Sombra
Sombra
“Portanto, ninguém vos julgue pelo comer, ou pelo beber, ou por causa dos dias de festa, ou da lua nova, ou dos sábados, que são sombras das coisas preparadas, mas o corpo é do Ungido” Cl 2.16-17.
O que este texto quer dizer de fato? Estaríamos nós diante de um texto que simplesmente desmente todo o padrão das Festas e dos tempos estabelecidos pelo Eterno na Tanach? Ou há uma explicação que possa nos fazer entender a relação entre as festas – os tempos determinados pelo Eterno – e as “sombras” das coisas futuras? Vejamos então o que significa isso.
Primeiro vamos falar sobre o aspecto científico da “sombra”.
Uma sombra é uma região escura formada pela ausência parcial da luz, proporcionada pela existência de um obstáculo. Uma sombra ocupa todo o espaço que está atrás de um objeto com uma fonte de luz em sua frente. A sombra muda de posição conforme a origem da luz.
A sombra é algo inexistente, porém, é o nome que damos para a ausência da luz, a silhueta que é formada quando um corpo bloqueia a luz, portanto pode ser considerado incorreto dizer que um objeto “produz sombra”.
Exemplos de bloqueios da luz feitos por corpos: Corpo completamente opaco: não permite a passagem de luz. Corpo translúcido: permite, parcialmente, a passagem de luz, dependendo da opacidade. Quanto maior a opacidade de um corpo, maior será o bloqueio de passagem da luz e mais nítida será a sombra.
A sombra pode ser de diversos tamanhos, dependendo da distância em relação ao corpo bloqueador da luz e da distância da luz em relação ao corpo.
Existem dois tipos de sombra: a sombra própria e a sombra projetada. A sombra própria é aquela que é formada pelo próprio objeto, por efeito de incidência da luz no objeto. A sombra projetada é quando um objeto em contato com a luz forma uma sombra que é projetada posteriormente num plano ou até mesmo num outro objeto.
A sombra não pode ser classificada como velocidade fixa, sendo que depende da luz. Mas propaga-se de forma igual. Com um objeto no caminho, imediatamente surgirá a sombra em seu lugar, assumindo-se reagir a sombra tão rápido como a luz.
A sombra aparece sempre do lado oposto a fonte de luz. Precisamos do sol e de algum objeto ou algum ser vivo (por exemplo os humanos) para produzi-la.
A Etimologia da palavra
Existem quatro grupos distintos de palavras na Bíblia que todos têm a ver com a forma básica צלל (tsll). Línguas que são cognatas do hebraico mostram esses mesmos quatro grupos, e isso leva os estudiosos a acreditar que existem quatro raízes distintas צלל (tsll), que acidentalmente evoluíram para a mesma forma. Se isso é verdade ou não, não pode ser estabelecido com alguma certeza, mas o que é certo é que os escritores poéticos da Bíblia perceberam que esses quatro grupos de palavras são visualmente iguais, e também um tanto em significado:
O verbo צלל (tsalal) significa “formigar ou tremer”. Este verbo ocorre cerca de meia dúzia de vezes na Bíblia (Jr 19:3, Hc 3:16). Seus derivados são:
• O substantivo masculino צלצל (tsilsal), que significa um “zumbido ou sussurro” (Is 18:1).
• O mesmo nome exato צלצל (tsilsal), que significa “peixe-lança ou arpão”. Este substantivo também ocorre uma vez: Jo 41:7.
• O substantivo masculino צלצל (tselasal), denotando “um gafanhoto zumbindo”. Este substantivo é escrito da mesma forma que os dois anteriores, mas pronuncia-se ligeiramente diferente. Também ocorre apenas uma vez: Dt 28:42.
• O substantivo plural masculino צלצלים (tselselim), denotando um instrumento de percussão musical; címbalos (II Sm 6:5, I Cr 13:8 e Sl 150:4). Este substantivo parece com qualquer um dos anteriores no plural.
• O substantivo duplo feminino מצלתים (metsiltayim), que é a palavra mais comum para os pratos (I Cr 15:19, Ed 3:10).
• O substantivo feminino מצלה (metsilla) e significa “sino”. Essa palavra ocorre apenas no plural, em Zc 14:20.
O verbo צלל (tsalal), significa “afundar ou submergir” e ocorre apenas uma vez em Êx 15:10.
O verbo צלל (tsalal) significa “estar ou ficar escuro”. Este verbo ocorre duas vezes: Ne 3:19 e Ez 31:3. Os derivados deste verbo são:
• O substantivo comum masculino, צל (tsel), que significa “sombra ou escuridão”. Este substantivo ocorre frequentemente na Bíblia (Jz 9:15, Jr 6:4, Jn 4: 5). Este substantivo é frequentemente empregado para descrever a transitoriedade da vida (Jó 8:9, 17:7, Sl 144:3, 102:12).
• O substantivo masculino צלמות (tsalmawet, que é uma combinação de nossa palavra צל (tsel) que significa “sombra ou escuridão”, e a palavra muito comum מות (mawet), que significa “morte ou reino da morte”. Nosso substantivo צלמות (tsalmawet) significa literalmente a sombra da morte, e denota uma escuridão angustiante e profunda (Am 5:8, Jr 13:16, Jó 10:21).
Raiz sלל (tsll) é a raiz não utilizada e assumida de צלול (tslwl); o bolo matador de Jz 7:13.
Quando tomamos a etimologia da palavra “sombra” notamos que nela existem elementos que não tem conexões aparentes com a palavra em si, mas variam desde objetos a insetos. Isso nos mostra que a raiz da palavra é abrangente e que quando o substantivo se apresenta de forma plena dentro do texto requer análise mais cuidadosa.
E a Bíblia? O que ela diz sobre a “sombra”?
Existem vários contextos em que esta palavra ocorre e vamos buscar examiná-la dentro deste padrão.
Em primeiro lugar vamos ver a “sombra” associada à morte – sombra da morte.
- “Contaminem-no as trevas e a sombra da morte; habitem sobre ele nuvens; negros vapores do dia o espantem!” Jó 3.5.
- “Antes que me vá, para nunca mais voltar, à terra da escuridão e da sombra da morte. Terra escuríssima, como a mesma escuridão, terra da sombra da morte e sem ordem alguma, e onde a luz é como a escuridão” Jó 10:21-22.
- “As profundezas das trevas manifesta, e a sombra da morte traz à luz” Jó 12.22.
- “O meu rosto todo está descorado de chorar, e sobre as minhas pálpebras está a sombra da morte” Jó 16.16.
- “Porque a manhã para todos eles é como sombra de morte; porque, sendo conhecidos, sentem os pavores da sombra da morte” Jó 24.17.
- “Ele pôs fim às trevas, e toda a extremidade ele esquadrinha; as pedras da escuridão e da sombra da morte” Jó 28.3.
- “Não há trevas nem sombra de morte, onde se escondam os que obram a iniquidade” Jó 34.22.
- “Ou descobriram-se-te as portas da morte, ou viste as portas da sombra da morte?” Jó 38.17.
- “Ainda que eu andasse pelo vale da sombra da morte, não temeria mal algum, porque tu estás comigo; a tua vara e o teu cajado me consolam” Sl 23.4.
- “Ainda que nos quebrantaste num lugar de dragões, e nos cobriste com a sombra da morte” Sl 44.19.
- “Tal como a que se assenta nas trevas e sombra da morte, presa em aflição e em ferro” Sl 107.10.
- “Tirou-os das trevas e sombra da morte; e quebrou as suas prisões” Sl 107.14.
- “O povo que andava em trevas, viu uma grande luz, e sobre os que habitavam na região da sombra de morte resplandeceu a luz” Is 9.2.
- “E não disseram: Onde está o IHVH, que nos fez subir da terra do Egito? que nos guiou através do deserto, por uma terra de charnecas e de covas por uma terra de sequidão e sombra de morte, por uma terra em que ninguém transitava, e na qual não morava homem algum” Jr 2.6.
- “Dai glória ao IHVH vosso Elohim, antes que venha a escuridão e antes que tropecem vossos pés nos montes tenebrosos; antes que, esperando luz ele a mude em sombra de morte, e a reduza à escuridão” Jr 13.16.
- “o povo que estava assentado em trevas viu uma grande luz; e aos que estavam assentados na região e sombra da morte a luz raiou” Mt 4.16.
- “para alumiar aos que estão assentados em trevas e sombra de morte, a fim de dirigir os nossos pés pelo caminho da paz” Lc 1.79.
Todos estes versos têm algo em comum: eles falam sobre a proximidade (presença) da morte que funciona como algo que traz temor as pessoas e também como um aviso acerca da ação do Eterno em nossas vidas por vezes quebrando este temor mortal e nos levando a uma nova dimensão de vida. Neste caso a interpretação dos versos está explícita, pois a explicação está dentro do contexto das próprias palavras chave: sombra de morte.
“Sombra” no sentido de “proteção”:
- “Eis aqui, duas filhas tenho, que ainda não conheceram varão; fora vo-las trarei, e fareis delas como bom for nos vossos olhos; somente nada façais a estes varões, porque por isso vieram à sombra do meu telhado” Gn 19.8.
- “E disse o espinheiro às árvores: Se, na verdade, me ungis rei sobre vós, vinde, e confiai-vos debaixo da minha sombra: mas, se não, saia fogo do espinheiro que consuma os cedros do Líbano” Jz 9.15.
- “Como o cervo que suspira pela sombra, e como o jornaleiro que espera pela sua paga” Jó 7.2.
- “As árvores sombrias o cobrem com a sua sombra; os salgueiros do ribeiro o cercam” Jó 40.22.
- “Guarda-me como à menina do olho, esconde-me à sombra das tuas asas” Sl 17.8.
- “Quão preciosa, é, ó Elohim, a tua benignidade, e por isso os filhos dos homens se abrigam à sombra das tuas asas” Sl 36.7.
- “Tem misericórdia de mim, ó Elohim, tem misericórdia de mim, porque a minha alma confia em ti; e à sombra das tuas asas me abrigo, até que passem as calamidades” Sl 57.1.
- “Porque tu tens sido o meu auxílio; jubiloso cantarei refugiado à sombra das tuas asas” Sl 63.7.
- “Os montes cobriram-se com a sua sombra, e como os cedros de Elohim se tornaram os seus ramos” Sl 80.10.
- “Aquele que habita no esconderijo do Altíssimo, à sombra do Onipotente descansará” Sl 91.1.
- “O IHVH é quem te guarda: o IHVH é a tua sombra à tua direita” Sl 121.5.
- “Porque a sabedoria serve de sombra, como de sombra serve o dinheiro; mas a excelência da sabedoria é que ela dá vida ao seu possuidor” Ec 7.12.
- “Mas ao ímpio não irá bem, e ele não prolongará os seus dias; será como a sombra, visto que ele não teme diante de Elohim” Ec 8.13.
- “Qual a macieira entre as árvores do bosque tal é o meu amado entre os filhos: desejo muito a sua sombra, e debaixo dela me assento; e o seu fruto é doce ao meu paladar’ Ct 2.3.
- “E haverá um tabernáculo para sombra contra o calor do dia; e para refúgio e esconderijo contra a tempestade e contra a chuva” Is 4.6.
- “Toma conselho, executa o juízo, põe a tua sombra no pino do meio-dia como a noite; esconde os desterrados, e não descubras os vagueantes” Is 16.3.
- “Porque foste a fortaleza do pobre, e a fortaleza do necessitado na sua angústia: refúgio contra a tempestade, e sombra contra o calor; porque o sopro dos opressores é como a tempestade contra o muro” Is 25.4.
- “Como o calor em lugar seco, tu abaterás o ímpeto dos estranhos; como se abranda o calor pela sombra da espessa nuvem, assim o cântico dos tiranos será humilhado” Is 25.5.
- “Que descem ao Egito, sem perguntarem à minha boca, para se fortificarem com a força de Faraó, e para confiarem na sombra do Egito” Is 30.2.
- “Porque a força de Faraó se vos tornará em vergonha, e a confiança na sombra do Egito em confusão” Is 30.3
- “E será aquele Varão como um esconderijo contra o vento, e um refúgio contra a tempestade, como ribeiros de águas em lugares secos, e como a sombra duma grande rocha em terra sedenta” Is 32.2
- “Ali se aninhará a mélroa e porá os seus ovos, e tirará os seus pintãos, e os recolherá debaixo da sua sombra: também ali os abutres se ajuntarão uns com os outros” Is 34.15.
- “E fez a minha boca como uma espada aguda, com a sombra da sua mão me cobriu: e me pôs como uma frecha limpa, e me escondeu na sua aljava” Is 49.2
- “E ponho as minhas palavras na tua boca, e te cubro com a sombra da minha mão; para plantar os céus, e para fundar a terra, e para dizer a Sião: Tu és o meu povo” Is 51.16.
- “Os que fugiam ficaram sem força e pararam à sombra de Hesbom; mas fogo saiu de Hesbom, e a labareda do meio de Siom, e devorou o canto de Moabe e o poder dos turbulentos” Jr 48.45.
- “O respiro dos nossos narizes, o ungido do IHVH, foi preso nas suas covas; dele dizíamos: Debaixo da sua sombra viveremos entre as nações” Lm 4.20.
- “No monte alto de Israel o plantarei, e produzirá ramos, e dará fruto, e se fará um cedro excelente; e habitarão debaixo dele todas as aves de toda a sorte de asas, e à sombra dos seus ramos habitarão” Ez 17.23.
- “Todas as aves dos céus se aninhavam nos seus ramos, e todos os animais do campo geravam debaixo dos seus ramos, e todos os grandes povos se assentavam à sua sombra” Ez 31.6.
- “E estranhos, os mais formidáveis das nações, o cortaram, e o deixaram: caíram os seus ramos sobre os montes e por todos os vales, e os seus renovos foram quebrados por todas as correntes da terra; e todos os povos da terra se retiraram da sua sombra, e o deixaram” Ez 31.12.
- “Também estes com ele descerão ao inferno, a juntar-se aos que foram traspassados a espada: sim, aos que foram seu braço, e que estavam assentados à sombra no meio das nações” Ez 31.17.
- “A sua folhagem era formosa, e o seu fruto abundante, e havia nela sustento para todos; debaixo dela os animais do campo achavam sombra, e as aves dos céus faziam morada nos seus ramos, e toda a carne se mantinha dela” Dn 4.12.
- “Sacrificam sobre os cumes dos montes, e queimam incenso sobre os outeiros, debaixo do carvalho, e do álamo, e do olmeiro, porque é boa a sua sombra; por isso vossas filhas se prostituem, e as vossas noras adulteram” Os 4.13.
- “Voltarão os que se assentarem à sua sombra; serão vivificados como o trigo, e florescerão como a vide; a sua memória será como o vinho do Líbano” Os 4.17.
- “Procurai o que faz o sete-estrelo, e o órion, e torna a sombra da noite em manhã, e escurece o dia como a noite; o que chama as águas do mar, e as derrama sobre a terra; o IHVH é o seu nome” Am 5.8.
- “Então Jonas saiu da cidade, e assentou-se ao oriente da cidade: e ali fez uma cabana, e se assentou debaixo dela, à sombra, até ver o que aconteceria à cidade” Jn 4.5.
- “E fez o IHVH Elohim nascer uma aboboreira, que subiu por cima de Jonas, para que fizesse sombra sobre a sua cabeça, a fim de o livrar do seu enfado: e Jonas se alegrou em extremo por causa da aboboreira” Jn 4.6.
- “mas, tendo sido semeado, cresce, e faz-se a maior de todas as hortaliças, e cria grandes ramos, de tal maneira que os pássaros dos céus podem aninhar-se debaixo da sua sombra” Mc 4.32.
- “E desceu uma nuvem que os cobriu com a sua sombra, e saiu da nuvem uma voz, que dizia: Este é o meu filho amado; a ele ouvi” Mc 9.7.
- “E, respondendo o mensageiro, disse-lhe: Descerá sobre ti o Espírito o Santo, e a virtude do Altíssimo te cobrirá com a sua sombra; pelo que também o Santo, que de ti há de nascer, será chamado filho de Elohim” Lc 1.35
- “E, dizendo ele isto, veio uma nuvem que os cobriu com a sua sombra; e, entrando eles na nuvem, temeram” Lc 9.34.
- “os quais servem ao exemplo e à sombra das coisas celestiais, como Moshe divinamente foi avisado, estando já para acabar o tabernáculo; porque foi dito: Olha, faze tudo conforme ao molde de que no monte te foi mostrado” Hb 8.5.
- “e sobre esta Arca estavam os querubins de glória, que faziam sombra ao assento de graça; das quais coisas não é agora necessário falar em particular” Hb 9.5.
- “Então a Torah caminha como sombra das bondades preparadas, e não a mesma forma das coisas, nunca pelos mesmos sacrifícios, que continuamente se oferecem cada ano, pode santificar aos que a eles se achegam” Hb 10.1
Neste bloco de versos a palavra “sombra” está ligada à proteção e o último verso – Hebreus 10.1 – destaca-se por nos informar que a Torah é a proteção que aponta para aquilo que virá no futuro. Então ela serve como um instrumento que simplesmente nos leva a algo ainda maior que futuramente virá. Esta “proteção” nos impede de nos perdermos e também de nos enganarmos em relação ao que virá adiante.
A “sombra” no sentido literal – “uma ausência de luz em determinado lugar”
- “E disse Isaías: Isto te será sinal, da parte do IHVH, de que o IHVH cumprirá a palavra que disse: Adiantar-se-á a sombra dez graus, ou voltará dez graus atrás?” II Rs 20.9.
- “Então disse Ezequias: É fácil que a sombra decline dez graus; não, mas volte a sombra dez graus atrás” II Rs 20.10.
- “Então o profeta Isaías clamou ao IHVH; e fez voltar a sombra dez graus atrás, pelos graus que já tinha declinado no relógio de sol de Acaz” II Rs 20.11.
- “Sucedeu pois que, dando as portas de Jerusalém já sombra antes do sábado, ordenando-o eu, as portas se fecharam; e mandei que as não abrissem até passado o sábado; e pus às portas alguns de meus moços, para que nenhuma carga entrasse no dia de sábado” Ne 13.19.
- “Eis que farei que a sombra dos graus, que passou com o sol pelos graus do relógio de Acaz, volte dez graus atrás. Assim recuou o sol dez graus pelos graus que já tinha andado” Is 38.8.
- “de maneira que transportavam os enfermos para as ruas e os punham em leitos e em camilhas, para que ao menos a sombra de Kefa, quando este passasse, cobrisse alguns deles” At 5.15.
- “Toda boa dádiva e todo dom perfeito vêm do alto, descendo do pai das luzes, em quem não há mudança, nem sombra de variação” Tg 1.17.
Sombra no sentido de “futilidade”
- “Porque somos estranhos diante de ti, e peregrinos como todos os nossos pais: como a sombra são os nossos dias sobre a terra e não há outra esperança” I Cr 29.15.
- “Porque nós somos de ontem, e nada sabemos; porquanto nossos dias sobre a terra são como a sombra” Jó 8.9.
- “Sai como a flor, e se seca; foge também como a sombra, e não permanece” Jó 14.2.
- “Pelo que já se escureceram de mágoa os meus olhos e já todos os meus membros são como a sombra” Jó 17.7
- “Na verdade, todo homem o anda como uma sombra; na verdade, em vão se inquietam: amontoam riquezas, e não sabem quem as levará” Sl 39.6.
- “Os meus dias são como a sombra que declina, e como a erva me vou secando” Sl 102.11.
- “Eis que me vou como a sombra que declina; sou sacudido como o gafanhoto” Sl 109.23.
- “O homem é semelhante à vaidade; os seus dias são como a sombra que passa” Sl 144.4.
- “Porque quem sabe o que é bom nesta vida para o homem, por todos os dias da sua vaidade, os quais gasta como sombra? porque quem declarará ao homem o que será depois dele debaixo do sol?” Ec 6.12.
A interpretação dos versos acima relaciona-se com a rapidez e a fugacidade da vida humana; ou seja, nossa passagem pela vida na terra é muito rápida e por vezes insípida e por isso é comparada com uma sombra que aparece mas logo se vai sem deixar quaisquer rastros…
Agora é interessante que o plural “sombras” aparece somente uma vez na Brit Hadasha, justamente o versículo de abertura deste artigo.
Então a que conclusão chegamos?
Podemos dizer que nos versos de Colossenses que dizem: “Portanto, ninguém vos condene pelo comer, ou pelo beber, ou por causa dos dias de festa, ou da lua nova, ou dos sábados, que são sombras das coisas preparadas, mas o corpo é do Ungido” a palavra “sombras” aponta não somente para algo que ocorreria no futuro como também indica que estes eventos locados dentro do “tempo” também nos protegem para que possamos dar continuidade à nossa obediência às Escrituras, pois são tidos como “estatutos perpétuos”.
O “comer ou beber” relaciona-se também com as Festividades do Eterno, pois cada festa vem acompanhada de uma refeição geralmente seguida de vinho. Por isso o texto fala sobre “comer e beber” ligado à uma “condenação” – desaprovação – por parte daqueles que insistem em dizer que tais coisas estão ligadas somente a Israel e ao passado, ou seja, isso já não tem mais validade para nós!
Novamente é usada aqui a expressão “sombras das coisas preparadas” que nos remete à conclusão de que estas “sombras” ligadas às festas são também uma imagem inexata daquilo que futuramente haveremos de vivenciar. As Festas celebradas aqui não podem ser comparadas às Festas que serão celebradas no Olam Haba – mundo vindouro – mas elas servem com um tipo de “treinamento” para aquilo que faremos futuramente com o Senhor Ieshua na eternidade. O que é importante também salientar é que “o corpo é do Ungido”, ou seja, isso não pode causar divisão entre o corpo, pois O Corpo somos nós mas este Corpo não nos pertence. Existem pessoas que julgam serem “proprietários” do rebanho que Ieshua lhes confiou, mas isso não é verdade. Nós deveríamos agir e viver de forma a colaborarmos uns com os outros como partes integradas de um grande sistema que é gerenciado pelo Cabeça, Ieshua. Mas na maioria das vezes isso não acontece, pois foram criados muitos “corpos” independentes do Corpo e que buscam estar separados dos demais para alcançarem o sucesso desejado.
As Festas bíblicas serviram e ainda servem com um elo de integração dentro do Corpo, onde cada um ajuda aos demais a adentrarem dentro do espectro da obediência das Escrituras através destas festas. Mas ainda há muitos que as rejeitam – as Festas – e buscam inserir dentro de suas Igrejas / Congregações eventos que possam atrair pessoas e também “movimentar” o seu calendário anual.
E isso sem falar na rivalidade que faz com que hajam profundas divisões no Corpo e também pessoas disparando palavras condenatórias aos demais irmãos; uns por não entenderem o significado das Festas como sinais que apontam para o futuro e também com uma proteção para nossas vidas e outros simplesmente por não concordarem por suas convicções teológicas contrárias…
Foi justamente por isso que fiz este estudo exaustivo da palavra “sombra” a fim de que pudéssemos então interpretar estes versos em Colossenses e Hebreus de forma a não distorcermos o verdadeiro significado e alcançarmos um entendimento mais profundo das Escrituras.
Que o Espírito o Santo nos ilumine levando-nos a termos um claro entendimentos das Escrituras para termos um melhor relacionamento com Ieshua e com o Eterno.
Baruch há Shem!
Mário Moreno.