Mário Moreno/ janeiro 31, 2018/ Artigos

Seis Tipos de Perfeição

“Tenho o cara perfeito para você!” É atrás da perfeição que estamos, ao procurar um parceiro para o casamento, um médico ou uma babá. Aqueles que já viveram tempo suficiente poderão dizer que o único lugar para se procurar a perfeição é na busca para aperfeiçoar a si mesmo. Mas o que é “perfeição”? Possui algum objetivo além de “aquilo que eu quero” (ou penso que quero)?
Nesta semana concluímos – no ciclo anual de leitura da Torah – o Livro de Bereshit, também chamado por Nossos Sábios de “o livro dos justos”.

Ieshua falou sobre isso assim: “Sede vós, pois, perfeitos, como é perfeito o vosso pai, que está nos céus” Mt 5.48. Sha´ul também asseverou sobre isso: “Quanto ao mais, irmãos, regozijai-vos, sede perfeitos, estai consolados, sede de um mesmo parecer, vivei em paz; e o Elohim de amor e de paz será convosco” II Co 13.11. Onde buscar a origem deste padrão? Na Torah. Mas sua completude certamente está em Ieshua e n´Ele podemos ter a certeza de que é possível alcançar a perfeição quando a buscamos com afinco e obediência irrestrita.

Vejamos os exemplos da Torah:

Bereshit é a história de uma série de indivíduos perfeitos: Adam (feito à imagem de D’us”); Nôach (a quem a Torah chama de “um homem justo”), Avraham (descrito como “o amado de D’us”).
Itshaq (“a perfeita oferenda”), Ia´aqov (o supremo “indivíduo íntegro”) e Iosef (“o justo”).

Que tipo de perfeição estas personalidades exemplificam?

Adam foi o modelo original, a “obra de D’us” Você não pode conseguir nada mais perfeito que isso. Tão perfeito era ele, que não pôde suportar, e saiu procurando pela imperfeição – algo a consertar, algo a atingir, algo por fazer. Mesmo assim, é bom que nós, como raça, tenhamos começado perfeitos, pois somente assim podemos entender de onde vem nossa ânsia pela perfeição, e que podemos, de fato, atingi-la.

Nôach era a própria perfeição. Toda sua geração era corrupta, mas ele “caminhava com D’us”. Ele chegou a tentar melhorar a maneira de agir das pessoas – não porque se importava com o que lhes aconteceria, mas porque D’us tinha dito que era a coisa certa a fazer. Ele recebeu instruções exatas para a construção da arca, o que colocar dentro dela, quando partir, e quando abandoná-la. O que ele obedeceu. Sua perfeição era do tipo egoísta, cujo único objetivo era ser perfeito.

A perfeição de Avraham era a perfeição do amor. Para Avraham, fazer uma refeição significava partilhá-la com todo viajante faminto; descobrir uma verdade era ensiná-la ao mundo. Embora externamente fosse comunicativa e abrangente, a perfeição de Avraham tinha o “eu” como centro, o mundo todo como sua esfera.

Itshaq encontrou a perfeição no altruísmo. Como toda atividade humana ou experiência é imperfeita, a perfeição está no esforço para se reunir com o Divino que é a fonte do ser. Quando alguém é nada, é um com o supremo Tudo.

Ia´aqov chegou à perfeição por intermédio da harmonia. Através do equilíbrio do amor e da reverência, pela fusão da auto-confiança e da discrição. Ele conhecia o segredo da síntese; que amar indiscriminadamente é adotar também o mal, mas recuar do compromisso é abandonar muito daquilo que é bom; que fazer valer seus direitos é dar as costas a D’us, mas que erradicar o ser é contrariar o Divino propósito. A vida de Ia´aqov foi uma corda bamba esticada de Hebron e Charan até o Egito, pertencendo a nada porém sem ser estranho a nada, integrando o melhor de cada um à integridade de sua vida.

A perfeição de Iosef foi a perfeição do desafio de fato; pode algo ser perfeito a menos que tenha sido testado, esticado até seu limite e além dele? A integridade de Iosef não era a integridade de um pastor meditativo num prado tranquilo, ou um erudito recluso nas “tendas de estudo”. Foi uma integridade extraída das prisões e palácios do Egito, para colidir com comércio e política, de ver-se às voltas com riqueza e depravação – e perseverar sair vencedor.

Seis pessoas, seis protótipos. Seis maneiras de ser perfeito.

Adaptação Mário Moreno.