Mário Moreno/ agosto 29, 2017/ Rosh Hashaná

Rosh Hashana – Aniversário do mundo

O mês de Tishrei é o sétimo no calendário judaico. Isso pode parecer estranho, pois Rosh Hashaná, o Novo Ano, é no primeiro e segundo dia de Tishrei. A razão é que a Torah fez o mês de Nissan o primeiro do ano, para enfatizar a importância histórica da libertação do Egito, que aconteceu no décimo quinto dia daquele mês, e que assinalou o nascimento de nossa nação. Isso nos mostra que há uma metodologia totalmente diferente da parte do Eterno, pois Ele mesmo nos ensina que o “sete” está relacionado à plenitude e portanto o Ano Novo no sétimo mês indica que este é um mês de plenitude para o homem em sua história. Isso também nos mostra que Rosh Hashana – Cabeça do Ano – é o tempo em que o Eterno quer de fato nos dar a sua plenitude nos colocando como “cabeça” e a cabeça é justamente a parte mais importante do corpo, pois ela comanda todo o restante; sem ela o corpo anda sem qualquer direção e sem discernimento!

Entretanto, de acordo com a tradição, o mundo foi criado em Tishrei, ou mais exatamente, Adam (Adão) e Chava (Eva) foram criados no primeiro dia de Tishrei, que foi o sexto dia da Criação, e é a partir deste mês que o ciclo anual se inicia. Por isso, Rosh Hashaná é celebrado nesta época. Este fato nos mostra ainda mais claramente que ao homem foi dada a condição de ser “cabeça” de toda a Criação; isso não de forma opressiva, mas sim de forma a compor com o restante da criação uma estrutura que além de glorificar ao nome de Eterno possa também proporcionar ao homem e às demais criaturas uma interação tal que todos possam ser beneficiados, sendo o homem o cabeça e os demais sendo governados por ele.

Há doze meses no ano, e há doze Tribos em Israel. Cada mês do ano judaico tem sua Tribo representativa. O mês de Tishrei é o mês da Tribo de Dan. Isto tem um significado simbólico, pois quando Dan nasceu, sua mãe Lea disse: “D’us julgou-me e também atendeu à minha voz.” Dan e Din (Yom HaDin, Dia do Julgamento) são ambos derivados da mesma raiz, simbolizando que Tishrei é a época do Julgamento Divino e do perdão. O mazal de Tishrei é a Balança. Este é o símbolo do Dia do Julgamento, quando D’us pesa as boas e as más ações do ser humano. Este sétimo mês traz a plenitude em todos os sentidos; até mesmo de juízo, pois é nesta época que o homem é também cobrado acerca de suas atitudes. Este é um tempo de “prestação de contas” e ajustes, pois quando recebemos autoridade para desempenharmos uma determinada função podemos esperar ser cobrados por nossos superiores. Assim o faz o Criador, que em Rosh Hashana, além de abençoar o homem Ele também pede contas a ele sobre seus atos durante os meses que antecederam este dia!

Embora cada Lua Nova seja anunciada e abençoada na sinagoga no Shabat que a precede, a Lua Nova de Tishrei não é anunciada nem abençoada, pois o próprio D’us a abençoa. O aspecto místico de Rosh Hashaná é indicado nas Escrituras: “Soe o shofar na Lua Nova, em ocultamento do dia de nossa festa.”

Satan, o Acusador, não deve perceber a chegada de Rosh Hashaná, o Dia do Julgamento. Esta é também uma das razões pelas quais a Lua Nova não é mencionada nas preces de Rosh Hashaná. É também um dos motivos pelos quais a primeira porção do livro Bereshit da Torah não é lida em Rosh Hashaná, embora seja apropriado lê-la, pois Rosh Hashaná é o aniversário do Homem, quando Adam foi criado.

O primeiro dia de Tishrei, que é o primeiro dia de Rosh Hashaná, jamais pode cair num domingo, quarta ou sexta-feira. Historicamente, entretanto, o primeiro Rosh Hashaná foi numa sexta-feira, o sexto dia da Criação. Neste dia, D’us criou os animais dos campos e das selvas, e todos os animais rastejantes e insetos, e finalmente – o homem. Assim, quando o homem foi criado, encontrou tudo pronto para ele.

Nossos sábios viram nisso a ordem da Criação, como a consideração do bom anfitrião que, antes de convidar um hóspede de honra, coloca a casa em ordem, prepara as lâmpadas mais brilhantes, uma refeição deliciosa, etc., para que seu convidado encontre tudo preparado. Mas também veem nisto uma profunda lição: se o homem é merecedor, é tratado como um convidado de honra; se não o merece, dizem-lhe: “Não fique orgulhoso de si mesmo; até um inseto foi criado antes de você!”

Tudo isso nos mostra a importância de Rosh Hashana e também nos ensina que o Eterno tem uma metodologia diferenciada para executar seus propósitos e tal metodologia está ligada à sua Palavra. Na história do homem nesta época temos o nascimento de grandes homens e também temos grandes eventos que nos mostram que esta “ligação” não é somente uma “fantasia”, ela é um fato que aponta para uma reconexão do homem com Seu Criador e é o tempo da celebração do “Novo” chegando em nossas vidas.

Que venha Rosh Hashana para abençoar nossas vidas em plenitude em nome de Ieshua!

Mário Moreno