aqueles que lhe desobedecem! Aqueles que profanam, contaminam ou poluem o Sábado “morrem” enquanto agem na desobediência. Este morrer pode ser literal (fisicamente) ou também figurado, pois pode significar que tal pessoa – em virtude da desobediência – tem sua vida “travada”, impedida de crescer, seca, sem bênçãos. Novamente notamos que isso é fato na vida do povo do Eterno em nossos dias, pois aos obedientes Ele lhes dá grandes bênçãos, já aos desobedientes… Outro aspecto interessante é que a guarda do Sábado funciona como um “cimento” que une o judeu às suas tradições e costumes bíblicos! Esse parece ser o outro motivo para guardarmos o Sábado, pois quando não obedecemos somos “eliminados” do povo perdendo nossas tradições e costumes bíblicos que nos foram outorgados pelo Eterno a fim de recebermos bênçãos através deles!

Mas qual é o motivo pelo qual devemos obedecer? “Entre mim e os filhos de Israel será um sinal para sempre; porque em seis dias fez o Senhor os céus e a terra, e ao sétimo dia descansou, e restaurou-se” (Êx 31:17). Somente destacaremos duas coisas aqui: a palavra Senhor é o tetragrama e significa que o Eterno quer tornar-se nosso descanso através do shabbat. Também a palavra “restaurou-se” em hebraico é napash e significa “tomar fôlego, reanimar-se”. D-us, o nosso D-us precisa descansar? Necessita Ele tomar fôlego ou reanimar-se como alguém que cumpre uma longa jornada e agora para a fim de recompor suas forças? É claro que não, porém o Eterno aqui nos mostra quão importante é que sigamos seu exemplo e observemos o shabat a fim de nos recompormos e também de, nesse dia, estreitarmos nossas relações com o Criador do Universo! Não nos esqueçamos que Ieshua e também os discípulos observaram o Sábado guardando-o a fim de neste dia celebrarem ao Criador. Foi no shabat que Ieshua nos mostrou qual é o intento do coração do Eterno: abençoarmos ao nosso próximo e vivermos nesse dia como verdadeiros adoradores! Ele não mudou! Sua Palavra não mudou! Nós é que mudamos através da história e também houveram homens que tentaram “mudar” aquilo que está escrito a fim de profanarem a Palavra do D-us Eterno! Mas entre nós não será assim! Nós retornaremos aos primórdios da Palavra e andaremos em obediência à revelação do Eterno em sua Palavra!

Finalizando, aconteceu assim: “E deu a Moshe (quando acabou de falar com ele no monte Sinai) as duas tábuas do testemunho, tábuas de pedra, escritas pelo dedo de Elohim” (Êx 31:18). As tábuas foram entregues à Moshe e tinham sido escritas pelo dedo de D-us. A palavra “dedo” em hebraico é etsba e significa “dedo”. Refere-se também ao trabalho habilmente realizado, especialmente aquele feito por D-us. A palavra D-us em hebraico é Elohim e ela nos fala do Senhor como D-us Criador. O Criador escreve com seu dedo, de forma hábil, precisa e final, entregando à Moshe algo já consumado, que não necessitaria de “retoques” ou “inclusões” posteriores! Assim foi feita a transmissão de parte da Torah a Moshe!

Depois de quarenta dias nos Céus, Moshê recebe duas tábuas de safira

Depois do recebimento da Torah, Moshê permaneceu no Céu durante quarenta dias estudando a Torah diretamente de D’us.

Ao cabo dos quarenta dias, D’us deu a Moshê duas tábuas de safira de tamanho e forma idênticas. Nelas, D’us gravara os Dez Mandamentos.

Por que o povo de Israel recebeu os Dez Mandamentos inscritos em tábuas, em vez de um pergaminho Divino contendo toda a Torah?

Quando uma pequena criança começa a escola, o professor lhe apresenta o alfabeto escrevendo as letras no quadro negro. Somente mais tarde, quando o alfabeto já lhe for familiar, receberá livros para estudar.

D’us introduziu os judeus à Torah primeiramente pondo-os a par dos Dez Mandamentos (que contêm os conceitos básicos da Torah), e somente mais tarde foi-lhes dado um pergaminho de Torah inteiro.

Em vez de inscrever todos os Dez Mandamentos em uma só tábua, D’us escreveu-os em duas tábuas separadas. A primeira tábua continha os mandamentos envolvendo o homem e seu Criador, e a segunda tábua lidava com os mandamentos ligados à relação do homem com o seu próximo.

As letras não eram gravadas superficialmente sobre as tábuas, mas foram talhadas através de toda a espessura da pedra. Isso, para que fosse possível ler pelos dois lados. As letras hebraicas Mem (final) e Samech formam um quadrado e um círculo completos, respectivamente. Já que suas porções internas não tinham nenhuma sustentação, poderiam cair. No entanto, elas permaneciam em seu lugar milagrosamente.

Enquanto Moshe estava recebendo do Eterno as instruções que funcionariam como normas de conduta para o povo, algo acontecia no acampamento dos israelitas: “Mas vendo o povo que Moshe tardava em descer do monte, acercou-se de Aharon, e disse-lhe: Levanta-te, faze-nos deuses, que vão adiante de nós; porque quanto a este Moshe, o homem que nos tirou da terra do Egito, não sabemos o que lhe sucedeu” (Êx 32:1). Aqui fica evidente a necessidade do povo de Israel por uma cura em seu espírito: a da idolatria! A palavra “povo” em hebraico é am e refere-se ao “povo de Israel de forma específica”. Fica evidente aqui que tal pedido partiu daqueles entre o povo que o representavam e que provavelmente não aceitavam a liderança de Moshe. Por isso eles vão até Aharon a fim de que se lhes faça um D-us que possam enxergar! Após terem recolhido o material para a confecção do D-us, assim fizeram: “E ele os tomou das suas mãos, e trabalhou o ouro com um buril, e fez dele um bezerro de fundição. Então disseram: Este é teu Elohim, ó Israel, que te tirou da terra do Egito” (Êx 32:4). Novamente aqui percebemos que há pessoas de liderança envolvidas neste ato de rebelião e profanação, pois nomeiam o ídolo como o D-us de Israel, atribuindo-lhe inclusive a sua libertação da mão dos egípcios!

Com o ídolo pronto e a ausência de Moshe, Aharon agora comanda o povo dizendo: “E Aharon, vendo isto, edificou um altar diante dele; e apregoou Aharon, e disse: Amanhã será festa ao IHVH” (Êx 32:5). Aqui Aharon faz uma tremenda confusão entre o que está acontecendo e o que ele está dizendo. Primeiro ele edifica um “altar”, em hebraico mizbeach que é “local de sacrifício, lugar onde oferece-se um animal que morre a fim de substituir a vida do pecador”. Só, que este altar é edificado diante do D-us de ouro para sua glória, o que é uma abominação aos olhos do Senhor! E mais ainda, pois que Aharon declara que no dia seguinte haverá uma “festa”, em hebraico hag e que significa “festa religiosa”. Porém o uso desta palavra é limitado às três principais festas de Israel, e ainda chama aquele bezerro de IHVH (usando o tetragrama!). Aharon com essa atitude diz ao povo que o bezerro é a figura do D-us Eterno que aparecera a Moshe e que estava conduzindo-os até aquele momento pelo deserto!

Agora temos a “festa” em desenvolvimento: “E no dia seguinte madrugaram, e ofereceram holocaustos, e trouxeram ofertas pacíficas; e o povo assentou-se a comer e a beber; depois levantou-se a folgar” (Êx 32:6). Parece que havia uma necessidade tão grande de verem o seu D-us, que no dia da festa eles levantaram-se muito cedo e iniciaram a celebração, porém com uma prática egípcia! A palavra “folgar” em hebraico é tsahaq e significa “rir, divertir-se, caçoar”. Fala também sobre a troca de carícias íntimas. O que estava acontecendo? Durante a festa, os israelitas se utilizaram de práticas pagãs (egípcias) e iniciaram uma orgia, onde após “cultuarem” ao deus bezerro, iniciavam práticas sexuais entre eles. Isso havia sido aprendido no culto aos deuses egípcios e eles imaginavam que poderiam cultuar ao Criador da mesma forma!

Já no monte, o Eterno vê o eu está se passando e diz a Moshe o que o povo está fazendo e faz ao mesmo uma proposta: “Agora, pois, deixa-me, para que o meu furor se acenda contra ele, e o consuma; e eu farei de ti uma grande nação” (Êx 32:10). O Eterno diz que fará de Moshe uma gadowl goi (grande nação gentílica)! Já aqui percebemos o plano do Eterno em que Israel fosse uma nação que estivesse espalhada por todo o mundo. Hoje sabemos que o Eterno usou esta palavra hebraica – goi – para mostrar-nos que no futuro Israel se espalharia por todo o mundo e que muitos judeus perderiam suas raízes judaicas e bíblicas! Mas Moshe suplica ao Eterno que mude de idéia e algo acontece: “Por que hão de falar os egípcios, dizendo: Para mal os tirou, para matá-los nos montes, e para destruí-los da face da terra? Torna-te do furor da tua ira, e arrepende-te deste mal contra o teu povo” (Êx 32:12). O Senhor tem uma atitude incomum aos nossos olhos: ele arrepende-se! A palavra “arrepender-se” em hebraico é naham e significa “ter pena, arrepender-se”. A raiz da palavra reflete a idéia de “respirar profundamente” e por conseguinte a manifestação física da pessoa, geralmente de tristeza, compaixão ou pena. Então o que aconteceu realmente? O fato foi que o Eterno teve pena, ficou triste ao contemplar o estado de degradação em que se encontrava seu povo. O povo havia perdido totalmente a perspectiva de quem era o Senhor e o havia relegado ao segundo plano, substituindo-o por um D-us de ouro (bezerro), ao qual poderiam adorar enquanto o contemplavam!

Durante esse tempo, Moshe argumenta com o Eterno sobre a promessa que Ele havia feito aos patriarcas e o Eterno reage assim: “Então o IHVH arrependeu-se do mal que dissera que havia de fazer ao seu povo” (Êx 32:14). Novamente a palavra aqui é naham. Porém há aqui outra coisa: a palavra Senhor é o tetragrama! Isso significa que o Eterno tornar-se-ia em mal para seu povo; porém com a palavra de Moshe Ele teve pena de seu povo e não fez aquilo que estava determinado em seu coração!

Quando Moshe retorna e vê a cena da orgia em torno do D-us, ele reage assim: “E aconteceu que, chegando Moshe ao arraial, e vendo o bezerro e as danças, acendeu-se-lhe o furor, e arremessou as tábuas das suas mãos, e quebrou-as ao pé do monte” (Êx 32:19). A quebra das tábuas da Lei que haviam sido dadas pelo Eterno foi em virtude daquilo que Moshe viu diante de si: a cena estarrecedora que termina com a destruição do bezerro e depois a morte de todos aqueles que participaram da “festa” ao deus de ouro! Num dia foram mortos cerca de três mil homens por causa da desobediência ao Senhor!

Surge agora uma nova preocupação: o povo pecou, o que fazer?  Moshe inicia uma intercessão audaciosa e diz ao Senhor: “Agora, pois, perdoa o seu pecado, se não, risca-me, peço-te, do teu livro, que tens escrito” (Êx 32:32). A palavra “perdoar” é atâ em hebraico e significa “envolver, cobrir”. E a palavra “pecado” em hebraico é hatta’â e significa “pecado, coisa pecaminosa”. Moshe pede ao Eterno que envolva, cubra (e por conseguinte, não veja mais), o pecado cometido pelo povo, pois ele não aceita o fato de o Eterno não continuar com seu projeto original por causa da desobediência do povo que não quis ouvir sua voz!

Há um acordo entre ambos, porém o Eterno traz uma nova determinação ao povo: “E enviarei um mensageiro adiante de ti, e lançarei fora os cananeus, e os amorreus, e os heteus, e os perizeus, e os heveus, e os jebuseus” (Êx 33:2). Agora o Senhor diz que não irá mais entre o povo, mas enviará um “mensageiro”, em hebraico malak, que iria adiante deles a fim de conduzi-los à terra que lhes havia sido prometida em Avram!

O Senhor usa Moshe a fim de falar ao povo, e tudo acontecia assim: “E sucedia que, entrando Moshe na tenda, descia a coluna de nuvem, e punha-se à porta da tenda; e o Senhor falava com Moshe” (Êx 33:9). Quando Moshe entrava na tenda vinha sobre ela uma ammudpilar, coluna – que provém da mesma raiz da palavra amad que significa “estar em pé, permanecer em pé”. A idéia que temos é que havia uma nuvem, algo nebuloso que permanecia em pé sobre a tenda em que Moshe estava. Isso era o sinal da presença do Eterno naquele lugar! E a intimidade entre o Eterno e Moshe era tão grande que eles se entendiam assim: “E falava o IHVH a Moshe face a face, como qualquer fala com o seu amigo; depois tornava-se ao arraial; mas o seu servidor, o jovem Iehoshua, filho de Num, nunca se apartava do meio da tenda” (Êx 33:11). A palavra aqui traduzida por “face” é panin e significa “presença, face, rosto”. Ela parece indicar que havia uma presença diante de Moshe que conversava com ele, e esta presença era o Senhor! Outra coisa interessante é que Iehoshua não saía do meio da tenda, estava sempre ali enquanto conversavam o Senhor e Moshe! Foi por isso que Iehoshua sucedeu a Moshe! Ele aprendera desde cedo a ter comunhão com o Senhor, e exercitava esta comunhão juntamente com Moshe nos momentos em que o Senhor vinha para falar com ele!

Num dos momentos em que Moshe e o Eterno conversavam, Moshe faz um pedido inusitado ao Senhor: “Então ele disse: Rogo-te que me mostres a tua glória” (Êx 33:18). Aqui a palavra “glória” vem do hebraico kabod e significa “peso, glória”. No sentido figurado alguém que é louvado, marcante, digno de respeito. A palavra nos fala sobre a manifestação visível de D-us, sempre mencionando sua glória. Moshe parece querer dar um passo a mais em direção ao Senhor, só que de forma precipitada: ele queria ver ao Senhor sem a nuvem, poder olhá-lo com os olhos físicos, ver sua face. É um pedido e tanto e inclusive expressa o desejo que Moshe tinha em seu coração por mais intimidade com o Eterno, mas sua resposta é a seguinte: “Porém ele disse: Eu farei passar toda a minha bondade por diante de ti, e proclamarei o nome do IHVH diante de ti; e terei misericórdia de quem eu tiver misericórdia, e me compadecerei de quem eu me compadecer. E disse mais: Não poderás ver a minha face, porquanto homem nenhum verá a minha face, e viverá” (Êx 33:19-20). Vamos analisar o que nos é dito aqui pelo Eterno: primeiro ele diz que mostrará a Moshe sua tub, que significa “bondade”, coisas boas e termina dizendo que ninguém que veja sua panin – “presença, face, rosto” – permanecerá vivo. O Eterno poderia atender ao seu servo de uma outra maneira, pois sendo Ele conhecedor de todas as coisas certamente sabia o por que de não poder mostrar-se a Moshe como ele pedira! Ver a face do Eterno ainda com um corpo corruptível produz a morte instantânea, pois há um encontro entre o mortal e o imortal, o temporal e o eterno e certamente nossa condição humana não suporta a manifestação visível do Senhor!

Moshê pede para entender os caminhos Divinos

Quando D’us aceitou a oração de Moshê, este percebeu que aquele era um momento de benevolência Celestial. Por isso, aproveitou a oportunidade para apresentar um pedido adicional a D’us:

“Por favor, mostre-me o plano segundo o qual Tu manipulas os acontecimentos do mundo. Mostre-me a futura recompensa que está reservada para os justos!”

“Saiba”, disse D’us, “que nenhum olho humano, nem mesmo o do maior profeta, pode contemplar a última recompensa do mundo vindouro. Eu, porém, lhe demonstrarei uma fraca reflexão dos prazeres espirituais do Paraíso. Enquanto Minha Glória passar, cobrir-te-ei com minha nuvem. Você verá uma fração da Minha Glória, porém não poderá vê-la inteiramente enquanto você estiver vivo.”

Moshê teve uma visão dos diferentes tesouros reservados aos justos. Eles passaram perante seus olhos. Finalmente, D’us lhe mostrou um enorme tesouro.

“De quem é este?”, perguntou Moshê.

“Este é o tesouro daqueles que não têm méritos, mas que lhes outorgo Minha graça, já que sou piedoso.”

Aquele tesouro era imenso, pois a maioria das pessoas não são merecedoras da recompensa que D’us lhes outorga.

Moshê aprende de D’us as treze qualidades da misericórdia

Moshê disse a D’us: “Ensina-me a orar pelo povo de Israel depois que pecam. Os judeus quase foram destruídos depois que fizeram o bezerro de ouro. Quero saber qual é a melhor forma de despertar Tua misericórdia no futuro.”

D’us respondeu: “Ensinarei a ti Minhas qualidades de misericórdia. Ensina-as aos judeus e diga-lhes: ‘Quando invocarem Minhas treze qualidades de misericórdia hei de perdoar vossos pecados e serei misericordioso convosco.'”

Eis aqui o que D’us ensinou Moshê a orar:

“Ado-nai, Ado-nai E-l Rachum [ve]Chanun Êrech apáyim [ve]Rav chêssed [ve]Emet, Notser chêssed laalafim, Nossê avon [va]Fêsha [ve]Chataá [ve]Nakê”

Estas palavras significam:

  1. Ado-nai – Sou um D’us misericordioso com as pessoas antes que pequem (mesmo que saiba que logo pecarão).
  2. Ado-nai – Sou igualmente misericordioso com as pessoas depois de pecarem, se fizerem teshuvá (arrependimento).
  3. E-l – Julgo a cada pessoa autenticamente.
  4. Rachum – Sou misericordioso com os pobres e oprimidos e os salvo de seus opressores.
  5. Chanun – Sou generoso mesmo com aqueles que não o merecem.
  6. Êrech apáyim – Demoro a castigar, mesmo a um malvado. Sou lento a castigá-lo pois lhe dou tempo para fazer teshuvá.
  7. Rav chêssed – Minha qualidade de bondade é tão grande, que posso salvar uma pessoa do castigo mesmo que seus pecados sejam mais numerosos que seus méritos.
  8. Emet – Pago a recompensa que prometi àqueles que merecem.
  9. Notser chêssed laalafim – Se uma pessoa cumpre uma mitsvá recompenso seus filhos até duas mil gerações posteriores.
  10. Nossê avon – Perdôo até uma pessoa que pecou porque seu instinto mau o persuadiu a fazer o mal, se faz teshuvá.
  11. Fêsha – Perdôo até uma pessoa que pecou com a intenção de causar-me aborrecimento, se fizer teshuvá.
  12. Chataá – E perdôo o pecado cometido intencionalmente.
  13. Nakê – Se um pecador faz teshuvá, suspendo seu castigo e voltarei a ser bondoso com ele.

Além de ensinar a Moshê treze qualidades de misericórdia, D’us lhe ordenou que repetisse ao povo judeu a advertência de não forjar imagens. Não queria que voltassem a pecar como o haviam feito com o bezerro de ouro.

D’us também ensinou a Moshê mais leis sobre as festividades: Pêssach, Shavuot e Sucot. E introduziu Rosh Hashaná e Iom Kipur, momentos de julgamento e perdão. Advertiu Moshê: “O povo judeu guardará somente as festividades de D’us e não estabelecerá suas próprias festividades como o fez quando pecou com o bezerro de ouro.”

Na seção seguinte, o Eterno faz um pacto com Moshe nas mesmas bases em que o fez com Avram, Itshaq e Ia´aqov. “Então disse: Eis que eu faço uma aliança; farei diante de todo o teu povo maravilhas que nunca foram feitas em toda a terra, nem em nação alguma; de maneira que todo este povo, em cujo meio tu estás, veja a obra do Senhor; porque coisa terrível é o que faço contigo” (Êx 34:10). A primeira c oisa a observarmos é que a palavra “aliança” em hebraico é berith e nos fala sobre um “pacto em que há derramamento de sangue”. Esse pacto pressupunha que o eterno faria maravilhas entre o “povo” – am, palavra hebraica usada com exclusividade para falar sobre o povo de Israel – e estas maravilhas das quais o Eterno fala nunca foram vistas em toda a terra e nem em nenhuma nação do mundo! A palavra “nação” e goi e significa “povos e nações gentílicas”! O Senhor diz que fará uma obra! Você entende isso? A palavra traduzida por Senhor é o tetragrama e significa que o Eterno tornar-se-ia a solução de seus problemas e o suprimento de suas necessidades! Ou seja, o que o Eterno faria em Israel, com Israel e através de Israel deixaria todo o mundo boquiaberto, pois seria algo realmente grandioso! Por isso eles deveriam novamente atender ao Senhor quando Ele diz: “Guarda-te de fazeres aliança com os moradores da terra aonde hás de entrar; para que não seja por laço no meio de ti” (Êx 34:12). D-us nos alerta para que não façamos um berith (aliança) com os moradores da terra! As alianças pressupunham fidelidade e somente poderiam ser canceladas por uma superior aliança! Por isso os israelitas não deveriam fazer qualquer pacto de sangue com os estranhos, pois este pacto somente poderia ser anulado ou cancelado mediante outro pacto ainda maior! O pacto que nós outrora fizemos com o maligno somente pode ser anulado mediante o pacto (ou aliança) de sangue feita entre nós e Ieshua, pois com seu sangue ele anulou qualquer outro pacto, que aos olhos do D-us Eterno é considerado menor, pois o sangue de Ieshua, o Justo, é capaz de pagar qualquer preço exigido por Ele! Outra coisa é que o Senhor quer manter-nos sempre seguros e puros, por isso Ele recomenda: “Porque não te inclinarás diante de outro Elohim; pois o nome do IHVH é Zeloso; é um El zeloso” (Êx 34:14). O Eterno não quer que nos inclinemos perante algo ou alguém que não é D-us e portanto não é digno de adoração! Com isso Ele visa preservar-nos de um envolvimento com demônios e consequentemente uma prisão que só pode ser desfeita mediante a fé naquele que pode libertar o homem: Ieshua! Mas há outro aspecto: o Senhor é zeloso! Mas o que significa isso? A palavra “zeloso” é qanâ e significa “ter ciúme, ter inveja, ter zelo”. O verbo indica uma emoção muito forte em que o objeto deseja alguma qualidade ou a posse de um objeto. O que você acha disso? O Eterno quer ter-nos completamente, plenamente, não nos dividindo com D-us estranho, mas sendo o dono integral de nossas vidas!

Por esse motivo, o Senhor ordena: “Tudo o que abre a madre meu é, até todo o teu gado, que seja macho, e que abre a madre de vacas e de ovelhas” (Êx 34:19). Aqui percebemos que há uma relação de posse do Senhor para com seus servos. Além de nossas vidas lhe pertencerem, Ele também quer que lhe demos o que há de melhor em nós mesmos e naquilo que recebemos e conseguimos com nosso trabalho: os primogênitos. Eles representam o melhor da vida, a plenitude de nossas força e também de nosso gado! Quando agimos assim, certamente recebemos multiplicadamente, pois damos ao D-us Eterno aquilo que lhe é por direito. Sendo assim, abrimos as portas para que Ele nos abençoe de forma plena e contínua!

Finalmente, quando Moshe retorna, algo diferente está acontecendo: “E aconteceu que, descendo Moshe do monte Sinai trazia as duas tábuas do testemunho em suas mãos, sim, quando desceu do monte, Moshe não sabia que a pele do seu rosto resplandecia, depois que falara com ele” (Êx 34:29). O convívio com o Eterno trouxe sobre Moshe um pouco daquilo que é peculiar do céu: o resplandecer no rosto! A palavra “resplandecer” em hebraico é qaran e significa “brilhar”. Fala sobre a emissão de raios resplandecentes. Moshe assimilou a glória que é peculiar do céu e seu rosto, sua pele emitiam raios brilhantes de luz, que não eram percebidos por Moshe, pois isso para ele já era tão normal que não havia sequer qualquer reação sua quanto ao fato! Somente aqueles que viam de fora é que percebiam o que estava ocorrendo. Então Moshe precisou cobrir seu rosto com um véu, pois ele não sabia, mas aquela glória que estava sobre ele era transitória! Com o tempo e a falta de convívio naquela atmosfera (da glória e presença real do Eterno), a glória que estava sobre ele iria se findando, até o momento em que nada mais restaria! E o véu impediria que o povo visse que a glória estava se esvaindo! Isso foi providenciado para que o povo também não perdesse o respeito por Moshe ao ver que aquilo que recebera estava se acabando!

Moshê permanece nos Céus por quarenta dias para receber as segundas tábuas

D’us ordenou a Moshê que esculpisse um segundo par de tábuas. “Já que você quebrou as primeiras tábuas, é seu dever de esculpir as novas.”, disse-lhe D’us.

D’us lhe revelou uma jazida de safira dentro da terra abaixo de sua tenda. Moshê usou aquela safira para esculpir as novas tábuas. D’us presenteou Moshê com o material restante. Moshê ficou muito rico. Ele não coletara nenhum dos despojos do Egito na hora do Êxodo; em vez disso, estava ocupado localizando o caixão de Iossef e preparando-o para a jornada no deserto. Por isso, agora foi recompensado por D’us com riquezas.

Moshê se tornou um homem muito rico. Mas ele não considerava as riquezas importantes. Sabia que o dinheiro acompanha a pessoa apenas enquanto vive (e às vezes, até o perde antes). Porém, há uma forma de riqueza que permanece junto a uma pessoa para sempre: seu conhecimento da Torah. Esta é a verdadeira riqueza que Moshê valorizava.

D’us ordenou a Moshê que subisse ao cume do monte Sinai cedo pela manhã, sozinho, dizendo: “As primeiras tábuas foram dadas ostensivamente, em meio a uma demonstração pública. Por isso foram quebradas. Estas segundas tábuas devem ser dadas de forma discreta e sem alarde.”

Moshê subiu ao monte Sinai no primeiro dia de Elul e permaneceu no campo Celestial por quarenta dias. Esta foi a sua terceira estadia no Céu (perfazendo um total de cento e vinte dias).

Durante estes quarenta dias no Céu, D’us ditou para ele toda a Torah e lhe ensinou sua explicação oral.

No dia 10 de Tishrei, D’us perdoou o povo de Israel pelo pecado do bezerro, dando a Moshê as segundas tábuas nas quais Ele escrevera tudo novamente. D’us designou este dia como um dia de perdão para todas as futuras gerações: o chamado Iom Kipur.

O rosto de Moshê resplandece

Quando Moshê regressou do Monte Sinai em Iom Kipur com as segundas tábuas, os judeus se afastaram dele, temerosos. Pois seu rosto brilhava com um resplendor tão forte como se emitisse raios de sol. As pessoas não se atreviam a aproximar-se. “Talvez Moshê seja um mensageiro de D’us”, exclamaram.

Seu receio era por conta do pecado do bezerro; antes do seu pecado, eles eram capazes de visualizar o fogo de glória Divino no Monte Sinai sem medo. Tendo pecado, no entanto, eles tremiam mesmo diante dos raios que brilhavam na face de Moshê.

Moshê chamou os anciãos, e lhes disse: “D’us os perdoou pelo pecado do bezerro de ouro e lhes deu novas tábuas. Os anciãos perguntaram a Moshê por que seu rosto brilhava, e descobriram que Moshê nada sabia sobre isso. Nem sequer percebera que lhe havia acontecido algo de especial. Quando o povo viu os anciãos falarem com Moshê, finalmente se atreveram a chegar perto.

Por que D’us fez o rosto de Moshê resplandecer?

D’us queria mostrar ao povo como Moshê era especial. Haviam pecado terrivelmente ao buscar um novo guia quando Moshê demorou a descer do Monte Sinai. O povo deveria ter permanecido fiel a Moshê, pois era um homem tão nobre que os raios da Shechiná resplandeciam sobre seu rosto.

Moshê viu-se forçado a cobrir sua face fulgurante com um véu, somente descobrindo-a ao falar com D’us ou ao ensinar as palavras de D’us para o povo de Israel.

Quando o povo de Israel dedicava-se ao estudo da Torah, eram imbuído de força para suportar a visão dos raios de glória. Esta é uma demonstração da grandeza à qual o estudo da Torah é capaz de elevar um ser humano.

O fim de tudo isso é que aprendemos com Moshe que é preciso de zelo a fim de conservarmos aquilo que o Eterno nos tem dado. Outra coisa é que precisamos dar prioridade máxima ao Senhor em nossas vidas! D’Ele deve ser sempre o primeiro lugar e nunca devemos, de forma alguma, substituí-lo por outra coisa (ou alguém) que venha a tornar-se nosso “D-us” em lugar do único que é digno de receber nosso louvor e nossa adoração!

Baruch Há Shem!

Mário Moreno.

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