Mário Moreno/ janeiro 2, 2018/ Parasha da semana

Shemot

(Nomes)

Ex 1.1–6.1 / Jr 1.1–2.3; Is 27.6–28.13; 29.22,23

Na Parasha desta semana aprenderemos como o povo de Israel se desenvolveu, cresceu e multiplicou-se ainda no Egito, tornando-se um povo imenso e também veremos as estratégias usadas por Faraó, rei do Egito, para subjugar o povo de D-us e força-los a não obedecerem ao Senhor!

D’us põe à prova o povo judeu no Egito

Vocês se lembram que Ia´aqov, junto com a família, viajou para o Egito, onde Iosef governava. Mesmo depois da morte de Iosef, seus irmãos e os filhos e netos desses permaneceram no Egito.

Ali ficaram por muitos anos mais. O povo de Israel esteve pelo total de duzentos anos no Egito.

Esperavam pelo mensageiro especial de D’us, porque Iosef lhes havia ordenado que não saíssem do Egito até que D’us enviasse seu mensageiro para tirá-los de lá.

O plano de D’us era fazer com que os judeus permanecessem no Egito por muito tempo. Desse modo, D’us cumpriu as palavras ditas a Avraham: “Teus filhos serão estranhos numa terra que não é a deles. Serão convertidos em escravos e ali sofrerão por muitos anos.”

D’us tinha muitas razões para fazer com que os judeus permanecessem no Egito por um longo tempo. Uma delas era colocar os judeus à prova, das seguintes formas: Continuariam sendo tsadikim (homens justos) e continuariam servindo a D’us, embora seus vizinhos egípcios venerassem ídolos?

Os homens judeus tomariam egípcias por esposas, e as mulheres judias aceitariam homens egípcios por esposos, ou negar-se-iam a contrair matrimônio com não-judeus?

Os judeus falariam hebraico entre eles, dando aos filhos nomes judaicos, ou começariam a falar egípcio e dariam nomes egípcios aos filhos?

E quando D’us enviasse Moshê para libertá-los, os judeus aceitariam segui-lo a Terra de Israel ou prefeririam ficar no Egito por se sentirem bem ali?

D’us pôs o povo de Israel à prova de todas essas formas. Os judeus que não passaram por elas morreram no Egito. Somente aqueles que mereciam receber a Torah foram libertados do Egito.

O livro de Êxodo tem início com as palavras “Estes pois são os nomes…”, pois Moshe inicia o relato mostrando aqueles que entraram no Egito da família de Ia´aqov e nos informa que foram setenta pessoas (Ex 1.5). O verso nos explica que estas pessoas são “Todas as almas, pois, que procederam dos lombos de Ia´aqov, foram setenta almas…” (Ex 1.5). A palavra “lombos” em hebraico é yarek significa coxa, lombo, partes íntimas. A “coxa” simboliza a parte firme do homem e a fonte da vida!

A este relato segue-se a seguinte informação: “Os filhos de Israel frutificaram e aumentaram muito, e multiplicaram-se, e foram fortalecidos grandemente; de maneira que a terra se encheu deles”. Êx 1.7. Isso parece-nos impressionante à primeira vista, porém já é o início do cumprimento da promessa que D-us havia feito à Avraham quando lhe prometeu que o povo que descenderia dele seria um grande povo! (Gn 22.17)

Vejamos alguns aspectos aqui: a palavra “frutificar” no hebraico é parã, que significa “crescer em quantidade e em influência”. Isso nos mostra que a promessa do Eterno estava em pleno andamento e isso de duas formas diferentes: em quantidade e em influência! Parece que o Eterno estava além de multiplicando seu povo, colocando-os em posições de destaque a fim de cumprir seus propósitos através dessas pessoas. Mas isso não é tudo: havia também a “multiplicação”, que em hebraico é rabã, que significa “ser grande, tornar-se grande, ser numeroso, tornar-se numeroso” e isso refere-se também ao sentido quantitativo! Ainda somos informados que o povo fora “fortalecido grandemente”. A palavra “fortalecido” em hebraico é ´atsan e significa “ser forte, ser poderoso, ser grande, ser numeroso”.

O Faraó obriga os judeus a tornarem-se seus escravos

O Faraó, o rei egípcio que vivia nessa época, era um homem malvado. Decidiu ser cruel com o povo judeu. Resolveu “esquecer” que um judeu, Iosef, havia certa vez salvado todo o Egito da morte por inanição, quando juntou o cereal necessário para alimentar todo o povo egípcio, e havia governado o país por oitenta anos. O faraó disse aos conselheiros: “Devemos criar um plano para evitar que as judias tenham tantos filhos! Se as famílias continuarem crescendo da forma que estão fazendo agora, logo haverá mais judeus que egípcios, e os judeus poderão aliar-se a nossos inimigos e assumir o controle do país!”

O faraó e os ministros urdiram um terrível plano: transformariam os judeus em escravos que trabalhariam para eles noite e dia. Separariam os pais das famílias e os deixariam tão fracos que poucas crianças nasceriam. Mas como o faraó faria para converter os judeus em escravos? Ele e os conselheiros tiveram uma ideia maligna. Proclamaram o seguinte anúncio: “O faraó precisa construir novos edifícios para armazenamento de cereal. Necessita de grande número de trabalhadores para as obras. Espera que todos os cidadãos responsáveis se unam para ajudar! Todos os trabalhadores serão pagos.”

Os egípcios disseram ao povo de Israel: “O que vocês, judeus, estão fazendo para ajudar nosso país? Também devem ajudar!”

Assim, os judeus começaram a trabalhar na construção de novos armazéns para o faraó. Para estimular as pessoas a trabalharem, o próprio faraó se apresentou na obra no primeiro dia, pá na mão. Logo correu a notícia de que até o rei havia pessoalmente ajudado nas tarefas da construção. Animadas, mais e mais pessoas se apresentaram, entre essas todos os homens judeus, com exceção daqueles da tribo de Levi.

Os homens do faraó foram aos homens da tribo de Levi e perguntaram: “Não nos ajudarão na construção?” Mas eles se negaram. Responderam: “Somos os rabinos do povo judeu. Devemos estudar e ensiná-los. Não temos tempo para nenhum outro trabalho.”

Quando os homens do faraó escutaram isso, não mais incomodaram os homens da tribo de Levi.

A princípio, o faraó pagava aos trabalhadores judeus. Ao cabo de certo tempo, porém, deixou de fazê-lo. Quando os judeus protestaram, os supervisores disseram: “O rei ordena que todos os judeus continuem construindo, mesmo sem salário!” Alguns judeus não se apresentaram mais para trabalhar, mas os supervisores conheciam o nome e endereço de cada um deles. Os policiais egípcios eram informados sobre todo judeu que faltava ao trabalho, e este era levado à força. Os supervisores egípcios eram exploradores cruéis e desalmados. Obrigaram todos os judeus a trabalhar rapidamente e sem descanso. Se um judeu demorava porque estava cansado, era açoitado com um chicote e obrigado a trabalhar ainda mais rápido.

O faraó também designou policiais entre os judeus, cujo trabalho era conseguir que os judeus trabalhassem ao máximo de sua capacidade. Os policiais judeus tinham ordens de açoitar todo judeu que fosse lento no trabalho, mas se negaram a castigar seus irmãos judeus. Quando os supervisores egípcios viram que a polícia judaica se apiedava dos demais judeus e permitia-lhes fazer o trabalho mais lentamente, começaram então a açoitar os policiais judeus. Porém, estes judeus preferiam o chicote a golpear seus irmãos judeus. Mais tarde, D’us premiou estes heróicos policiais judeus. Chamou-os zekenim, anciãos do povo judaico.

Mas este fato pareceu ter sido um incômodo aos egípcios, pois a partir desse momento na história, o Faraó começa a preocupar-se e tem início um plano para “subjugar” o povo de Israel. Faraó notou que o povo de Israel era “…demais e mais poderoso do que nós” (Ex 1.9). Novamente neste verso somos informados que os hebreus eram mais “poderosos” que os egípcios. A palavra “poderoso” em hebraico é ´atsûm, e significa “poderoso, numeroso”. Esta palavra tem em sua raiz a origem de outras palavras que estão relacionadas com aquilo que vemos aqui. A palavra ´otsen, significando “poder”, a palavra ´otsamâ, significando “força” e a palavra ´etsem significando “osso”. A estratégia de domínio consistia no seguinte: “Eia, usemos sabiamente para com ele, para que não se multiplique, e aconteça que, vindo guerra, ele também se ajunte como os nossos inimigos e peleje contra nós, e suba da terra” (Ex 1.10). Faraó encarrega homens para serem os exatores sobre o povo e os oprimia (afligia) para que continuassem a ser seus servos! A palavra “aflição” em hebraico é ‘anah e significa “gemido, suspiro, grito sufocado” Refere-se ao sofrimento de ordem física e mental. Isso nos dá a entender que a aflição do povo não era somente o fato de estarem sendo forçados à trabalhar! Mas havia ainda o peso de serem escravos, o que lhes impunha um fardo mental e isso os pressionava a fim de sentirem-se cada vez piores!

Mas as estratégias egípcias não contavam com a atuação do Eterno D-us, pois “…quanto mais o afligiam, tanto mais se multiplicava e tanto mais crescia, de maneira que se enfadavam dos filhos de Israel” (Ex 1.12). O que acontecia aqui é que o sofrimento e a opressão funcionavam como “adubos” para o bem do povo hebreu. Novamente são usadas aqui as palavras rabã, que significa “ser grande, tornar-se grande, ser numeroso, tornar-se numeroso” para definir o termo “multiplicavam-se” e parã, que significa “crescer em quantidade e em influência” para definir o termo “crescia”. Então, no verso seguinte diz-se que “E os egípcios fizeram servir os filhos de Israel com dureza…” (Ex 1.13), onde a palavra “dureza” é perek, e significa “severidade, dureza”. Os egípcios não tinham misericórdia do povo de Israel e os tratavam de forma áspera, dura, severa, mas nem isso era capaz de deter o seu avanço! Parecia que quanto mais duramente eram tratados mais eles se adaptavam e se desenvolviam! O povo de D-us sempre foi e é um povo que recebe o seu “treinamento” no Egito através da severidade de tratamento dos egípcios e de sua dureza. Assim eles são forjados para resistirem aos piores inimigos e permanecerem em pé! Isso aconteceu também na história da igreja que, ao ser duramente perseguida pelos governantes mundiais e pelas autoridades “eclesiásticas” durante as épocas passadas e presentes teve seus momentos de maior vitalidade e crescimento, pois é aí, na perseguição que se conhece quem são os verdadeiros servos do Eterno e quem está realmente comprometido com a Sua causa! Este evento é o prenúncio de que o Eterno dará aos filhos de Israel uma festa para lembrarem-se de que Ele é o Senhor!

Como essa estratégia (da dureza da servidão) não deu certo – e o povo continuava a crescer -, então Faraó agora ordena que os meninos judeus sejam mortos pelas parteiras hebréias! (Ex 1.15,16). Elas porém sentem de D-us, que em hebraico é yare, e significa temor, reverencia. Elas tinham este sentimento porque conheciam ao Criador a quem serviam. Aqui D-us é chamado de Elohim! Neste ponto vemos que a astúcia do inimigo tem a finalidade de interromper o ciclo de nascimentos dos homens de D-us! Se ele conseguisse matar as crianças (principalmente os homens) não haveria futuro para a nação! Assim Satanás tenta, novamente, “matar” nossas crianças e jovens, tentando desviá-los do chamado que lhes está sendo proposto pelo Eterno.

Isso tudo contribuiu para que o povo de Israel continuasse a crescer e aumentar em número! A partir de então o próprio Faraó dá ordem para que, das crianças nascidas entre os hebreus, os homens fossem lançados no rio, mas as mulheres deveriam ser guardadas e criadas normalmente.

Mas o Criador não havia perdido o controle da história e através da união de duas pessoas da tribo de Levi (a tribo que seria definida como tribo sacerdotal). Nasce então um menino (que deveria ser jogado no rio, caso Faraó fosse atendido!), que é escondido por sua mãe e após três meses de vida é levado para o rio onde “casualmente” a filha de Faraó está para banhar-se! A “coincidência” é tão grande que ela vê a criança, ordena que uma criada a apanhe e quando o vê recebe uma “sugestão” de uma menina hebréia para que ele seja-lhe por filho adotivo! É lógico que esta menina hebréia, que é a irmã de Moshe, chama sua própria mãe para ser “voluntária” e criar o menino! Nesse episódio há ainda o lado profético que nos apresenta um homem hebreu (judeu) que nasce no Egito (que é uma figura do mundo) e seu nascimento tem uma finalidade: resgatar o povo que está no Egito, porém que pertence à D-us!

O nome deste menino é também profético: ele se chama MW-S em etimologia egípcia e Mosheh, em hebraico. Em egípcio o seu nome significa “tirado das águas”, mas em hebraico o sentido é de “aquele que tira para fora”! Isso nos mostra duas coisas: ele foi tirado das águas (que na Bíblia representa uma multidão, o povo) a fim de tirar o povo escolhido de D-us para fora do Egito! Estava sendo então profetizado o futuro ministério deste menino! Já no nascimento de Moshe temos também um paralelo tremendo com o ministério de Ieshua, que nasceu para ser “aquele que tira para fora”, fazendo assim com que nós sejamos “tirados para fora” do mundo e do domínio das trevas, e sendo agora aceitos como Filhos do D-us Eterno em Ieshua!

Moshê no Rio Nilo

A mãe de Moshê arrumou uma caixa de madeira e colocou uma tampa. Para impermeabilizá-la, cobriu-a com breu por fora e com argila por dentro. Pôs a caixa no Rio Nilo entre os juncos que cresciam às margens, onde poderia ser vista pela gente que passava perto do rio. A irmã de Moshê, Miriam, decidiu permanecer perto da margem do rio para ver o que aconteceria ao irmãozinho. Passaram-se vinte minutos e ninguém notou a caixa que flutuava no rio.

Mas quem se aproximava agora? Miriam viu que se tratava de uma dama egípcia da alta nobreza, seguida pelas criadas. Quem poderia ser? Quando se aproximou, Miriam viu que era a filha do faraó, a princesa Batia, que vinha banhar-se no Nilo. Podem imaginar como bateu o coraçãozinho de Miriam, quando viu que Batia mergulhava no rio, não muito distante da caixa com seu irmãozinho dentro?

Miriam observou ansiosamente, para ver se Batia descobriria o menino. Pois não é que descobriu?

“Que será isso que flutua entre os juncos?” exclamou a princesa.

Ordenou às criadas: “Tragam-me essa caixa! Como se negassem, Batia estendeu o braço para alcançá-la. Era impossível para Batia alcançar a caixa, que estava fora de seu alcance, mas ela tentou de todas as maneiras. D’us fez um milagre: seu braço se esticou até alcançar a caixa, e Batia pôde abri-la. Surpreendeu-se ao encontrar um menino dentro.

Que lindo bebê! Batia ficou encantada, e não sabia o que fazer com ele. D’us enviou o anjo Gabriel para que desse uma palmada no menino, que começou a chorar; Batia sentiu pena dele. “Rápido, corram!!” ordenou às criadas. “Este menino deve ser um judeu, e está morrendo de fome. Tragam uma ama de leite para que o amamente!”

As moças regressaram com uma ama egípcia, mas para surpresa de todos, o bebê fechava a boca com força e não quis mamar do seu peito. Batia ordenou quer trouxessem outra ama egípcia para amamentar o nenê, porém uma vez mais ele cerrou a boca e se negou a mamar. Miriam estava observando a cena desde o começo. Neste momento, perguntou: “Trago uma ama judia? Talvez o menino aceite seu leite.”

Quando a princesa consentiu, Miriam correu para casa e trouxe a sua própria mãe, Iocheved. Naturalmente, o pequeno mamou o leite de sua mãe!

Moshê no palácio do faraó

Você acaba de saber quem era o menino. Não era outro senão Moshê. Na verdade, este nome foi-lhe dado pela princesa Batia. Chamou-o assim porque a palavra Moshê significa “tirei-o da água”, e Batia o havia encontrado no rio.

Batia disse à mãe de Moshê: “Fique com o menino em sua casa e o amamente até que eu vá buscá-lo para levar ao palácio, e te pagarei por isso.”

Dois anos depois, a princesa reconheceu Moshê e o levou ao palácio do faraó. Cuidava muito bem dele. Amava o menino como se fosse seu próprio filho. Seu pai, o faraó, também se encantou com o bebê e sempre brincava com ele.

Moshê tira a coroa do faraó

Certa vez, o pequeno Moshê estava sentado sobre os joelhos do faraó. De repente, esticou a mãozinha, tirou a coroa do faraó, e a colocou sobre a própria cabeça.

Podem imaginar o alvoroço que se produziu na corte? Um ministro advertiu o faraó: “Majestade, este menino, embora pequeno, já está lhe tirando a coroa! Quando crescer, tirará todo o reino! Talvez seja este o menino que os feiticeiros diziam que levaria os judeus do Egito. Mate-o agora mesmo e não se converterá num inimigo poderoso para o senhor!

Outro ministro interpôs-se: “Majestade, é um exagero dar tanta atenção aos atos de uma criança. Todos os pequeninos gostam de brincar com objetos brilhantes. Ele tomou sua coroa simplesmente porque pensou que era um objeto agradável e brilhante para brincar.”

Para por fim à discussão entre os ministros, decidiram por o pequeno Moshê à prova, e descobrir porque havia tirado a coroa do faraó. Compreendia ele a importância da coroa ou estava só brincando? Se a prova mostrasse que Moshê havia tomado a coroa do faraó com um propósito determinado, seria morto.

Colocaram diante de Moshê duas vasilhas: uma cheia de moedas de ouro e outra de carvões acesos e resplandecentes. Escolheria Moshê o ouro ou os carvões ardentes? Se escolhesse as moedas de ouro, demonstraria que tinha inteligência suficiente para compreender que o ouro era mais valioso que o carvão. Se era tão inteligente, isso queria dizer que compreendia o valor da coroa e que a havia colocado sobre a própria cabeça de propósito. Porém, se escolhesse o carvão por causa de seu esplendor, demonstraria ser apenas uma criança que se sentia atraída pelo brilho da coroa. Moshê era um menino muito esperto. Sabia que o ouro era muito mais valioso que o carvão, e estendeu a mãozinha para o ouro. Mas D’us enviou o anjo Gabriel para que empurrasse a mão de Moshê até o recipiente cheio de carvões ardentes. Moshê pegou um, e, vendo que estava muito quente para segurá-lo, levou-o à boca. O carvão ardente queimou-lhe a língua, e desde esse dia Moshê teve dificuldades para falar.

Algumas vezes tomamos atitudes que não compreendemos, e estas atitudes trazem resultados que não nos satisfazem. Porém, lembremo-nos que o Eterno tem tudo sob seu controle! Isso significa que, aconteça o que acontecer, D-us fará tudo para nos abençoar e nos beneficiar em qualquer situação! Assim ocorreu também com Moshe, que após tentar ajudar um de seus irmãos hebreus, mata um egípcio e depois descobre que todos já sabem que ele cometeu um crime. Sua primeira reação é fugir! Ele vai então para a terra de Midiã, onde novamente acontece algo que mudará sua vida! Ele ajuda as filhas de um homem chamado Reuel (D-us é Amigo) e logo após elas contam ao seu pai que um homem egípcio as havia ajudado. Reuel então manda chamar este homem e dá a ele uma de suas filhas como esposa! Não nos parece algo estranho? Moshe sai fugido do Egito e quando chega à Midiã cai nas graças de um homem que se torna seu sogro! Moshe é agora agraciado com uma família! Ele, que estava solitário e chegara como um fugitivo, agora estabelece-se na terra e inicia o processo de edificação de sua própria família!

Mas, quando o rei do Egito morre, os filhos de Israel suspiram por livramento de sua condição de escravos! O povo forte do Senhor agora já desfalece por causa da dureza da servidão egípcia! Mas o interessante é que Elohim ouviu o clamor de seu povo, e em 2.24 está escrito: “Então ouviu D-us o seu gemido, e lembrou-se D-us de seu concerto com Avraham, com Itshaq e com Ia´aqov”. Aqui percebemos que, quando a Escritura nos fala sobre lembrar-se ela refere-se à palavra zakar, que significa pensar, meditar, dar atenção a alguma coisa. O clamor dos israelitas fez com que o Eterno desse atenção à eles por causa de sua promessa (concerto) que fizera com os patriarcas Avraham, Itshaq e Ia´aqov! A palavra que lhes fora dita não poderia deixar de ser cumprida! Então era chegada a hora de livrar seu povo da escravidão do Egito!

O chamado para a execução dos planos de D-us acontece nos lugares e nos momentos mais inusitados para nós. Ainda que achemos que o Senhor não nos vê entre a multidão, quero dizer-lhe algo: Ele te conhece e sabe tudo o que se passa contigo!

Com Moshe não foi diferente: num dia de trabalho normal, num local onde nada de novo poderia ocorrer, ali mesmo o SenhorHá Shem (IHVH) aparece a Moshe e faz-lhe o seu chamado! O Eterno aparece a Moshe em Horebe. A palavra “Horebe” em hebraico vem da raiz hareb que significa “secar, estar em ruínas, estar devastado, desolar”. É interessante que este lugar é chamado de “monte de D-us”. E a palavra usada aqui para D-us é Elohim!

E apareceu-lhe o anjo do Senhor em uma chama de fogo do meio duma sarça; e olhou, e eis que a sarça ardia no fogo, e a sarça não se consumia” (Êx 3:2).  A palavra “apareceu-lhe” em hebraico é ra´a e significa “ver, olhar, inspecionar”. O milagre visto por Moshe foi o ponto de contato entre ele o malak (anjo) Adonai! Este personagem aparece-lhe numa sarça (um arbusto sem folhas, mas com muitos galhos que nasce no deserto) e dali fala-lhe sobre sua missão!

O Senhor – IHVH – agora diz a Moshe que havia visto a aflição de seu povo. “E disse o IHVH: Tenho visto atentamente a aflição do meu povo, que está no Egito, e tenho ouvido o seu clamor por causa dos seus exatores, porque conheci as suas dores” (Êx 3:7). Novamente o verbo “ver” em hebraico é ra´a e significa “ver, olhar, inspecionar”. Ele explica a Moshe que o povo clama por livramento e que Ele havia descido para livrá-los. A palavra “livrar” em hebraico é natsal, que significa “livrar, resgatar”. Isso nos mostra que o povo estava sob o forte domínio de um senhorio e que alguém mais forte do que eles deveriam vir a fim de resgatá-los!

O Criador informa a Moshe o seguinte: “Vem agora, pois, eu te enviarei a Faraó, para que tires meu povo [os filhos de Israel] do Egito” (Ex 3.10). O chamado de D-us consistia em que Moshe se dispusesse para que Ele o enviasse a Faraó! A palavra “enviar” em hebraico é shalah e significa “enviar, mandar embora, soltar”. Este fato nos mostra que Moshe iria a Faraó com a autoridade que lhe seria delegada pelo Criador! Que grande privilégio! Nesta tradução faltaram os termos “filhos de Israel”, o que foi certamente interpretado pela palavra usada para definir “povo”, que é o termo hebraico ´am que é usado deforma exclusiva como “povo” para definir os filhos de Israel.

O chamado que Moshe recebia nesse momento era algo que aconteceu mesmo antes daquele momento, pois ele, assim como outros, ouvia ressoar em seus ouvidos: “Assim veio a mim a palavra do IHVH, dizendo: antes que te formasse no ventre te conheci, e antes que saísses da madre, te santifiquei; às nações te dei por profeta (Jr 1:4,5). Esse era o chamado de Moshe: ser profeta! Isso significa que o Eterno lhe designara o ser seus olhos e ver antes de acontecer, o ser sua boca e falar antes que a aquela palavra sequer pudesse estar cumprida! Isso poderia trazer muitas consequências para Moshe, pois ele, de antemão, conheceria os desígnios do Eterno e muitas vezes veria que seu povo não os compreenderia…

Mas Moshe se apresenta diante do Criador como um homem pequeno e impotente para tão grande chamado! Ele argumenta com o Eterno que, na primeira vez lhe diz: “Certamente eu serei contigo; e isso te será por sinal de que te enviei: quando houveres tirado o povo do Egito, servireis a D-us neste monte” (Ex 3.12). Isso deveria ser o bastante para que Moshe logo obedecesse, porém não foi assim! Aqui o Eterno deu a certeza a Moshe de que Ele pessoalmente seria com Moshe para ratificar seu chamado. Mas isso envolvia a fé de Moshe e o mesmo precisaria exercitar essa fé indo até Faraó para ver o que o Eterno faria!

Novamente Moshe argumenta com o Criador, agora lhe perguntado por sua identidade: o que ele diria aos filhos de Israel quando lhes perguntassem sobre o nome do Criador? O Criador então lhe responde: o meu nome é EHEIRR ACHER EHEIRR (Eu me torno aquilo que me torno)! A tradução exata desta frase nos mostra que o Eterno se tornaria para eles o seu livramento! Não era isso que eles mais ansiavam? Aqui está revelada a mais bela faceta do Criador: a de que Ele se preocupa em se apresentar ao homem conforme sua necessidade!

Agora Moshe novamente argumenta falando da incredulidade de seu povo quanto ao seu chamado! A resposta do Criador é surpreendente: “O que é isso em tua mão? E ele disse-lhe: uma vara!” (Ex 4.2). A palavra aqui traduzida por “vara” é matteh, e significa “vara, bordão, haste, tribo”. A vara é um símbolo da liderança e da autoridade conferida a alguém! A vara de Moshe seria um instrumento físico através do qual ele demonstraria sua autoridade e sua liderança ao povo de Israel.

D-us mostra a Moshe como utilizar-se da recém-adquirida autoridade! Sua vara transforma-se numa cobra ao ser lançada ao chão e D-us mostra a ele que tudo com o Eterno funciona de forma diferente! A vara que se torna cobra deve ser pega de novo pela cauda! Todos nós sabemos que uma cobra deve ser capturada pela cabeça, de frente. Este animal quando capturado pelas costas, vira-se rapidamente e morde aquele que tenta fazer isso! Por isso a forma como O Eterno faz isso acontecer é diferente, para ainda assim demonstrar que isso não é um truque, mas sim um milagre! No capítulo 4.8 está escrito: “E acontecerá que, se eles não te crerem, nem ouvirem a voz do primeiro sinal, crerão à voz do derradeiro sinal”.  A palavra “sinal” em hebraico é ‘ot, e significa “sinal, maravilha, milagre”. Isto também servia para atestar e confirma a vocação de um profeta! Por isso o Eterno age assim com Moshe! Ele estava levando seu povo a crer nos sinais, e além disso estava também firmando Moshe como um grande profeta em Israel!

D’us fala com Moshê de um arbusto ardente

Os pastores só levam as ovelhas e cabras a pastarem o mais perto possível de casa. Moshê, ao contrário, não fazia assim. Todos os dias levava as ovelhas de Yitrô muito longe, longe das cidades povoadas, pois temia que os animais comessem pasto de alguma outra pessoa, e isso seria roubar. Moshê somente ia com o rebanho em campo aberto, onde a terra não pertencia a ninguém.

Estava chegando a hora de liberar o Povo de Israel do Egito. Apenas D’us sabia quando chegaria este momento. Pois como Moshê era um tsadic (justo) tão especial, D’us decidiu elegê-lo líder dos judeus.

Certa vez Moshê conduzia as ovelhas por um campo deserto, e viu um fato inusitado: numa colina havia um arbusto espinhoso que estava se incendiando, sem que os ramos fossem destruídos pelo fogo. Moshê olhou com mais atenção e viu um segundo milagre: apenas parte do arbusto estava se incendiando, e o fogo não tocava a outra parte de jeito nenhum.

Moshê ficou admirado pelo maravilhoso espetáculo. Havia outros pastores junto a Moshê, mas apenas o tsadic (justo) Moshê podia ver o maravilhoso arbusto, e somente ele escutou um anjo de D’us que o chamava para que se aproximasse do arbusto.

Quando Moshê chegou perto, D’us lhe ordenou: “Não chegue muito perto! Tire os sapatos, pois estás parado em terra santa!.”

A colina era santa pois a shechiná (Divindade) de D’us estava sobre ela. Voltaria a ser sagrada no ano seguinte quando D’us entregaria os Dez Mandamentos ao Povo de Israel sobre esta colina. (Pois a colina onde Moshê vira o arbusto ardente não era outra senão o Har Sinai – Monte Sinai). D’us disse a Moshê: “Escutei o Povo de Israel chorando por causa do duro trabalho no Egito. Vi que fizeram teshuvá (arrependimento) em seus corações. Vou libertá-los. Vá ao faraó e ordene-lhe: “Deixe partirem os judeus. Você os guiará para fora do Egito.”

“Sou uma pessoa muito insignificante,” protestou Moshê. “Por que haverias Tu, D’us, de eleger-me o líder que tirará os judeus do Egito? Elege um homem mais importante! Quem sou eu para que o faraó me escute e me permita sair para a terra Santa? Pode estar furioso comigo por ter matado um egípcio – pode até prender-me ou executar-me!”

“Não temas!” tranquilizou D’us a Moshê. “Estarei a teu lado para assegurar teu êxito em liberar o Povo de Israel do Egito. Prometo que o faraó não te fará mal. Esta é uma das razões por que te mostrei a sarça ardente. Foi um sinal: assim como o arbusto não sofreu dano por causa do fogo, não serás prejudicado pelo faraó.”
Moshê fez outra pergunta: “Se eu disser ao Povo de Israel que me ordenastes tirá-los do Egito, não me acreditarão. Dirão: ‘D’us nunca apareceu para você! Não acreditamos em você!’”

D’us ficou irado com Moshê por não confiar nos judeus; por pensar que não lhe dariam crédito. D’us esperava que Moshê compreendesse que os judeus eram um povo santo que confiaria nele, pois haviam aprendido de seu antepassado Ia´aqov e de Iosef, sobre o redentor que D’us enviaria.’
“Como temes que o Povo de Israel não confie em ti, dar-te-ei três sinais”, disse D’us a Moshê.

“Estas serão as provas para o Povo de Israel de que foste enviado por Mim.”

O primeiro sinal

D’us perguntou a Moshê: “Que levas nas mãos?” “Um cajado,” disse Moshê. “Joga-o no solo!”

Quando Moshê jogou o cajado, este se transformou em uma serpente. Moshê se assustou tanto com a perigosa serpente que se movia em sua direção que começou a correr.

Mas D’us ordenou-lhe: “Pega a serpente pela cabeça!”

Quando Moshê fez o que D’us lhe ordenava, a serpente transformou-se em cajado novamente. Era sem dúvida um sinal maravilhoso que convenceria os judeus de que deveriam crer nas palavras de Moshê. Porém, D’us havia também escolhido este sinal para demonstrar a Moshê que estava aborrecido com ele, por haver falado mal de Bnei Israel ao dizer: “Não crerão em mim!” Desse modo, Moshê havia agido como a serpente no Gan Eden (paraíso) que havia falado lashon hará (calúnias) sobre D’us a Chava. Para que Moshê tomasse consciência de seu erro, D’us utilizou uma serpente como primeiro sinal.

O segundo sinal

D’us ordenou a Moshê: “Põe tua mão sobre o peito!”

Moshê pôs a mão dentro da túnica. Quando a retirou, estava branca como a neve. Estava coberta da doença cutânea conhecida como tsara’at. Quando uma pessoa contrai essa doença, a pele fica toda branca.

Logo D’us ordenou a Moshê: “Coloca novamente tua mão dentro da túnica.”

Desta vez, quando Moshê a tirou, a mão estava com sua cor normal novamente. D’us disse: “O sinal de tua mão doente será o sinal que mostrarás ao Povo de Israel.”

Este sinal era uma nova prova de que Moshê não deveria ter falado sobre Bnei Israel; “Não me acreditarão!” Como Moshê havia falado mal dos judeus, D’us o havia castigado com uma enfermidade com que D’us castiga as pessoas que falam calúnias.

O terceiro sinal

D’us deu a Moshê outro sinal para que mostrasse ao Povo de Israel. Disse-lhe: “Toma um pouco de água do Rio Nilo e joga-a sobre o solo e se transformará em sangue.”

Mesmo depois de receber estes três sinais do próprio D’us, Moshê não estava pronto para ir até o faraó.

“Meu irmão Aharon sentir-se-á mal se eu me transformar no líder do povo judeu, e não ele! Ele é um navi (profeta) a quem Tu tens falado e enviado mensagens ao povo judaico. Não sou digno de comparecer perante o faraó, pois tenho dificuldades para falar.”

Mas D’us insistiu que Moshê fosse o líder de Bnei Israel. “Teu irmão Aharon te acompanhará na visita ao faraó e ao povo de Israel,” disse-lhe. “Ele falará diretamente com o faraó. Tu falarás lashon hakôdesh (hebraico) e ele traduzirá tuas palavras para o egípcio. Leva contigo o cajado, pois com ele farás milagres!

Resolvido o problema da autoridade, Moshe agora argumenta quanto à sua eloquência! Novamente há uma discussão entre ele e o Eterno, que reafirma sua condição de Criador dizendo a Moshe que Ele havia criado a boca e que assim estaria apto a milagrosamente fazer de Moshe seu instrumento! Mas isso não adiantou. Moshe resiste e acaba recebendo Arão como seu porta-voz! O texto é claro quando nos diz: “Então disse Moshe ao IHVH: Ah, meu IHVH! eu não sou homem eloqüente, nem de ontem nem de anteontem, nem ainda desde que tens falado ao teu servo; porque sou pesado de boca e pesado de língua. E disse-lhe o IHVH: Quem fez a boca do homem? ou quem fez o mudo, ou o surdo, ou o que vê, ou o cego? Não sou eu, o IHVH? Vai, pois, agora, e eu serei com a tua boca e te ensinarei o que hás de falar. Ele, porém, disse: Ah, meu IHVH! Envia pela mão daquele a quem tu hás de enviar” (Êx 4:10-13).

Isso nos mostra um aspecto na personalidade de Moshe: ele parecia estar ferido em sua personalidade e precisava de “apoio” quando enviado em sua missão. Ele já passara por um momento de forte rejeição e parecia não querer ver esta experiência repetida, de forma que busca em Arão um “reforço” para irem à Faraó falar em nome do Eterno!

O Senhor diz a Moshe, inclusive, como dirigir-se à Faraó: “Então dirás a Faraó: Assim diz o Senhor: Israel é meu filho, meu primogênito” (Êx 4:22). Duas coisas merecem ser destacadas aqui: a palavra “dirás” em hebraico é o verbo amar que significa “ordenar, emitir uma palavra de ordem”. Já o termo Senhor é o tetragrama (IHVH)! Isso significa que o Eterno – que se torna aquilo que seu povo precisa d´Ele – está ordenando a Faraó que deixe seu povo ir!

A missão de Moshe e Arão tem início e eles vão a Faraó para ordenar-lhe que deixe o povo de D-us sair a fim de sacrificar-lhe no deserto. Isso causa um impacto sobre Faraó, que pergunta à eles: “Quem é o Senhor?” (Ex 5.2) Fica claro que este homem não tinha nenhum conhecimento do Criador e nem do seu poder. Por isso tem início uma “disputa” entre poderes que visam demonstrar quem é o maior: o Senhor ou Faraó?

A visita de Moshe a Faraó traz conseqüências indesejáveis ao povo de Israel: ele aumenta a carga de trabalho sobre o povo, que queixa-se à Moshe e Arão da sobrecarga de trabalho! A resposta do Criador novamente é surpreendente: “Então disse o Senhor a Moshe: verás o que hei de fazer a Faraó; porque por uma mão poderosa os deixará ir, sim, por uma mão poderosa os lançará da terra” (Ex 6.1). Aqui o Eterno diz a Moshe qual será o fim de tudo: a libertação final dos israelitas!

Nós devemos aprender uma lição muito importante aqui: quando o Eterno diz que fará algo, somente Ele é capaz de cumprir o que foi dito! O sofrimento de seu povo haveria de chegar ao fim, mas isso aconteceria no tempo determinado, depois que Faraó reconhecesse quem é o Senhor! É necessário que aqueles que nos rodeiam vejam e saibam que é o Senhor quem comanda nossas vidas e que é dele que vem o nosso livramento!

Assim como aconteceu com o povo hebreu, acontecerá conosco também, pois o Eterno nos preparará para sermos libertos do poder das trevas e, após envergonhar nossos inimigos nos fará sair do Egito com todas as suas riquezas!

Que Ele cumpra sua palavra em nós!

Baruch Há Shem!

Mário Moreno