Mário Moreno/ maio 28, 2018/ Parasha da semana

Naso

Fazei uma contagem

Nm 4:21–7:89 / Jz 13:2-25 / Jo 12:20-36

        Na Parashá desta semana estaremos abordando a continuidade do tema anterior: o serviço dos levitas e também a forma de tratar com problemas que eventualmente surgiriam no meio do povo.

A continuidade das instruções sobre o serviço levítico segue assim: “Falou mais o IHVH a Moshe, dizendo: fazei também a soma dos filhos de Gérson, segundo a casa de seus pais, segundo as suas famílias: da idade de trinta anos para cima até aos cinquenta, contarás a todo aquele que entrar a se ocupar no seu serviço, para executar o ministério na tenda da congregação” (Nm 4:21-23). O primeiro detalhe a notarmos aqui é que o Eterno se “apresenta” como IHVH – Aquele que se torna aquilo que seu povo necessita que Ele se torne! A idade mínima para ser considerado apto para este “serviço” seria de trinta anos! Aqui temos um padrão que está muito claro e bem esta­belecido na Torah (os cinco primeiros livros de Moshe) e também na Brit Ha­dasha quanto à idade ideal para o in­gresso no ministério: trinta anos! Um outro detalhe aqui está explícito nas palavras “para executar o ministério”. A palavra “executar” em hebraico é abad e significa “trabalhar, servir com o sentido de adorar a D´us”! Já o termo “ministério” vem do termo abodah que significa “trabalho braçal, serviço”. Este tipo de trabalho – braçal – que tem a finalidade de adorar ao Criador seria desempenhado na “tenda da congregação”. A palavra “tenda” em hebraico é ohel e significa “tenda, habitação, lar, tabernáculo”. Já a palavra “congregação” vem do termo mo´ed que significa “sinal combinado, tempo determinado, estação determinada, local de assembléia, festa designada”. O que temos aqui então? Temos um grupo de homens escolhidos para trabalharem e desempe­nharem uma determinada fun­ção que adoraria ao Eterno e este lugar seria o lar, a habitação do Eterno para onde Ele viria a fim de, num tempo determi­nado, com os devidos sinais, manifestar-se ao seu povo trazendo-lhe então a resposta ou a solução para o que eles procuravam!

O local da habitação do Eterno então é um lugar onde pessoas são chamadas para servi­rem-no – e com este ato, que é trabalho, adoram ao Se­nhor – e neste lugar há um en­contro entre o Eterno e imortal e o terreno e temporal; ali encontram-se o Criador e a sua criatura a fim de festejarem juntos este momento que é único na história do homem e da humanidade! A “Tenda da congregação” é na realidade, o local onde temos acesso à eternidade; ela representa a nossa vida que hoje é o templo do Espírito de D´us! Sha´ul afirma isso em I Corintios quando diz: “Não sabeis vós que sois o templo de Elohim e que o Espírito de Elohim habita em vós? Se alguém destruir o templo de Elohim, Elohim o destruirá; porque o templo de Elohim, que sois vós, é santo” (I Co 3:16-17). Isso significa que o Eterno já nos mostrava que o Tabernáculo na Torah se transformaria em nossa própria vida quando o Mashiach (Messias) se manifestasse à humanidade! Isso não é maravilhoso?

O trabalho dos gersonitas está todo detalhado nos versos 24 até 28. A partir do verso 29 até o verso 33 é nos dito o que fariam os filhos de Merari! Se juntarmos isso com aquilo que aprendemos anteriormente veremos que cada função no tabernáculo tem o seu equivalente para executá-la! Todos os levitas trabalham de forma harmoniosa e cumprem estritamente a função que lhes foi delegada! Desta forma cada qual desempenha o seu papel e também abre espaço para que outros façam algo para o Senhor com os talentos que lhe foram confiados! Novamente nos reportamos a Brit Hadasha onde Sha´ul novamente demonstra isso dizendo: “E ele mesmo deu uns para apóstolos, e outros para profetas, e outros para evange­listas, e outros para pastores e doutores, querendo o aperfeiçoamento dos santos, para a obra do ministério, para edificação do corpo do Ungido; até que todos cheguemos à unidade da fé, e ao conhecimento do Filho de Elohim, a homem perfeito, à medida da estatura completa do Ungido, para que não sejamos mais meninos inconstantes, levados em roda por todo o vento de doutrina, pelo engano dos homens que com astúcia enganam fraudulosamente. Antes, seguindo a verdade em amor, cresçamos em tudo naquele que é a cabeça, o Ungido, do qual todo o corpo, bem ajustado, e ligado pelo auxílio de todas as juntas, segundo a justa operação de cada parte, faz o aumento do corpo, para sua edificação em amor” (Ef 4:11-16). Novamente percebemos que agora Sha´ul nos diz que existem ministérios diferenciados com a mesma finalidade: aperfeiçoar os santos, levar o povo à unidade da fé, eviatar o engano das falsas doutrinas e fazer com que o Corpo cresça numericamente! A interação dos ministérios leva a uma série de boas consequências e faz do Corpo um local seguro para os seus membros!

O cântico diário

Entoava-se um capítulo de Tehilim diferente a cada dia da semana:

No primeiro dia da semana (domingo) – “Do Eterno é a terra e tudo que nela existe, o mundo habitado e todos os que nele moram.” (Tehilim 24:1)

Este versículo é apropriado para o primeiro dia, pois nos lembra do primeiro dia da Criação. D’us foi então claramente reconhecido como o único governante, uma vez que nenhum ser, nem mesmo os anjos, haviam sido criados.

No segundo dia (segunda-feira) – “Grande é o Eterno e muito louvado, na cidade de nosso D’us, Monte de Sua Santidade.” (Tehilim 48:2)

No segundo dia da Criação, D’us estabeleceu que o firmamento fosse dividido entre águas superiores e inferiores, denominando as esferas superiores Sua residência. Paralelamente, denominou um local com santidade especial no mundo inferior onde Ele iria residir: “a Cidade de nosso D’us, Monte de Sua santidade.”

No terceiro dia (terça-feira) – “D’us encontra-se na assembleia Divina, no meio dos juízes Ele julgará.” (Tehilim 82:1)

Neste dia, D’us juntou as águas em oceanos, expondo assim os continentes que seriam habitados. Contudo, só seria permitido à humanidade viver lá se exercessem justiça, um dos pilares da sociedade humana. Se o homem pervertesse a justiça, D’us ordenaria aos oceanos transbordarem e inundarem terra seca, como mais tarde aconteceu na geração de Nôach, trazendo o Dilúvio.

No quarto dia (quarta-feira) – “Ó D’us da vingança, Eterno, ó D’us da vingança, aparece” (Tehilim 94:1).

Neste dia foram criados os corpos celestes. No futuro, D’us punirá todos os que praticaram a idolatria.

No quinto dia (quinta-feira) – “Cantem em voz alta para o D’us de nossa força, proclamem com um grito jubiloso o D’us de Ia´aqov.” (Tehilim 81:2)

Neste dia o Todo-Poderoso criou as milhares de espécies de pássaros e peixes. Quem quer que os veja proclama louvores a D’us em júbilo.

No sexto dia (sexta-feira) – “O Eterno reina, Ele está revestido de majestade; o Eterno terá vestido poder e Se cingido” (Tehilim 93:1)

Este versículo é apropriado para o sexto dia, no qual a gloriosa Criação inteira foi completada, e a majestade de D’us sobre o universo tornou-se aparente.

Em Shabat – “Um salmo, um cântico para o dia de Shabat.” (Tehilim 92:1)

Este versículo não se refere apenas ao Shabat semanal, mas também a era pós-Redenção, o “grande Shabat da história.”

O Shabat semanal nos foi dado para servir de modelo para a era futura, a qual será total e eternamente boa. Da mesma forma como trabalhamos toda a semana a fim de honrarmos o Shabat, assim nos preparamos agora para o mundo futuro, onde saborearemos dos frutos de nosso trabalho.

Com a destruição do Templo Sagrado, a beleza da música cessou. As músicas e melodias atuais não captam a santidade ou a harmonia da perfeição espiritual inerente às melodias entoadas no Templo.

Após a destruição do Primeiro Templo o imperador Nevuchadnêtsar (Nabucodonossor), levou um grupo de leviyim cativos à Babilônia. Observando-os chorarem e lamentarem-se, exclamou: “Por quê estão tão tristes? Venham e alegrem-se! Antes de saborear minha ceia, toquem seus violinos para mim e meus deuses, exatamente como costumavam fazer para seu D’us!”

Olhando uns para os outros, os leviyim sussurraram: “Nunca! Nós, que tocávamos no Templo para o Todo-Poderoso devemos agora tocar para este anão (Nevuchadnêtsar era de baixa estatura) e seus ídolos? Em vez disso, se tivéssemos nos empenhado em cantar ante o Todo-Poderoso, nunca teríamos sido exilados!”

Todavia, como poderiam desobedecer efetivamente a ordem do captor?

Num instante engendraram um plano. Cada levi, sem hesitar, decepou o próprio polegar da mão direita. Erguendo os tocos dos quais jorrava sangue para que Nevuchadnêtsar visse, lamentaram: “Como podemos cantar a canção de D’us? (Tehilim 137:4) Não vê que nossas mãos estão mutiladas, e não podemos mais tocar nossos instrumentos?”

Enfurecido, Nevuchadnêtsar massacrou milhares de cativos. Não obstante, os leviyim estavam contentes em não terem concordado em tocarem música perante ídolos.

Aquele grupo de leviyim eventualmente retornou do exílio babilônio, e testemunhou a reconstrução do Segundo Templo. D’us prometeu ao povo judeu através de juramento: “Os leviyim feriram sua mão direita por amor a Mim; portanto, Eu juro por Minha mão direita que finalmente derrotarei seus inimigos e restaurarei Jerusalém.”

Agora temos aqui as demais determinações que se enquadram no dia-a-dia do povo de Israel. “Ordena aos filhos de Israel que lancem fora do arraial a todo o leproso, e a todo o que padece fluxo, e a todos os imundos por causa de contato com algum morto. Desde o homem até a mulher os lançareis; fora do arraial os lançareis; para que não contaminem os seus arraiais, no meio dos quais eu habito” (Nm 5:2-3). Aqui temos uma ordem quanto à pureza do povo quanto às enfermidades físicas! A palavra “ordena” em hebraico é tsawâ e significa “ordenar, incumbir”. Em sua raiz temos a palavra mitswâ que significa “mandamento” e também a palavra tsaw que significa “ordem”! Esta raiz designa a instrução de um pai para seu filho, de um fazendeiro a seus lavradores, de um rei a seus servos. Esta palavra demonstra que a de­termina­ção que se se­guirá é ao mesmo tempo uma ordem – algo que deve ser obede­cido – e tam­bém tem o caráter de uma instrução – algo que ensinará o povo a viver melhor – e assim o povo seria beneficiado através da obediência.

O termo “arraial” em hebraico é mahaneh e significa “acampamento”; área cercada com proteção temporária (nunca permanente) de uma tribo ou exército. Através deste termo per­cebemos que o povo de Israel ainda está peregrinando pelo deserto e por isso ainda depende de seu acampamento provisório. Eles não são ainda uma nação e portanto esta situação é ainda algo dentro de uma “normalidade” momentânea! As palavras que estão sendo aqui utilizadas demonstram ainda a transição vivida pelo povo.

Os leprosos, os que padeciam de fluxo e os impuros não poderiam perma­necer no acam­pamento do povo de Israel. A palavra “leproso” em hebraico é tsara e significa “sofrer doença de pele, ficar leproso”. Vem da raiz tsara´at que significa “doença maligna de pele” e também do termo tsir´â que significa “vespa”! Já o termo “fluxo” vem da palavra zub que sig­nifica “fluir, jor­rar, emitir, manar”. Esta palavra é também usada para definir os flu­xos mascu­linos provenientes de doenças contraídas através de relações sexuais ilícitas. Há também o termo tame´ que significa “impuro, imundo”. O que mais chama a nossa atenção aqui é que nestes versos está dito que estas pessoas devem ser lançadas fora do acampamento “por causa do contato com algum morto”. Aqui faltou uma palavra em português que é o termo nepesh que significa “alma, vida, criatura, pessoa, mente”. Ou seja, os excluídos do acampamento seriam aqueles que tivesem tido contato com “almas mortas” e tiveram assim também suas almas “contaminadas” e portanto receberam como “reflexo” desse contato enfermidades físicas que estavam afetando sua vida e seu convívio com o restante do povo de Israel!

O Eterno então não faz distinção entre homem ou mulher, pois qualquer deles que estiver “contaminado” seria lançado fora do acampamento, pois ali o Eterno habita! Esta palavra “habitar” em hebraico vem do termo shakan que significa “habitar, tabernacular”. Em sua raiz estão os termos sheken que significa “morada”; também shaken quesignifica “vizinho, morador” e mishkan que significa “tabernáculo”. Ou seja, isso nos fala sobre a santidade do Eterno que não suportaria qualquer manifestação de pecado no mesmo espaço em que Ele habitasse, morasse, residisse. O Eterno não suporta o pecado e foi justamente por isso que Ele lanço para o abismo o primeiro pecador que setem notícia: há Satan (O Adversário)!

A Torah também nos ensina que, quando há qualquer tipo de pecado nós devemos primeiro confessá-lo e depois deve ser feita a restituição! “Dize aos filhos de Israel: Quando homem ou mulher fizer algum de todos os pecados humanos, transgredindo contra o IHVH, tal alma culpada é. E confessará o seu pecado que cometeu; pela sua culpa, fará plena restituição, segundo a soma total, e lhe acrescentará a sua quinta parte, e a dará àquele contra quem se fez culpado” (Nm 5:6-7). Neste trecho está bem claro o que dissemos acima: a palavra “pecado” vem do termo hata que significa “errar, sair do caminho, pecar, tornar-se culpado”. Este termo nos fala sobre uma situação em que tudo ia bem, mas, num momento, alguém saiu do caminho certo, tornando-se assim “culpado”. A Torah nos fala sobre este erro que é chamado “humano”. Esta palavra em hebraico é adam e significa “homem, espécie humana”. Novamente o Eterno deixa-nos bem claro que o pecado originou-se não no homem, mas que o homem quando peca traz sobre si este peso que é característico do erro, juntamente com a culpa. O pecado humano é reflexo de uma influência espiritual recebida de há Satan e que o induz a tornar-se culpado, a ser rebelde, a matar, a roubar, e a afastar-se do seu Criador! Somos informados que este tipo de “transgressão” é contra o Senhor! A palavra que define o Eterno em hebraico é o tetragrama (IHVH) e isso significa que o Eterno se tornará para essa pessoa aquilo que ela precisaque Ele se torne! A continuidade do verso nos diz que “tal alma culpada é”. A palavra “alma” em hebraico é nepesh que significa “alma, vida, criatura, pessoa, mente”; já o termo “culpada” em hebraico é ´asham e significa “ficar desolado, ser culpado, causar ofensa, reconhecer uma ofensa, transgredir”. Ou seja, o pecador é aquele cujo pecado passou primeiro por sua mente para depois atingir seu espírito e logo após o seu corpo! A mente daquele que peca – que ainda não foi cauterizada – recebe logo o aviso que algo de anormal aconteceu e isso é transmitido ao seu espíritoque logo sente-se desolado, reconhece a sua ofenda e quer logo fazer um concerto com o Eterno! Isso chama-se arrependimento, que como sua consequência leva à confissão do pecado e a sua restituição! A palavra “confessar” vem do termo hebraico yada que significa “confessar, louvar, dar graças, agradecer”. Já a palavra “pecado” vem do termo hata que significa “errar, sair do caminho, pecar, tornar-se culpado”; ainda temos o termo ´asham e significa “ficar desolado, ser culpado, causar ofensa, reconhecer uma ofensa, transgredir”. Juntando tudo isso teremos uma postura de reconhecimento – através da confissão – do erro e também um sentimento de desolação, culpa, que nos levará a uma postura de restituir o que ele fez diante daquele que foi “prejudicado”. Isso fará com que o pecador faça isso não somente com o Eterno mas também com o seu semelhante. Para cada pecado há um tipo de restituição.

Há também um outro tipo de orientação quanto ao pecado: “Fala aos filhos de Israel, e dize-lhes: Quando a mulher de alguém se desviar, e transgredir contra ele, de maneira que algum homem se tenha deitado com ela, e for oculto aos olhos de seu marido, e ela o tiver ocultado, havendo-se ela contaminado, e contra ela não houver testemunha, e no feito não for apanhada, e o espírito de ciúmes vier sobre ele, e de sua mulher tiver ciúmes, por ela se haver contaminado, ou sobre ele vier o espírito de ciúmes, e de sua mulher tiver ciúmes, não se havendo ela contaminado” (Nm 5:12-14). Aqui temos uma orientação para que seja determinado o pecado de adultério ou a inocência da mulher. A primeira coisa aser considerada é o termo “desviar” que provém da palavra satâ que significa “por de lado, desviar-se, recusar”. Há também o termo “transgredir” que vem da palavra ma´al e significa “transgredir, cometer uma falta, agir com infidelidade”. Também em sua raiz está o termo ma´al que significa “delito, falta”. O “fato” ocorrido contra o marido é um desvio de conduta normal que se configura como um ato de infidelidade! Este ato de infidelidade caracteriza-se pelo “deitar-se com alguém”, sendo que a palavra “deitar-se” em hebraico é shekabâ e significa “camada, emissão (seminal)”. No texto em português faltou a palavra “semente” ou “descendente” que está logo após a palavra “deitar-se”. O termo zerá significa “semente, descendente”. Isso demonstra que além de haver o ato sexual o seu resultado poderá ser a concepção! Neste contato há a emissão de sêmem por parte do homem e isso – quando fecundado o óvulo – faz com que haja a geração de uma nova vida! Quando um marido tinha qualquer dúvida sobre se esse fato havia ou não acontecido ele deveria tomar algumas atitudes e isso seria feito por ser ele movido pelo “espírito de ciúmes”. A palavra “espírito” em hebraico é ruach e significa “vento, sopro, espírito”. Já a palavra “ciúmes” vem do termo qin´â e significa “ardor, zelo, ciúme ardente”. Estes dois termos juntos indicam que já houvealgum motivo ou precedente para que o tal homem viesse a agir de forma a desconfiar de sua esposa. E é justamente por isso e para eliminar as dúvidas que existia um procedimento “legal” a ser adotado diante do Eterno!

Este significado é central no aspecto do relacionamento matrimonial. O adultério era castigado com a morte (Lv 20.10; Dt 22.22). Com o casamento, os dois tornam-se “uma só carne” (Gn 2.24). Consequentemente, o adultério era como que cortar fora uma parte do corpo – uma forma de assassinato. A partir daí se estabeleceram dispositivos para o marido acusar a mulher e descobrir o adultério de que suspeitasse. E não se deve ignorar também que esse era o meio pelo qual uma mulher acusada injustamente  podia livrar-se da acusação e da indignação do marido ciumento na medida que o próprio D-us iria declará-la inocente. A lei estipula o fim adequado para o ciúme justificado, a morte do culpado.

Os procedimentos quanto à determinação da culpa ou da inocência da mulher deveriam ser assim: “E o sacerdote a fará chegar, e a porá perante a face do IHVH. E o sacerdote tomará água santa num vaso de barro; também tomará o sacerdote do pó que houver no chão do tabernáculo, e o deitará na água. Então o sacerdote apresentará a mulher perante o IHVH, e descobrirá a cabeça da mulher; e a oferta memorativa, que é a oferta por ciúmes, porá sobre as suas mãos, e a água amarga, que traz consigo a maldição, estará na mão do sacerdote. E o sacerdote a fará jurar, e dirá àquela mulher: Se ninguém contigo se deitou, e se não te apartaste de teu marido pela imundícia, destas águas amargas, amaldiçoantes, serás livre. Mas, se te apartaste de teu marido, e te contaminaste, e algum homem, fora de teu marido, se deitou contigo, então o sacerdote fará jurar à mulher com o juramento da maldição; e o sacerdote dirá à mulher: O IHVH te ponha por maldição e por praga no meio do teu povo, fazendo-te o IHVH consumir a tua coxa e inchar o teu ventre. E esta água amaldiçoante entre nas tuas entranhas, para te fazer inchar o ventre, e te fazer consumir a coxa. Então a mulher dirá: Amém, Amém. Depois o sacerdote escreverá estas mesmas maldições num livro, e com a água amarga as apagará” (Nm 5:16-23). Este procedimento que parece tão complexo não tinha somente a função de determinar ou não a culpa de uma mulher; servia também para que o mal fosse eliminado do meio do povo, pois a punição certamente viria sobre o transgressor!

A primeira coisa a ser feita é que a mulher era colocada diante da “face do IHVH”. Aqui temos a palavra panîm que significa “rosto, semblante”. A palavra está no plural e talvez seja uma indicação de eu o rosto é composto de uma combinação de diversos aspectos. Já a palavra que define o Eterno é o tetragrama – IHVH – significando que o Eterno se tornaria aquilo que seu povo precisasse que Ele se tornasse. Ou seja, a mulher estaria frente a frente com o Eterno – apesar do Senhor não estar ali de forma “visível” – mas certamente ela sentiria que sua face estaria sorrindo para ela ou não! O fato dela estar ali certamente já lhe traria a culpa à tona – caso ela fosse culpada – ou então isso serviria para reafirmar e confirmar a  sua inocência! Esta mulher teria a sua cabeça descoberta – o que indica que as mulheres andavam com algo sobre a cabeça – e ela tomaria uma “água amarga, que traz consigo a maldição”. A palavra “maldição” em hebraico é ´arar e significa “amaldiçoar, prender por encantamento, cercar com obstáculos, deixar sem forças para resistir”. A água ingerida pela mulher seria algo simbólico, porém havendo a culpa esta mulher ficaria presa por encantamentos, teria sua vida cercada por obstáculos e seria impedida de progredir ou mesmo caminhar normalmente em seu viver diário! Após a ingestão desta água ela pronunciaria um “juramento”. Aqui a palavra “juramento” em hebraico é alâ e significa “um juramento, uma declaração solene, uma promessa, maldição”. Esta palavra é aplicada para declarações solenes de testemunho dadas num tribunal!

Novamente percebemos que a situação é muito séria, pois qualquer atitude errada traria sérias consequências ao transgressor! É justamente por isso que já fora dito anteriormente que o pecado necessita de confissão e de restituição! Neste caso, havendo um pecado oculto, ele certamente seria revelado e o pecador deveria suportar a sua consequência, que seria o fato desta mulher servir como um exemplo para o povo por causa de seu pecado! Seu entre ficaria inchado e isso seria o sinal de que ela realmente pecara!

Temos para finalizar esta seção, as orientações finais que dizem: “E, se a mulher se não tiver contaminado, mas estiver limpa, então será livre, e conceberá filhos. Esta é a lei dos ciúmes, quando a mulher, em poder de seu marido, se desviar e for contaminada; ou quando sobre o homem vier o espírito de ciúmes, e tiver ciúmes de sua mulher, apresente a mulher perante o IHVH, e o sacerdote nela execute toda esta lei. E o homem será livre da iniqüidade, porém a mulher levará a sua iniqüidade” (Nm 5:28-31). Caso não haja culpa por parte da mulher ela seria livre para conceber! Isso então nos fala que uma das consequências deste ato seria a esterelidade! Um outro detalhe é que o homem seria livre da iniquidade. A palavra “livre” em hebraico é naqâ e significa “estar isento de, ficar livre, ser inocente”. Já a palavra “iniquidade” vem do termo awôn e singifica “iniquidade, culpa, castigo pela culpa”. Neste contexto entendemos que, caso haja uma transgressão, a parte inocente, aquele que não teve qualquer culpa e não participou do ato de infidelidade é considerado livre para continuar sua vida e para sr feliz! Não há castigo para ser aplicado a esta pessoa e por isso ela não deverá – e nem poderá – sofrer dano algum que lhe impeça de continuar o rumo já determinado em sua vida diária!

O cohen prepara a mistura de água

O cohen então preparava uma água especial que a mulher teria de beber. Isso iria testá-la para ver se dizia ou não a verdade.

O cohen pegava a água da bacia no Tabernáculo (kiyor) e a misturava com poeira do chão.

  • Por que D’us ordenou que a água fosse apanhada do kiyor?

O kiyor era feito de espelhos de cobre que as mulheres judias doavam. A água do kiyor é dada a uma esposa infiel para lembrá-la que: “Você não agiu como as mulheres judias no Egito, que foram fiéis aos maridos!”

  • Por que a poeira é misturada à água?

A poeira sugere a ela: “Você sabe qual é o fim de todos? Seu corpo retorna ao pó. Por isto, faça teshuvá antes que seja tarde!”

O cohen anuncia: “Escreverei novamente num rolo os versículos descrevendo a sotá. Estes versículos contêm o Ilustre Nome de D’us. Apagarei as palavras na água. Você, então, beberá a água.”

“Se você é culpada, a água fará seu corpo inchar, e seus membros ficarão fracos. Você morrerá. Por isso, admita agora! Não precisarei então apagar o sagrado nome de D’us na água.”

(Ambos, marido e mulher devem perceber a grande lição que D’us nos ensinou neste episódio: Ele permitiu que Seu Nome fosse apagado para restaurar a harmonia de um lar. Portanto, quando há uma discussão entre um casal, cada um deve estar pronto para sacrificar sua dignidade e honra pessoal em prol da paz).

 O cabelo da sota é descoberto

Durante este procedimento o cohen descobria o cabelo da mulher. Porque o cabelo da sotá era revelado? Diziam a ela: “Uma mulher judia casada é proibida de aparecer em público com seu cabelo descoberto (Talmud Ketuvot 72a). Você se desviou dos caminhos das filhas judias. Agora, você parecerá uma gentia.”

Qual o significado das palavras, “Sua esposa será como uma vinha frutífera nos aposentos interiores do lar; seus filhos como mudas de oliveiras ao redor de sua mesa” (Tehilim 128:3)?

Este versículo promete fertilidade e filhos à esposa que se conduz com modéstia e recato, reservando sua beleza exclusivamente para o marido. A mulher que tem um cuidado especial, cobrindo seus cabelos completamente, merecerá filhos que brilharão como galhos de oliveiras.

Azeitonas podem ser saboreadas frescas ou secas; são comercializadas como iguarias; e o azeite produzido delas é de cor mais clara que qualquer outro óleo. Assim também, estes filhos se destacarão nos estudos da Torah e ainda outros serão comerciantes honestos, seguindo os ensinamentos Divinos em seus negócios. As folhas da oliveira não caem no verão e nem no inverno, simbolizando que seus descendentes perdurarão para sempre.

Mais ainda, ela faz com que sua família seja abençoada materialmente. Ela e seu marido viverão para ver seus filhos e netos como o versículo continua: “Merecerás ver os filhos de seus filhos” (Tehilim 128:6).

 O destino da mulher infiel

Quando o cohen terminava de advertir a mulher sobre sua punição, ele anotava num rolo de pergaminho as palavras da Torah que disse a ela. Apagava a escrita com água.

Finalmente, dava-lhe a água para beber. Se ela fosse culpada, seu corpo inchava, a face empalidecia e seus membros se enfraqueciam. Ao mesmo tempo, o homem com quem ela pecou também era punido, mesmo sem ter bebido daquela água. A mulher é tirada para fora do Templo Sagrado para então morrer.

Por outro lado, se ela não cometeu pecado algum, a água não lhe causava mal algum. D’us a recompensava pela humilhação que ela havia passado. Para esta mulher as águas agiam como um reconfortante remédio. Seus órgãos se fortaleciam, seu rosto se tornava radiante; se sofria de algum mal, estava curada. Se era estéril, conceberia um filho. Se tivesse apenas filhas, D’us, agora lhe concederia filhos homens. Se tivesse no passado complicações no parto, agora daria a luz com facilidade. Mais ainda, a Torah lhe prometia um filho especial e tsadic (justo).

Temos agora o padrão para os nazireus: “Fala aos filhos de Israel, e dize-lhes: Quando um homem ou mulher se tiver separado, fazendo voto de nazireu, para se separar ao IHVH, de vinho e de bebida forte se apartará; vinagre de vinho, nem vinagre de bebida forte não beberá; nem beberá alguma beberagem de uvas; nem uvas frescas nem secas comerá” (Nm 6:2-3). O que – ou quem era – o nazireu? A palavra “nazireu” vem do termo hebraico nazir que significa “pessoa consagrada”. Em sua raiz está a palavra nazar que significa “separar-se, consagrar-se”. Percebemos então que o nazireu seria uma pessoa consagrada totalmente ao Eterno em todos os sentidos de sua vida e isso ficaria claro por seus atos, principalmente pela não ingestão de vinho ou qualquer derivado da uva. A palava “vinho” em hebraico é yayin e significa “vinho”; já o termo “bebida forte” vem da palavra shekar que significa “estar bêbabo, embriagar-se”. Ele também não poderia beber “vinagre”. Esta palavra em hebraico provém do termo homets com o mesmo significado. O vinagre é o vinho que passou do ponto e tornou-se “azedo” perdendo assim o seu sabor original e não agradando mais ao paladar como uma bebida de uso diário. Sua função agora seria a de servir como um tipo de tempero entre os alimentos.

O Egito não se especializou no cultivo de uvas, mas Israel sim.

  • Israel é a vinha do Senhor (Is 5.1; Jr 12.10).
  • As vinhas são um aspecto de abundância e paz na época do milênio (Is 65.21; Am 9.13).
  • Na Brit Hadasha, Ieshua é a videira, nós os ramos (Jo 15.5).

Uma outra característica do nazireu está descrita nos versos abaixo: “Todos os dias do voto do seu nazireado sobre a sua cabeça não passará navalha; até que se cumpram os dias, que se separou ao IHVH, santo será, deixando crescer livremente o cabelo da sua cabeça. Todos os dias que se separar para o IHVH não se aproximará do corpo de um morto. Por seu pai, ou por sua mãe, por seu irmão, ou por sua irmã, por eles se não contaminará quando forem mortos; porquanto o nazireado do seu Elohim está sobre a sua cabeça. Todos os dias do seu nazireado santo será ao IHVH” (Nm 6:5-8). Um dos sinais do nazireado – consagração – é que esta pessoa não teria seus cabelos cortados! A palavra “madeixas” (aqui subentendida) em hebraico é pera´ e significa “cabeleira, madeixa”. Já o termo “cabelo” vem da palavra se´ar que significa “cabelos, pelos”.  Para o consagrado ao Eterno – IHVH – há uma proibição de cortar-se qualquer tipo de cabelo ou pelo de seu corpo! Isto seria algo que o distinguiria visivelmente entre os demais israelitas; não haveria como errar, pois essas características o destacariam das demais pessoas! Ele também não poderia chegar-se a um morto. É interessante que aqui temos o termo IHVH juntamente com a expressão “corpo morto” que em hebraico é mût nepesh! Ou seja, a palavra mût significa “morrer, matar, mandar executar” e a palavra nepesh que significa “alma, vida, criatura, pessoa, mente”. Isso nos fala que ele não poderia aproximar-se somente de um morto fisicamente, mas certamente ele deveria discernir também entre os mortos na alma! Este tipo de “morte” que é muito mais sutil tem a propriedade de influenciar inclusive os consagrados e algumas vezes essa influência até os desvia do caminho pelo qual vinham seguindo! Estas pesoas deveriam ser “santos ao Senhor” todos os dias de sua consagração! A palavra “santo” em hebraico é qadosh e significa “ser santo, separado para uso exclusivo do Senhor”. Ou seja, o consagrado seria aquele que não se ocuparia e nem se preocuparia com nada mais a não ser o serviço e a causa do Eterno!

        Caso houvesse algum problema com o nazireu – consagrado – ele deveria agir assim: “E se alguém vier a morrer junto a ele por acaso, subitamente, que contamine a cabeça do seu nazireado, então no dia da sua purificação rapará a sua cabeça, ao sétimo dia a rapará. E ao oitavo dia trará duas rolas, ou dois pombinhos, ao sacerdote, à porta da tenda da congregação; e o sacerdote oferecerá, um para expiação do pecado, e o outro para holocausto; e fará expiação por ele, do que pecou relativamente ao morto; assim naquele mesmo dia santificará a sua cabeça” (Nm 6:9-11). Devemos notar que o fato ocorrido aconteceu por acidente, e não algo premeditado, mas mesmo assim o consagrado deveria agir de forma a expiar o pecado. A palavra “expiação” em hebraico é kapar e significa “fazer expiação, fazer reconciliação, purificar”. Já o termo “pecou” em hebraico é hata que significa “errar, sair do caminho, pecar, tornar-se culpado”. O termo “ele” em hebraico é nepesh que significa “alma, vida, criatura, pessoa, mente”. Novamente percebemos que há uma contaminação na alma do consagrado que precisa ser quebrada e restaurada a santidade para que aquela pessoa refaça o seu contato com o Eterno. Também fica claro aqui que o Eterno não “joga ninguém fora” ou lança esta pessoa no ostracismo, abandonando-a, mas Ele sempre dá uma nova chance para um novo recomeço! Isso também nos ensina que devemos agir assim para com o nosso semelhante! Quando um irmão pecar contra nós, nossa atitude devrá ser de perdão e de misericórdia, dando-lhe sempre a chance de provar que houve mudança! Na Brit Hadasha está escrito assim: “Então Pedro, aproximando-se dele, disse: Senhor, até quantas vezes pecará meu irmão contra mim, e eu lhe perdoarei? Até sete? Ieshua lhe disse: Não te digo que até sete; mas, até setenta vezes sete” (Mt 18:21-22).

Agora temos a seção que nos ensina como devemos abençoar o povo que pertence ao Eterno: “O IHVH te abençoe e te guarde; o IHVH faça resplandecer o seu rosto sobre ti, e tenha misericórdia de ti; o IHVH sobre ti levante o seu rosto e te dê a paz. Assim porão o meu nome sobre os filhos de Israel, e eu os abençoarei” (Nm 6:24-27). Aqui temos o desdobramento de uma das mais belas e completas bênçãos que nos foram dadas pelo Eterno. Ela principia falando que o Senhor… IHVH… Aquele que se torna aquilo que precisamos que Ele se torne, nos abençoe. A palavra “abençoar” em hebraico é barak e significa “dar poder a alguém para ser próspero, bem sucedido e fecundo” em tudo o que fizermos! Ou seja, há um desejo manifesto do Eterno de tornar-se para nós prosperidade, sucesso e fecundidade em nosso viver diário! Estes três aspectos também nos falam sobre as trêsdimensões do homem e de seu relacionamento com o Eterno! O homem então seria “visitado” pelo Eterno em seu espírito, alma e corpo e manteria seu nível de relacionamentos com o Pai, com o Filho e com o Espírito de D-us! Não há nada melhor que receber a abrangência desta visitação do Eterno em todas as áreas de nosso viver diário e também em todas as áreas de nossas atividades! Além disso seríamos ainda guardados pelo Senhor! A palavra “guardar” em hebraico é shamar que significa “cuidar, guardar, prestar atenção”. Aqui temos a demonstração clara do carinho do Eterno para conosco. Quando Ele nos tomou para sermos seu povo Ele também nos colocou numa determinada posição que permite-lhe estar atento para poder nos socorrer a qualquer momento ou também para poder derramar sobre nossas vidas as suas dádivas que são o resultado da obediência à sua Torah!

Uma outra etapa desta ministração é o verso que se refere a “o IHVH faça resplandecer o seu rosto sobre ti, e tenha misericórdia de ti”. A palavra que define o Eterno novamente é o tetragrama e a palavra “resplandecer” é o termo or que significa “luz”.  A luz está ligada à vida e a felicidade; no caso de falar sobre “luz do rosto” refere-se a uma face alegre que expressa uma boa disposição. Isso nos fala sobre a presença restauradora do Eterno sobre seus servos. Em Jó 22.28 está descrita a prosperidade como a luz que brilhará nos caminhos de alguém. Já o termo “rosto” vem do hebraico panîm que significa “rosto, semblante”. A palavra está no plural e talvez seja uma indicação de eu o rosto é composto de uma combinação de diversos aspectos. Novamente temos aqui uma indicação de que o Eterno manifestaria sobre nós a sua luz como um elemento restaurador e também como uma referência à sua alegria por nossas vidas! Certamente isso seria visto por nós – caso pudéssemos enxergar ao Eterno – como um belo sorriso na face do Senhor! Há ainda a questão da manifestação da sua misericórdia! Esta palavra vem do termo hebraico hanan e significa “ser gracioso, compadecer-se”. Seu cognato árabe é hanna e significa “sentir solidariedade, compaixão”. Percebemos que após recebermos a expressão da alegria do Eterno por nossas vidas, receberemos ainda a sua compaixão sobre nós! Ele certamente se mostrará solidário para conosco em todas as ocasiões de nossas vidas! Estejamos sob forte presão ou mesmo num momento de grande alegria estaremos abrigados no Eterno para sempre!

O restante desta palavra nos diz que o “o IHVH sobre ti levante o seu rosto e te dê a paz”. A palavra “erguer” em hebraico é nasa e significa “erguer, carregar, tomar”. Tem o sentido de demonstrar uma boa consciência, confiança, favor e aceitação. O rosto que manifesta o que o eterno está sentindo estaria demonstrando uma boa consciência, confiança e aceitação para conosco! E o resultado dessa atitude do Eterno para conosco seria a paz! Esta palavra em hebraico é shalom e significa “paz, prosperidade, bem, saúde, inteireza, segurança”. Novamente percebemos que a intenção do Eterno é nos premiar com algo pleno e completo, com prosperidade – em todos os níveis – com saúde (física, mental e espiritual) e com segurança, que significa a ausência de medo mesmo em meio ao perigo!

A seção termina com as palavras: “Assim porão o meu nome sobre os filhos de Israel, e eu os abençoarei”. A palavra “porão” vem do termo hebraico sûm e significa “por, colocar, nomear, fazer”. Já a palavra “nome” vem do termo shem com o mesmo significado. Sua raiz vem de shema e significa “assinalar, marcar a ferro quente”, dando assim a idéia de um sinal extrno que distingue uma coisa ou pessoa de outra. Os filhos (povo) de Israel – aqueles que lutam com D-us e prevalecem – teriam sobre si a marca desta identidade divina e isso serviria para distinguí-los de todos os demais povos na terra! Eles então seriam abençoados assim! A palavra “abençoar” em hebraico é barak e significa “dar poder a alguém para ser próspero, bem sucedido e fecundo” em tudo o que fizermos! Israel, por causa do nome do Eterno que estaria sobre eles, receberia poder para ser próspero, bem sucedido e fecundo em todos os lugares por onde andassem ou se estabelecessem!

A bênção dada pelos cohanim

Em Israel ou numa sinagoga sefaradita fora de Israel, podemos ouvir a bênção dos cohanim todos os dias. Entretanto, numa sinagoga askenazita fora de Israell, a bênção dos cohanim é recitada apenas em Pêssach, Shavuot e Sucot, assim como em Rosh Hashaná e Yom Kipur. A bênção sacerdotal está reservada para estes dias de júbilo.

Quando o chazan (cantor litúrgico) termina a bênção de “Modim” na prece mussaf, ele proclama: “Cohanim!” Todos os cohanim presentes se dirigem à frente da sinagoga.

O chazan é o primeiro que pronuncia cada palavra da bênção vagarosamente. Os cohanim a repetem.

Há três versículos na bênção sacerdotal:

Que D’us te abençoe e te guarde!

Que a face de D’us brilhe sobre ti e que Ele faça que encontre graça (a Seus olhos)!

Que D’us erga Sua face para ti e te dê paz!

No Templo Sagrado, os cohanim pronunciavam o nome de D’us em cada versículo da bênção das cohanim da maneira como é escrito, por extenso: Iud, Hê, Vav, Hê. Isto é proibido fora do Templo Sagrado.

Nesta parashá, D’us disse a Moshê que ordenasse aos cohanim: “Assim abençoarão os filhos de Israel…”

“Assim” significa que os cohanim devem conceder a bênção da seguinte maneira:

  • De pé.
  • De mãos erguidas em direção ao céu.

Por que os cohanim também estendem os dedos?

Quando os judeus souberam que os cohanim os abençoariam, protestaram.

“Mestre do Universo,” disseram, “por que Tu nos abençoas através de terceiros? Desejamos que Tu nos abençoe diretamente!”

D’us replicou: “Apesar de ter ordenado aos cohanim que os abençoe, Eu também estarei presente.”

Por isso, ao recitar estas bênçãos, os cohanim deixam espaços entre os dedos como que para indicar: “O Próprio Todo-Poderoso está presente atrás de nós.” No Templo Sagrado, a Shechiná encontrava-se atrás dos ombros dos cohanim, e irradiava através das aberturas entre seus dedos. As pessoas estavam proibidas de olhar para a Shechiná, Presença Divina, durante a recitação da bênção sacerdotal. O costume atual é de não olhar para os cohanim durante a bênção dos cohanim.

Os cohanim também devem:

  • Ficar de frente para a congregação.
  • Pronunciar a bênção em hebraico.
  • No Templo Sagrado, pronunciavam o Nome de D’us, como está escrito.

Antes da bênção dos cohanim, os cohanim recitam a bênção: “Bendito és Tu, D’us, nosso D’us, Rei do Universo, Que nos santificou com a santidade de Aharon e nos ordenou a abençoar Seu povo de Israel com amor.”

Por que Aharon é mencionado nesta bênção?

Os cohanim, descendentes de Aharon, receberam a honra de conceder a bênção da paz pelo mérito de Aharon, que amava a paz e trazia paz onde quer que percebesse discórdia ou contenda.

 Porque a bênção sacerdotal inicia-se com a expressão “Assim”

D’us introduziu a bênção dos cohanim com a expressão “Assim”, aludindo a nosso patriarca Avraham, a quem Ele abençoou: “Assim será tua semente.” (Bereshit 15:5)

Que bênçãos estas palavras contêm?

Um viajante perdeu-se de sua rota. Caminhava exausto através do deserto quente e abrasador por dias sem fim. Nenhuma estrada, nenhuma casa, nem sinal de vivalma à vista. Já havia bebido a última gota d’água de seu cantil, sua língua grudara ao palato, de sede.

De repente, percebeu uma árvore à distância. Se uma árvore pode sobreviver no solo, pensou, deve haver uma fonte de água por perto.

Para sua alegria, descobriu uma fonte de água fresca perto da árvore. Os galhos estavam carregados de frutas. O viajante bebeu e bebeu da água cristalina, comeu dos frutos e mergulhou num profundo sono à sombra refrescante.

Ao acordar, sentiu-se renovado, pois recuperara as forças.

“Árvore, árvore, como posso lhe agradecer?” exclamou grato. “Gostaria de desejar-lhe que tenha belos galhos, porém já os tem. Abençoá-la-ia com deliciosos frutos? Seus frutos não poderiam ser mais suculentos. Com sombra refrescante? Já a tem. Com uma fonte de água? A nascente perto de você é pura e cristalina. Você é abençoada com todo tipo de perfeição. Portanto, posso dar-lhe somente uma bênção: que todas suas sementes nasçam e cresçam exatamente iguais a você.”

Similarmente, D’us procurava uma bênção para conceder a Avraham. “Avraham”, disse, “que bênção posso te dar? Que você seja um tsadic perfeito? Você o é. Você foi lançado à fornalha ardente para santificar Meu Nome; abriu uma pousada para acomodar viajantes e trazê-los para sob as asas da Shechiná; e disseminou Meu Nome pelo mundo inteiro. Que sua esposa seja uma tsadeket? Ela já o é. Que os membros de sua casa sejam tsadikim? Eles já são. Tenho apenas uma bênção para você: ‘Assim será sua semente’ – que sua semente seja exatamente como você!”

D’us introduziu a bênção dos cohanim com a palavra “Assim”, para indicar que a verdadeira bênção ao povo judeu seja que cada um de seus membros cresça para se tornar como seus patriarcas.

Uma explicação do primeiro versículo da bênção dos cohanim

Eis aqui uma maneira de explicar a bênção:

Yevarechechá: Que D’us abençoe teus pertences. Quando uma pessoa precisa alimento e outras necessidades indispensáveis, é difícil para ela estudar Torah com tranqüilidade. Por isso, a bênção é que tenhamos suficiente sustento. Este versículo promete riqueza material e sucesso.

Veyishmerêcha: Que D’us proteja teus pertences de serem roubados ou danificados. O que acontece com tuas possessões é na verdade determinado por D’us.

Um corajoso soldado prestou inestimáveis serviços a seu país. Foi convocado a receber a condecoração das mãos do imperador. Este presenteou-o com um baú contendo cem moedas de ouro valiosíssimas. Muito contente por já Ter feito fortuna, o soldado acomodou o baú sob a sela de seu cavalo e partiu para casa. Enquanto cavalgava por uma trilha deserta na montanha, salteadores de repente o atacaram. Subjugaram-no e tomaram seu baú.

Desta maneira, sua fortuna se foi tão rápido quanto viera.

Um rei que dá dinheiro ou posses a alguém nunca pode assegurar-se completamente contra danos, roubo, perda, doenças ou morte, cuja ocorrência impediria o beneficiado de usufruir de seu presente. Somente o Rei dos Reis pode dar tal garantia. Portanto, após prometer bens materiais, D’us garante que Ele nos guardará de qualquer infortúnio que possa impedir nossa capacidade de nos beneficiarmos dela.

Além disso, a palavra “Veyishmerêcha – Te guarde”, também refere-se à proteção contra o yêtser hará, a má inclinação.

Riqueza material gera novos tipos de desejos. Dinheiro gasto com luxos torna-se uma maldição ao invés de bênção. As palavras “Que Ele te abençoe com riqueza,” são seguidas, portanto, de “e te guarde”, do abuso, ao despendê-lo com luxos. Em vez disso, que você utilize sabiamente o dinheiro para Torah e mitsvot.

O primeiro versículo da bênção sacerdotal contém três palavras, correspondendo aos três patriarcas, Avraham, Itschac e Ia´aqov. Suplicamos a D’us que Se lembre de Sua aliança com os patriarcas.

 Uma explicação do segundo versículo da bênção dos cohanim

Yaer: “Que a face de D’us brilhe sobre ti” significa: Que D’us ouça tuas preces quando rezares a Ele e te dê entendimento ao estudar Torah.

Vichunêca: Que Ele faça isso por ti, mesmo que não o mereças.

Qual o significado da palavra “vichunêca”?

A palavra chen – graça (também relativa à chinam – gratuito) denota uma ligação e apego que não se originam da lógica ou da razão.

Este conceito é assim esclarecido nas palavras de nossos sábios:

“Há três exemplos comuns de apego inexplicável:

  • Um marido acha sua esposa graciosa.
  • Uma pessoa acha sua cidade natal especialmente encantadora (apesar dos outros poderem considerá-la um local desagradável para se viver).
  • Um comprador sente um apego especial ao objeto que adquiriu.”

Em todos os três casos, a relação está além da compreensão lógica. Baseia-se tão somente sobre um afeto especial com o qual a pessoa se refere à outra ou a objetos. Similarmente, pedimos a D’us que conceda-nos Sua bênção, mesmo se não somos merecedores. Queremos ser abençoados como um presente de graça, por causa do amor de D’us por Israel.

Este versículo contém cinco palavras, que correspondem aos cinco Livros da Torah. A Torah foi dada em mérito dos três patriarcas, cuja alusão é feita através das três palavras do primeiro versículo.

Uma explicação sobre o terceiro versículo da bênção dos cohanim

Yissá: Que D’us te dê total atenção, estejas onde estiveres. Ele te guardará de todos os infortúnios. Esta é a bênção de Divina Providência; D’us está atento e observa cada uma de nossas atividades.

Veyassêm lechá shalom: D’us te dará paz. Não serás atacado pelas más inclinações ou prejudicado por outros, de quaisquer outros modos.

Este terceiro versículo é o ápice dos dois anteriores. Desejamos as bênçãos materiais (Yevarechechá) e espirituais (Yaer) apenas com o objetivo de adquirir a bênção final de proximidade com D’us; traduzidas em bondade e paz. “Que D’us erga Seu semblante para ti” denota total interesse pessoal de D’us com cada judeu, o relacionamento mais próximo possível, o qual foi prometido ao povo judeu. (Agora, no exílio, D’us “oculta” Sua face.)

Todas as nossas bênçãos são concluídas com “paz”, pois não é possível desfrutar de qualquer outra bênção, a não ser que a pessoa esteja em paz.

Este terceiro versículo contém sete palavras, sugerindo os sete céus, em alusão ao que os cohanim desejam ao povo judeu: “Que Ele, que reside nos sete céus o abençoe.”

Quem recebeu o poder de abençoar os outros?

D’us disse: “No início, apenas Eu podia abençoar as pessoas. Abençoei Adam e Chava (Eva): ‘Multiplicai sobre a Terra.'”

“Abençoei Nôach e seus filhos quando deixaram a arca e começaram a reconstruir o mundo.”

“Abençoei Avraham. Disse-lhe: ‘Como és um grande tsadic, transferirei a ti o poder de abençoar os outros. Aquele a quem abençoares, será também abençoado.'”

Antes de Avraham morrer, quis abençoar seu filho Itschac. Mas pensou: “Se eu abençoar Itschac, meu outro filho, Yishmael, pedirá também uma bênção. Yishmael não merece ser abençoado.”

Avraham era similar a um jardineiro em cujo jardim cresciam arbustos com deliciosos frutos, mas estavam entremeados com os galhos de plantas venenosas que cresciam perto deles. O jardineiro pensou: “Se eu regar o arbusto frutífero, farei com que a planta venenosa cresça também.” Por isso, não molhou o arbusto frutífero.

Da mesma forma, Avraham não ousou abençoar Itschac antes de morrer. Não desejava ter que abençoar Yishmael também.

Após a morte de Avraham, o próprio D’us abençoou Itschac. O poder de conceder bênçãos foi então transferido para Itschac.

Itschac deu a bênção principal a Ia´aqov, e não a Essav. Ia´aqov recebeu o poder de abençoar as pessoas. Abençoou todos seus doze filhos antes de morrer.

D’us disse a Moshê: “De agora em diante as bênçãos serão concedidas pelos cohanim. Quando eles abençoarem o povo judeu com os versículos mencionados, Eu realizarei suas bênçãos.”

Isso significa que todas as vezes que esta palavra é ministrada, tudo isso vem sobre aqueles que a ouvem e recebem! É necessário ser também obediente para que a plenitude dessa palavra se estabeleça na vida de seus ouvintes!

Que o Eterno nos ajude a obedecermos e a recebermos a plenitude desta tão maravilhosa Palavra!

Baruch Há Shem!

Mário Moreno