Mário Moreno/ setembro 15, 2020/ Artigos

Produzir a bênção

Veja, eu coloco diante de vocês hoje bênção e maldição. A bênção se você ouvir as Mitzvot de HASHEM seu D’us que eu estou comandando você hoje e a maldição se você não obedecer às Mitzvot de HASHEM seu D’us e você se desviar do caminho que Eu estou comandando você hoje…” (Devarim 11:26-28)

Moshe está falando não apenas para a geração de judeus que estava diante dele naquela época, mas ele está dando uma mensagem diretamente para nós que chegamos aqui no século 21 também. A Torah não é um simples livro de história. Ele fala conosco contemporaneamente. Moshe diz: “Veja, eu coloco diante de vocês hoje bênção e maldição…”, e a palavra “hoje” significa “hoje”.

Então, como vemos a bênção e a maldição “hoje”. Onde isso é evidente atualmente? Onde está o nosso Har Grizim, que pela sua aparência florida exibe o caminho bendito e Har Eivil que, com seu olhar desolado representa a aproximação maldita?! É apenas um conceito abstrato que precisa ser internalizado com alguma representação simbólica ou é uma realidade concreta!?

Desde que Moshe pronunciou essas palavras proféticas há 3300 anos, muita história aconteceu. Os judeus que hoje existem como judeus são os descendentes próximos de pessoas que foram leais à Torah. Há um lento processo de desmontagem para aqueles que perderam o contato com a Vida da Torah, mesmo que continuem a nutrir os sentimentos judaicos. Pode levar algumas gerações para se desenvolver, mas há uma certa conclusão para qualquer um que não permaneça lealmente obediente à Torah.

A estranha realidade é que a maioria não sabe que isso está acontecendo. Não se pensa muito em um futuro judeu até que seja quase tarde demais e então, em muitos casos, é tristemente tarde demais.

É verdadeiramente trágico! A bola desce o campo 3700 anos a partir de Avraham Avinu apenas para ser atrapalhada ou voluntariamente perdida na linha de 1 jarda da história, mas como saber se é a linha de uma jarda sem familiaridade com a Torah e as regras de combate. Isso pode explicar por que tantos que enfrentaram a escolha de extinção ou distinção escolheram nobremente se tornar Baalei Teshuva e retornar a um estilo de vida da Torah.

Aqui está um pequeno pedaço da história judaica americana. O Talmud nos diz que a Torah é comparada à água. A água catalisa a vida. Uma comunidade não pode sobreviver fisicamente se não houver fonte de água. Isso não pode acontecer! É incrível notar as muitas comunidades que surgiram na planície frutífera que não existem hoje. Mesmo que tivessem uma grande população em algum momento, eles desapareceram com o tempo.

Visitei muitas sinagogas velhas e vazias. Na parede estão as fotos de indivíduos bonitos e dedicados que eram seus oficiais. O que aconteceu? Por que o prédio é uma concha vazia que abriga a solitária Sifre Torah para os últimos membros sobreviventes? Em um ponto, havia 500 sinagogas ortodoxas no Bronx, mas a maioria já não existe e os poucos lugares restantes estão lutando. O que aconteceu? Sem água! A água traz bênção!

Uma sinagoga está além de maravilhosa, mas não é suficiente. Perdoe minha analogia crua, mas acredito que pode ser útil aqui. Se houver uma boa sinagoga em um bairro, é como ter um posto de gasolina nas proximidades, onde você pode reabastecer. Isso é bom. Se, naquela sinagoga, eles aprenderem alguns Mishnayot entre Mincha e Maariv, então é como se houvesse um posto de gasolina que oferece um trabalho de lubrificação de 20 minutos. Se houver um rabino erudito que sabe responder às perguntas Hallachicas, então é como um posto de gasolina com uma placa “mecânico no local”. Alguns carros podem ser consertados e ter uma vida ainda mais longa com cada um desses recursos.

No entanto, onde há uma Yeshiva, um centro de aprendizagem da Torah, e há acadêmicos que estão aprendendo e ensinando e alunos que estão aprendendo com excelência, então é como viver em uma dessas cidades que produzem carros novos. Cada classe de formandos de meninos e meninas significa carros novos saindo da proverbial linha de montagem. Com novo entusiasmo, novas gerações são lançadas. Surgem indústrias caseiras como Kashrut, Mikvot, Shuls e mais Yeshivot para atender a todas as idades e interesses na Torah. A cidade ganha vida com bem-aventurança!

Aquelas cidades que não apenas sobreviveram, mas prosperaram por muitas décadas aqui na América, tinham este reservatório de águas vivas que foi criado pelo estudo da Torah. Isso catalisa a vida e continua a produzir a bênção.

Estes são alguns fatos que precisamos atentar. Há uma grande necessidade de haver um reavivamento em que as pessoas voltem a interessar-se pelo Eterno e também por Ieshua, o Ungido. Nós não podemos somente viver um pouco do judaísmo messiânico como se estivéssemos protegidos numa “concha” esperando para que o melhor nos aconteça. É preciso mais. Novos desafios estão diante de cada um de nós e entre eles está aquele que consideramos o maior deles: a educação nas Escrituras.

Em nossos dias há uma “produção” muito grande de pseudo-sábios (ou mesmo pseudo-mestres) que emergem a cada dia nas redes sociais e infestam o mundo com ensinos que são negacionistas de verdades que já estão estabelecidas somente com um objetivo: serem vistos como “professores” ou “mestres” com seguidores nas redes sociais.

Tais pessoas não tem um ensino que traz uma formação acadêmica que permita que eles possam “fazer discípulos” judeus crentes em Ieshua da forma correta. Eles não passaram por uma Ieshiva e nunca tiveram aa experiência de liderarem uma congregação ou sinagoga, mas apresentam-se como “conhecedores” das Escrituras.

O reavivamento precisa vir, mas é necessário que haja uma conscientização que alcance tais pessoas – e outras também – de que necessitamos entrar no mesmo padrão de Ieshua, onde os discípulos são formados com instrução + prática diária. Isso abrange o conhecimento das Escrituras e sua vivência da forma correta. Não podemos prescindir de andar com pessoas que carregam um conhecimento e uma unção maior que aquela que temos. Buscamos ter comunhão com os sábios, eruditos, mas que também tenham intimidade com o Espírito o Santo e nos ensinem a trilhar as sendas do Reino do Espírito.

Enfim, temos a missão de transformar as antigas sinagogas em novas sinagogas – pregando e vivendo o judaísmo – só que com um ânimo renovado. Alguém precisa estar à frente de um projeto de restauração das raízes judaicas no Brasil de forma coerente e buscando ter sempre em mente que precisamos uns dos outros: judeus e cristãos caminhando rumo à conclusão final da história que por nós já é conhecida. Precisamos repensar nossas atitudes egoístas e nossos alvos para que nos juntemos e busquemos a redenção final que virá com a manifestação d´Aquele que é Esperado e Desejado pelas nações: Ieshua!

Que o Eterno nos ajude e entrarmos neste mover mundial do Espírito o Santo que trará um reavivamento ao mundo e finalmente nos levará a sermos um só Corpo com nossos irmãos em todo o mundo.

Baruch ha Shem!

Adaptação: Mário Moreno.